Vias Romanas em Portugal | ||
Itinerários Romanos
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Sobre este siteEste site foi lançado em 2004 na tentativa de fixar no mapa de Portugal os pontos de passagem das vias romanas, de modo a criar rotas de viagem. Foi inicialmente pensado para uso pessoal mas partilhado com todos sem outro fim que não a preservação e divulgação deste património. Entretanto o site foi evoluindo para um repositório de todo o trabalho e esforço dos muitos autores que se têm dedicado a este tema. Esta página inicial contém todos os itinerários de forma descritiva de forma a ser facilmente consultada, sendo depois apoiado em outras páginas complementares com informações sobre a "Viação Romana", o histórico de «Evolução» do site e o projecto de «Georreferenciação» dos achados viários e a progressiva cartografia dos traçados. Para além da evidência arqueológica, existem cópias medievais do incorrectamente chamado «Itinerário de Antonino» que constitui um documento essencial para entender a viação nesse período. Trata-se de uma preciosa compilação dos principais itinerários romanos indicando as estações viárias e as respectivas distâncias intermédias expressas em milhas. São apresentadas propostas de traçado para os 11 itinerários respeitantes ao actual território nacional, bem como muitos outras vias que compunham a extensa rede viária utlizada durante o período romano. Os itinerários aqui descritos estão em constante evolução à medida que avançamos no estudo da viação romana em Portugal. Não devem por isso ser lidos como propostas definitivas, mas antes como um documento dinâmico, alvo de constantes correcções e acertos que vai evoluindo com o avanço do nosso conhecimento sobre o tema.
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ITER XVI - Item ab OLISIPONE BRACARAM AUGUSTAM m.p. CCXLIIII |
Bracara a Cale ![]() Braga ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Rio Este ![]() Famalicão ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Cabeçudos ![]() ![]() Lousado ![]() Trofa ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Peça Má ![]() ![]() Alvarelhos ![]() ![]() Maia ![]() ![]() Rio Leça ![]() ![]() |
ITINERARIO XVI - Braga (BRACARA) - Porto (CALE) - Coimbra (AEMINIUM) - Lisboa (OLISIPO) CCXLIIII milhas
Item ab OLISIPONE
BRACARAM AUGUSTAM IERABRIGA SCALLABIN SEILIUM CONEMBRIGA EMINIO TALABRIGA LANGOBRIGA CALEM BRACARA m.p. CCXLIIII m.p. XXX m.p. XXXII m.p. XXXII m.p. XXXIIII m.p. X m.p. XL m.p. XXVIII m.p. XIII m.p. XXXV Braga (BRACARA AUGUSTA) No perímetro urbano de Braga foram encontrados vários miliários dispersos pela cidade mas deslocados do seu local original; alguns desses miliários podem estar relacionados com o Itinerário Braga-Lisboa, como o que apareceu na parte sul da rua de S. Geraldo ou o que apareceu na esquina da rua Sá de Miranda com a «rodovia», próximo da necrópole da Av. da Imaculada Conceição que deveria ladear a via para Cale. Estes miliários estão actualmente em exposição no Museu D. Diogo de Sousa que conta com uma extensa colecção de 36 miliários (a maior colecção num só museu) recolhidos ao longo de séculos por eruditos ligados à Sé de Braga que assim tentavam salvar da destruição estas «antiqualhas». A maioria foi reunida no Campo das Carvalheiras onde estiveram muitos anos antes de dar entrada no museu. No vizinho Museu Pio XII estão depositados mais 6 miliários, quatro pertencentes ao Itinerário XIX que liga Braga a Tui e dois pertencentes a esta via, o miliário de Lousado (MPXII.LIT.285) e o miliário de Carreiras (MPXII.LIT.563), Vila Nova de Famalicão; neste antigo seminário, apareceu uma ara a Mercúrio, divindade protectora dos caminhos; a presença militar é assinalada pela ara dedicada a Júpiter por um soldado da Legião VII Gémina Félix que apareceu debaixo do palco do Teatro Circo, FE 196, e o epitáfio de Marcus Antonius também soldado da mesma legião. Braga (o começo da via era assinalado por um miliário de Adriano entretanto perdido, CIL II 4748 que apareceu no colégio de S. Paulo e que indicava a distância total de Braga ao Porto, ou seja 35 milhas; todas as vias que partiam de Bracara tinham origem no Largo Paulo Orósio, antigo forum, ponto de confluência do decumanus maximus e do cardus maximus e cujo cruzamento sul é ainda visível na esquina da rua Frei Caetano Brandão e rua S. Paulo, junto da biblioteca, existindo também um troço de calçada medieval dentro do edifício que se terá sobreposto à cardus maximus; a saída da cidade para Cale seguiria na direcção sul passando entre o anfiteatro e a Necrópole de Maximinos, aproximadamente pelas actuais ruas de Santiago, S. Sebastião e Direita até ao Largo de Maximinos, antiga saída da cidade, onde iniciava a marcação miliária) Ferreiros (m.p. I; segue pela rua do Cruzeiro, vencendo a primeira milha junto do marco divisório da Gandra, cruzando pouco depois a linha férrea; do outro lado surgem umas alminhas assinalando a continuação pelo «Caminho de Baixo» por Quintela e Casal Novo rumo à travessia do rio Este no lugar da Ponte Nova, onde há ponte antiga, talvez medieval) Lomar (m.p. II; Argote refere um miliário de Crispo na Igreja Velha de Lomar, actualmente desaparecido, CIL II 4764, assim como duas aras funerárias; todavia o miliário poderia estar na Capela de Lomar em Ponte Nova por onde passaria a via, seguindo depois pela rua da Costa até Custóias, onde toma o caminho de terra pelo monte até reunir com a rua da Bemposta, seguindo pela travessa das Pedreiras) São Miguel (m.p. III nas alminhas; a via seguiria para Figueiredo pelo topónimo «Estrada», hoje cortada pela A11, havendo alminhas na outra banda; poderia ser daqui o miliário referido por Fr. Bernardo de Brito em «Monarchia...», pág. 79; PIR, 205) Figueiredo (m.p. IV; tesouro monetário em Pipe; vestígios na Casa da Vila; a nascente situa-se a Mamoa de Lamas; segue talvez pela rua do Salgado, Capela de Santo António, onde vencia milha 4; Argote dá notícia de um miliário desta milha em Braga; «Memor.», III, 18) São Vicente do Penso (m.p. V; continua talvez por Carcavelos, Alminhas de Pombal, Alminhas de Cruz, Alminhas do Sr. Padrão, eventual alusão a um miliário, seguindo pelo chamado «Caminho de Santiago» até ao nó viário da Portela, percorrendo a vertente nascente do Castro romanizado do Monte Redondo/Monte Cossourado/S. Mamede, de onde provém a ara de Antiscreus, actualmente no MSMS, nº 21) Portela (m.p. VI; miliário de Constantino II, actualmente no Museu Pio XII com o nº MPXII.LIT.563; foi encontrado no «Lugar de Carreiras», topónimo difícil de precisar) Telhado (m.p. VIII; possivelmente está sob a EN319, seguindo a margem direita do rio Pelhe; Argote e Brito dão notícia de um miliário desta milha; «De antiq.», 181 e «Monarch.», II, 66) São Cosme do Vale (m.p. IX; miliário de Adriano encontrado segundo João de Barros «metido na terra» no «Vale de S. Cosmado», entretanto desaparecido, Argote, II, 598; CIL II 4867) São Martinho do Vale (m.p. X; continua por Pousada, cruza o rio Pelhe, Devesa, cruza a EN319 segue pelo caminho das Alminhas de Tojão) Cruz de Pêlo (m.p. XI; cruza a EN206 junto da Alminhas do Senhor da Boa Fortuna e segue recto pelo caminho em terra) S. João da Pedra Leital (m.p. XII; passaria na base da capela, mas depois foi cortada pela A3, continuando do outro lado por «Devesa Alta») Santiago de Antas (m.p. XIII junto da igreja românica; continua pela rua Miguel Torga até à EN204, seguindo por esta por Vela e Capões)
Portela de Baixo (m.p. XIV; Argote refere um miliário de Caracala indicando 14 milhas a Braga embutido numa «capela arruinada» (CIL II 4740); Martins Capela encontra-o anos depois já partido em dois e a servir de suporte do alpendre da casa paroquial de Antas; actualmente está desaparecido) Cabeçudos (m.p. XV junto do habitat da Igreja Velha; segue pela EM509-1 e EM508-2 que passa junto da igreja paroquial, onde Martins Sarmento identificou um outro miliário ilegível suportando uma varanda de uma casa, entretanto dado como desaparecido, mas que segundo Vasco Mantas estará num muro junto da igreja seccionado longitudinalmente; continua por Estrada passando junto da villa? da Quinta de Boamense) Santa Catarina (m.p. XVI; miliário de Caracala suporte uma varanda na Quinta de Sta. Catarina, proveniente do sítio do Marco; Martins Sarmento leu apenas X milhas, mas pelo local do achado, este marco poderia indicar a milha 16; continua por Fial, Pé de Prata, Fonte dos Castanheiros e Garrida, seguindo pela rua dos Almocreves para Montezelo) Lousado (m.p. XVII; miliário de Magnêncio descoberto na Igreja Paroquial em Montezelo, actualmente no Museu Pio XII com o nº MPXII.LIT.285) Travessia do rio Ave (na sua forma actual a Ponte da Lagoncinha é uma construção medieval sem qualquer vestígio romano; num documento de 1034 há referência à ponte e à via romana «per illam carrariam antiquam que uadit pro a illum pontem petrinum» (PMH DC 287) e na «Carta do Couto do Mosteiro de Santo Tirso» do ano de 1097 aparece uma «ponte antiqua de flumine Avie» (PMH DC 864), mostrando que no século XI existia uma ponte de pedra sobre o rio Ave. De facto, a ponte parece servir Santo Tirso e não a Trofa pois para atingir esta última teria de percorrer a margem esquerda do rio Ave; assim, é possível que a travessia no período romano se fizesse mais a jusante na «Barca da Esprela», junto da confluência do rio Pelhe no Ave, num trajecto mais directo rumo à Ponte de Sedões) S. Martinho de Bougado (depois de cruzar o rio Ave seguia talvez junto da estação C.F. onde existia um marco na berma da estrada com base quadrangular, possível miliário que entretanto sumiu; continuaria pela Igreja da Ns. das Dores até entroncar na EN14) Vale do Eirigo (m.p. XX; continua pela EN14 até Trofa Velha; necrópole e villa? em Rorigo Velho a cerca de 500 m da via) Ponte sobre a ribeira de Sedões/Covelas, Trofa Velha/ Lantemil (m.p. XXI; 4 miliários aqui reunidos após a demolição entre 1844 e 1846 da «Ponte Velha» ou «Ponte do Arco» em consequência da construção da estrada real Porto-Braga:
Peça Má (m.p. XXI; miliário de Constâncio II, que está actualmente na antiga casa do Padre Sousa Maia em Lantemil e fragmento do miliário de Carino que apareceu na berma da EN14 junto da Ponte da Peça Má e actualmente está no jardim da antiga casa do Dr. António Cruz na Trofa Velha) Quintã (m.p. XXII; topónimo «Venda Velha» sugere uma estação viária neste local) Nó viário de Alvarelhos Na base do Castro de Alvarelhos («civitas Albarelios» num documento do ano 907) deveria existir uma estação viária de apoio à via na sua passagem pelo vale da ribeira da Aldeia, a 12 milhas de Cale. Em Sobre Sá, junto ao castro, apareceu uma inscrição com o epitáfio de Ladronus referindo o Castro dos Madequisensis, possivelmente designado por Madiae, topónimo que poderá estar na origem da designação actual do concelho, actualmente no Museu da Maia (Silva A.C.F., 1980). Próximo do castro, em Vila Boa, surgiram vestígios de uma villa romana nos terrenos da Casa de Milreus, nomeadamente mosaicos e 3 aras na necrópole, duas anepígrafas e a terceira com o epitáfio de Lanasus originário do castellum dos Fidueneae situado presumivelmente na Citânia de Sanfins por voto dos habitantes do castellum de Uliainca (?), evidenciando a existência de relações sociais entre os diversos povoados da região (Silva A.C.F., 1980). Daqui partiam outras vias de ligação aos principais povoados da região; uma seguia para norte rumo ao importante Castro de Penices; outra seguia para poente rumo à villa de Fontão em Lavra, ligando ao Atlântico, e outra para noroeste rumo à Ponte do Ave, de encontro à chamada «Karraria Antiqua», a via proveniente do Porto rumo à Barca do Lago. Uma outra via partia do castro rumo ao Castêlo da Maia, onde entronca na via principal para Cale.
São Cristóvão do Muro (m.p. XXIII; miliário de Maximiano encontrado numa propriedade do Dr. Lima Barreto, Quinta de São Cristóvão, CIL II 4743 ao km 12.7 da EN14, indicando 23 milhas a Braga, entretanto destruído; no jardim da Quinta do Paiço encontra-se um miliário de Adriano (CIL II 4736) que apareceu reutilizado num dos torreões da casa; foi certamente deslocado da via romana que seria neste troço coincidente com a EN14 e indicaria possivelmente a milha XXIII pelo que seria do mesmo local que o anterior) Carriça (m.p. XXIII na divisória entre os concelhos de Trofa e Maia; antiga estalagem; continua pela EN14 por Ribela) S. Pedro de Avioso (m.p. XXIV; miliário de Caro do Ferronho; segundo o Abade Pedrosa, em 1894 o miliário estava no lugar da Espinhosa, 19 m a poente de EN14, passando depois para as Alminhas dos Passos/St. António na EN14s, onde esteve até ser transferido para o Museu da Maia onde está em exposição juntamente com a ara dedicada à divindade Valanis; segue a EN14 por Espinhosa ou junto da igreja) Castêlo da Maia (m.p. XXV; continua pela EN14 que serve de divisória entre as freguesias de S. Pedro e Sta. Maria de Avioso, passando junto do Castro de Avioso/Monte de St. Ovídeo, referido na documentação medieval como kastro cibidas abenoso no ano 1045 (PMH DC 323), e em 1048 como castro abenoso (PMH DC 363) e montis abenoso (PMH DC 364) e em 1075 como castro amaya (PMH DC 520); é possível que o nome na época romana fosse Madiae e o seu povo os Madequisensis, com base na inscrição de Sobre Sá acima referida; segue a EN14 junto da necrópole da Forca) Barca (m.p. XXVII; miliário indicando 27 milhas a Braga numa casa do lugar de Rapozeira; estaria originalmente no sítio do Marco/Cruz da Barca que serve de divisão entre freguesias no lugar da Pinta (Ribeiro, 2016); daqui seguiria pela rua da Pinta rumo ao centro da Maia, mas actualmente toda a área está muito alterada e a via destruída) Maia (m.p. XXVIII no Picoto, centro da cidade, próximo da CM; segue a rua Augusto Simões e rua do Catassol) Leça do Balio/Gueifães (m.p. XXIX; a via serve de divisória entre as freguesias de Leça do Balio e Gueifães, atingindo a milha 29 no cruzamento com a rua António Aleixo, continuando pela rua de Santana até ao largo da Feira de Santana, onde toma a rua da Estrada Velha, antiga «Socarreira», e a rua da Ponte da Pedra; necrópole em Quelha Funda) Ponte Romana-Medieval da Pedra sobre o rio Leça (m.p. XXX; alguns silhares almofadados atestam a sua origem romana; «ponte petrina de Leza» num documento do século XI, PMH DC 248; continua pela rua da Estrada Velha) São Mamede de Infesta (m.p. XXXI no Largo da Ermida; continua pela rua da Conceição, cruza a estação C.F. e segue até à Capela de St. António Telheiro; topónimos Carriçal e Largo do Marco indiciam a passagem da via que venceria a milha 32 na actual linha divisória entre os concelhos do Porto e Matosinhos)
Cedofeita (m.p. XXXIV; continua pela rua Antero de Quental até ao Largo da Igreja da Lapa, passando junto da Capela do Sr. do Socorro onde existe um raro padrão do Caminho de Santiago, seguindo depois pela Praça da República, antigo «Campo de St. Ovídio», rua dos Mártires da Liberdade, antiga «Estrada de St. Ovídio», atingindo a milha 34 no cruzamento da rua das Oliveiras com a Travessa de Cedofeita, na linha divisória entre as freguesias de Cedofeita e Vitória, continuando pela rua Sá de Noronha, Largo do Moinho de Vento, «Praça dos Leões», rua Dr. Ferreira da Silva, antiga «Calçada dos Orfans» e Jardim da Cordoaria, onde vencia a milha 35) Porto (CALE) Importante oppidum sobre a travessia do rio Douro; a milha 35 corresponde ao Jardim da Cordoaria, outrora «Porta do Olival»; daqui descia ao Cais da Ribeira pela rua dos Caldeireiros, antiga «rua da Ferraria de Cima», passando junto do antigo hospital-albergaria medieval de Rocamador; continua pela rua Afonso Martins Alho, cruzando o rio da Vila na «Ponte da Pedra», junto do antigo Largo de S. Roque (entretanto destruída pela construção da rua Mouzinho da Silveira e consequente encanamento do rio), entrando no morro da Sé pela rua do Souto e Porta de Sant'Anna, cujo arco foi demolido em 1821. A possível sede dos Callaici corresponde ao Morro da Pena Ventosa, onde está a Sé, existindo ainda vestígios do antigo castro na actual sede regional da Ordem dos Arquitectos e na Casa-Museu Guerra Junqueiro na rua D. Hugo, assim como nos alicerces da própria Sé, onde apareceram algumas epígrafes: inscrição aos Lares Marinhos («Laribus Marinis»), ara votiva de Valeria Materna, ara funerária de Cassia Midutia e a ara funerária de Avita; a Igreja dos Grilos alberga a chamada «Colecção Epigráfica do Seminário Maior», actualmente Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Porto. Há vestígios romanos um pouco por toda a zona da Ribeira como restos da muralha romana, estruturas habitacionais e a monumental villa da Casa do Infante com os seus notáveis mosaicos (Ramos, 1994). A recente intervenção na rua Mouzinho da Silveira e rua das Flores (Silva, 2010), demonstrou que o povoamento romano estendia-se por toda esta área e ao longo da margem do rio, da Ribeira para poente, com vestígios em Miragaia (ara à divindade DVRI achada talvez na igreja de S. Pedro em Miragaia, mas actualmente desaparecida), Massarelos (rua Campo do Rou, rua Casal do Pedro e na marginal), Lordelo do Ouro (cais fluvial e vicus) e Foz Velha (inscrição). No Museu Nacional Soares dos Reis está o miliário recolhido em Areal de Baixo (Braga); O miliário de Soalhães que estava neste museu passou entretanto para o Museu junto a Tongóbriga (act. 2018); entre as muitas inscrições depositadas neste museu temos, uma estela funerária proveniente da villa (?) da Quinta de Eira Vedra em Sousela (Lousada), a estatueta de Marte em bronze da Tapada da Pombinha (Campo Maior), a árula a Júpiter Conservatori proveniente de Arrifana (Santa Maria da Feira) e a estela funerária de Flavus proveniente de Valongo. |
Cale a Talabriga ![]() Douro ![]() Gaia ![]() Langóbriga ![]() ![]() Airas ![]() Pica ![]() Úl ![]() ![]() Branca ![]() Vouga ![]() Talábriga ![]() |
Porto (CALE) - Fiães (LANGOBRIGA) - Vouga (TALABRIGA)
Travessia do rio Douro (Durius) (segundo Estrabão, o rio Douro era navegável até 800 estádios, cerca de 147 km, o que que corresponde ao acidente geográfico do Cachão da Valeira, limite de navegabilidade do rio até ao século XVIII quando foi finalmente dinamitado, permitindo a navegação além desse ponto. A via descia o morro da Sé talvez pelas actuais rua Escura, rua da Bainharia, rua dos Mercadores até à Boca do rio da Vila no Cais da Ribeira, onde atravessava o rio talvez por barca; na outra margem um pouco a jusante situa-se o Castelo de Gaia, importante povoado fortificado; os vestígios estendem-se do gaveto da rua de Entre Quintas e da rua de São Marcos à Quinta de S. Marcos, Quinta de St. António e Igreja do Bom Jesus; junto do Senhor da Boa Passagem, no início da escadaria que parte do rio Douro para o castelo, apareceu a inscrição sepulcral de Lavius Tuscus, militar da Legião X Gémina originário de Olisipo, actualmente em exposição no Solar dos Condes de Resende; ILER 6317; Guimarães 1995, 2000) Vila Nova de Gaia (do cais de Gaia em Sta. Marinha a via ascendia a encosta rumo ao Largo dos Aviadores, seguindo talvez pela antiga «rua Direita», actuais ruas de Cândido dos Reis e Teixeira Lopes, designada por «Calçada de Vila Nova»; continua pela rua Marquês Sá da Bandeira marginando o Castro de Mafamude) Mafamude (m.p. I no Jardim Soares dos Reis; continua pela rua da Rasa, desviando desta junto do «Clube Vilanovense», onde toma a rua António Rodrigues da Rocha, ascendendo suavemente até atingir a Rotunda de St. Ovídio) Santo Ovídio (m.p. II; aqui existia a Capela do Sr. do Padrão, já desaparecida, presumível alusão ao segundo miliário ao Douro; continua pela rua Soares dos Reis, rua Fonte dos Arrependidos, rua da Palmeira, reaparecendo do outro lado da A1 na rua do Alto das Torres) Rechousa (m.p. III em Serpente; continua sob a rua da Rechousa) Canelas de Cima (m.p. IV; na subida da Senhora do Monte resta um raro vestígio da via com algumas lajes da antiga calçada, num barranco à margem da estrada actual; a via sofreu grandes danos com a construção da EN1 e mais recentemente por uma urbanização, estando o que resta ao abandono; continua pela estrada actual onde existe o topónimo Vendas de Cima, mas depois foi cortada pela construção do nó da auto-estrada, onde vencia a milha V) Carvalhos (m.p. VI; a via reaparece na Av. Dr. Moreira de Sousa e vencia a milha 6 no início da rua do Padrão, presumível alusão ao miliário; continua pelo Largo França Borges, rua Gonçalves de Castro, rua Carvalhos de Baixo, reencontra a EN1 e desvia logo à esquerda pela rua da Voltinha até ao Cruzeiro da Venda Nova, onde vencia a milha 7)
Seixezelo (m.p. IX no Cabeço) Vendas de Grijó (m.p. X no sugestivo topónimo «Ribeira da Venda», na rua paralela à EN1) Picôto (m.p. XI; nó viário de onde partia um ramal para Santa Maria da Feira) Vergada, Argoncilhe (m.p. XI; segue a rua Central da Vergada até reencontrar a EN1; menção à «strata» num documento de 1096; PMH DC 842) Lourosa (m.p. XIII; desvia da EN1 no cruzamento para Arouca pela rua Romana e rua da Estrada Real em Vendas Novas) Ferrada, Fiães (m.p. XIV; a via romana continua para sul sempre pela rua da Estrada Real até Ferrada, topónimo viário onde venceria a milha 13; pouco depois a via está interrompida na travessia do ribeiro porque foi destruída pelo arranjo urbanístico recente que é preciso contornar para retomar ao caminho 50 m depois na rua do Arieiro; mais uma atentado ao curso da via perfeitamente evitável) LANGOBRIGA, mansio a 13 milhas de Cale e 28 milhas de Talabriga; o povoado estaria 1000 m a nascente no Castro do Monte de Sta. Maria no Monte Redondo, sítio hoje praticamente destruído, mas que forneceu importante espólio (Corrêa, 1925), nomeadamente uma ara a Júpiter, actualmente em exposição no Museu Convento dos Lóios, na Feira, e o epitáfio de Boutius; no entanto a mansio poderia estar situada no lugar da Ferrada, possivelmente de onde partia o diverticulum de acesso ao castro. Souto Redondo (m.p. XV; continua pela rua da Estrada Romana seguindo até ao único troço que resta da antiga «Estrada Real» com a calçada original em seixos rolados, seguindo até ao Largo de Airas, onde resta um pequeno troço de calçada com cerca de 50 m formada por grandes lajes de pedra, continuando pela «Estrada Real» até desembocar na EN1) Albergaria de Souto Redondo (m.p. XVI no reencontro com a EN1, junto da Malaposta de São Jorge, seguindo sob a EN1 pela rua da Malaposta) Escapães (m.p. XVIII; clara referência à via romana como «extrada que vadit de Colimbrie de Vimeario» num documento de 1129 (Bastos, 2006), ou seja, a «estrada que vai para Vimieira de Coimbra», povoação situada a sul de Mealhada; continua pela EN1, marginando a Capelinha da Meia Légua, onde toma a rua da Estrada Real que segue paralela à EN1, interrompida pouco depois com a construção dos novos viadutos da EN223, na milha 17, continuando depois pela rua Frei Luís de Sousa, rua da Banda de Música e rua Prof. Vicente Reis) Arrifana (m.p. XIX junto da Igreja Matriz; possível mutatio junto do topónimo Manhouce, a «vila maniozi» num documento de 1085, PMH DC 385; nó viário, sucessivamente hospital medieval e estalagem da «Estrada Real» no cruzamento com uma via E-O que ligava Arouca ao Atlântico por Vila da Feira; árula a Júpiter Conservatori por Valeria Marcella, actualmente "esquecida" no Museu Soares dos Reis; continua pela rua Dr. António Gomes Rebelo e rua da Fundição) S. João da Madeira (m.p. XX junto da Igreja Paroquial; referência à via em 1088 como «illa strata de iusta illa ecclesia de sancti ioanni», in PMH DC 703; em 1995 apareceu um tesouro com 65 moedas de ouro nas imediações da «Casa do Morgado», indiciando a passagem da via no centro da cidade, talvez junto da Capela de St. António, continuando pela rua Visconde de S. João da Madeira, rua Comendador Raínho e rua de Cucujães) Faria (m.p. XXII; segue a rua Dr. Ângelo da Fonseca e rua da Via Militar Romana até ao rio Úl) Ponte Medieval da Pica (m.p. XXIII; continua por Cavadas do Couto, cruzando a EN1 e seguindo pelo caminho defronte que foi cortado pela A1 300 m depois; do outro lado da A1, a via reaparece para ir cruzar a ribeira do Cercal na base de um possível povoado referido por «Castelo», passando junto de um sítio referido por «Torre Antiga», possivelmente uma atalaia para controle da via associado à milha 22; act. 2017) Lações (m.p. XXV; continua por Lomba, EN227-1, Lações de Cima, marginando o castro no Monte da Sra. de La-Salette, totalmente destruído pela construção do actual parque) Oliveira de Azeméis (m.p. XXVI no centro da cidade; passa junto da Igreja Matriz e do miliário de Úl, continua pela Av. Ferreira de Castro e rua do Serro, Lousas e Avelão) Úl (m.p. XXVIII a Cale; estação viária tipo mutatio na confluência do rio Úl no rio Antuã, território de fronteira dominado pelo povoado pré-romano no morro adjacente, o Castro de Úl; durante umas obra na igreja paroquial em torno de 1803, descobriram-se duas pedras epigrafadas reutilizadas nas fundações da igreja que foram decisivas para o acerto do itinerário nesta região, o miliário de Tibério que indica 12 milhas, o único marco que resta no troço entre Porto e a Mealhada, correspondendo à distância deste local à mansio de Langobriga, situada no sítio da Ferrada em Fiães, seguramente assinalando também o limite territorial da civitas Langobrigense, dado que a segunda epígrafe encontrada é um ainda um mais raro terminus augustalis, marco romano de divisão territorial assinalando a divisão entre a civitates de Langobriga em Fiães e de Talabriga junto do rio Vouga; o terminus está actualmente encastrado na parede traseira da igreja enquanto o miliário foi deslocado Oliveira de Azeméis, junto da Igreja Matriz; na outra margem do rio Úl, junto da Igreja da Ns. das Febres, apareceu um miliário em Adães, também deslocado e actualmente depositado na Casa Paroquial de Úl (Almeida, 1956; Mantas, 1996:342). Travessia do rio Antuã na Ponte da Anjeirinha? (continua pela rua do Avelão) Travanca (m.p. XXIX junto do povoado do Monte da Pena; a via continua pela antiga «Estrada Real», passando por Besteiros e Caniços) Bemposta (m.p. XXX na capela junto dos antigos Paços do Concelho) Pinheiro da Bemposta (milha XXXI no cruzeiro; continua pela rua de S. Lázaro, cruza a linha férrea, reúne com a EN1 e segue por Curval de Baixo, antiga malaposta da estrada real) Branca (m.p. XXXII; provável mutatio no lugar de Coche, situada na divisória entre as freguesias de Branca e Bemposta a 10 milhas do rio Vouga; referido como «Abranca» num documento do ano 922, PMH DC 25, e noutro de 1088, PMH DC 708, como «Castro de Abranka» que deverá corresponder ao Castro de S. Julião; desde 1220 que está documentada uma «albergaria da Castineyra» nesta área) Albergaria-a-Nova (m.p. XXXIV junto da capela na EN1) Albergaria-a-Velha (m.p. XXXVIII; na Alta Idade Média era designada por «Albergarie veteris de Meigonfrio» ou seja, «a albergaria velha de Mesão Frio»; terá sido fundada por D. Teresa no século XII segundo documento da Carta de Couto de Assilhó (DMP DR, 49); desvia da EN1 para cruzar a povoação pela rua 1º de Dezembro e rua Mártires da Liberdade, antiga «rua da Calçada», passando na Capela de St. António onde vencia a milha 37, até voltar a reunir com a EN1) Serém de Cima (m.p. LXI; há referências a um miliário nesta antiga malaposta; sai da EN1 e segue pela rua Central, descendo depois a encosta de Gândara pela rua da Estrada Real e rua da Estrada Velha, onde existiam vestígios de calçada entretanto soterrados, cruza a EN1 para Pontilhão e chega ao rio Vouga; Baptista, 1942; Seabra Lopes, 2000a) Ponte Romana-Medieval sobre o rio Vouga (m.p. XLI; a ponte actual é uma reconstrução setecentista da primitiva ponte quinhentista da qual ainda são visíveis os pilares e os arranques dos arcos, mas é provável que a ponte assente sobre uma ponte romana anterior; em alternativa, a travessia poderia ser por barca entre Serém e Lugar da Cova) TALABRIGA, mansio, estação viária junto da travessia do rio Vouga junto do Cabeço do Vouga/Marnel; o oppidum situa-se no cabeço adjacente, onde ainda são visíveis importantes vestígios, em processo de escavação mas já aberto ao público; a sua localização estratégica face à via romana, controlando a travessia do rio Vouga, justifica plenamente a existência de uma mansio neste local, mas alguma incongruência entre a distância medida no terreno e o valor indicado no I.A., tem impedido a fixação em definitivo desta mansio neste local; de facto enquanto o I.A. indica 31 milhas a Cale, no terreno andaria pelas 39 milhas, faltando 8 milhas que continuam sem explicação definitiva (erro no percurso? erro itinerário de Antonino?); sobre a localização da Talabriga (Pereira, 1907, Madahíl, 1941; Oliveira, 1943 e Seabra Lopes, 2000a e 2000b).
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Cabeço do Vouga (TALABRIGA) - Coimbra (AEMINIUM) - Condeixa-a-Velha (CONIMBRIGA)
Lamas do Vouga (segue a ruas da «Estrada Real», Cidade de Vaccua e Senhora do Rosário) Ponte Romana-Medieval sobre o rio Marnel (sobe a encosta pela antiga calçada serpenteando a EN1 até ao Alto do Giestal em Capelinho, actual divisória entre freguesias onde vencia a m.p. XXXIII; há referência medieval à strata maiore, PMH DC 578) Mourisca do Vouga (continua pelas ruas 25 de Abril e Liberdade, atingindo a m.p. XXXII junto da Viela do Marco e a m.p. XXXI no cruzamento com a EM578 e divisória de freguesias) Águeda (m.p. XXIX junto da travessia do rio Águeda; albergaria medieval na rua do Barril; continua pela antiga «Estrada Real» por Sardão, Chão da Moita, m.p. XXVIII nas Alminhas, e Brejo; cruza a zona industrial de Barrô e a ribeira do Porto da Moita seguindo pelo caminho actualmente cortado pela IC2; continua pela «Estrada Velha» até à Capela da Sra. da Alumieira, m.p. XXV, seguindo depois por Landiosa, onde atravessa a ribeira do Cadaval) Aguada de Baixo (ara votiva a Cusei Baeteaco em Aguada de Cima; continua pela rua Cura Rachão, passando na Capela da Sra. da Memória em Aguadela, assinalando a m.p. XXIV, e continua pela rua Alto da Póvoa/EM603) S. João da Azenha (m.p. XXV junto da Capela de S. João; nos anos 70 ainda existia um «trecho das guias marginais de lajes calcárias»; continua pela EM1656, passando junto das capelas da Ns. da Ajuda e dos Aflitos onde vencia a m.p. XXII) Avelãs de Caminho (reúne com a EN1 e logo depois vence a m.p. XXI no cruzamento com a rua Portela, na divisória entre freguesias) Malaposta (m.p. XX; cruza o rio da Serra e segue a EN1 pela base do Castro de Anadia por Vendas da Pedreira e Aguim, onde vencia a m.p. XVII; continuava sob a EN1 por Alpalhão e Sernadelo)
Vimieira (m.p. XII; provável mutatio ou mansio situada a 12 milhas de Coimbra dado que aqui apareceu um miliário de Calígula, CIL II 4640, indicando essa distância; este marco, actualmente em exposição no átrio da C.M. da Mealhada, foi descoberto durante a construção da linha do norte em meados do século XIX próximo da Quinta de S. Miguel, a cerca de 1 milha a sul da Mealhada; Mantas, 1996).
Da Vimieira a Coimbra: Lendiosa Quinta da Malposta, Canedo (m.p. XI) Carqueijo (m.p. X) Santa Luzia (m.p. VIII; em Barcouço, a oeste da via, fica o vicus da Igreja Velha) Sargento-Mor/Zouparria do Monte, Souselas (m.p VII; villa em Mouros e na Quinta de Lagares; no sítio de Bacelos sai da EN1 pelo Alto da Pata, cruza Sargento-Mor até às Alminhas de S. Romão, onde toma a «Estrada do Lameirão» ou CM1138 que cruza Adões junto do Alto da Ns. das Neves) Trouxemil (m.p. VI; desce a encosta por um caminho hoje quase imperceptível pois foi cortado pela AE, seguindo paralelo à rua do Barreiro e rua do Calço até ao Sr. da Rua) Cioga do Monte (m.p. V; a via é referida num documento do ano 968 como «carrale que discurrit ad ciuitas conimbrie»; PMH DC 95) Fornos (m.p. IV; miliário de Calígula indica a 4 milhas a Coimbra, actualmente no MNMC; continua pela rua do Poço e rua da Ponte, actualmente interrompida pela EN1, onde cruza o rio dos Fornos, seguindo na outra margem pela rua Cerâmica Ceres e rua Coimbra) Adémia (m.p. III; cruza a ribeira das Eiras na Ponte do Rachado?) Pedrulha (a via continuava por Venda da Fontoura, marginava a Capela da Ns. de Loreto, na m.p. II, e a estação Coimbra-B, onde foi detectado um troço da via durante as obras para construção da passagem subterrânea, entretanto suspensa, cruzava Assamassa e a ribeira de Coselhas na ponte de Água de Maias, m.p. I, junto do Monte da Forca/Conchada, e continuava junto da desaparecida Gafaria/Hospital de São Lázaro pelas actuais Av. Fernão de Magalhães, rua Simões de Castro e rua Direita rumo ao oppidum de Aeminium; referência à via como «carraria maiore» num documento do ano 933 na zona da Pedrulha, PMH DC 39 e como «uia que discurrit ad sanctum romanum» no ano 1094 junto da ribeira de Coselhas, PMH DC 807) Coimbra (AEMINIUM) Importante oppidum a 40 milhas de Talabriga e a 10 milhas de Conimbriga; a localização de Aeminium em Coimbra é atestada por uma lápide honorífica dedicada ao imperador Constâncio Cloro pela civitas Aeminiensis que apareceu na Couraça dos Apóstolos e actualmente está no Museu Machado de Castro, MNMC 150 (Figueiredo, 1888); o museu tem uma colecção de epígrafes funerárias proveniente da necrópole junto da porta oriental, local que recebia o aqueduto; neste museu estão também depositados dois miliários, um tem a inscrição já muito danificada e por isso ilegível, e o outro é o miliário de Calígula que em 1774 apareceu deslocado na Couraça de Lisboa perto do Arco da Traição; como indica 4 milhas, este miliário poderia estar originalmente um pouco norte de Adémia; o museu assenta sobre um magnífico criptopórtico romano que na época suportava o antigo forum de Aeminium e é hoje a construção romana melhor conservada em Portugal, finalmente aberto ao público; há vestígios do cruzamento do decumanus maximus com o cardus maximus no canto SE do edifício; segundo Vasco Mantas (ver mapa), a via romana seguia paralela à margem do rio que na era romana era bem mais largo, percorria a rua Direita e inflectia à direita pelo desaparecido Beco do Amorim, mas hoje é preciso ir à Igreja de Sta. Cruz e voltar pela rua da Louça para retomar a rota da via no Largo do Poço, seguindo depois a rua Eduardo Coelho até à Igreja de S. Tiago na Praça Velha/Praça do Comércio, de onde partia um acesso à malha urbana, continuando pelo lado nascente da Igreja de S. Bartolomeu e pela rua dos Gatos até ao Largo da Portagem, onde estaria a desaparecida Porta de Belcouce junto do local de travessia do rio Mondego; ver Alarcão, 2008a e Mantas, 1992 e 1996. Travessia do rio Mondego (MONDA) (a antiga ponte medieval construída em 1132 por ordem de D. Afonso Henriques e posteriormente reconstruída em 1513 no período manuelino, assentava possivelmente sobre os pilares de uma anterior romana; continuava depois junto do «Portugal dos Pequenitos», onde iniciava a subida da encosta pela Calçada de Santa Isabel ou pela rua da Volta das Calçadas (?), seguindo depois por Carrascal da Várzea pelas ruas Vitorino Planas e Capitão Pereirinha até confluir na «Estrada Antiga de Lisboa»; há uma referência à via no ano 1088 como «publica uia que ducit ad sanctaren», PMH DC 700) Cruz dos Morouços (m.p. II; cruza a EN1 junto das Alminhas e segue a antiga rota da Estrada Real por Ladeira da Paula) Antanhol (m.p. IV; acampamento militar romano, também chamado de «Cidade Velha dos Mouros/Mata Velha», importante sítio arqueológico porém nunca estudado e entretanto destruído com a construção do Aeródromo de Coimbra, possível povoado fortificado reutilizado como posto militar na época Republicana; a via passaria na sua base pelo lugar do Adro Velho; há uma referência à estrada como «via publica» num documento do ano 1087, atestando a sua importância; PMH DC 676) Venda do Cego (m.p. V; villa entre Picoto e Malga; cruza o IC1 e segue por Arneiro e Vendas de Pousadas) Alcabideque (m.p. VIII; Castellum Romano de Alcabideque, impressionante estrutura romana de captação de água que assegurava o abastecimento de água da cidade de Conimbriga através de um aqueduto romano com pouco de mais de 3 km quase todo enterrado no solo excepto na chegada à cidade onde foram utlizados arcos para manter o nivelamento; Alcabideque servia de nó viário ligando a Conimbriga pela estrada por Ordens) CONIMBRIGA (oppidum e mansio a X milhas de Coimbra; imponente cidade romana, sede da civitas Conimbricensis; no território da civitas apareceram 7 miliários, o de Tamazinhos a Décio, o de Soure a Caracala e os restantes cinco foram achados dentro da cidade ou nas suas proximidades e estão no Museu Monográfico, dois a Constâncio Cloro, um a Tácito e outro a Galério Maximiano; existem dois cipos enterrados junto da porta norte da cidade que poderão ser também miliários anepígrafos ou fragmentos de colunas ali colocadas; ara aos Lares Viales; ara aos Lares Aquitibus e ara a Aquiae sacrum, relacionadas com o culto das águas; o porto fluvial da cidade poderia situar-se no braço do Mondego que alcança a zona de Venda da Luísa/Anobra, ligando depois à cidade por Sebal Pequeno e pela Ponte do Barroso; outra possibilidade seria o porto fluvial de Soure, mas a distância de 9 milhas a Conímbriga parece demasiada para servir a cidade) |
Conimbriga a Scallabis ![]() Tamazinhos ![]() Rego da Murta ![]() Tomar ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Torres Novas ![]() ![]() Santarém ![]() ![]() ![]() |
Condeixa-a-Velha (CONIMBRIGA) - Tomar (SEILIUM) - Santarém (SCALLABIS)
O I.A. indica 34 milhas para este trajecto o que é manifestamente insuficiente para cobrir as distância entre estas duas mansiones que distam cerca de 37 milhas em linha recta e cerca de 43 milhas pelo itinerário proposto. A via partia de Conimbriga rumo Seilium (actual Tomar), seguindo inicialmente por Tamazinhos, Ateanha, Várzea de Aljazede e Venda das Figueiras (Mantas, 1996); saía da cidade pela chamada "Porta de Tomar" cujos vestígios são ainda visíveis junto do parque de estacionamento do Museu Monográfico; mas para quem vinha de Coimbra poderia evitar a cidade continuando a partir de Alcabideque pelo caminho que passa na base do cerro da Pêga pelo lado nascente, actual linha divisória entre concelhos, marginando a villa de Lameiras em Póvoa das Pegas e continuando pelo caminho rural do Outeiro pontuado pelos vestígios romanos em Algar de Janeia, Janeia Velha e Enxurreira e Lameiras, fazendo supor um função viária destes edifícios junto da via que confluía pouco depois na via proveniente do oppidum de Conímbriga, um pouco a oeste da aldeia do Zambujal, actual EN347-1. Cruzava a ribeira de Carálio Seco e seguia pela margem direita por Porta d'Angere, onde há referências a um possível miliário "com letras" possivelmente da milha 6; a via passava cerca de 1 km a nascente da monumental villa Romana de Rabaçal pela Cruz do Morto) Tamazinhos, Penela (m.p. VIII; continua por estradão de terra junto do habitat de Lameiros, existindo vários troços em calçada romana ainda bem conservada na subida para o cruzamento da Quinta da Ribeira perto da qual foi encontrado o miliário de Décio indicando 8 milhas a Conímbriga, actualmente em exposição Museu do Rabaçal, assinalando a passagem da via pela base do Cabeço de Juromelo, cruza a ribeira de Alcalamouque, seguindo depois o estradão de terra por Portela de Casas Novas, Cabeço da Revolta e pelo sopé do povoado do Cabeço de Ateanha, marginando o casal de Vale de Abrunheira) Aljazede (m.p. XI; continua pela Várzea de Aljazede e Vale de Camporez passando junto do habitat de Poço Carril/Vinha Morta pelo caminho rural a sul da Póvoa por Algar, Estalagem, Furadouro, Terra de Maçãs/Celeiros e Campo da Lagarteira, servindo de linha divisória entre os distritos de Leiria e Coimbra, cruza o ribeiro de Camporez e segue por Palmoeiro e Castelos até entroncar na EN560) Cumeeira (cruza a ribeira da Sabugueira junto do povoado de Castelos) Venda das Figueiras (m.p. XV; provável mutatio em Freixial, no caminho paralelo à EN110) Tojeira, Avelar (m.p. XVII; reúne com a EN110 e segue por Pontão e Venda Nova) Chão de Couce (continua pela EN110 por Vendas de Maria, Carvalhal, Venda de Barqueiros, Fonte Pedra e Vale da Aveleira)
Rego da Murta (m.p. XXVIII; nó viário e provável mutatio; a Igreja de S. Pedro assenta num podium de um possível santuário associado à via romana que seguia entre dois povoados pré-históricos, o Castro de São Saturnino a nascente e o Castro de Avecasta a poente) Rego da Murta (m.p. XXVIII; continua pela EN110 e «Estrada Velha» até Farroeira, onde desvia da EN110 antes do km77) Casal da Farroeira (m.p. XXX; continua por Casais e Fonte do Tojal) Vila Verde (m.p. XXXII; casal rústico junto da via; continua por Daporta e Casal Sobreira) Fonte da Laje (m.p. XXXIII) Portela de Vila Verde (m.p. XXXIV; topónimo Calçadas) Ponte de Ceras (m.p. XXXV; fotografia dos anos 20 mostra um miliário junto da ponte; Guimarães, 1927) Ceras (castrum caesaris no Monte do Alqueidão; continua por Calçadinha e rua da Ferradura) Freixo, Alviobeira (m.p. XXXVI; continua por Feiteira) Pintado (m.p. XXXVIII; castro romanizado do Cabeço da Pena em Calvinos; segue a EN110 pelo Alto do Pintado, onde havia vestígios de calçada) Vale da Trave (m.p. XXXIX) Venda Nova (m.p. XL) Calçadas (m.p. XLI; Calçada de Tripeiro, 100 m entretanto destruídos, entrando na cidade por Alvito e Gorduchas) Tomar (SEILIUM) (m.p. XLIII a Conímbriga) oppidum associado à travessia do rio Nabão, posteriormente elevado a municipium Seiliensis; vestígios do forum nas traseiras do quartel dos bombeiros; 2 miliários achados na margem esquerda, no Cerrado de S. João do Couto, actualmente no Museu do Carmo em Lisboa, o miliário de Tácito, CIL II 6197/CIL II 4959 sem indicação da distância e o miliário de Maximiano, CIL II 6198/CIL II 4960, que segundo Hübner indicaria a milha I, mas actualmente ilegível; outros dois miliários anepígrafos foram mais recentemente descobertos durante obras na Av. Norton de Matos; a epigrafia revela a existência de emigrantes Seilienses, nomeadamente no epitáfio de Iulianus do Mosteiro do Lorvão e o epitáfio de Caius Rufinus de Porto do Son na Galiza (Silva, 1988; Mantas, 1989; Ponte, 1995; Fernandes, 1996; Romão, 2012). Travessia do rio Nabão (Nabum) (na chamada «Ponte Velha» que poderá ter origem romana atendendo à importância desta travessia, hipótese ainda não confirmada; na outra margem há notícia do aparecimento de um miliário na rua do Everard e logo enterrado; a via seguia pela actual rua Serpa Pinto que em documentos medievos é referida como «Corredoura», subindo depois possivelmente pelo caminho que margina o Convento de Cristo) Madalena (segue rumo à travessia da ribeira da Beselga na Ponte de Ramil) Paialvo (calçada de Casal Salgueiro, troço da via romana perpendicular à linha férrea actualmente soterrado pela linha, restando o topónimo rua da «Via Romana»; ver notícia) Iter. XVI - de Tomar a Santarém por Torres Novas Esta rota por Torres Novas aparece num documento de 1213 como «Estrada de Turribus», mas não há garantias que este seja o traçado romano pois existe um traçado mais próximo do Tejo pela Golegã que corresponde à «Antiga Estrada Real». Esta rota parte de Paialvo e segue talvez pela linha divisória entre os concelhos Tomar e Torres Novas por Soudos (Casal de Soudos) e pela chamada «Ponte Romana» sobre a ribeira de Pé de Cão onde vencia a milha 8 (vestígios em Paraíso/Paraísas), Vargos (junto do Casal de S. Brás), Valhelhas (calçada junto do cemitério), Gateiras (topónimo Porto da Laje), onde começa um troço preservado em calçada com cerca de 1500 m que passa a sul da Quinta da Torre de St. António (actual Quinta do Marquês), cruza a ribeira de Arripiado (ponte romana?) e segue pelo troço de calçada entre o Casal da Quebrada e Fonte do Bom Amor para atravessar o rio Almonda na sua confluência com a ribeira do Alvorão junto a Torres Novas (m.p. XV; vide Carta Arqueológica e a magnífica Villa Cardillio cujo espólio está no Museu Municipal Carlos Reis), seguindo depois um hipotético trajecto por Brogueira, Alcorochel (por Casal da Capela, Várzeas, Casal da Varjas, Casal da Roca, Casal do Mau Dente, Quinta dos Formigais, Valverde, Pedregal, Espinhal e Sobral) e S. Vicente do Paúl onde cruza o rio Alviela (talvez nas proximidades dos extensos vestígios de Torrão, Gamacho e Outeiro do Bairrinho, continuando junto do topónimo Corredoura), Torre do Bispo (continua por Alcaidaria), Póvoa de Santarém, cruza a ribeira de Cabanas junto da Quinta de Vale de Lobos, continuando talvez próximo do sítio romano das Besteira rumo a Santarém. Iter. XVI - de Tomar a Santarém pela Golegã Este traçado alternativo corresponde à rota da «Antiga Estrada Real» descrita no «Roteiro Terrestre» (as estações estão entre parênteses); seguia inicialmente por Paialvo, Lamarosa, Barroca e Entroncamento, continuando depois pela margem direita do rio Tejo por Golegã, Azinhaga e Pombalinho até Santarém. Existem diversas villae ao longo da margem do rio que poderiam ser servidas por esta estrada, como a villa de S. Miguel/Quinta dos Álamos na Golegã, a villa de Portas de Água a norte de Azinhaga, o possível povoado e villa de Pombalinho, e a villa de Cirne, situada junto do topónimo viário «Vale da Carreira», referência clara a esta estrada da qual restava um extenso troço calcetado na zona de Barreiras da Bica/Boavista. Este poderia ser o percurso utilizado durante o período romano seguindo pela antiga ilha de Alvisquer, cruzando a «Ponte de Alviella» na base de Chões de Alpompé, e «Ponte de Almondega», actual rio Almonda, junto da Quinta da Broa, até atingir a base do morro de Santarém, actual Ribeira de Santarém, na «Entrada do Campo de Santarém». A existência de vários troços em zona inundável esteve na origem da construção no século XVIII de uma variante mais afastada do Tejo passando em Torres Novas.
Santarém (SCALLABIS) (oppidum e mansio; sede do Conventus Scalabitanus; na Alcáçova de Santarém, actual Jardim das Portas do Sol, apareceu um miliário de Probo, actualmente na Igreja de Santo Agostinho da Graça; a área foi recentemente escavada e os achados estão em exposição no novo Centro de Interpretação «Urbi Scallabis»; no pátio da Casa da Alcáçova existem vestígios do podium e cella do Templo Romano de Santarém; a via romana chegava pelo lado norte, ascendia pela Calçada de S. Domingos junto da necrópole e entrava na cidade pela antiga Porta de Leiria junto da Igreja de Nossa Senhora da Piedade; percorria depois a actual rua Capelo e Ivens até ao cruzamento com a rua 1º de Dezembro, num local conhecido por «Canto da Cruz», possivelmente o ponto de cruzamento do decumanus com o cardus da antiga urbe; uma derivação daria acesso ao porto fluvial em Alfange, onde apareceu uma estátua do deus Harpócrates) |
Scallabis a Olisipo ![]() Alenquer ![]() ![]() ![]() ![]() Loures ![]() Lisboa ![]() ![]() ![]() Alcântara ![]() |
Santarém (SCALLABIS) - Alenquer (IERABRIGA) - Lisboa (OLISIPO)
Santarém (segue pela rua Dr. Teixeira Guedes e EN3 até Vale de Santarém, continuando pelo trajecto da «Estrada Real» por Vila Chã de Ourique, cruzando o rio Maior na Ponte da Asseca ou «Ponte Secca» conforme é mencionada no «Roteiro Terrestre», a uma légua de Santarém; a via continuava segundo Vasco Mantas pelo troço em calçada da Quinta do Malpique; Mantas, 2002) Cartaxo (rota para Olisipo inflectia mais para o interior de forma a evitar o grande Paúl da Ota)
Aveiras de Cima (continua por Casais da Milhariça) Ota (Povoado da Ota numa colina a poente; cruza o rio Ota e continua pela rota da EN1, desviando depois pelo Alto da Forca por onde descia ao rio) Alenquer (provável mansio no lugar de Paredes, referência ao paredão romano que se encontra na rua das Fontes, designada por villa vedra nas «Memórias Paroquiais» de 1758; os vestígios do povoado romano, certamente um vicus viário, abrangem uma área delimitada por Paredes, Quinta do Bravo, Quinta das Sete Pedras e Quinta de Sta. Teresa; na necrópole da Quinta do Bravo apareceu um miliário de Adriano, CIL II 4633, assinalando reparações na via, «refecit», actualmente no Museu do Carmo em Lisboa; na Quinta de Santa Teresa apareceu um outro miliário possivelmente indicando 35 milhas a Lisboa (Mantas, 2017); na villa da Quinta da Barradinha há notícia de um miliário inédito que seria dedicado a um imperador da dinastia dos Flávios (Mantas, 2012a); no Pinhal do Alvarinho apareceu um tesouro monetário; após a travessia do rio Alenquer, a via continuava pelo caminho da Pacheca, marginando a necrópole do Casal de St. António, a Quinta das Varandas e a Quinta Velha) Carregado (passa em Guizanderia e Quinta de St. António, atravessa o rio Grande da Pipa na Ponte da Couraça e segue a EN1 pela Quinta de S. José do Marco) Castanheira do Ribatejo (vestígios no Bairro da Gulbenkian; povoado fortificado do Monte dos Castelinhos provável localização de Ierabriga; habitat em Mouchão; villa em Sub-serra) Povos, Vila Franca de Xira (villa ou vicus no sítio da Escola Velha, talvez relacionado com um porto fluvial; vestígios no Casal da Boiça e no sítio da Igreja Velha em Cachoeiras; Pimenta, 2007) Vila Franca de Xira (vestígios na Travessa do Mercado e no Vale da Ribeira de Santa Sofia; continua pela EN1 por Alhandra) Alverca (lápide funerária de Marcus Licinius na parede exterior da antiga Casa da Câmara; cupa funerária de Amoena na urbanização de Bom Sucesso; por volta de 1630 Coelho Gasco menciona um miliário de Constâncio Cloro indicando a milha XXIII que apareceu na Travessa do Açougue Velho, actualmente desaparecido, CIL II 306, 4632; todavia, as 23 milhas indicadas excedem em muito a distância entre Alverca e Lisboa que é aproximadamente de 18 milhas, sendo por isso provável um erro na leitura de Gasco, tal como propôs Vasco Mantas, trocando o numeral «XVIII» por «XXIII» o que é bastante plausível; a via passaria no centro de Alverca e seguia para Alfarrobeira, local onde teria existido uma mutatio, bifurcando nas duas variantes descritas a seguir; vide Gasco, 1924; Mantas, 1996, 2012; Guerra, 2012)
Lisboa (OLISIPO) (milha CCXLIV; caput viarum a 244 milhas de Braga) A cidade romana ocupava toda encosta do Castelo de S. Jorge, estendendo-se pela zona da Sé até ao cais fluvial na actual Baixa Pombalina, zona onde existiam diversos complexos industriais para preparados de peixe e respectivas cetárias ainda visíveis no interessante Núcleo Arqueológico da rua dos Correeiros, zona portuária sobranceiro ao antigo braço do rio Tejo que se estendia da actual Praça do Comércio até à Praça da Figueira, onde foi descoberta uma necrópole e vestígios de uma calçada cruzando a «Baixa Pombalina» até à zona ribeirinha; há também vestígios de uma ponte sob a antiga rua do Arco da Bandeira, actual rua dos Sapateiros, cruzando o braço do rio que chegava à Praça da Figueira; porto fluvial no Cais do Sodré; em Alcântara, vocábulo que provém do árabe «Al-quantara», ou «a ponte», existia uma ponte em cantaria sobre a ribeira de Alcântara, presumivelmente com origem romana dada a sua tipologia, observável num mapa de 1580. Além do núcleo dos Correeiros, existiam vários outros complexos industriais marginando o Tejo como na Casa dos Bicos, rua dos Fanqueiros, Rua dos Bacalhoeiros, Convento Corpus Christi e Casa do Governador da Torre de Belém, mas actualmente pouco resta da antiga Olisipo. Aliás, a cidade romana só reaparece em consequência do terramoto de 1755, sendo registados na época vários vestígios monumentais que indiciam a grande importância da sede do municipium Olisiponense em época romana, como as Termas Romanas dos Cássios na rua das Pedras Negras referidas numa inscrição como Thermae Cassiorum, o Teatro Romano de Nero na rua de S. Mamede, o criptopórtico da rua da Prata e um possível circo ou hipódromo na Praça do Rossio, onde as várias epígrafes da Igreja de S. Nicolau apontam para uma necrópole.
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Item a BRACARA ASTURICAM m.p. CCXLVII |
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ITINERARIO XVII - Braga (BRACARA) - Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Astorga (ASTURICA)
Item a BRACARA
ASTURICAM SALACIA PRAESIDIO CALADUNO AD AQUAS PINETUM ROBORETUM COMPLEUTICA VENIATIA PETAVONIUM ARGENTIOLUM ASTURICA m.p. CCXXXVII m.p. XX m.p. XXVI m.p. XVI m.p. XVIII m.p. XX m.p. XXXVI m.p. XXVIIII m.p. XXV m.p. XXVIII m.p. XV m.p. XIIII Braga (BRACARA) (em 1835, durante a construção do Hospital de S. Marcos apareceu um miliário de Caro, CIL II 4760, actualmente no MDDS com o nº 1992.0674; mais tarde, em 1917, nos alicerces da enfermaria do mesmo hospital, apareceram mais doze miliários conhecidos por série de Wickert que os transcreveu nos anos 50 mas entretanto perdidos, entre eles um miliário de Cláudio indicando uma milha, outros a Galério, Crispo, Licínio, Constante e Constantino Magno; na sua periferia temos a necrópole de S. Lázaro, actualmente terrenos da Sta. Casa da Misericórdia; estes dados permitem equacionar a passagem da via XVII por esta zona. A via romana para Chaves deveria partir do Largo Paulo Orósio, antigo forum, seguindo pela decumanus que corresponde aproximadamente à actual rua do Alcaide, continuando pela rua dos Falcões até à antiga porta da cidade situada a sul do Largo Carlos Amarante, cuja área corresponde à grande Necrópole da Via XVII, onde seria a milha zero, tomando depois a rua do Raio, passa junto da Fonte do Ídolo, atravessa a Av. da Liberdade junto do antigo edifício dos CTT, sob o qual apareceu um troço da via, continua ao longo da margem direita do Rio Este pela rua do Raio, Igreja da Senhora-a-Branca, onde recentemente apareceu uma necrópole e restos da via, Igreja de S. Vítor, rua D. Pedro V e rua de S. Vítor-o-Velho actualmente cortada pela antigas instalações da Fábrica Confiança; continua pela rua do Pulo e rua Nova de Sta. Cruz, antiga EN103, saindo depois pela rua da «Estrada Velha»; neste troço apareceram 2 miliários deslocados na antiga Quinta das Goladas, situada na rua Padre Manuel Alaio, o miliário de Tibério indicando uma milha, actualmente no MDDS com o nº. 1992.0642, e o miliário de Constâncio Cloro, CIL II 4763, transladado em 1920 pelo proprietário para a Casa de Pielas em Painzela, Cabeceiras de Basto que na época detinha as duas quintas; ver Colmenero et al., 2004) Gualtar (em Areias, junto da EN103, apareceu um miliário de Heliogábalo indicando a milha III, CIL II 4766, actualmente no MDDS com o nº. 1992.0671; continua pelas ruas de Cavadas, Lameirão, Ribela, CM1294 e em Queixadas toma o CM1296) Este de S. Mamede (continua pelos lugares da Venda e Bemposta, onde começa um troço de calçada que percorre a Serra dos Carvalhos, onde se situa o Povoado Romano do Monte das Eiras Velhas; num documento do ano 1056 este troço é designado por «carral antiqua», LF 60; continua pela rua de Carvalho) Pinheiro, Póvoa do Lanhoso (a via passa junto dos topónimos viários «Calçada» e «Laje Grande», contornando pela vertente norte o outeiro onde se encontra o castro romanizado do Castelo de Lanhoso; cruza a ribeira do Pontido onde um troço lajeado, e sobe ao «Carvalho Centenário») Calvos (cruza a ribeira de Frades em Amareira e segue por Botica, junto do cemitério e por Torrão) Serzedelo (cruza a EM600 e toma o caminho de Botica de Baixo a Pardieiros; continua aproximadamente paralela à EN103 por actual caminho de terra que segue pela rua dos Lameiros e zona industrial, desviando logo depois para Pepim) Tabuaças (cruza o lugar de Pepim e segue o caminho pelo vale até ao lugar de Sanguinhedo, de onde passa para Vieira do Minho depois de transpor a elevação designada por «Outeiro Alto») SALACIA, m.p. XX, mansio a 20 milhas de Braga, localiza-se no Castro de Vieira, povoado romanizado nas proximidades de Vieira do Minho que se encontra precisamente a 20 milhas de Braga, no ponto onde cruza a ribeira de Cantelães; no entanto, o edifício da mansio poderia situar-se junto da vila, onde vencia a milha XIX, atendendo aos vestígios de um edifício recentemente descoberto no Campo da Igreja Velha em Cantelães. Vieira do Minho (na base do castro desvia da EM526 e segue por Vila Seca, Tabuadelo e Pinheiro, seguindo a sul de «Parada Velha», sugestivo topónimo viário assinalando a passagem da via, iniciando pouco depois a subida à Serra da Cabreira pela sua vertente ocidental, seguindo talvez a calçada que leva à «Fonte do Confurco», seguindo depois pela «Portela da Serradela», onde ainda subsiste um troço com 500 m com vestígios de calçada, descendo depois à ribeira das Chedas que cruzaria na Ponte Poldro; daqui continuava por Espindo, onde tomava o troço lajeado designado como «Caminho do Zebral» que passa nos topónimos Pontilhão, Cancelos, Gândara e Ponte Velha do Caldeirão, seguindo paralela ou coincidente com a estrada actual) Zebral (m.p. XXXI; miliário na Capela de S. Pedro, outrora pia baptismal e actualmente cimentado ao chão, lendo-se ainda as letras CAESAR / NCVS / IV; cruza o rio da Lage no Pontilhão dos Pardieiros)
Ponte Romana?-Medieval do Arco (m.p. XXXV; cruza a ribeira da Borralha, o «rio Canhua» no tempo de Argote e actualmente submerso pela albufeira da barragem da Venda Nova; Argote, Martins Capela e Emil Hübner descrevem um miliário anepígrafo junto da ponte, CIL 4773, que deverá ser o mesmo que apareceu durante a construção da barragem; esteve muitos anos nos jardins do Bairro da EDP e actualmente está num jardim junto da EN103 à entrada da aldeia da Venda Nova) Padrões (m.p. XXXVI; antiga Vilarinho dos Padrões, com 3 miliários: o Miliário de Tibério da milha XX[...] a Braga, actualmente no acervo do MNA, CIL II 4773; dois outros miliários desaparecidos foram referidos por Argote, o miliário de Adriano com o nº. 940 e o miliário de Trajano com o nº 574, CIL II 4783, ambos indicando 43 milhas a Chaves, mostrando a crescente importância de Aqua Flaviae com a deslocação do ponto de origem da contagem das milhas para essa cidade; a via corre submersa junto da linha de água) Venda Nova (m.p. XXXVII; 43 milhas a Chaves; antiga Venda dos Padrões; conhecem-se 4 miliários daqui, sendo que dois foram encontrados na parede do forno comunitário de Sanguinhedo, o miliário de Trajano actualmente no MRF como ARC431, CIL II 4782, e o miliário de Adriano, indicando 42 milhas a Chaves que actualmente está num jardim junto ao Castelo de Chaves; o terceiro é um miliário cortado a meio indicando também 42 milhas a Chaves, CIL II 4774; a via corre submersa junto da linha de água) Codeçoso do Arco (m.p. XXXVIII; continua junto do Castro de Codeçoso, onde ainda resta um troço da via com 100 m lajeados descendo a encosta leste rumo a «Porto de Carros», local hoje submerso pela albufeira, onde cruzava o rio Rabagão na Ponte dos Três Olhais que Argote já viu em ruínas; segundo Martins Capela existia um miliário de Cláudio na descida ao rio indicando 38 milhas a Braga, entretanto destruído; do rio Rabagão subia a Currais, restando ainda um troço lajeado com 300 m que passa no sítio de «Lama do Carvalho», num terreno a que chamam «Borrajeiro», onde Argote refere a existência de um miliário de Tibério, CIL II 4777, actualmente desaparecido, indicando a m.p. XXXIX) Currais (m.p. XL; no Largo do Cruzeiro, encostado a uma casa, está um miliário anepígrafo, mas que será proveniente da travessia do rio Rabagão de onde foi deslocado em 1900 para o centro da povoação; Argote refere outros miliários na aldeia provenientes do sítio dos «Padrões», actualmente desaparecidos, podendo um deles corresponder ao fragmento de miliário actualmente encastrado na parede de um forno da aldeia de São Fins; a milha 40 seria vencida no centro da aldeia seguindo depois um troço ainda conservado da via que segundo Argote seguia por «Subila», «Brêa» e «Pedreira», topónimos difíceis de identificar no terreno, mas que deverão corresponder às actuais rua da Portela e rua de Fontelas) Ladrugães (m.p. XLII a sul da aldeia, no sítio da «Gêa», continua por «Cambella», junto da actual ribeira de Cambela, descendo ao rio pela Portela de Trás, onde terá aparecido a estela funerária com o epitáfio de Camalus, CIL II 2496 um Límico do Castellum Livairum) Friães (cruza a ribeira de Cambela e sobe à povoação de Friães inflectindo para leste para Pisões rumo à Cruz de Leiranque) PRAESIDIO, mansio localizada a 46 milhas de Braga ainda sem localização segura; a contagem miliária aponta para uma localização em Pisões, aldeia situada a 46 milhas de Braga e a 34 milhas de Chaves conforme é indicado no I.A., todavia não são conhecidos vestígios romanos atribuíveis a este povoado; em alternativa esta estação viária estaria mais adiante junto do povoado romano da Leira dos Padrões, seguramente uma referência aos miliários ali existentes e que em conjunto com a ara anepígrafa e tesouro monetário encontrados nas proximidades denunciam a passagem da via romana neste local, provavelmente a «Villa Mel» referida por Argote. Pisões (m.p. XLVI; a partir daqui a via ficou submersa pela albufeira do Alto Rabagão, mas antes seguia pela Cruz de Leiranque, onde estava o miliário da «Cantina de Leiranco» onde vencia a m.p. XLVII e que foi deslocado para o Largo da Seara na aldeia de Viade de Baixo; passaria depois a sul do Alto de Pedrouço em Parafita) Penedones (m.p. L; a via reaparece a sul da aldeia e acompanha a margem da actual albufeira pelo sítio da «Leiras dos Padrões», onde há abundantes vestígios de uma estação viária, outra possível localização de Praesidio, continuando pela Capela de Santo Aleixo e respectiva necrópole romana, associada à m.p. LI, junto do Parque de Campismo) Travassos da Chã (m.p. LII; miliário anepígrafo convertido em cruzeiro e deslocado da via para o sítio do Padrão, junto do antigo traçado da EN103, provavelmente após a construção da Ponte da Pedra Seixa sobre o rio Rabagão, actualmente submersa pela albufeira) Nó viário de Travassos da Chã: a via bifurcava no largo da aldeia nas duas variantes para Chaves, uma continuava pelo cemitério e pelo caminho do pontão para S. Vicente da Chã para Caladuno, situado no povoado mineiro da Ciada, seguindo depois por Vilar de Perdizes, Soutelinho da Raia, Castelões e Calvão até Chaves enquanto a outra inflectia para leste, seguindo o caminho que passa junto da Capela de S. João para cruzar o rio Rabagão na base do Castro de S. Vicente, continuando depois por Gralhós, Arcos e Alto do Pindo rumo a Chaves, percurso mais curto que o anterior, mas mais acidentado, sendo este caminho pontuado por vários miliários. Itinerário XVII por Ciada S. Vicente da Chã (m.p. LIV; do pontão segue o caminho de terra que cruza a EN103 junto da Capela de S. Gonçalo, na base do vicus viário do Alto da Carvalha, local de onde será proveniente a ara a Júpiter do sítio do Padrão ou das Almas colocada por Equales; FE 368; continua pela estrada para Montalegre até ao recente «Monumento do Jubileu», onde toma o caminho carreteiro à direita que passa junto do povoado romano da Veiga de Carigo, possível estação viária tipo mutatio, situada entre Medeiros e Peirezes na m.p. LVI, onde apareceu uma ara; cruza a EM308 e continua pelo CM1003 por Ternovale) Codeçoso da Chã (Argote refere que a via passava nos topónimos «Casais» e «Portela de Orseira», topónimos hoje desconhecidos) Meixedo (m.p. LIX; cruza a povoação e ribeira homónima e segue talvez pela Encosta do Biomal/Campelos) CALADUNO, mansio a 62 milhas de Braga e a 18 milhas de Chaves situada a cerca de 1000 m para sudeste da aldeia de Gralhas, junto do vicus mineiro da Ciada, onde existiam abundantes vestígios romanos, entretanto destruídos pela construção do campo de futebol. Solveira (cruza a povoação e no cemitério segue o caminho à direita; povoado mineiro da Telheira/Antas) Vilar de Perdizes (vicus da Veiga com importantes vestígios como o Altar de Penascrita/«Pedra Escrita», uma inscrição gravada num penedo por soldados da Legião VII Gémina que integraria santuário rupestre dedicado a Larouco, divindade associada à serra homónima; na entrada do povoado, no sítio do Portelo, aquando da abertura da EM508, apareceu uma ara votiva também a Larouco e uma outra dedicada a Júpiter, actualmente armazenadas na CM de Montalegre; outra inscrição num penedo em Rameseiros; a via cruza a ribeira da Assureira e continua pelo caminho que faz de fronteira com Espanha, passando junto do vicus do Carvalhal, possível mutatio) Soutelinho da Raia (entra pela rua Fonte Fria e inflecte para sul, passando a poente do possível vicus de Pardieiros) Castelões (segue pela «Calçada do Facho», percorrendo o sopé do Povoado de Facho de Castelões, tendo aparecido um fragmento de um possível miliário anepígrafo na berma da via talvez indicando a m.p. IX a Chaves) Calvão (m.p. LXXIII; miliário deslocado para a entrada da aldeia situada a 7 milhas de Chaves; continua talvez pela Ponte Guilherme, passando a poente do vicus no Outeiro da Torre, cruza a ribeira do Calvão e sobe à Serra do Ferro) Soutelo (m.p. LXVI; 4 milhas a Chaves) Vale de Anta (m.p. LXXVIII; miliário anepígrafo desaparecido que estaria originalmente no actual topónimo «Alto do Marco», local situado a 2 milhas de Chaves; placa honorífica a Treboniano Galo na Igreja; Barragem Romana Abobeleira a norte, e minas romanas de Campo Queimado e de Outeiro Machado, onde há um penedo gravado com diversos símbolos talvez relacionados com a actividade mineira) Casas dos Montes (m.p. LXXIX; segue junto da Capela de S. Bartolomeu, defronte da qual está um miliário anepígrafo na esquina de uma casa, talvez ainda in situ, indicando nesse caso 1 milha a Chaves) Chaves (entrava pela calçada descoberta em 2014 nas fundações de um edifício perpendicular à rua 1º de Dezembro) Variante do Itinerário XVII pelo Alto do Pindo Travessia do rio Rabagão (m.p. LIII, na base do Castro de S. Vicente; este local está hoje submerso pela albufeira do Alto Rabagão; a via reaparece mais adiante, seguindo junto do Novo Bairro do Barroso e pela Estrada do Cemitério) Gralhós (m.p. LVI, calçada atravessa a Ponte da Pedra sobre a ribeira de Rabagão por Avessó, ribeira do Cargual, Porto da Geia e Suavila) Cortiço (m.p. LVIII; miliário anepígrafo sustendo uma varanda de uma casa da aldeia e um pequeno fragmento na parede da mesma casa; outro fragmento de miliário já convertido em bebedouro está no jardim da casa do Sr. Domingos estrada que liga a aldeia à EN103; a via cruza a aldeia e segue pela Ponte Romana? de Cortiço sobre o rio Beça onde vencia a m.p. LIX, continuando junto do Alto da Pedra Moura e do topónimo «Breia», actual pela rua da Estrada/CM1001, passando assim a norte da aldeia de Vilarinho de Arcos) Arcos (cruza a aldeia pela rua de Cima até ao Largo da Sra. da Saúde, tomando depois o caminho em frente em terra; na rua principal, perto da Sra. do Campo, apareceu em 1813 o miliário de a Cláudio indicando L[...] milhas, actualmente no MRF com o nº ARC398, CIL II 4770; a aldeia situa-se entre a milha 60 e 61 pelo que poderia indicar originalmente um desses valores; todavia um outro miliário de Tibério também descoberto na aldeia e reutilizado como pilar da varanda da casa do Sr. Manuel Moreno, actualmente no MRF com o nº ARC394, CIL II 4778, indica 59 milhas a Braga, distância que era cumprida não aqui, mas um pouco antes junto da Ponte do Cortiço (!); teria sido deslocado desse lugar? um outro fuste de um possível miliário encontra-se junto da fonte romana, mas poderá ser antes um fragmento de coluna) Pindo, Cervos (2 miliários provenientes do «Alto do Pindo», local onde a via inicia a descida da Serra do Leiranco rumo a Chaves; um fragmento de miliário de Cláudio, actualmente no pátio do Castelo de Montalegre e o miliário anepígrafo que esteve alguns anos no jardim da antiga escola de Cervos e que actualmente se encontra na JF de Arcos)
Variantes do Alto do Pinto a Chaves A partir da Portela do Pindo, situada na linha divisória entre os concelhos de Montalegre e Boticas, existem aparentemente dois percursos para Chaves. A «variante norte» segue um trajecto mais curto por Ardãos e Seara Velha, descendo depois à Veiga de Chaves por Soutelo e Vale de Anta, apresentando ainda vários troços de calçada e uma inscrição viária no lugar da Pipa próximo de Soutelo (Colmenero, 2004). Por outro lado a «variante sul», servia as importantes explorações auríferas do Vale do rio Terva como Batocas, Brejo, Sapelos e Poço das Freitas, marginando o Castro de Malhó e o vicus mineiro de Sapelos, onde nas proximidades se achou um miliário conhecido como «Pedra de Caixão», percorrendo depois as cumeadas da Serra até Pastoria, onde apareceu um Miliário de Trajano indicando 5 milhas de Chaves, descendo depois a Vale de Anta, onde reúne com o Itinerário XVII por Ciada.
Chaves (AQUAE FLAVIAE) (milha LXXX; mansio ad Aqvas no I.A.) Argote refere quatro 4 miliários no aro de Chaves, miliário de Constantino, desaparecido (CIL II 4784), o miliário de Licínio que apareceu à margem do rio Tâmega, entretanto relocalizado em 2006, e 2 miliários desaparecidos a Adriano, um estaria na Igreja de S. João de Deus e indicava a milha II (CIL II 4779) e o outro indicava a milha V e estaria junto da extinta Capela do Anjo no nº 6 do actual Largo 8 de Julho (CIL II 4780) de onde provém um outro miliário que terá sido apagado e reaproveitado para base de cruzeiro no ano de 1602; referências ainda a um miliário de Décio indicando a milha VI e um miliário no Postigo das Manas, ambos desaparecidos; na Praça da República apareceu um miliário convertido em tampa de sepultura; no jardim junto ao Castelo de Chaves está cravado no solo o Miliário de Adriano proveniente da Venda dos Padrões; estão em curso as escavações do balneário termal no Largo do Arrabalde; o Museu da Região Flaviense guarda 13 miliários, nomeadamente, os três miliários achados na Venda dos Padrões, o Miliário de Cláudio de Arcos, Miliário de Tibério do Pindo, Miliário de Augusto de Sapelos, Miliário de Trajano de Pastoria, Miliário de Constâncio de Eiras, fragmento de Miliário de Caracala ou Adriano e vários outros fragmentos encontrados nas imediações de Chaves (Teixeira, 1996).
Outras vias a partir de Chaves (AQUAE FLAVIAE) A rede viária romana no território do Alto-Tâmega tinha como epicentro a cidade Aqua Flaviae, nó viário de onde partiam várias vias secundárias quer rumo ao rio Douro quer rumo à Galiza, ainda que neste caso o seu destino final ainda não seja muito claro. Além destes importantes eixos N-S, há evidências de outros eixos viários que serviam um povoamento romano distribuído por pequenos vici com vocação agrícola ou mineira (Teixeira, 1996; Colmenero et al., 2004; Lemos e Martins, 2010).
Direcção noroeste Direcção sul rumo ao rio Douro |
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ITINERARIO XVII - Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Astorga (ASTURICA)
AQUAE FLAVIAE
PINETUM ROBORETUM COMPLEUTICA VENIATIA PETAVONIUM ARGENTIOLUM ASTURICA m.p. XX m.p. XXXVI m.p. XXVIIII m.p. XV m.p. XXVIII m.p. XV m.p. XXIIII Chaves a Castro de Avelãs por Valpaços Chaves (depois de atravessar o Tâmega a via seguia inicialmente a EN103, desviando pela rua da Sra. da Boa Morte até ao Cruzeiro, m.p. I, onde estaria o miliário de Constâncio I que apareceu no lugar de Eiras; logo após o canal segue à esquerda e logo à direita, iniciando a subida Alto de S. Lourenço pela rua da «Calçada Romana», troço da via ainda bem preservada que passa na Capela da Sra. dos Aflitos, onde vencia a milha II) S. Lourenço (ascende a encosta pela Calçada de S. Lourenço, troço lajeado onde Argote identificou um miliário anepígrafo deitado na berma da calçada ainda observado por Barradas em 1958, entretanto desaparecido; indicava certamente a milha III; continua depois pela Casa dos Ferradores, Largo do Cruzeiro, milha IV, rua da Travessa, até à EN213; ao chegar ao chafariz segue para Juncal) Ponte Romana de S. Lourenço sobre a ribeira de S. Julião/Cabanas/Palheiros (1 arco, a 500 m da povoação e segue por Arco e Lama) S. Julião de Montenegro (m.p. V; na igreja paroquial apareceram 4 miliários, dois estão dentro da igreja, o miliário de Macrino ou Carino e o miliário de Décio indicando a milha VI a Chaves, o miliário anepígrafo está no adro da igreja e um fragmento de um miliário de Flávio Dalmácio foi para a casa do Pe. Fernando Pereira em Vilar de Nantes; continua pelo Alto do Cavalinho, provável mutatio entretanto destruída, Falgueira, Poças, Alto da Gesta, no cruzeiro vencia a milha VI, inflecte para nascente cruza a EN213 e segue por Sra. do Barracão, Pardieiros, Ladeira Grande e a nascente do outeiro da Capela de Sta. Luzia no Alto da Penha Sá) Sá, Ervões (m.p. X; nas obras de demolição da Capela de Sta. Luzia apareceram 2 miliários, o miliário de Macrino que está no terreiro da casa de Hermínio Quintino e o outro foi reutilizado nas fundações da mesma; a via cruza a aldeia até confluir novamente na EN213) Vilarandelo (m.p XI; miliário de Macrino, apareceu na Capela do Espírito Santo dentro do cemitério e está actualmente no jardim junto ao mercado, junto com o miliário de Caracala que apareceu no pátio de uma casa particular de Vilarandelo com a particularidade de indicar o acampamento militar e mansio de Petavonium como ponto inicial para a contagem das milhas, já não se lendo no entanto o respectivo numeral; um outro fragmento de miliário foi para o MRF; a via continua junto da Capela do Sr. do Milagres, m.p. XII por Cerdeira, Pousadouro, Carriçal e Lama do Vale) Lagoas (m.p. XV; continua a nordeste de Valpaços pela rua Calçada e «Caminho de Possacos») Possacos (m.p. XVII com 4 miliários, o miliário de Magnêncio que apareceu junto à Igreja e actualmente está numa casa particular em Carlão, o miliário de Flávio Dalmácio que apareceu nos alicerces de uma casa no Largo das Duas Fontes, actualmente no acervo do MNA, e mais 2 miliários referidos no CIL II entretanto desaparecidos: miliário de Macrino? da Quinta do Pe. António de Sousa, CIL II 4790, miliário de Carino? da Quinta de Francisco da Costa Homem, CIL II 4792; a via desvia da EN206 à direita, pouco depois de cruzar a aldeia, e desce à ponte por calçada com 2 km) Ponte Romana do Arquinho sobre o rio Calvo (m.p. XVIII; vídeo; miliário de Maximino e Máximo, CIL II 4788, actualmente cravado no adro da Capela de Ns. de Fátima em Vale de Telhas; indica reparações da via na frase vias et pontes temporis vetustate conlapsos restituerunt curante; referência a mais 2 miliários nas imediações entretanto desaparecidos; depois da ponte a via sobe até à EN206 e daqui descia ao lugar da Barca, onde cruzava rio Rabaçal) Travessia do rio Rabaçal (m.p. XIX; a Ponte de Vale de Telhas é uma construção medieval que reutiliza silhares com marcas de fórfex de uma ponte anterior romana, provavelmente localizada mais a jusante no lugar da Barca, onde apareceu um vasto conjunto de miliários que foram agrupados na Ponte Medieval e posteriormente deslocados para outros locais: o miliário de Galério foi para o Museu de Vila Real, o miliário de Maximino Daia está na casa da família Verdelho em Vale de Gouvinhas, o miliário de Constantino II e Constante I está junto da fonte da aldeia de Vale de Telhas, o miliário de Numeriano actualmente desaparecido e o miliário anepígrafo, referido por Hübner que poderá corresponder ao cipo que está na aldeia de Vale de Telhas a servir de banco; na aldeia existe ainda um miliário de Maximino e Máximo no adro da Capela de Ns. de Fátima, mas este seria proveniente da Ponte Romana do Arquinho em Possacos) PINETUM .... m.p. XX, oppidum e mansio a 20 milhas de Ad Aquas localizada no Castro do Cabeço da Mochicara junto da actual aldeia de Vale de Telhas, povoado situado a 20 milhas de Chaves onde apareceu uma ara dedicada a Júpiter pelo cidadão romano Publius Aelius Flaccinus, sinal de algum estatuto administrativo sobre este território, possivelmente como sede de civitas; a via romana margina o castro e segue pelo caminho praticamente abandonado que passa no sítio do «Alto da Estrada», m.p. XXI) Bouça (m.p. XXII; no «Cruzamento da Bouça» existia um miliário indicando 22 milhas que está actualmente junto do Café «Estrela do Norte» em Ferradosa) Fradizela (cruza a aldeia e segue a rua Direita até ao cemitério onde vencia a milha XXIV; neste local estaria o miliário anepígrafo actualmente partido em 3 fragmentos, um dos quais está na berma da EN206 à saída da povoação da Ferradosa; daqui toma o caminho à esquerda da capelinha até reunir com a EN206, continuando próximo dos topónimos viários Quinta da Calçada, Padrões, Redonda, Cabeço das Mós, Quinta do Ermidão e Estalagem, m.p. XVI, para cruzar a ribeira do Arquinho na Ponte Romana?-Medieval do Arquinho, onde volta a reunir com a EN206 e desce à Ponte da Pedra) Ponte Romana da Pedra sobre o rio Tuela (m.p. XVII; magnífica ponte romana com 6 arcos que ainda hoje suporta o tráfego da EN206; esta ponte constitui um dos melhores exemplares da engenharia romana em Portugal em conjunto com a Ponte de Chaves e a Ponte da Vila Formosa no Alentejo e no entanto continua um pouco desprezada; a sua construção é tal modo avançada que foi considerada por muitos autores como moderna até aos anos setenta; silhares almofadados com marcas de fórfex não deixam dúvidas que se trata de uma construção romana, provavelmente nunca reconstruída) Torre de Dona Chama (a via passa a norte da povoação e do Castro romanizado de São Brás até reunir com a EN206) Vila Nova da Rainha (m.p. XXX, 1km antes da povoação, começa um troço da via com 900 m que segue paralelo à EN206 até ao centro da aldeia, onde existe um miliário anepígrafo a suportar uma varanda) Nossa Sra. das Dores, Lamalonga (m.p. XXXI; troço da via com 1500 m ladeia a capela com um fragmento de um miliário junto ao Alto da Pinha, no entrada de uma casa com acesso à EN206, já convertido em peso de lagar, assinalando talvez 31 milhas a Chaves) Lamalonga (no adro da Capela de S. João apareceram dois miliários, o miliário de Constâncio Cloro que está actualmente no MAB com o nº 1565 e um outro anepígrafo que terá sido destruído nos anos 70; Lopo, 1907)
Agrochão (milha XXV; ara votiva aos lares viales; seguia a norte da povoação pela chamada Estrada Velha que passa no sopé do Cabeço do Marco, possível alusão a um miliário que poderá corresponder ao miliário partido em 2 fragmentos que se encontra na berma da estrada no sítio da Amoreira; a via continua a norte da povoação pelo Alto dos Malhões, outra possível referência a miliários)
Edrosa (m.p. XLIV; cruza a povoação e segue pela EN206) Zoio (m.p. XLVI na «Portela de Zoio»; segue paralela à EN206 até à Capela de Sta. Luzia, m.p. XLVIII, onde toma o caminho da Fraga do Viborão, reúne com a EN206, m.p. XLIX e segue até Cruzes, continua pelo caminho florestal ao Alto da Ferradosa e desce a Formil pelo «Caminho da Vila» ao Castro ou «Feira dos Mouros») Formil (m.p. LIV no centro; continua pela EM518 passando no adro da Capela de S. Cláudio onde apareceu um miliário de Maximiano, actualmente no MAB com o nº 1580 e uma inscrição honorífica a Cláudio embutida na parede, CIL II 6217; Lopo, 1900a) Gostei (m.p. LIV antes da aldeia, no desvio da EM518 pelo caminho directo ao sítio da mansio em Torre Velha) ROBORETUM .... m.p. XXXVI, mansio a 36 milhas de Pinetum e a 56 milhas de Aquae Flaviae localizada no povoado romano da Torre Velha em Castro de Avelãs, onde apareceram miliários e outros importantes vestígios. Castro de Avelãs (m.p. LVI; mansio Roboretum no sítio da Torre Velha onde apareceram 2 miliários no exterior das ruínas da Capela de S. Sebastião, já transformados em sarcófagos, o miliário de Caracala, CIL 6216 e o miliário de Augusto, CIL II 6215, com leitura muito dificultada devido a um furo na zona da inscrição onde se indicavam as milhas, mas poderia indicar a distância a Braga que era cerca de 136 milhas; estão ambos actualmente no MAB com o nº 1583 e 1584 respectivamente; aqui também apareceram duas aras dedicadas ao Deo Aerno, uma das quais colocada pelo Ordo Zoelarum, ou seja a tribo dos Zoelae, entretanto destruída no séc. XIX, e a outra está actualmente no MSMS, nº 20, CIL II 2607; da mesma divindade apareceu uma ara na Capela do Senhor de Malta em Olmos, freguesia de Macedo de Cavaleiros, actualmente no MAB, fazendo supor que este local integrava o território dos Zoelae; a via cruza a ribeira do Castro) Bragança (m.p. LIX na Praça da Sé; possível vicus entre a rua Abílio Beça e a Praça de Camões; ver os 8 miliários desta via no Museu Abade de Baçal; três estelas funerárias em Quatro Caminhos e no Couto; a via cruza a cidade talvez pela Praça da Sé, rua Abílio Beça, rua de S. Francisco, passando junto da Capela de S. Sebastião onde apareceram 3 inscrições funerárias, rua do Alcaide e rua das Amendoeiras, marginando a Fonte e Capela de S. Lázaro) Ponte Romana?-Medieval das Carvas, S. Lázaro sobre o rio Sabor (m.p. LXI; segue paralela à EN218 e pela Quinta das Carvas) Gimonde (m.p. LXIII; castro romanizado do Arrabalde, de onde provêem três estelas funerárias e um pedestal de estátua com a inscrição BONO / R P NATO, FE 249) Ponte Romana?-Medieval de Gimonde sobre o rio de Onor Cruz do Marrão, Gimonde (m.p. LXIV; miliário de Caro no «Caminho Velho para Babe», actualmente no MAB com o nº 1575; seguia assim por Marrão, Fonte de Megilde e Canada de Jucadelo/«Juncedelo», rumo à Capela de S. Sebastião; Lopo, 1900) Babe (m.p. LXVII; mutatio no lugar do Sagrado, 4 km a sul da aldeia sobranceiro à ribeira da Ferradosa, provável vicus viário associado na Idade Média à extinta Igreja de S. Pedro Velho, onde apareceram 2 miliários reutilizados como sarcófagos, o miliário de Caracala onde se lê X[---] milhas que está no MAB com o nº 1572 e um miliário de Adriano também no MAB com o nº 1570, lendo-se XX[...] milhas contadas talvez a Caesera, mansio provavelmente localizada em Rabanales de Aliste; neste local apareceu também uma ara a Júpiter e a estela funerária de Calpurnius Reburrinus, cavaleiro da II Ala Flávia que tinha a sua base no acampamento romano de Petavonium situado a oeste de Rosinos de Vidriales, actualmente no MAB; na Capela de S. Sebastião, existe um miliário anepígrafo; a via deverá corresponder ao caminho que passa 300 m a sul da capela) Palácios (m.p. LXVIII, cruza a povoação) São Julião de Palácios (m.p. LXIX na Igreja Paroquial; continua pela calçada chamada «Caminho das Duenas» por Lameiros da Calçada com vestígios do corte artificial da rocha e muros de sustentação da via) Porto Calçado (m.p. LXXIII; cruza o rio Maçãs em Vale de Perdizes, fronteira luso-espanhola, rumando daqui para nordeste pelo «Camino de San Julián») Moldones (m.p. LXXVIII; continua por Figueruela de Abajo e Mahide?) COMPLEUTICA .... m.p. XXVIIII, possivelmente localizada em Figueruela de Arriba dado que esta localidade está a cerca de 29 milhas de Castro de Avelãs, presumivelmente a localização da mansio Roboretum. A via seguia talvez por S. Pedro de las Herrerías, Boya, Villardeciervos e Villanueva de Valrojo.
VENIATIA .... m.p. XV mansio a 15 milhas de Compleutica que poderá ficar nas proximidades de Villanueva de Valrojo. A via continua pelo «Carril de los Cervatos» por Olleros de Tera e Calzadilla de Tera, onde cruza o rio Tera e segue por Calzada de Tera, San Juanico el Nuevo, Barrio de Abajo de Brime de Sog, Santibánez de Vidriales (Miliário de Décio?) e Rosinos de Vidriales. PETAVONIUM... m.p. XXVIII, mansio que corresponde ao acampamento militar romano da Legio X Gemina e Ala II Flavia Hispanorum localizado a oeste de Rosinos de Vidriales; o povoado indígena poderá corresponder ao vizinho «Cerro del Castro»; a via continua por Fuente Encalada (3 miliários, um a Maximino e Máximo, outro a Caracala e um terceiro a Décio (?) já desaparecido), continua por um extenso troço da via conhecida por «La Chana», passando junto do Miliário de Valeriano e Galieno no lugar de Fuente del Robledo (actualmente no Museo de Castrocalbón), onde há um aparente acampamento romano, continuando por Calzada de Valdería e Herreros de Jamuz. ARGENTIOLUM...m.p. XV: situada provavelmente adiante de Tabuyuelo de Jamuz, talvez no sítio romano do «Campo del Medio» em Villamontán de la Valduerna; a via é conhecida neste troço por «Calzada del Obispo» seguindo por Valle, Castrotierra, Ponte Balimbre sobre o rio Turienzo, Valderrey, Celada, e entra em Astorga pelos lugares de La Canal e Arboleda e pelo «Camino de Cuevas». ASTURICA...m.p. XIIII (caput viarum, actual Astorga) Variantes do Itinerário XVII Variante por Alturas de Barroso e Boticas Durante muito foi discutida a possibilidade do Itinerário XVII seguir por Alturas de Barroso e Boticas até Chaves. Todavia, a ausência de miliários retiram sustentação a esta hipótese. O trajecto já existia no período romano dado que esta via serve vários castros importantes como o Castro romanizado do Alto do Cabeço em Granja (sobranceiro ao rio Terva junto da EN103) e o Castro romanizado de Outeiro Lesenho (hipotética capital da civitas dos Equaesi, tendo aparecido nas proximidades quatro estátuas de guerreiros). Esta velha estrada passaria ainda em Atilhó e Carvalhelhos, junto do Castro romanizado do «Castelo de Mouros», cruzando o rio Beça na Ponte de Pedrinha (a sul do povoado mineiro romano de Candedo, associado às minas de Ferrarias na outra margem), e seguia depois por Carreira da Lebre e Alto da Esculca até Boticas; daqui rumava a Sapiãos (povoado junto do cemitério) e Sapelos, onde reencontra o Itinerário XVII que vinha por Montalegre . Variante norte da Via XVII entre Chaves e Bragança Uma outra hipótese anteriormente lançada (e.g. em Colmenero et al., 2004: 693) seguia mais a norte por Faiões, Lebução rumo à travessia do rio Rabaçal na Ponte de Picões. Daqui seguia por Vinhais, onde apareceram miliários, rumo ao Castro e Avelãs, junto a Bragança. No entanto, os dados disponíveis não permitem estabelecer tal rota, em particular na parte inicial do percurso de Chaves à Ponte de Picões, onde a configuração da rede viária é muito diferente, privilegiando as rotas N-S e não E-O. Desta forma, a utilização desta rota pelo Itinerário XVII é inviável. A segunda etapa da Ponte de Picões e daí a Bragança que é um percurso indubitavelmente pré-romano, deveria integrar antes uma rota NE-SO com origem no Castro de Avelãs e que seguia por Soeira e Vinhais rumo ao Castro de Valtelhas (Pinetum), ou, cruzando o rio Rabaçal na Ponte de Picões, seguir por Fiães (vicus Vagornica), Sá, Castro de Cidadonha (miliário em Monsalvarga), Vassal (novo miliário), passando assim a oeste de Valpaços rumo à importante zona mineira de Jales. Os respectivos itinerários são apresentados a seguir (act. 2020). Chaves - Monforte - Fiães: existe uma antiga via que interligava os diversos castros e vici do planalto a nordeste de Chaves; a via partia do Vale do Tâmega de Vila Verde da Raia e seguia a rota da actual EM502 por St. António Monforte (vicus; antigo Curral de Vacas; fuste de coluna ou um possível miliário, reutilizado numa casa da aldeia e noutra uma estela funerária; ara a Larouco na igreja), continuando pelo topónimos viários, Chã da Vrea, Alto da Vrea e Vidual, passando a poente do sítio romano de Amedo em Paradela de Monforte (tesouro) até atingir Mairos (vicus? no Calvário; estela funerária), continuando pela EN502 entre Travancas e S. Cornélio, junto do sítio romano dos Pardieiros até Cimo de Vila da Castanheira (passa próximo do habitat do Seixal e junto do Capela de S. João na base do Castro de S. Sebastião, onde terá aparecido uma ara a Júpiter), continua pelo Alto de Pedome, margina o habitat de Caço/Megingueira e passa junto da Capela da Sra. dos Aflitos em Lebução, seguindo na direcção de Fiães (vicus Vagornica), nó viário onde entronca na via transversal que seguia para Três Minas descrita a seguir (Teixeira, 1996; Lemos e Martins, 2010).
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Via transversal ao Itinerário XVII entre Castro de Avelãs e Três Minas Atendendo à localização de uma série de miliários na região de Valpaços e de Vinhais que parecem alinhar uma via transversal no sentido NE-SO que cruzava com a VIA XVII na aldeia de Sá, a ocidente de Valpaços, é possível equacionar um hipotético itinerário proveniente de Castro de Avelãs rumo à Região Mineira de Três Minas o que permite integrar esses miliários nesta hipotética via, ao contrário de Colmenero que prefere integra-los na própria Via XVII, "forçando" a via a fazer um desvio para norte a partir de Edrosa para poder passar em Vinhais e Soeira quando existe um caminho mais directo rumo a Castro de Avelãs (Colmenero et al., 2004). A parte inicial do trajecto segue as indicações do percurso proposto pelo Padre Francisco Alves (o conhecido 'Abade de Baçal') no início do século XX, seguindo anotações anteriores do Major Celestino Beça; os topónimos por este mencionados e actualmente desconhecidos são assinalados por aspas (Alves, 1915). Castro de Avelãs (seguia inicialmente o Itinerário XVII até Formil, desviando aí para noroeste) Formil (desvia pelo caminho que cruza a ribeira de Prado Redondo e segue por «Vale do Roupeiro», «Vale de Centiares», «Paulo de Fontes», Chousa, junto da «Fonte do Velho») Castrelos (passa no cemitério onde há necrópole romana e continua pelo Carriço do Ervedal» em direcção à travessia do rio Baceiro na Antiga Ponte de Castrelos cujas ruínas ficam a jusante da ponte actual, na base do castro do Cabeço de São João/Castelos Velhos, onde apareceu a estela funerária de Sempronius Tuditanus, continuando na outra margem pelo caminho da «Estalagem do Diabo») Soeira (a via cruza a aldeia junto da Igreja Velha, onde existe uma inscrição, continuando até ao sítio romano de «Vilar», estação viária tipo mutatio onde em 1900 Celestino Beça achou um miliário então já reaproveitado como sarcófago, actualmente no MAB com o nº 1566; da inscrição original restam umas poucas letras TRIB POT e o numeral XXI; daqui desce ao rio por 1 km, contornando o Castro da Ponte parra cruzar o rio Tuela na «Ponte Velha» de Soeira, continuando por calçada até à EM1017, confluindo pouco depois na EN103 que segue aproximadamente para cruzar a ribeira de Padornelo junto da Ponte de D. Marinha) Vila Verde (cruza a aldeia, passando a norte da Torre de Modorro, provável atalaia romana tipo statione para controlo da via romana na zona de travessia do rio Tuela, continua pela EN103 e logo depois desvia à direita pela EM505 e logo à esquerda pela calçada já destruída na encosta do Castro da Cidadelha) Vinhais (Argote refere um miliário entretanto desaparecido; onde apenas leu CONLAPSOS RESTITVERVNT / …Q. DECIO LEG.AVG.PR.PR. / CV… VIA AVG / M.P.CP, ou seja referindo reparações efectuadas na via talvez pelo Imperador Maximino, indicando a milha C[---?], talvez a Braga; provável vicus no Bairro do Eiró, onde terá aparecido a ara a Júpiter pelo que aqui deveria existir uma mutatio; a via romana margina o povoado, seguindo depois entre os altos da Portela e do Pinheiro, cruza a ribeira das Trutas no Pontão, continua pelo caminho de Lamas da Susana até Soutelo, passando a norte do povoado do Monte da Circa e do vicus da Lagoa, continua por Sobreiró de Cima, sobe pelo Alto do Meiral até Cruz das Cortes na EN103 e continua pela portela do Monte da Forca e do Alto da Madorrinha) Curopos (passa em «Souto Escuro», onde terá existido um miliário (?), seguindo por Estalagem de Cima e Estalagem de Baixo, na rota da EN103) Valpaço (por Pedra Mourisca, Breia e Fonte do Mau Nome) Ponte Romana?-Medieval de Picões sobre o rio Rabaçal (encontrava-se em ruínas e actualmente está submersa; da ponte ascendia a encosta Bouças, Muradelha, passando junto povoado fortificado do Cabeço da Ns. da Ribeira, onde apareceu uma ara votiva, possivelmente a estela funerária de Flavia Duerta, que está actualmente no MRF dada como proveniente da aldeia de Vilartão) Bouçoães (dois possíveis miliários anepígrafos provenientes das ruínas Casa da Abadia, antiga casa paroquial, actualmente na JF; continua pelo Alto das Pedrinhas e Alto da Relva) Tortomil (vicus de Fetais, em Vale de Fetos; duas aras votivas, uma das quais com uma inscrição a Júpiter pelos Castellani Af(...) que seria a designação do sítio; continua pelo Alto da Fraga do Marco) Fiães (vicus Vagornica no sítio de Muradelha com base numa ara dedicada a Júpiter pelos Vicani Vagornicensis achada no sítio da Cortinha do Fundo junto da aldeia, actualmente no MRF; dentro do povoado apareceu um possível miliário; estela funerária na Fonte da Ns. do Socorro) Ponte Romana?-Medieval sobre o rio Calvo Tinhela (calçada; estela funerária na rua da Veiga) Lama de Ouriço (miliário de Magnêncio, actualmente desaparecido; povoado fortificado no Cabeço da Muralha) Sá (onde cruza a Via XVII) Valongo (miliário anepígrafo reutilizado numa casa da aldeia, entretanto deslocado para o exterior dum armazém em Vilarandelo) Ervões Lamas Monsalvarga (fragmento de miliário anepígrafo na berma da estrada que passa na aldeia; calçada segue paralela e a nascente da EM543) Vassal (fragmento de miliário numa casa particular; a via margina o castro romanizado de Cigadonha e segue a nascente da aldeia talvez pelo Caminho da Quinta da Fonte; no Lugar do Regueiral em Sanfins, há uma inscrição rupestre que delimitava os povos Treburi e Obili: «Termin(us) Treb(ilium) / T(erminus) Obili(um)»; Colmenero, 1987) Argeriz (calçada entre o santuário rupestre de Pias de Mouros e o Castro de Ribas, passando na Ponte do Regato do Pereiro; ara aos Lari Cusicelensis (?) achada no lugar do Couto de Algeriz, CIL II 2469, actualmente desaparecida) Argemil (seguia talvez por Nozedo e junto do habitat da igreja paroquial de S. João da Corveira, continuando por Sobrado e Rio Bom) Padrela (nó viário na Serra da Padrela que dá acesso à região mineira de Três Minas, ver Itinerários Chaves - Três Minas - Rio Douro) |
VIA XVIII - Item alio itinere a BRACARA ASTURICAM m.p. CCXV |
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ITINERARIO XVIII (VIA NOVA) - Braga (BRACARA) - Serra do Gerês - Astorga (ASTURICA)
Item alio itinere a
BRACARA ASTURICAM SALANIANA AQUIS ORIGINIS AQUIS QUERQUENNIS GEMINAS SALIENTIBUS PRAESIDIO NEMETOBRIGA FORO GEMESTARIO BERGIDO INTERERACONIO FLAVIO ASTURICA m.p. CCXV m.p. XXI m.p. XVIII m.p. XIIII m.p. XVI m.p. XVIII m.p. XVIII m.p. XIII m.p. XVIIII m.p. XVIII m.p. XIII m.p. XX m.p. XXX Braga (BRACARA) (um miliário de Adriano que estava também no Campo das Carvalheiras indica CCXV milhas, ou seja a distância total entre Bracara e Asturica pelo que marcaria certamente a milha zero da «Via Nova», e está de acordo com as 215 milhas indicadas no Itinerário de Antonino, CIL II 4747, actualmente no MDS partido em dois com o nº 190.092 e o nº 67.692; existem outros miliários provenientes do centro urbano que poderão estar relacionados com esta via como é o caso do miliário encontrado na rua de Ns. do Leite ou o da Casa do Passadiço na rua Francisco Sanches; a via saía pelo extremo nordeste da cidade, talvez pelo largo de S. João do Souto, seguindo junto à grande necrópole da «Via Nova», no inicio da Av. Central, onde apareceu também uma ara dedicada aos Lari Viales, continuando pela actual rua dos Chãos rumo à travessia do rio Cávado) Travessia do Rio Cávado (Celadus): Como a Ponte do Porto é uma construção medieval sem indícios de uma anterior romana, temos que recorrer à localização dos miliários existentes na zona para identificar o ponto de travessia do rio Cávado. Apesar de estarem todos deslocados do seu local original existem vários miliários nas proximidades: junto da Ponte do Porto temos o miliário da Capela de S. Miguel-o-Anjo e mais a jusante, os miliários de Barreiros e o miliário do Cruzeiro de Pilar. Estudos mais recentes apontam para que a travessia se fizesse a jusante da Ponte do Porto já na freguesia de Navarra, sendo que Sande Lemos coloca essa travessia na Barca de Ancêde, com uma provável mutatio em Bouça Alta, enquanto Colmenero propõe uma travessia um pouco a jusante nas Azenhas de Sta. Marta. Na sua saída de Braga, a via é citada num documento medieval do ano 911 que delimita a antiga diocese de Dume como «in via, quam dicunt de Vereda, qui discurret de Bracara», ou seja «pela via que chamam de vereda proveniente de Braga» (PMH DC 17) pelo que é certo que a via passava algures pelos limites de Dume, facto reforçado pelo aparecimento do miliário de Constante em Areal de Baixo, actualmente no Museu Soares dos Reis no Porto que indicaria assim a milha II. (vide Colmenero et al., 2004; Sande Lemos, 2002; Carvalho H., 2008).
Carrazedo (m.p. VII no lugar de Feira Velha/ Castro; o vicus fica próximo no Lugar da Igreja; uma ara votiva aos Lares Buricis apareceu junto da via no «Campo da Porta» ali próximo; em 1642 existiam 12 miliários no adro da Igreja de Carrazedo dos quais 8 terão sido levados para o Campo de Santana em Braga enquanto os restantes 4 permaneceram na igreja, sendo depois dispersos; vide Sousa, 1971-1972) Pilar, Fiscal (m.p. VIII assinalada pelo miliário de Caro, CIL II 4786, cravado no solo a servir de cruzeiro e marco divisório numa rotunda da aldeia; continua pela EN308) Besteiros (m.p. IX no lugar de St. António; continua pela rua homónima e Lugar da Cal até à Igreja Paroquial de Caires) Caires (m.p. X; mutatio a 10 milhas de Braga situada no vicus designado por «Cividade de Biscaia», sítio do «Campo da Bouça», na base do Castro de Gróvios/Castro de Caires; Albano Belino recolheu aqui um curioso baixo-relevo de granito representado uma figura equestre que Sande Lemos interpretou como um símbolo do sistema de correio, ou seja do cursus publicus; Fr. Bernardo de Brito refere um miliário da milha 10 no «alpendre da Igreja de Santiago de Vilela», actualmente desaparecido; poderia ser do tempo de Tito visto que o texto é muito similar a outros miliários deste imperador) dedicatória ao Genius por Sabinius Florus num pedestal de uma estátua proveniente da demolição da Capela da Quinta de S. Vicente e actualmente depositada na Quinta de Rios de Cima) Pela VIA NOVA até à Portela de Santa Cruz Aqui começa um dos mais interessantes troços da Geira Romana; partindo da mutatio na «Cidade de Biscaia» no Campo da Bouça, a via contorna o Monte de S. Pedro Fins pela vertente sul por Paço Velho, Castro, Tornadouro, S. Vicente, Roupeiro e Cimo da Geira, onde venceria a milha XI, continuando pelo lugar de Vila Cova em Paredes Secas, iniciando-se aqui um grande troço ainda intacto da via romana que ascende por suaves patamares à divisória entre freguesias, onde vencia a milha XII, pouco antes de atingir o vicus e provável mutatio de Mojeje, local onde cruza a ribeira das Oliveirinhas e cujo nome latino poderia ser Viriocelum atendendo ao pedestal com uma inscrição ao Genius Viriocelensis que está na casa paroquial de Vilela.
Santa Cruz, Souto (m.p. XIV; de Mojeje a via percorre a meia-encosta a vertente nascente do Monte de Santa Cruz passando junto de um miliário anepígrafo que está deitado junto da via até entroncar na EM535-2, seguindo à direita pelo largo da aldeia para onde foi deslocado um fragmento de outro miliário; junto da Portela de Santa Cruz que serve de divisória entre os concelhos de Amares e Terras de Bouro, deixando o vale do rio Cávado para entrar no vale do rio Homem, atingindo pouco depois a milha 14 num local designado por Bouça do Padreiro, onde ainda subsistem 7 miliários, quatro deles indicando a m.p. XIV, um dos quais está enterrado in situ; continua pelo estradão que passa a asfalto e no desvio para Barral segue à direita para Chão de Cima e Reboredo) Lampaças, Balança (m.p. XV no Bico da Geira ou Cantos da Geira; 4 miliários; miliário de Maximiano e miliário de Caro, indicando 15 milhas e um terceiro anepígrafo; 2 miliários desta milha, um a Magnêncio e outro talvez a Carino, estão actualmente na C.M. de Terras do Bouro) Teixugos, Chorense (m.p. XVI; miliário de Décio; três outros miliários deste local estão desaparecidos; a via continua pelo monte até à Capela de S. Sebastião da Geira, onde entronca na EM535, segue esta estrada por 150 m e desvia à esquerda por estradão de terra) Ribeiro de Cabaninhas, Chorense (m.p. XVII; 5 miliários a Heliogábalo, Caracala, Décio, Caro e Valentiano) Chã de Vilar, Chorense (m.p. XVIII em Minério; miliário de Tito e Domiciano in situ indicando 18 milhas; também seria daqui o miliário de Constâncio I ou II que hoje está na C.M. de Terras de Bouro; vestígios de um povoado romano; atravessa o ribeiro do Urzal e segue pelo Alto do Falanco, Barreiros e Alto do Bustelo) Lajedos, Saim (m.p. XIX; 4 miliários, um dos quais dedicado aos imperadores Tito e Domiciano, indicando 19 milhas a Braga, onde se lê «VIA NOVA FACTA»; miliário de Caracala fragmentado; miliário anepígrafo deslocado para a aldeia de Moimenta Nova servindo de suporte a uma varanda junto à igreja; também desta milha seria o miliário anepígrafo actualmente na C.M. de Terras de Bouro) Podrigueiras, Saim (m.p. XX junto ao Penedo dos Ladrões; 2 miliários, um a Carino e outro a Adriano indicando ambos 20 milhas a Braga; miliário anepígrafo integrado na base de um muro a 30 m da via; logo depois cruza o ribeiro da Pala da Porca) SALANIANA, mansio a 21 milhas de Bracara Augusta, deveria situar-se na zona de Travasso pois aqui apareceram 2 miliários in situ, um miliário de Heliogábalo indicando precisamente 21 milhas a Braga, CIL II 4805 e o miliário de Caro, CIL II 278; desconhece-se o local exacto da mansio, mas há povoados romanos nas proximidades, no lugar do Pontido a leste e no lugar de Chã de Vilar, 3 milhas a sul. Travasso, Vilar (m.p. XXI na Pontelha da Geira; daqui segue por Espigão e passa a ribeira do Fojo) Ervosa, Santa Comba, Chamoim (m.p. XXII; 2 miliários in situ, um a Carino e outro a Adriano indicando precisamente 22 milhas a Braga, CIL II 4806; um terceiro miliário daqui foi levado para a Igreja Paroquial de Chamoim em Lagoa, onde serve de cruzeiro) Esporões, Chamoim (m.p. XXIII; 4 miliários; miliário de Tácito, miliário talvez a Juliano e 2 miliários anepígrafos; há referências a um Miliário de Adriano e outro a Constâncio II entretanto desaparecidos) Padrós (m.p. XXIV no caminho para Cabaninhas; albergaria medieval; miliário de Maximino e Máximo; referência a mais 4 miliários desaparecidos; cruza a EN307 e segue entre esta e o ribeiro da Roda até Sá onde reencontra a EN307) Sá, Covide (m.p. XXV; miliário de Décio transformado em cruzeiro enterrado invertido à entrada da povoação; a via continua para Covide pela estrada actual, EN307) Covide (miliário de Décio na rua da Carreira, CIL II 4812, como pilar de um alpendre de uma casa, mas proveniente da milha XXVI, e logo depois no Outeiro do Rei, um miliário de Adriano já sem inscrição e transformado em cruzeiro; pelo caminho da Junceda leva Castro da Calcedónia; a via cruza a Veiga da Santa Eufémia pelo lugar do Monte) Jeirinha, Covide (m.p. XXVI no lugar das Várzeas; miliário de Constâncio Cloro aparecido no Campo do Saganho; a via acompanha o ribeiro por alguns metros, subindo depois à EN307; Argote dá notícia de um miliário de Licínio II e outro de Décio nesta mesma milha; «Memor.», II 550 e 57) Costa do Cruzeiro (m.p. XXVII; miliário de Magnêncio indicando a milha 27 na berma esquerda da estrada na linha que separa Covide de Campo do Gerês, cruzando a EM533; referência a um miliário de Tito e Domiciano desaparecido; há ainda referência a um outro miliário de Vespasiano actualmente desaparecido, CIL II 4814, indicando também 27 milhas a Braga; pouco depois surge o Miliário de Décio indicando também 27 milhas que actualmente serve de base do Cruzeiro de S. João do Campo e logo depois surge um outro miliário ilegível na berma direita da estrada; todavia estes miliários estão deslocados e o acerto da marcação miliária sugere que a via desviava no cruzeiro e seguia antes pela Ponte dos Eixões e depois quase recto até à Igreja da aldeia do Campo) S. João do Campo/ Campo do Gerês (m.p. XXVIII no sítio da «Leira dos Padrões», nas traseiras da igreja; no entanto a mutatio poderia estar no sítio do «O Sagrado» ou «Adro Velho» situado na Veiga de S. João, onde se achou uma ara votiva dedicada à divindade indígena Ocaere; na aldeia existem vários miliários, o miliário de Caro está dentro do jardim de uma casa particular à entrada da povoação, outro fragmento de miliário indica 28 milhas a Braga e está encastrado na parede de uma casa da aldeia, tal como um outro miliário anepígrafo; a norte da aldeia na «Leira do Cotelo» no lugar do Porto do Carro, há outro fragmento de miliário; Argote refere um miliário de Magnêncio actualmente desaparecido e em 1728 Matos Ferreira refere 2 miliários que estavam na Leira dos Padrões e que foram posteriormente destruídos; a via continua pela estrada actual que se dirige para a extinta aldeia de Vilarinho das Furnas (onde há vários miliários reutilizados), mas antes de descer à barragem desvia à direita por estradão de terra que se dirige para a Bouça do Gavião, perdendo-se pouco depois nas águas da albufeira que submergiu a via; o caminho actual foi construído a cota superior, mas reúne com a via 2500 m depois) Bouça do Gavião/ Padrões da Cal (m.p. XXIX; os 13 miliários que aqui existiam foram transladados para Sarilhão, junto do estradão actual, após a construção da barragem; alguns terão sido partidos e levados para Vilarinho das Fornos onde ainda se podem observar alguns fragmentos entre as ruínas submersas da aldeia) Bouça da Mó (m.p. XXX; vestígios da mutatio na margem esquerda do ribeiro da Mó; 4 miliários; 2 miliários identificados em 1992 e mais recentemente o miliário de Maximino e Máximo e um outro enterrado) Bico da Geira (m.p. XXXI; 21 miliários junto ao ribeiro do Pedredo; vestígios da antiga pedreira que serviu para o fabrico dos miliários) Volta do Covo (m.p. XXXII; 22 miliários, entre eles aos imperadores, Adriano, Maximino e Máximo, Caro, Magnêncio, Caracala, um a Constantino II, Constâncio II e Constante I, etc.) Ponte Romana sobre a ribeira de Maceira (só vestígios; 1 arco) Ponte Romana sobre a ribeira do Forno (só vestígios; 1 arco) Albergaria (m.p. XXXIII; 20 miliários, a Constantino, Tácito, Décio, etc) Ponte Romana de Albergaria/ Ponte Feia sobre a ribeira de Leonte (silhares almofadados entre as ruínas da antiga ponte; a via segue o caminho entre o rio Homem e a estrada actual) Ponte Romana sobre a ribeira de Monsão (só vestígios) Ponte Romana de S. Miguel sobre o rio Homem (a via segue até à estrada nova na Cruz do Pinheiro) Portela do Homem (m.p. XXXIV; 9 miliários, a Caracala, Tito, Décio, Domiciano, Magnêncio, Maximino e Máximo, Nerva e Adriano, um dos quais indica reparações da via na frase vias et pontes temporis vetustate conlapsos restituerunt; talvez fosse a fronteira entre os Bracari e os Querquerni; ver a discussão do traçado neste ponto) Lama do Picón, Parque do Xurés, Lobios (m.p. XXXVI; 9 miliários deslocados para uma zona de recreio junto à estrada actual; no sítio original da milha resta um miliário) Continuando em direcção a Astorga: Entra na Galiza e desce ao vale do rio Caldo, continuando por Torneiros, Vila Meã, seguindo a margem esquerda do rio Lima até Aquis Originis, mansio referida no I.A. e situada em Baños del Rio Caldo (Lobios). Na sua rota até Astorga, a «Via Nova» passava nas seguintes estações viárias com mansiones. Baños del Rio Caldo (AQUIS ORIGINIS) (miliário da milha XXXIX, 39) Ponte Romana Pedriña sobre o rio Lima (submersa pela albufeira das Conchas; um pouco mais à frente uma derivação ligava a Lugo) Baños de Bande (AQUIS QUERQUENNIS) (miliário da milha LIII, 53; o miliário da milha 51 está na Igreja Visigótica de Sta. Comba de Bande como pia baptismal) Sandiás (GEMINAS) (milha LXIX; 3 miliários em Vilariño das Poldras na milha LXVII e um miliário em Zadagos assinalando a milha LXXI) Xinzo da Costa, Xinzo (SALIENTIBUS; milha LXXXVII, 87) Vilamaior, Castro Caldelas (possível localização de PRAESIDIO; junto à Igreja; milha CV) Ponte Navea (milha CXIV?; reconstrução medieval de uma ponte romana sobre o rio Navea; 2 miliários anepígrafos e um miliário de Tito; entra no território Asturicense) Pobra de Tivres (NEMETOBRIGA em Mendoia; milha CXVIII) Ponte Romana de Bibei (milha CXXI; magnífica construção romana, uma das pontes melhor conservadas na Península; existem dois miliários junto da ponte, um miliário de Tito, indicando 94 milhas a Astorga, e o outro um miliário de Trajano; outra inscrição dedicada a Trajano jaz no fundo do rio e indicava que a ponte foi construída pelos Aquiflavienses tal como a Ponte de Chaves) Ponte Romana da Cigarrosa sobre o rio Sil (conserva os alicerces romanos) Pobra, Valdeorras (FORO) (milha CXXXVII, 137) Portela de Aguiar (GEMESTARIO) (Vale do rio Sil; milha CLV, 155) Cacabelos (BERGIDO), El Bierzo (junto ao cemitério; milha CLXVIII, 168) Ponferrada (exploração mineira «Las Médulas», património mundial) Bembibre (INTERERACONIO FLAVIO) (atravessa os Montes de León; milha CLXXXVIII, 188) Astorga (ASTURICA AUGUSTA) (total percorrido CCXV milhas, ou seja cerca de 344 km desde Braga) |
VIA XIX - Item a BRACARA ASTURICAM m.p. CCXCVIIII |
![]() Braga ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Cávado ![]() ![]() ![]() ![]() Neiva ![]() ![]() ![]() ![]() Lima ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Labruja ![]() ![]() ![]() ![]() Rubiães ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Antas ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Sapardos ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Valença ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
ITINERARIO XIX - Braga (BRACARA) - Tui (TUDA) - Lugo (LUCUS) - Astorga (ASTURICA)
Item a BRACARA
ASTURICAM LIMIA TUDAE BURBIDA TUROQUA AQUIS CELENIS TRIA ASSEGONIA BREVIS MARCIE LUGO AUGUSTI TIMALINO PONTE NEVIAE UTTARIS BERGIDO INTERAMNIO FLUVIO ASTURICA m.p. CCXCVIIII m.p. XVIIII m.p. XXIIII m.p. XVI m.p. XVI m.p. XXIIII m.p. XII m.p. XIII m.p. XXII m.p. XX m.p. XIII m.p. XXII m.p. XII m.p. XX m.p. XVI m.p. XX m.p. XXX Braga (BRACARA) (no palacete de D. Jerónimo Pimentel, na esquina do Campo das Carvalheiras e rua da Sé, apareceu um miliário de Augusto indicando 43 milhas a TVDE, actual Tui, marcando certamente a milha zero ou caput via da VIA XIX, actualmente no MDDS com o nº 1992.0684; a via poderia seguir próximo da Necrópole do Campo da Vinha no alinhamento do cardus maximus que corresponde hoje aproximadamente à rua Jerónimo Pimentel seguindo pelo Campo das Carvalheiras e Campo das Hortas, atendendo à importante cloaca que corre sob o ex-Abrigo Distrital; no entanto o trajecto da via XIX é incerto pois apesar dos muitos miliários quase todos foram deslocados ou reutilizados nas quintas da periferia da via como o miliário de Augusto que apareceu em 1967 no Paço dos Cunhas Sotomayor na Praça do Conselheiro Torres e Almeida, actualmente no MDS com o nº 68992; a saída da cidade fazia-se talvez pela Calçada de Cones, seguindo depois aproximadamente a EN201 até à Ponte do Prado; em alternativa poderia continuar rua de S. Martinho e depois por caminhos agrícolas passando em Felgueiras, onde existe um possível miliário reutilizado como marco divisório; ver Lemos, 2002 e Carvalho H., 2008) Real (m.p. I; o miliário de Constâncio da milha um apareceu em 1990 na antiga casa dos Paços da Câmara na rua Frei Caetano Brandão e está actualmente dentro da cafetaria que ali existe; o miliário de Maximino e Máximo também da milha I, CIL II 4756, apareceu no Monte dos Cones a servir talvez de marco divisório, actualmente no MDDS com o nº 1992.0677; também seria desta milha o miliário da Quinta do Tourido descoberto em 1979, mas que anda perdido) Frossos (m.p. II no sítio da Ramoia/Ramoa; na Quinta do Outeiro apareceu um miliário de Nerva transformado em pedra de lagar que actualmente está na Sé de Braga; Albano Belino descobriu um miliário de Tibério indicando a milha II na Quinta de Germil, actualmente no MSMS nº 65; o Cruzeiro de Panóias, no Largo do Souto, reutiliza um miliário seguramente deslocado deste via, indicando 4 milhas pelo estaria inicialmente junto da Ponte do Prado; tem duas inscrições, uma inicial a Tibério e outra posterior dedicada a Valentiniano e Valente; também o peso de lagar que está Quinta da Mainha, pode ser um miliário reutilizado) S. Paio de Merelim (m.p. III; miliário de Adriano descoberto em 1981 num muro junto ao lavadouro da EN201, actualmente no Museu Pio XII; topónimo Calçada junto da EN201) Ponte Romana?-Medieval do Prado sobre o rio Cávado (Celadus) (m.p. IV; a ponte actual é muito posterior e não apresenta qualquer elemento romano pelo que a travessia do rio poderia fazer-se por barca no mesmo local ou mais a montante, próximo do sítio romano de Macarome; Argote refere o aparecimento de um miliário de Augusto indicando 4 milhas, CIL II 4868, aquando da reconstrução da ponte, entretanto deslocado para Braga onde terá desaparecido; vários outros fragmentos de miliários estão embutidos nos muros junto à ponte (Regalo,1987); vestígios de uma possível vicus em Barreiro e Igreja Nova) Itinerário da Ponte do Prado ao Rio Neiva: A rota da via romana entre os rio Cávado e o rio Neiva permanece insegura; o actual «Caminho de Santiago» segue a proposta de Brochado de Almeida por Lage, S. Miguel de Carreiras e Portela das Cabras, descendo depois à Ponte Velha de Goães (Almeida CAB, 1979). Apesar da evidente antiguidade deste caminho não é segura a sua existência já em época romana já que apresenta fortes pendentes na subida à Portela das Cabras (Almeida CAF, 1968; Colmenero et al., 2004); por outro lado a Ponte de Goães é Alto-Medieval sem qualquer sinal de romanidade. Finalmente, os miliários conhecidos nesta área estão todos a poente desta rota, embora deslocados das suas posições originais (Oleiros, Atiães, Marrancos e Arcozelo), sendo por isso mais provável que a via seguisse por esses locais até Portela das Cabras, descendo depois à travessia do rio Neiva a jusante da ponte medieval, talvez entre os lugares do Monte da Ribeira e Lagoeira, dado que na outra margem a via tem continuação para Anais. Sande Lemos admite que esta rota é tardo-romana ou alto-medieval, talvez do período Suévico; o seu traçado é o seguinte:
Itinerário da Ponte do Prado a Ponte de Lima (continuação da VIA XIX) Vila do Prado (da ponte segue pela rua Antunes Lima até à EN205 e depois à esquerda pela rua Direita no lugar da Vila, atravessa a EN205 e segue por 1800 m pelo caminho que passa nas traseiras da Igreja Velha de Prado e que liga a Outeiro; miliário de Tibério, CIL II 4869, encontrado numa bouça, actualmente no MSMS com o nº 77) Oleiros (m.p. VI; miliário de Valentiniano I indicando 6 milhas a Braga que apareceu na «Bouça do Benefício Paroquial da Antiga Igreja Matriz» já transformado em cruzeiro, actualmente no Museu Pio XII; continua junto da Capela de S. Sebastião) Atiães (m.p. VI; fragmento de miliário na Bouça do Castro, a 6/7 milhas de Braga; no adro da Capela de Sta. Marta, existem dois cipos, um dos quais Colmenero considera ser um fragmento de miliário, mas é duvidoso; minas romanas na encosta leste do Monte do Cardal; a via deveria seguir o caminho a poente do lugar da Cumieira pelos topónimos viários Alminhas e Quinta do Carrão) Mata de São Jerónimo, Freiriz (m.p. VII; fragmento de miliário talvez in situ indicando a milha 6 ou 7; continua junto da Capela de Chãos) Lugar de São José (m.p. VIII; cruza a EN201 e segue por Regadas; o desaparecido miliário de Tito e Domiciano, CIL 4799, poderá ter vindo daqui, já que indicava 10 milhas a Braga) Portela das Cabras (m.p. X; cruza a EN308 na Portela do Meio e segue pelo lugar da Rua, onde havia calçada, e desce ao Neiva por Hospital e Fonte Fria; mina romana da Cova dos Mouros; ara na Portela da Penela) Travessia do Rio Neiva (Naebis) (m.p. XI; talvez entre os lugares do Monte da Ribeira e Lagoeira; fragmento de miliário junto da JF; este marco poderá corresponder ao miliário de Carino indicando a milha 11 registado no século XIX; na Igreja Velha de Fontes em Arcozelo apareceu um fragmento de um miliário de Tibério, actualmente no Museu Pio XII) Anais (m.p. XII; no lugar da Boavista, apareceu um miliário ilegível reutilizado como suporte do alpendre de uma casa; retomando o percurso no lugar da Lagoeira, na divisória entre os concelhos de Braga e Ponte de Lima, continua por Venda, Talho, Souto, Caramasse, Varziela, Malhos, Cruzeiro, Albergaria e Pedra da Cruz, onde venceria a milha 13)
Souto de Rebordões (m.p. XV; desvia da «rota de Santiago» em Pedra da Cruz (Anais), onde notícia da existência de um miliário de Adriano indicando a milha 13 (Jordão, 1859); daqui continua pela Capela da Senhora do Amparo, Carvalho do Lobo, Capela da Senhora das Dores, Quinta das Fontes, Quinta da Torre, passa no miliário e continua por Senra, Soalheiro, cruza o rio Trovela no lugar do Passo (?); daqui segue entre Torrinha e Chão de Mena) Santa Maria de Rebordões (milha XVII; miliário de Maximino e Máximo descoberto no antigo passal da Igreja de Fornelos reutilizado como peso de lagar; indicava 17 milhas a Braga que eram vencidas junto da Capela de São Brás; actualmente está no jardim da Biblioteca Municipal de Vila Nova de Cerveira; pouco depois cruza a ribeira de Sandilhão e segue por Lage até à estação viária da Posa) Posa, Feitosa (m.p. XVIII; miliário de Dalmácio reutilizado num muro do lugar, actualmente em parte incerta; miliário de Maximino e Máximo indicando a milha 18 que apareceu no «Campo de St. Amaro», actualmente no jardim do Solar de Bertiandos convertido em Pelourinho, CIL II 4870; a epígrafe revela reparações da via na frase «vias et pontes temporis vetustate conlapsos restituerunt»; a via continua por Postigo, Portelas e São Lourenço, entrando em Ponte de Lima pela rua do Merim, rua Norton de Matos e pela antiga Porta de Braga, desmantelada em 1800; Almeida e Rodrigues, 2001) LIMIA, Ponte de Lima m.p. XIX Estação viária tipo mansio situada a 19 milhas de Braga na actual vila de Ponte de Lima; o miliário 19 estaria no cruzamento da rua do Merim com a rua Severino Costa, na divisória com a freguesia de Feitosa, assinalada por um marco na berma da estrada; na Igreja de Sta. Cruz do Lima apareceu uma ara a Júpiter da oficina de ELPIDI, actualmente no Museu Pio XII; Castro romanizado na Serra de Antelas, ocupando o Alto de St. Ovídeo e Alto da Telha. Ponte Romana sobre o rio Lima (reconstrução medieval de uma anterior romana da qual restam os primeiros 5 arcos da margem direita com visíveis marcas de fórfex e utilização de silhares almofadados a denunciar a parte romana) Antepaço (m.p. XX; no pátio da Quinta do Antepaço existe um miliário já ilegível que é o único que resta de um grupo de 4 miliários com os nº 1,2,3 e 4 da série Capela assinalando a milha 20 e posteriormente deslocados para a Quinta de Faldejães; da ponte romana seguia paralelo ao rio Labruja pela Quinta de Sabadão, onde vencia a m.p. XXI, continuando pelo limite da Quinta de Pomarchão e depois por Cancelhinhas e Igreja)
Arcozelo (m.p. XXII; na Igreja de Santa Marinha apareceu um miliário) Ponte Romana do Arco da Geia, Boavista (ponte sobre o rio Labruja reutilizando silhares almofadados de uma ponte anterior; continua pela margem esquerda por caminho agrícola que passa nos sítios da Coutada, Riba Rio, Borralho, Cerdeira, Carvalho e Moinho do Folão) Cepões (m.p. XXIV; miliário no adro da Capela de S. Pedro, convertido em pia, relacionada com a milha 23 que era vencida um pouco antes da capela no sítio do Padrão, sugestivo topónimo em alusão ao marco miliário que ali existia na base do povoado do Castro do Bárrio) Ponte Romana?-Medieval do Arco (nova travessia do rio Labruja; daqui segue a EM522 por Fonte da Estrada até à Capela da Sra. das Neves em Codeçal onde vencia a m.p. XXV; daqui segue pelo chamado «Caminho da Texugueira», passando nos lugares de Revolta, Antas, Portelinha, Valinhos e Casa da Balada, marginando o povoado romanizado do Castro de Baixo) Labruja (m.p. XXVI; no lugar de Espinheiros apareceu um miliário de Constantino Magno indicando a milha 26, suportando o alpendre de uma casa rural e hoje integra a chamada «Colecção da JAE», bem como o fragmento de miliário de Magnêncio (?) que apareceu no lugar da Freita; miliário da Capela de S. Sebastião que hoje integra o grupo da Quinta de Faldejães; CAF Almeida refere um outro miliário próximo da Capela de São João Baptista da Grova, reutilizado como suporte de pia baptismal, mas que terá sido transferido para a Igreja Paroquial; a via passava a poente da Igreja por Casa Branca, Eiras, Fonte da Três Bicas e Espinheiros) Portela Pequena (m.p. XXVII; a via cruzava a serra pela Portela Pequena com base na notícia de um miliário na «Portela de Câmbua» nº 11 da série Capela; este miliário estaria no alto do monte, actual linha divisória concelhia, assinalando a milha 27, tendo sido partido em 4 esteios e depois perdido; a construção da EN201 e posteriormente da A3 impede a reconstituição do percurso da via nesta zona; cruzada a portela, descia depois pela Capela do Pisco, Veiga do Monte, Portela, Venda, Cascalhal e Capela de São Roque (CM1076-2) até à base do castro de Romarigães) Portela de Romarigães (m.p. XXIX; nas traseiras da Casa Grande de Romarigães há 2 miliários anepígrafos; numa casa rural das redondezas, apareceu um miliário de Valentiniano I convertido em pia de porcos, actualmente no Museu Pio XII com o nº MPXII.LIT.572 que deveria assinalar milha 29 ou 30, apesar de actualmente não se ler mais do que as letras «XX[...]», AE 1980, 571)
Variante por São Martinho de Coura:
Barreiros, S. Martinho de Coura (miliário de Constante I da milha 29 no largo por trás da Capela Ns. da Conceição onde se lê MILIARIVM XXVIIII, ou seja este era o 29º miliário da via; continua por Calados) Fonte de Olho, S. Martinho de Coura (miliário de Magnêncio reutilizado como suporte de uma parra numa casa rural, no lugar da Seara; cruza o rio Coura na Ponte dos Caniços, situada na base do castro do Alto da Madorra) São Bartolomeu das Antas Ramalhal, Sapardos (2 fragmentos miliários junto à entrada lateral da Capela de S. Brás; possível mutatio, Almeida, 1996) Ranhadoura , Sapardos (miliário de Constâncio II com a milha ilegível que está actualmente na «Colecção da JAE» em Viana do Castelo; AE 1980, 576) Raso, São Julião (no Monte da Gândara ou Gandra apareceu in situ um miliário de Maximino Daia indicando 34 milhas a Braga (AE 1980, 575), actualmente também na «Colecção da JAE»; em 1979, no Largo da Feira em São Julião, apareceu um miliário anepígrafo que está actualmente no adro da Igreja dos Terceiros em Ponte de Lima; há 200 m lajeados num caminho paralelo à estrada actual, seguindo depois em alcatrão por Pousada) Reguengo (segue até à Portela de Fontoura, junto da Capela de S. Gabriel, onde reúne com a variante por Rubiães) Variante por Rubiães:
Agualonga (cruza a ribeira de Codeceira e segue por Monte da Gândara, Covelo; habitat em Mourela) Pereiros (m.p. XXXI talvez junto da Capela de São Roque; continua pelo caminho paralelo à EN201 que segue pela vertente poente do Monte da Costa) Rubiães (passa nas traseiras da Igreja Românica de S. Pedro, onde existe um miliário de Caracala reaproveitado como sepultura antropomórfica; aqui apareceu também uma ara funerária e um bloco almofadado; daqui desce ao rio Coura pelo lugar da Escola e do Crasto) Crasto, Rubiães (m.p. XXXII; na Quinta do Crasto há 3 miliários deslocados; o miliário de Augusto na entrada da quinta e no jardim interior um miliário de Valentiniano I e um fragmento de miliário anepígrafo; os dois primeiros indicam a milha XXX pelo que a sua localização original poderia ser na Azenha do Ribeiro em Romarigães; desta milha 32 temos o miliário de Juliano na capela de Antas) Ponte Romana?-Medieval da Peorada sobre o rio Coura (m.p XXXII; calçada junto da ponte) Cossourado (m.p XXXIII; da ponte segue talvez pela EM1074, passando na vertente nascente do Castro do Cossourado, também conhecido como «Alto da Cividade» ou «Forte da Cidade», importante povoado da Idade do Ferro situado a 28 milhas de Braga; continua junto da Igreja Paroquial; o trajecto para Fontoura é incerto, mas talvez seguisse próximo de Carcavelha até ao lugar da Portela) Portela de Fontoura (m.p. XXXVI; estação viária junto da Capela de São Gabriel; o miliário de Nerva do «Monte das Contenças» que foi levado para a Capela de Antas poderia ser daqui pois indica 36 milhas a Braga; a milha seguinte seria assinalada pelo miliário de Chamosinhos, dedicado a Constâncio II, que apareceu reutilizado num quinteiro perto da Igreja de São Pedro da Torre, dado que indica a milha 37; actualmente este marco está no MNA) Itinerário XIX de Fontoura a Valença Fontoura (da Capela de S. Gabriel continua por Portela, Cortinhas, Casa Gonçalo, ribeira de Boriz, Rio Torto e pelo caminho de terra batida com 100 m até Monte Chão, restando da antiga via, segundo Colmenero, uma lomba no terreno com 500 m, hoje em propriedade privada; seguia depois pela Capela de S. Bento e Bouça da Gândara até Paços) Cerdal (segue o caminho de terra batida até à ponte) Ponte Romana?-Medieval da Pedreira sobre a ribeira da Pedreira ou de Fervença; calçada antes da ponte; continua por Corgas para atravessar o ribeiro de Mira num pontão com possível origem romana) Tuído (cruza a EN13, e segue paralela a esta por Albergaria, Senra, Ervêlho e Troias) Valença (m.p. XLII; 2 miliários provenientes do lugar das Lojas na chamada «estrada do cais» que desce ao Cais de Arinhos; o primeiro é um miliário de Cláudio da milha 42, actualmente deslocado para dentro da fortaleza, e o segundo é um possível miliário anepígrafo que integra a «Colecção da JAE» em Viana do Castelo; Inscrição de um veterano da Legião VI Vencedora no Núcleo Museológico Municipal) Travessia do rio Minho (Minius) no Cais de Arinhos (por barca?) TUDA (m.p. XLIII) Estação viária tipo mansio situada a 43 milhas de Braga na actual cidade de Tui (2 miliários em Sta. Eufémia); a via continuava por Santa Eufémia (2 miliários), Vale do rio Louro, Madalena, Ponte de Orbenlle, Porriño, Guizan, Louredo, Santiaguiño de Antas (miliário), Chan das Pipas, Saxamonde (5 miliários) e Redondela. Estações viárias até Astorga: o Itinerário de Antonino define as seguintes estações viárias até Astorga: BURBIDA TUROQUA AQUIS CELENIS TRIA ASSEGONIA BREVIS MARCIE LUCUS (Lugo) TIMALINO PONTE NEVIAE UTTARIS BERGIDO INTERAMNIO FLUVIO ASTURICA AUGUSTA (total de 299 milhas, ou seja cerca de 448,5 km). |
VIA XX - Item per loca maritima a BRACARA ASTURICAM usque |
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ITINERARIO XIX - Braga (BRACARA) - Lugo (LUCUS) - Astorga (ASTURICA) per loca maritima
Item per loca maritima
a BRACARA ASTURICAM usque AQUIS CELENIS VICO SPACORUM AD DUOS PONTES GLANDIMIRO TRIGUNDO BRIGANTIUM CARANICO LUGO AUGUSTI TIMALINO PONTE NEVIAE UTTARI BERGIDO ASTURICA stadia CLXV stadia CXCV stadia CL stadia CLXXX m.p. XXII m.p. XXX m.p. XVIII m.p. XVII m.p. XXII m.p. XII m.p. XX m.p. XVI m.p. L O primeiro problema prende-se com a existência ou não de uma via terrestre a ligar Bracara a Aquis Celenis. Apesar dos esforços de muitos autores, a verdade é que não há indícios claros da existência de uma via militar romana pelo litoral Atlântico (apesar da comprovada existência de diversas vias secundárias), dado que até hoje não apareceu um único miliário que possa ser atribuído a essa suposta via, ausência de todo inusitada nas principais vias com origem na capital regional Bracara, sempre pontuadas por inúmeros miliários ao longo do seu percurso. Alguns autores pretenderam associar a esta via o miliário de Chamosinhos (Almeida CAF, 1987: 165-166), mas tudo indica que este foi deslocado da Via Bracara - Limia - Tui que passa a cerca de 4 milhas a nascente (Almeida CAB, 1979: 123-124). Deste modo é mais plausível que este itinerário seguisse inicialmente por um percurso comum ao Itinerário XIX até Tui (Tudae), seguindo depois por via fluvial ao longo do rio Minho até à sua foz. A ser assim, o povoado de Aquis Celenis poderia corresponder o Castro de Santa Tecla junto a Caminha, e o respectivo porto poderia corresponder à pequena ilha onde hoje assenta o Forte da Ínsua. De facto, Estrabão refere na sua Geographia que "diante da sua embocadura (do Minho) situam-se uma ilha e dois quebra-mares com ancoradouros" evidenciando a existência de porto na foz do rio Minho na época romana, tendo alguma importância a ponto de ser mencionado numa brevíssima nota do geógrafo grego sobre os rios da Lusitânia (Deserto et al., 2006). Esta hipótese é corroborada também pela distância indicada no I.A. de 165 estádios a Aqui Celenis (cerca de 30,5 km ou 19 milhas) que corresponde exactamente à distância por via fluvial entre Tui e o Forte da Ínsua (Crespán, 2015). A ser assim, o Itinerário XX terá omitido as estações de Bracara a Tudae dado que estão já mencionados na descrição do Itinerário XIX. Todavia, a questão da localização de Aquis Celenis está longe de estar resolvida dado que este topónimo é também referido no mesmo Itinerário XIX como estando a 99 milhas de Braga o que coloca esta estação nas proximidades de Caldas dos Reis (Pontevedra). Esta aparente discrepância nos itinerários poderia se explicada considerando que se trata de dois povoados distintos, porventura com grafia similar o que teria induzido em erro os copistas medievais. De facto, no «Ravennatis» surge tanto uma Aqui Celenis próximo de Iria Flaviae (Rav. IV.45) que se ajusta a Caldas dos Reis, como uma Quecelenis (Rav. IV.43) próximo de Tudae, o que se ajusta à foz do rio Minho. O problema continua portanto em aberto. Um outra tese que teve bastante aceitação entre os estudiosos portugueses é a possibilidade deste itinerário indicar uma rota fluvial ou terrestre seguindo pelo vale do rio Cávado até Esposende, ainda hoje seguida por autores conhecedores da região como Rui Morais e Helena Carvalho. A primeira hipótese, a existência de uma via terrestre ligando Bracara ao mar pelas margens do rio Cávado não se coaduna com a habitual tipologia da rede viária romana e deve por isso ser descartada. A hipótese fluvial porém é mais plausível dado que o rio Cávado era navegável desde a sua foz até Areias de Vilar, podendo existir aqui um porto fluvial na dependência de Bracara Augusta. Segundo esta proposta, Aquis Celenis estaria assim localizada na foz do rio Cávado (Esposende). Este local também de ajusta aos 165 estádios indicados no I.A., correspondendo ao trajecto fluvial entre Areias de Vilar e Braga. No entanto, esta solução carece ainda de suporte arqueológico e cria outros problemas a jusante, nomeadamente impossibilitando o acerto das distâncias daqui a Lugo, mais ajustadas à sua localização na foz do rio Minho (sobre o Itinerário XX e estes trajectos vide Almeida CAF, 1968, 1969, 1987; Almeida CAB, 1979, 1980, 1986, 1996; Maside, 2001; Colmenero et al., 2004; Morais, 2005; Carvalho H., 2008; Ferreira J., 2012; Crespán, 2015). Itinerário de Braga a Areias de Vilar Braga (partindo do forum no Largo Paulo Orósio, seguia pela rua de S. Sebastião, aproximadamente a decumanus, marginando o anfiteatro e a necrópole de Maximinos, seguindo depois pela rua Direita, rua Padre Cruz e rua da Naia) Ferreiros (continua pela chamada «Calçada da Naia», troço da via que ainda conserva o lajeado por 337m, contornando o Monte de S. Gregório, onde apareceu tégula associada a um possível casal romano; o caminho passa numa capela em ruínas a cerca de 1 milha de Braga) Gondizalves (continua entre caminhos florestais até à rua Monte da Amarela, perdendo-se o seu rasto daqui à rua da Venda) Sequeira (continua pela antiga estrada Braga-Barcelos pelo sopé sul do Castro romanizado do Monte das Caldas, CM1322, seguindo pela rua da Venda e rua da Pousada, topónimos viários, rua das Caldas, rua Cabrita, Calçada da Cabrita, onde há marcas de rodados da chamada «Estrada Velha», continuando pela Viela da Seara até ao ribeiro; daqui a Porto Martim a via desapareceu, mas é possível que seguisse entre campos agrícolas do lugar de Corgas e depois pela rua de Mondinhos, rua Padre Moreira, cortada pela A3, e Av. Sr. dos Passos, cortada pela A11) Porto Martim (m.p. IV, junto da linha divisória entre Braga e Barcelos; topónimo indicia um porto fluvial) Martim (villa ou mutatio na área da igreja; a via passa a norte da actual EN103 Braga- Barcelos pela rua da Estrada Real, passando em Martim de Além, rio Labriosque, junto da Capela de St. António na m.p. V, e no lugar da Venda) Encourados (m.p. VI; continua pela rua da Estrada Real, CM1079, marginando a villa ou mutatio? na Casa do Adro no lugar do Assento, a 6 milhas de Braga) Areias de Vilar (vestígios romanos nas proximidades do rio Cávado indiciam a existência de um porto fluvial, em particular o povoado romano em Aveleiras, de onde terá vindo a ara da Igreja de S. João Baptista, necrópole na Capela de Sta. Maria Madalena e tégula na Capela S. Sebastião; a travessia do Cávado poderia fazer-se entre «Bouça da Barra» e Manhente) Alternativas a partir do Porto de Areias de Vilar:
Itinerário de Areias de Vilar a Ponte de Lima pela Ponte de Anhel É provável que da travessia do Cávado no vau de Areias de Vilar/Manhente partisse uma via romana rumo a Ponte de Lima atravessando o rio Neiva na Ponte do Anhel, via denunciada pelo povoamento romano ao longo do seu trajecto e pelas várias referências toponímicas tal como «pousada» e «breia». Partindo de Manhente (Assento), seguiria algures por Sta. Maria de Galegos e Roriz, passando no sopé da Citânia de Roriz/Cidade de Canhoane da Alto do Facho (topónimo «Breia» em Quiraz; tégula na igreja de Roriz e na igreja S. Pedro de Alvito; ara Eberonius e ara a Bandue, num pilar do lagar da casa paroquial em S. Martinho de Alvito), continuando por Alheira (atalaia em S. Lourenço; povoado no Monte de Lousado; topónimo «Fonte da Breia»), para ir atravessar o rio Neiva junto da Ponte Medieval de Anhel, seguindo depois um traçado próximo da EN306 por Friastelas (Castro romanizado do Calvário) até Ponte de Lima. |
Via BRACARA AUGUSTA a AUGUSTA EMERITA |
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Braga (BRACARA) - Freixo (TONGOBRIGA) - Idanha-a-Velha (IGAEDITANA) - Mérida (EMERITA)
O Itinerário de Antonino não menciona uma rota entre estes dois importantes centros urbanos como eram Bracara e Emerita. Na verdade, não existe uma via estruturada como tal; o itinerário proposto várias vias independentes através de um território bastante acidentado. O itinerário partia de Mérida e seguia até Cáceres pela «Via de la Plata», rumando daqui para noroeste rumo à Ponte Romana de Alcântara, onde cruzava o rio tejo, entrando pouco depois em território Português através da Ponte Romana de Segura (Idanha-a-Nova), ambas mantendo grande parte da estrutura original, continuando até ao assentamento de Torre de «Centum Cellas» (Belmonte). Neste local a via bifurcava, seguindo um ramo para norte por Guarda, Mêda e Freixo de Numão rumo à travessia do rio Douro enquanto outro seguia para poente transpondo a Serra da Estrela. No cimo da serra voltava a bifurcar, seguindo um ramo por Folgosinho até Viseu e daqui a Talabriga, ligando assim Mérida ao litoral enquanto outra via dirigia-se para noroeste seguindo por Linhares, Aguiar da Beira e Moimenta da Beira rumo também ao vale do Douro na zona da Régua. Assim não temos um percurso directo Mérida Braga, mas uma via que se desdobra em vários ramais. Um deles seguiria até Bracara Augusta, mas não é claro qual destes percursos era o mais utilizado para percorrer este itinerário. O itinerário por Viseu, Cárquere, Tongobriga e Braga é uma possibilidade, com 3 miliários a assinalar o trajecto da via entre o rio Douro e o rio Tâmega - «Carreirinha», Soalhães, Freixo e Tuías. No entanto também poderia seguir a via pela Régua, subindo depois por Santa Marta de Penaguião até ao Vale da Campeã, cruzando depois a Serra do Marão rumo travessia do rio Tâmega em Gatão (Amarante), dirigindo-se depois a Braga pela Ponte do Arco em Felgueiras e Ponte de Campelos (Guimarães). Nesta parte final do percurso existe apenas um miliário que apareceu junto da Igreja de S. Martinho de Sande já perto de Braga. Também é possível que antes da construção da Ponte de Alcântara sobre o rio Tejo, o trajecto principal se fizesse através da via Mérida - Salamanca, inflectindo para noroeste para Coria após cruzar o rio Tejo na Ponte Romana de Alconetár, rumo à Serra da Gata que cruzava para Alfaiates rumo ao rio Douro (Mantas, 2019). O Itinerário de Braga a Mérida poderia assim ter constituído pelas seguintes etapas dependendo dum percurso passando por Tongobriga e Viseu ou um percurso por Moimenta da Beira:
Braga (BRACARA) - Guimarães/ Rio Ave - Freixo (TONGOBRIGA) A parte inicial do percurso continua duvidoso pois não é claro se a via cruzava a Serra da Falperra ou se contornava a mesma pela vertente sul passando por Esporões:
S. Lourenço de Sande (m.p. V; do sítio da «Estrada Velha» seguia por rua Cimo de Vila/Lapa marginando as sepulturas medievais dos «Quatro Irmãos») S. Martinho de Sande (m.p. VI; em 1855 apareceu um miliário de Trajano na casa paroquial, CIL II 6214, actualmente no MSMS com o nº 78; aparentemente na linha final indica 4 milhas pelo que o seu local original poderia ser na área de Longos; a via segue pela rua Quatro Irmãos e rua Vinhas, cruza a EN101 junto do cemitério de Burgão e continua pela rua do Cruzeiro da «Casa da Mogada», onde existe um habitat romano)
Vila Nova de Sande (m.p. VIII na igreja; rua do Falcão, rua de Santarém, na Igreja Paroquial toma o caminho de Lajes, passa a asfalto na travessa das Cruzes, continua por Souto e desce ao rio pela rua 10 de Junho) Ponte Romana de Campelos sobre o rio Ave, S. João da Ponte (m.p. IX; imponente ponte romana com 4 arcos com muita da sua construção original ainda intacta; estalagem medieval também mencionada no «Roteiro Terrestre» com possível origem numa mutatio)
As 3 rotas romanas rumo ao rio Douro A possível existência de três travessias do rio Vizela em época romana (na Ponte Romana de Negrelos em S. Martinho do Campo, na Ponte «Romana» das Caldas de Vizela e na Ponte Romana do Arco de Vila Fria) indiciam que a via dividia-se pouco depois da travessia do Ave na Ponte de Campelos, seguindo pela primeira rumo a Cale (Porto), pela segunda seguia próximo de Magnetum (Meinedo) e pela terceira seguia para a Tongobriga (Freixo); esta última rota poderia corresponder ao itinerário principal para Mérida dado passar nesta importante cidade romana e pela existência de uns poucos miliários pontuando o seu trajecto rumo ao rio Douro.
Os silhares almofadados com marcas de fórfex da Ponte de Negrelos sobre o rio Vizela em São Martinho do Campo, atestam a existência de uma ponte anterior na via romana para Cale e que funcionava assim como diverticulum do eixo Braga-Mérida que seguia sudoeste da cidade de Guimarães; «ponte lapidea» num documento do ano 983 (VMH XVII); «ponte de auizella» num documento de 1059 (PMH DC 420); ver itinerário no sentido inverso na Via Cale a Vimaranis.
Rumo a Meinedo (Magnetum) pelas Caldas de Vizela (Oculis Caldarum) Este itinerário seguia na direcção do vicus Oculis Caldarum situado junto das actuais Caldas de Vizela, onde cruzava o rio homónimo; daqui segue pelo concelho de Lousada rumo ao vicus de Magnetum em Meinedo, importante povoação romana e antiga sede de um bispado suévico, continuando depois até Santa Marta em Penafiel onde encontrava a via proveniente de Cale a Tongobriga, podendo continuar para sul rumo à travessia do rio Douro em Eja/Entre-os-Rios, marginando o notável Castro Romano do Monte Mozinho. Esta via foi recentemente revista por Luís Sousa no seu artigo «Eixo Viário Romano Oculis - Tongobriga: sua presença no Concelho de Lousada» (Sousa, 2012). Este itinerário poderia derivar do Itinerário Braga - Mérida talvez na Igreja da St. Amaro em Mascotelos ou mais adiante na zona da Sra. dos Remédios em Urgezes, e seguia junto do povoado do Monte de Lijó na Polvoreira, continuando por Bouça da Quinta para Infias (topónimo Quinta da Carreira), seguindo depois a meia encosta pelas ruas do Caniço, do Carvalhal, das Veigas, do Bacelo e da Vinha atendendo à inscrição votiva ao Genius Laquiniensis, actualmente no MSMS com o nº 36 que apareceu na rua do Aidro junto do lugar de Sub Carreira, topónimo viário que indicia a passagem da via na base da Igreja de S. Miguel junto do cemitério até desembocar na zona urbana de Vizela. Caldas de Vizela (OCULIS CALDARUM) (vicus termal; duas inscrições a Bormanicus, denunciam o culto a esta divindade termal, uma apareceu no sítio da Lameira, actual Praça da República, actualmente no MSMS, nº 23, e outra provém do Banho do Médico em Mourisco, também no MSMS com o nº 22; duas inscrições votivas a Júpiter e a desaparecida inscrição da Quinta do Sobrado dedicada a várias divindades entre elas Mercúrio; lápide votiva às Nymphis Lupianis, divindade aquática, encontrada no passal da Igreja de Tagilde, actualmente no MSMS com o nº 32) Ponte Romana?-Medieval de Vizela sobre o rio Vizela (31 m; construção medieval não havendo indícios de uma ponte anterior romana; na outra margem segue pela rua Joaquim Sousa Oliveira até Cruz Caída onde entronca na EN106) Sta. Eulália de Barrosas (segue +- a EN106 por Portelas, Baixinho e Carreira Chã; necrópoles no lugar da Senra e em Rielho; ara votivas em Quinta de Sá, Rielho e Santa Eulália, esta última dedicada à divindade Castaecis pelo lapidário Reburrinus) Lustosa (passa a leste do castro de São Gonçalo) Sousela (segue ao longo da vertente poente da Serra de Campelos, pelo caminho em terra da Boca da Ribeira, passando na Capela de Sta. Águeda e S. Cristóvão, onde apareceu uma ara, continua em asfalto pela rua do Bretelo, rua da Boucinha, rua da Soeira e rua da Loja para a travessia do rio Mezio junto da Quinta de Eira Vedra, provável villa onde apareceu uma estela funerária, actualmente no MNSR ; continua por Covas e Servecia) Cristelos (contorna o Castro de S. Domingos pela vertente oeste; na vertente sudeste existem vestígios de uma casa romana à margem da EM1132; segue talvez as ruas Castro, Almas e Ns. da Conceição) Lousada (talvez pelas ruas de St. André e 1º e Maio em Arcas) Boim (forno em Irmeiro; segue talvez o CM1155) Travessia do rio Sousa (há dois possíveis pontos de travessia, na Ponte de Sousa ou na Ponte Medieval de Espindo; calçada próximo com 100 m?; continua por Bustelo, onde há vários topónimos viários como Tresvia, Padrão e Carreira Branca, este já referido em documentos medievais como «Portus Carrarius»; a via passaria próximo do lugar de Monteiras onde há necrópole, e ascendia ao cruzamento de Santa Marta/ Croca talvez pelo caminho do Mosteiro de Bustelo) Meinedo (Magnetum; provável ramal de ligação ao vicus romano atravessando a que se estendia por Casais, Igreja Paroquial, Campo de Futebol e Quinta dos Padrões, junto do apeadeiro) Itinerário de Meinedo (Magnetum?) a Eja (Anegia?) Penafiel (segue junto do sítio romano da Igreja de Santa Luzia) Póvoa de Marecos (povoado romano junto da Capela da Ns. do Desterro, local onde apareceu uma ara dedicada a Nabia, actualmente no Museu de Penafiel, e um tesouro; a necrópole fica no lugar da Pedreira) Rans (atravessa o rio Cavalum em Ponte Nova e um seu afluente na pequena Ponte de Lardosa ou Ponte Velha, hoje abandonada) Galegos (segue pela base do castro romanizado de Abujefa; necrópoles em Bairro e no passal da casa paroquial; tesouro em Boavista e Quinta do Bairro) Oldrões (provável nó viário do vale da ribeira de Camba, na base do importante Castro Romano do Monte Mozinho, aberto ao público, e cujo espólio está no excelente Museu de Penafiel; mons Monachino em 1158, in LPTS 25; desvia talvez da EN106 pela rua do Perrelo, travessa das Sete Pedras, rua de Real de Cima e rua Fonte da Arcanja até ao cruzamento na EN106, onde segue a EM590-1 para Quintãs. Termas de São Vicente (subsistem importantes vestígios das termas romanas, designada na Idade Média por villa banius no ano 1047, PMH DC 357; continua pela EM590-1, passando entre as ruínas da zona termal e o castro romanizado do Outeiro Divino) S. Paio da Portela (continua por Curveira e entronca na EN319, saindo pouco depois pela EM580-1 por Outeiro, Ponte das Ardias, Abôl, S. Sebastião, Alminhas e S. Miguel até à base da Cividade) Eja (civitas Anegia na documentação medieval; castro romanizado da Sra. da Cividade/ de S. Miguel; necrópole na encosta junto da Ponte Hintze Ribeiro; calçada; a inscrição votiva dedicada ao Laribus Anaecis encontrada na antiga igreja paroquial de Lagares é uma provável referência a esta civitas) |
Guimarães Tongóbriga ![]() Vila Fria ![]() ![]() ![]() ![]() Barrimau ![]() Tongóbriga ![]() ![]() ![]() ![]() |
Guimarães - Ponte do Arco - Freixo (TONGOBRIGA) Continuação do itinerário principal para Mérida cruzando o rio Vizela na Ponte Romana do Arco de Vila Fria e seguindo por Felgueiras e Alto da Lixa rumo a Tongobriga; o percurso é baseado nas propostas de Mendes-Pinto e Lino Tavares Dias que diferem apenas em alguns troços (vide Almeida CAF, 1968:40; Mendes-Pinto, 1995:279- 280; Dias, 1997:319-320). Guimarães (depois de cruzar o rio Ave na Ponte Romana de Campelos, a via romana proveniente de Bracara seguia a sudoeste desta cidade de fundação medieval rumo à Ponte do Arco de Vila Fria, passando talvez em Santiago de Candoso (inscrição rupestre num penedo no lugar de Chãos onde se lia AVICIRF/I/DH e habitat em Bogalhós), Veigas, Belavista, Igreja de Santiago, contorna o Alto do Pombeiro até Santo Amaro (nó viário na milha XIII); continua pela EN576 por Vista Alegre, servindo de divisória entre as freguesias de Mascotelos/Urgeses e Polvoreira, tomando depois a rua de Covas que cruza a EN105 e a linha férrea e segue pela rua Portelinha dos Remédios (m.p. XIV; topónimos viários Portela e Breia; possível referência à via nas Inquirições de D. Afonso III em 1258 como «viam veteram de Ladroeira»; PMH Inq. 690); cruza o rio de Moinhos junto da Quinta do Meirinho e continua por Arca de Baixo, Manhufes e Brense, passando a sul da Igreja de Pinheiro (topónimo viário Quinta da Carreira) pela rua das Regatinhas, rua Pés de Oliveira, rua José Peixoto, travessa do Cabo da Vila até S. Tomé de Abação (nas proximidades do lugar da Devesa Escura/Lapinha há vestígios arquitectónicos e uma sepultura, indiciando uma possível villa, reforçada pelo achado no «Campo do Cruito/ Curuito» da urna cinerária de Sulpicius, eventual proprietário da mesma, actualmente no MSMS com o nº94); continua pela Portela da Fornalha (sepultura em Alegria), e segue depois o caminho que parte da antiga Escola Primária e percorre a meia-encosta até desembocar na rua da Presa Nova junto do acesso à Quinta do Novelo, desviando pouco depois à direita no nr. 399 pelo caminho de terra, cruza a rua de Sizalde e segue a rua das Alminhas por Tomada até Venda da Serra (estalagem medieval; estação viária mencionada no «Roteiro Terrestre»), prosseguindo por Venda da Botica, Souto da Bouça, Barraqueiro, rua da Pedreira e rua das Pernícias até ao Cimo de Eiriz, descendo depois à Ponte de Vila Fria por um caminho florestal, actualmente interrompido pela A7 e que serve de linha divisória entre as freguesias de Calvos e Serzedo, até desembocar na rua 24 de Julho que cruza e segue pela rua Ponte do Arco) Ponte Romana-Medieval do Arco de Vila Fria sobre o rio Vizela (m.p. XX; reconstrução medieval com materiais romanos como pedras almofadados no arco; a jusante da ponte, no lugar de Sá, apareceu um cipo funerário, actualmente no MSMS; depois da ponte surge um troço bem conservado da a calçada subindo pela vertente poente do Castro do Monte da Boavista, passa a asfalto até à EM563 no Sardoal, segue à direita até ao lugar da Rua onde vira à esquerda para a rua do Burgo, CM1160-1, junto à Casa do Paço e segue junto ao seminário até ao cemitério; na residência paroquial apareceu uma lápide de um Lanciense Transcudani, actualmente no MSMS com o nº 47)
Sta. Eulália de Margaride, Felgueiras (m.p. XXII em Água Empregada/Campas; a via sai da EN101-3 à esquerda por Estrada, onde atravessa a EM562, continuando por Corvas, Taco e Forca) Nó viário da Forca em Varziela: estação viária mencionada no «Roteiro Terrestre» como «Deveza da Escorva», possivelmente com origem numa mutatio romana; daqui partia uma variante deste itinerário para Tongobriga que passava por Caíde de Rei e Recezinhos; este trajecto cruza o rio Sousa na Ponte Romana de Barrimau, ponte destruída nos anos 80 e substituída pelo actual pontão em betão, indubitavelmente uma construção romana dado existirem fotografias das obras mostrando o intradorso do pilar direito ainda com o aparelho almofadado original (Sousa, 2003).
Continuação do Itinerário para Tongobriga: Varziela (do lugar da Forca seguia pelo actual CM1175 por Barreiras, Venda, Várzea e Camarinho para cruzar o rio Sousa no Pontão do Ameal, continuando depois em calçada por 350 m entre o Castro de S. Simão e Devesa Alta por Souto, Pereira, Lama e Estrada, onde segue à direita por Borlido, Mouta, passa por dois troços de calçada que ligam a Espíuca, seguindo depois por Cerdeira das Ervas, junto da Capela de Espiúca e Santo até confluir na EN101 junto do campo de futebol) Vila Cova da Lixa (a via contorna o Povoado do Ladário no Alto da Lixa, nó viário junto do sítio romano do Campinho do Muro em Campelo, eventual mutatio; aqui a via bifurcava, um ramo seguia para a travessia da Serra do Marão cujo percurso está descrito no Itinerário Braga - Régua enquanto o outro ramo seguia para sul rumo a Tongobriga) Freixo de Cima (seguia talvez próximo do Alto do Monte da Sorte por Bouça e Várzea) Santiago de Figueiró (talvez por Calvário, Porta) Mancelos (segue talvez por Carreiros, Alto da Bandeira e Pidre, percorrendo a base do Castro romanizado do Banho/Ladoeiro pelo lado oeste até Vale da Estrada) Banho e Carvalhosa (a partir de Vale da estrada, as propostas de Mendes-Pinto e Tavares Dias divergem, o primeiro fazendo passar a via pela vertente leste do Castro da Sra. da Graça, enquanto o segundo propõe uma rota por Pimpinela, Carreira Chã e Torre, passando a oeste do castro) Vila Caiz (continua por Carvalhal, Furnas, Sordo e Outeiro) Travessia do rio Odres em Soutelo (continua pelo Paço de Soutelo e Fontelas) Constance (segue por Venda Nova, Barrias e rua Direita até ao «Terreiro dos Santos», junto da Capela de S. Sebastião) Sobretâmega (a via com o topónimo «Rua», continua a descida ao rio passando junto da Igreja de Sta. Maria, mas a partir daqui ficou submersa pela albufeira da Barragem do Torrão) Ponte Romana sobre o rio Tâmega (com 5 arcos, seria uma das maiores pontes romanas em território nacional que terá sido reconstruída no séc. XII reaproveitando partes dos arcos e parte do 1º pegão da margem esquerda da anterior romana construída com silharia almofadada, elementos que ainda eram visíveis durante as obras de demolição e reconstrução realizadas em 1941; em 1988, a ponte ficou submersa sob as águas da barragem do Torrão e em 1991 foi dinamitada pela EDP (!); há notícia de uma "coluna cilíndrica" junto da ponte com a inscrição DIB. IOVVE; localiza-se a cerca de 3 milhas de Tongobriga; Dias, 1995:265) S. Nicolau (referência a um miliário no lugar do Outeiro?; depois de cruzar a ponte passava junto do Cruzeiro do Sr. da Boa Passagem entretanto deslocado para cota superior e sobe a rua de S. Nicolau, onde ainda existe a antiga Albergaria de Canaveses, possível sucedânea de uma mutatio; ara a Cibele no Museu Municipal) Tuías (miliário de Valentiniano I e Valente, encontrado in situ na Quinta de Baixo, lugar da Herdade, Portela de Tuías; passou pelo Museu Municipal e actualmente está no Museu da Pedra em Alpendurada; daqui a via poderia seguir junto da Igreja Matriz de S. Salvador de Tuías, onde estava a ara aos Lari Cerenaeci, CIL II 2384, actualmente no acervo do MNA) Freixo, Marco de Canaveses (TONGOBRIGA) Importante cidade romana e capital da civitas Tongobrigenses com base numa ara dedicada genius Toncobricensium (CIL II 5564), encontrada no local e actualmente no MSMS; Martins Capela refere um miliário junto à Igreja onde se lia INVICTO/AVG.P.M / TRI.P.P.P.; este marco foi posteriormente mutilado e partes dele reapareceram em 1992 nas obras da Escola Profissional de Arqueologia, onde actualmente se encontra; deveria indicar 3 milhas ao Tâmega; o território da civitas era delimitado a sul pelo rio Douro e a leste pela Serra do Marão, integrando possíveis vici em Meinedo, Várzea do Douro e Quinta de Guimarães (Sta. Marinha do Zêzere), e já no actual concelho de Amarante, os vici de Gatão e Lomba.
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Viae ab TONGOBRIGA |
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Outras vias na civitas de TONGOBRIGA A importância Tongobriga como nó viário é atestada pelos diversos indícios da rede de antigas estradas que cruzavam a região; além da suposta via principal para o rio Douro rumo a Viseu e a Mérida, existiam várias outras ligações secundárias de importância regional que ligavam a outros pontos relevantes do povoamento romano, nomeadamente para nordeste para Amarante (Lomba) rumo à travessia da Serra do Marão (mons Maraonis?) e para sudoeste rumo à travessia do rio Douro junto do vicus de Várzea do Douro (Dias 1987, 1996, 1997 e 1998). Itinerário de Tongobriga ao Marão pela margem direita do rio Tâmega É possível que existisse uma via rumo a Amarante partindo da ponte romana em Sobretâmega e seguindo pela margem direita do rio Tâmega, percurso medieval que já estaria em uso na época romana visto que passava junto do vicus termal e viário das Caldas de Canaveses (necrópole; termas romanas Aquae Tamacana?) e da villa e necrópole de Vilarinho junto do apeadeiro de Vila Caiz, onde terá aparecido a estela funerária de Meidutius que actualmente está na Quinta da Pena, além de um tesouro monetário; atravessava o rio Odres talvez na zona da actual Ponte Românica do Bairro e seguia por Forcado, St. Isidoro (casal/necrópole no lugar do Castro em Alvim), Toutosa, Coura (povoado fortificado no lugar do Castro), Vilarinho, Retorta, Carreira, Louredo, Fregim e Gatão, onde entronca no Itinerário Braga - Régua. Itinerário de Tongobriga à Serra do Marão pelo margem direita do rio Ovelha: Parece existir uma via romana (com origem em Várzea do Douro) que cruzava Tongobriga na direcção SO-NE rumo à Serra do Marão. Esta via acompanha a margem direita do rio Ovelha pelo caminho de festo que passa em São Salvador do Monte e na Lomba (Amarante), onde poderia existir uma estação viária, havendo aí vestígios de um pequeno aglomerado populacional, actualmente classificado como vicus, onde existiria uma mutatio; daqui seguia para a travessia da Serra do Marão passando a leste de Vila Chã do Marão, onde se unia com outra via proveniente de Braga, seguindo depois por «Estalagem Velha», Capela de São Bento, Covelo do Monte e Lameira para Campeã. Próximo de Vila Chã do Marão confluía no Itinerário de Braga à Régua. Partindo da Igreja da Freixo em Tongobriga, descia talvez por Povoação Pequena para cruzar o rio de Galinhas. Tabuado (continua por Quelha, Chão da Igreja e junto da Igreja Românica até Vendas, onde se regista o topónimo «Estalagem», descendo ao rio Ovelha por Canhões, CM1251) Travessia do rio Ovelha na Ponte da Várzea (casal romano em «Torre» e villa em Telheira; continua pela EM570 por Légua e Picoto) S. Salvador do Monte (continua junto da necrópole de Louredo das Almas e do habitat da Quinta do Couraceiro, seguindo entre o Alto do Santinho e o Alto de S. Salvador do Monte, onde há 6 sepulturas escavadas na rocha) Lomba (lugar da Estrada, junto do vicus no Lugar das Paredinhas e do Paraíso, onde poderia existir uma mutatio; descia depois a Padronelo junto da necrópole do Prazo e pela «Quebrada» até Devesa) Padronelo (da Devesa continua por Cruz e Vendas de Moure, continuando pelos altos de Marancinho, da Capela Velha e da Mó) Vila Chã do Marão (recebia a via proveniente de Braga um pouco antes do marco geodésico do Alto dos Picotos e seguia a leste este da povoação pelo caminho de festo que passa na «Estalagem Velha» e em São Bento) A partir daqui o percurso da via está descrito no Itinerário de Braga à Régua.
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Freixo (TONGOBRIGA) - Várzea do Douro - Arouca - Viseu (VISSAIUM) Esta via ligava Tongobriga ao vicus e provável mansio em Várzea do Douro, seguindo depois por Arouca e albergaria da Serra, e daí a Viseu. Partindo da aldeia do Freixo, seguia pelos lugares de Covas, Esmoriz (na base do castro homónimo), Rosém de Cima (no alto do monte, junto do possível casal romano de Casinhas), Alto do Confurco (junto da mamoa), Chentadiços e Bairral.
Favões (segue por Golas e Vila, passando a cerca de 500 m da necrópole da Tapada das Eirozes e a 1000 m da necrópole da Fraga, continuando por Requim de Cima e de Baixo; será daqui a estela funerária embutida numa casa de Ariz?; FE 676) Alpendurada (segue junto do Castro de Arados no Alto de Santiago/Monte do Ladário, mons kastro aratros em documentos medievais, passando em Mondim, Memorial, Vista Alegre e Ventosela, até atingir o Cais de Bitetos; num documento medieval sobre o termo de Guilhade há uma provável referência à via como strata pro ad oriente, PMH DC 416; referido também como castellum Benevivere num documento de 1123) Várzea do Douro (travessia do rio Douro; vicus e possível mansio junto do porto fluvial romano hoje submerso pela albufeira da barragem de Crestuma; sancto martino num documento do ano 964; os vestígios encontram-se dispersos por uma vasta área compreendida entre o rio Douro e a EN222, e desde os limites da Quinta da Várzea ao extremo leste do Alto das Penegotas, povoado fortificado romanizado que dominava esta travessia; principais núcleos na Quinta do Passal, Igreja Velha, residência paroquial, Quinta da Rua de Várzea, proximidades do cruzeiro e proximidades da Capela da Senhora da Guia); numerosas epígrafes atestam a importância deste vicus: epitáfio de Elávia; ara a Júpiter, entretanto perdida; inscrição a Cláudio reutilizada num muro do Convento de Alpendurada e actualmente nos respectivos claustros; ara a Manes na Quinta da Rua da Várzea; a referência a um suposto «Miliário de Adriano» junto desta travessia foi um equívoco de Emil Hübner que o confundiu com miliário de São Mamede de Infesta também dedicado a este imperador; Lima, 1999) Travessia do rio Douro na Várzea do Douro
Itinerário Várzea do Douro - Escamarão - Espiunca: a via seguia a meia encosta pelo Vale do rio Paiva pela «carraria antiqua», velho caminho mencionado na documentação medieval (PMH DC 459); a «carraria» partia do rio Douro e ascende à Igreja Românica de Escamarão, onde existiam vestígios de calçada, cruza a actual EN222 e sobre pela rua da Boavista, rua da Bouça, rua da Lameira e rua de Trás até às alminhas de Couto (referência à via como «karreira antiqua» num documento de 1120, DP IV 24); daqui continuava pela rua Galheira até à Capela de St. António em Fonte Coberta (passando cerca de 500 m da sepultura romana de Cancelhô), e depois pelo caminho que segue paralelo à EM556 até às alminhas de Covelo (m.p. III; referência às «incruciliadas» em 1107); continua na freguesia de Fornelos (referências à «carraria antiqua» e «caria antiqua» num documento de 1067 inventariando a uilla fornellus; PMH DC 459) por Torre, Chousas, Figueiredo, Portela (m.p. V), Cunha (m.p. VI), Alminhas, Devesa e Sailas, Feiras (m.p. VII) ; a partir daqui poderia tomar as seguintes hipotéticas direcções:
Itinerário Várzea do Douro - Arouca - Albergaria da Serra - Viseu: da mesma travessia partia uma outra estrada rumo a Arouca; partia do cais junto do Castelo de Fornos e seguia para sul por um trajecto em altura pela «serra sicca», designação medieval da serrania que separa Arouca e o rio Douro; via passa próximo da mina de ouro da Gralheira D'Água e do respectivo povoado romano de Alvariça, onde foi escavada uma enorme necrópole tardo-romana com cerca de 40 sepulturas (8 estelas funerárias em xisto entre as quais o epitáfio de Celer); num documento de 1108, a via é designada por «via antiqua», servindo de limite ao couto da Igreja de São Martinho de Espiunca (DMP DR, 13); em 1257, na «Carta de Couto do Mosteiro de Arouca» concedido por D. Afonso III, a via é designada por «strada» e servia para indicar os limites do couto pelas portelas de Cerquedelo e de Moção, actual alto do «Cerro do Cão», confrontando com o termo de Espiunca: «ad stradam et deinde vadit ad Portelam de Cerquedelo et de Monzom et est ibi positus unus patronus et per hic dividitur Arouca cum Sancto Martino de Spiunca» (MSMA, liv. 243, fl. 81v) (vide Lima, 2004). O itinerário seria o seguinte: partindo do rio Douro, a via ascendia a encosta pela vertente leste do castro passando em Cepa, Gião, Gondim (EM502-1) até Sobrado (Castelo de Paiva); continua por Ladroeira, percorrendo depois o caminho de festo (CM1138) que passa nos altos de «Eira dos Mouros», «Calhaus Altos» (atalaia?), «Santo Adrião» e «Moção», actual Cerro do Cão, onde tomava a direcção sudoeste por alturas de «Arreçaio» (passando junto das mamoas), descendo depois por Parada a Novais, onde cruza a ribeira de Moção, na base do Castro do Monte Valinhas. Arouca - Travessia do rio Arda: Depois de cruzar a ribeira de Moção, a via continuava junto da Igreja Paroquial de Santa Eulália, passando junto dos vestígios de um possível casal romano em «Casal de Adros», por trás do cemitério, seguindo depois por Alminhas de Santo António rumo à travessia do rio Arda junto da «Quinta de Alhavite», possível pousada; depois de cruzar o rio, seguia por Romariz (Cruz das Eiras) e Figueiredo rumo à Serra da Freita.
Variante pela «Carraria Antiqua»
Itinerário Arouca - Albergaria da Serra: depois de cruzar o rio Arda, a via deveria seguir para Albergaria da Serra (ou das Cabras), ascendendo a íngreme encosta da vertente norte da Serra da Freita (o «Mons Fuste» da documentação medieval); a via ascendia às antenas e seguia depois pelo planalto até Albergaria, onde se reunia com a via Porto - Viseu; um outro caminho cruza a serra por Cabeiros e Candal directo a Manhouce, mas a sua antiguidade é incerta (Act. 2020). |
Tongóbriga Douro ![]() Soalhães ![]() ![]() Cinfães ![]() ![]() Montemuro ![]() ![]() ![]() ![]() Ervilhais ![]() ![]() |
Freixo (TONGOBRIGA) - Castro Daire - Viseu (VISSAIUM) Dois miliários encontrados numa antiga via que ligava Tongobriga ao rio Douro, um em Soalhães e outro em Mesquinhata, evidenciam a importância da ligação da cidade ao grande rio. Esta via poderia dividir-se em vários ramais de acesso às tradicionais travessias do Douro, nomeadamente em Porto Antigo, Caldas de Aregos ou Porto de Rei. Todas estas travessias teriam continuidade para Viseu, o grande nó viário da Beira Alta; a travessia em Porto Antigo é trajecto mais curto até Viseu, mas o caminho mais curto para Viseu atravessa o rio em Porto Antigo, mas também a travessia em Caldas de Aregos dava acesso a Viseu, passando próximo do importante povoado romano de Cárquere e mesmo a travessia em Porto de Rei apresenta-se como uma alternativa plausível, dando acesso ao eixo Lamego-Viseu; sabemos através de Plínio que a sul do Douro existiam pelo menos dois povos, os Turduli Veteres e os Paesuri, e se no caso dos primeiros sabemos que ocupavam comprovadamente os actuais concelhos de Vila Nova de Gaia e da Vila da Feira, com oppida no Monte Murado (Ceno Oppido?) nos Carvalhos e no Monte Redondo em Fiães (Langobriga) enquanto os Paesuri ocupariam a região dos actuais concelhos de Cinfães e Resende com prováveis oppida em Cárquere, Castro de Sampaio e Castro de Coroas, todos com vestígios de alguma monumentalidade (Vaz 1976, 1979, 1997; Dias, 1987, 1996, 1997, 1998; Pinho et al., 1999; Lima, 2000; Resende, 2013). Freixo (TONGOBRIGA) Travessia do rio Galinhas (talvez na confluência da ribeira do Juncal com a ribeira da Lardosa; depois segue talvez por Richão da Forca, Ladário e Outeiro; logo depois começa um troço preservado da via que circunda o «Castro Soalhão» pelo sopé da vertente poente) Castro de Soalhães (milha VIII; o chamado «Castro de Soalhão» é um povoado da Idade do Ferro romanizado que na Idade Média era designado por Suylanes; em lugar indeterminado desta freguesia apareceu um miliário de Constantino II indicando a milha VIII, actualmente depositado no Museu Soares dos Reis, no Porto; as 8 milhas indicadas, cerca de 12 km, tanto se coadunam com a distância do castro ao rio Tâmega como ao rio Douro pelo que o local de início da contagem continua em dúvida; seria portanto a estação a principal estação viária no trajecto entre estes grandes rios; a via iniciava a descida para Mesquinhata por terrenos ainda actualmente conhecidos por «Vale Trajano/Vale Trajanas», topónimo que sugere uma referência a este Imperador, tendo sido identificado uma necrópole nesta área) Mesquinhata (passa junto do Alto dos Encambalados e segue por Casal, onde vencia a milha 7 ao douro; continua por Geguintes e Passadouro, talvez pela rua do Cruzeiro) Carreirinha, Grilo (miliário de Galieno encontrado in situ, actualmente no Museu Municipal de Baião; cruza a ribeira no Passadouro e continua pela Capela da NS. do Loureiro) Ponte do Gôve (travessia do rio Ovil na base do Castro romanizado do Cruito) Daqui derivam 3 possíveis ligações ao Douro: A partir da Ponte do Gôve a via poderia dividir-se em três troços distintos de encontro às prováveis travessias do rio Douro localizadas em Porto Antigo, Caldas de Aregos e Porto de Rei, todas com continuidade para Viseu; apesar da importância económica em época romana do rio Douro como grande via fluvial, comprovado pelos inúmeros locais de passagem e importantes vestígios nas suas margens, a identificação da rede viária tem-se revelado muito difícil dado o acidentado do terreno e a forte marca medieval do seu povoamento; no entanto, é indubitável que estas rotas já seriam usadas em épocas recuadas, mesmo pré-romanas, dado que evitam de forma decisiva a travessia dos grandes rios que afluem ao Douro, preferindo por isso cruzar o rio Douro na sentido N-S e depois subir a meia encosta ao alto da serra para a partir daí obter suaves pendentes ao longo de grande parte do percurso, desenvolvendo assim diagonais que acompanham as lombadas e linhas de festo que separam os rios que descem da Serra do Montemuro (referido como mons Geronzo no ano 925 e mais tarde como mons Muro; PMH DC30); os indícios no terreno sugerem uma rede secundária que articulava estas travessias do Douro com os vários castros romanizados e sítios romanos marginando o rio; aliás, este alinhamento de sítios romanos a sul do rio levou alguns autores a propor a existência de uma via paralela ao rio ao longo da margem esquerda o que parece de todo improvável dada a necessidade de construção de inúmeras pontes para cruzar os vários afluentes do Douro, alguns de grande caudal, e um percurso sempre em zig-zag, tal como a actual estrada EN222 (ver mapa). Rumo a Porto Manso/Porto Antigo rumo a Viseu por Castro Daire Ancêde (derivando logo após a Ponte do Gôve, seguia por Eiriz, Penela, Ancêde; a leste, na outra margem do rio Ovil, há vestígios romanos, na Casa de Viombra e Quinta de Esmoriz, e mais a leste a necrópole do Bairral, associada a uma villa ou aldeia em torno da Igreja de Sta. Leocádia de Baião, onde se achou uma ara a Júpiter e uma estela funerária na casa paroquial, ambas no Museu de Arte Sacra e Arqueologia do Porto) Porto Manso, Ribadouro (a via continua junto da Capela de S. Domingos rumo ao Castro de Porto Manso e daqui desce ao Douro pela vertente poente por uma via lajeada que acompanha a margem esquerda do rio Ovil) Travessia do rio Douro entre Porto Manso e Porto Antigo (2 km a montante, na Quinta de Mosteirô, sobranceira ao rio, existem vestígios de um provável vicus e mutatio, onde apareceu outra ara a Júpiter colocada por Nispro, entretanto desaparecida) Porto Antigo, Cinfães (daqui a via, designada na Idade Média por carraria antiqua seguia para a Serra de Montemuro pelo caminho da escola primária onde ainda há restos de calçada; Pinho et al., 1999). Itinerário de Porto Antigo a Viseu pelo Vale do Bestança: a via seguia ao longo da margem direita do rio Bestança (rivulo Bestantia) pela vertente poente da Serra de Montemuro, passando talvez por Boassas, Lodeiro, Desamparados, Ruivais e Aldeia, marginando o possível casal junto do ribeiro de Lameirão e o Castro romanizado das Coroas, seguindo o actual CM1027-1 até Ferreiros de Tendais (tesouro; referência a um reguengo como estando «sub via e super strata» nas Inquirições de 1258; PMH Inq. 983); a partir daqui a via subia ao alto da serra, podendo tomar o caminho que passa a norte do marco geodésico da Alvagueira (pelo Caminho do Marco ou calçada da Devesa?), rumo a Pimeirô (entra junto da Capela de S. Martinho) e daqui pelo CM1030 para Vale de Papas (nó viário designado na Idade Média por castellum de Aquilar; hipotético diverticulum pela Ponte de Panchorra, embora esta não apresente sinais de romanidade). A via surge nas Inquirições de 1258, servindo de limite das villis Bonis (actuais aldeias de Vila Boa de Baixo e de Cima; «dividet per Aguiar et per estrada», PMH Inq. 983) e da vila da Graleyra (actual Gralheira; «et vadit ad castellum de Aquilar et ferit in cruce et per carreirum antiqum et ferit in termino de Ovadas et in Cabrun», PMH Inq. 984); de Vale de Papas a via seguia então para Gralheira, cruza a povoação e segue o CM1030 até ao limite concelhio onde entroncava a via proveniente da travessia do Douro em Caldas de Aregos, descrita no Itinerário Aregos - Cárquere - Castro Daire.
Outra via partiria para sudoeste pelo vale da ribeira de Sampaio atendendo à referência a um carril veterem que venit de Sancto Fiiz per super Sanctam Mariam de Caaes (PMH Inq. 958), ou seja o «carreiro velho que vinha do Castelo de Sanfins sobre a Capela de Santa Maria de Cádiz». A travessia do rio Douro seria por barca entre Porto Manso e Souto do Rio, evitando assim a travessia do Bestança; subia depois a encosta pela Quinta das Casas Novas, estrada já referida no ano 1083 como «kararea que vadi pro ad riu de Bestionza» (PMH DC 615); seguia depois por Cidadelhe (m.p. II; a via delimita a Quinta do Soalheiro) até atingir Cinfães (m.p. III), nó viário e actual sede concelhia, de onde rumava ao Castro de Sampaio (possíveis casais em Paradela e na Quinta da Chieira). Rumo a Caldas de Aregos, Cárquere e Castro Daire rumo a Viseu Gôve (seguia por Portela do Gôve, Favais, Lamas, e Casa Nova, na base «Castelo do Gôve», continua por Casal, Arco de Lordelo, descendo por Aguincheiras e Venda das Caldas à margem direita do rio Douro) Travessia do rio Douro no Senhor da Boa Passagem Caldas de Aregos (albergaria medieval desde pelo menos o século XII; daqui segue para S. Romão de Aregos, passando em Pousada; a via é referida na documentação medieval como «karraria antiqua», PMH DC 888) Cárquere (castellum, civitas?) (aqui apareceram numerosas lápides funerárias, sinal de um povoado com alguma importância, eventualmente o oppido dos Paesuri; actualmente conta-se com mais de 70 epígrafes provenientes daqui; uma ara a Júpiter indicaria o nome do povoado antigo, mas só resta a parte inicial, «Castelani») Ligação Cárquere a Viseu: a via deveria continuar para Viseu transpondo a Serra do Montemuro, seguindo talvez o caminho que passa junto da Capela de S. Francisco, continuando depois por Canizes e Vila Pouca (ara a Júpiter na Capela da Ns. dos Vales, colocada por um militar, FE 267), Rossas, Granja, Talhada, continuando pela EM553-1 pelo Alto do Cotelo (vestígios de calçada em Cotelo e em Gafanhão) até confluir com a via proveniente de Porto Antigo na divisão concelhia, seguindo depois pela Cruz do Rossão, a milha 16, onde inicia a descida a Castro Daire por um caminho actualmente quase imperceptível até à Sra. da Lapa em Vilar, onde vencia a milha 19, continuando por Lamelas de Lá e Lameiras de Cá, centro Castro Daire, descendo depois à Ponte Pedrinha onde cruza o rio Paiva, a 24 milhas do rio Douro/ Caldas de Aregos. Aqui recebe o Itinerário proveniente de Lamego, cruza o rio Paiva e segue para Viseu. Rumo a Porto de Rei, Castro da Mogueira e Lamego Santa Cruz do Douro (povoado em Passal, junto à igreja; segue +- a EN108 até Vila Monim, sai à direita para Cedofeita, Senra e Eiras, na vertente sul do Castro de Mantel) S. Tomé de Covelas (continua por Outeiro, Lama Susã e pelo vicus do Barreiro) Sta. Marinha do Zêzere (ara funerária a Manes proveniente do possível vicus da Quinta de Guimarães em Míguas; poderá corresponder à paróquia suévica de Melga; estátua de touro encontrada no lugar do Castro e levada para MSMS; possível ligação nordeste para Gestaçô, onde apareceu um tesouro, o mons Genestazo da documentação medieval) Travessia do rio Teixeira na Ponte de Frende (entre Ervidal e Cruzeiro) Frende (mosaico, 3 baixos-relevos e inscrições funerárias provenientes da Capela de S. João que assenta no antigo castro; teria existido aqui um santuário?) Travessia do rio Douro em Porto de Rei S. Martinho de Mouros (do rio sobe a Nogueiras, passa na base do castro romanizado da Mogueira, perto qual existem pelo menos 8 inscrições rupestres de carácter votivo relacionadas com um possível santuário, subindo depois ao Alto Vila Verde, onde há vestígios de calçada) Barrô (a via continua pelos lugares de Pardelhas e Seara, passando junto a Pousadouro referida num documento de 1314, o Testamento de Loureço Peres, como a «Albergaria de Pousadoiro»; Saraiva, 2003, doc. 45; daqui segue o CM1067 passando junto do castro romanizado de Penajoia, onde também há vestígios de calçada) Avões (continua pela EM1067 por Alto da Venda e Sra. do Pilar) Lamego (Lamecum?) |
Viae Lamecum a Vissaium |
Lamego Tarouca ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Lamego Castro Daire ![]() |
Lamego (Lamecum? / Caelobriga?) Povoado romano no morro do Castelo de Almacave, possível oppidum dos Coilarni; segundo Plínio Caelobriga seria a sua capital pelo que esse poderia ser o nome romano de Lamego posteriormente convertido em Lameco já no período suévico, mas não passam de hipóteses sem provas conclusivas; encastrado na frontaria da Capela visigótica de Balsemão, existe um raro e importante terminus augustalis de delimitação de território, mas não indica as civitates em causa. Daqui partiriam dois itinerários rumo a Viseu, um passando por castro Daire e outra seguindo por Tarouca e Bustelo, reunindo na travessia do rio Vouga em Almargem (Vieira, 2004; Castro, 2013). Lamego (Lamecum?) - Tarouca - Viseu (VISSAIUM) Este itinerário ligava Lamego a Viseu seguindo a margem esquerda do rio Varosa passando em Alvelos, Várzea de Abrunhais, Ferreirim, Tarouca, Teixelo, Bustelo, Ponte do Touro, Corgo do Altar e Vila Cova-à-Coelheira; cruza depois o rio Paiva no Corgo do Bacelo e segue para a travessia do rio Vouga em Almargem, onde conflui também a via proveniente de Castro de Daire, e daqui para Viseu. A via partia provavelmente da zona da Sé de Lamego e descia ao rio Balsemão não pela rua da «Ponte da Calçada», mas pela calçada do Sr. dos Aflitos que passa na Igreja da Ns. dos Meninos para cruzar o rio Balsemão na «Ponte de Lamego»; há referências medievais a uma ponte de madeira neste local (Viterbo, 1799, vol 2, p. 227); cruzado o rio, seguia pela rua da Ponte e Capela de São Lázaro e a sul da Capela da Sra. da Guia até atingir a Capela de Alvelos, a cerca de 2 milhas de Lamego. Várzea de Abrunhais (cruza a ribeira de Recião e segue por Fontão, Cerro e Sra. da Lapa, a milha 4) Bairral («Castelo de Britiande», povoado romanizado; a via passaria junto da Capela do Sr. dos Aflitos, próximo da Capela de S. Gonçalo, onde há uma ara a Júpiter suportando a pia baptismal, talvez proveniente do castro romanizado; continua por Venda do Caranguejo; calçada na Quelha da Azenha) Ferreirim (continua por Vila Meã e a poente do Castro de Sta. Bárbara em Dálvares, até Castanheiro do Ouro, onde cruza a ribeira de Tarouca na Ponte Pedrinha) Tarouca (povoado no Monte Ladairo/Ladário; habitat no Souto das Quintas/Sr. dos Vales e na Quinta do Arco da Paradela; da Ponte Pedrinha segue à direita pelo caminho que ascende por Esporões, junto do cemitério) Cravaz (cruza a povoação e segue pela calçada paralela e a cota inferior da EN530, passando próximo da Capela da Ns. dos Aflitos) Teixelo (a via entra na povoação junto da Capela da Senhora da Ajuda, onde ainda subsiste um troço lajeado, cruza a EM1176 e continua pela rua de St. António; no sítio do Padrão existe um cipo anepígrafo com cruciformes, provavelmente um marco do couto do mosteiro de Tarouca e eventual reaproveitamento de um miliário; Alarcão, 1988a e 1998; Teixeira, 1998; Castro, 2013a)
Ponte do Touro sobre o rio Varosa, Almofala (sem indícios romanos; reconstruída em 1839; daqui a via seguia pela calçada com 2 km que passa na elevação do Corgo do Altar até entroncar no CM 1169 próximo de Cascano, seguindo até à torre eólica onde segue à direita pelo estradão de terra) Fraga Gorda (cruza a povoação; nó viário)
Lamego (Lamecum?) - Castro Daire - Viseu (VISSAIUM) A via para Viseu seguia para a travessia do rio Paiva em Castro Daire, onde confluía com as vias proveniente das travessias do rio Douro em Porto Antigo (por Cinfães) e Caldas de Aregos (por Cárquere), seguindo depois para a travessia do rio Vouga na Ponte de Almargem, ascendo depois pela magnífica Estrada Romana de Almargem rumo a Viseu. (Vaz, 1976, 1989; Teixeira, 1998; Nóbrega, 2003a e 2003b; Vieira, 2004; Lourenço, 2007). Lamego (parte da base do castelo de Almacave pela rua Fafel e segue pela vertente nascente do monte da Carreira de Tiro, próximo do sítio romano da Fonte d'El-Rei, conflui no CM1081 junto do cemitério, descendo depois à Ponte de Lamelas para cruzar o rio Balsemão, continua pelo caminho de terra até confluir no CM1082 pouco antes da povoação de Quintela de Penude) Póvoa (margina o sítio romano da Póvoa, de onde será proveniente a inscrição funerária que apareceu no Cimal; a via sai do CM1082, cruza a povoação e segue entre o Alto de Montedufe e o Alto da Cruz da Camba, passando a poente do sítio romano do Paço em Meijinhos, onde apareceu a inscrição funerária de Cesea e a ara votiva dedicada ao Soli Sacrum, o «sol sagrado») Bigorne (percorre depois o caminho do alto da Serra de Lazarim, paralelo à A24, marginado o sítio romano de Parafita, cruza Ribabelide, segue o caminho pelo Alto da Fraga do Seixo que vai cruzar a A24 pouco antes da Igreja de Bigorne, conflui na EN2 ao km 121 e poucos metros depois desvia à direita pela calçada da Portelada onde cruza a ribeira do Mezio, continuando depois em calçada) Mezio (entra pela Capela da Sra. das Antas e segue por Rua e Cimo de Aldeia, talvez pela rua da Mocidade e rua de St. António, continuando para Castro Daire pelo caminho que percorre o dorso planáltico entre Colo do Pito e Moura Morta) Castro Daire (margina a Capela da Ns. da Ouvida, continua por Vila Pouca e Outeiro e desce ao rio Paiva pela rua 1º de Maio, rua Direita e rua 1º de Dezembro, contornando assim o importante castro romanizado que dominava esta travessia) Travessia do rio Paiva na «Ponte Pedrinha» (referência a uma ponte antiga com possível origem romana, demolida em 1877, tendo aparecido aqui uma árula com inscrição) Ribolhos (da ponte ascende pela EN2 até próximo da Capela de S. Domingos, onde toma a chamada «Estrada Romana», subindo a meia-encosta paralela à EN2 por Estalagem, Quintãs, Cerca e Colmeia até reunir com a EN2, saindo depois pela rua da Ponte de Courinha, cruza a EN2 em Ribolinhos e segue pela Av. Central que atravessa as Termas do Carvalhal)
Arcas, Mões (sai da EN2 pela rua da Ponte das Arcas, onde cruza o rio de Mel; continua talvez pela EN2 e rua dos Carvalhos) Rio de Mel (travessia na confluência das ribeiras de Cabrum e Freixiosa, subindo por caminho carreteiro) Calde (cruza a povoação e desce a Póvoa de Calde) Travessia do rio Vouga em Almargem (300 m a jusante da ponte actual?) Bigas (do rio Vouga ascende pela Calçada Romana de Almargem, continuando pela rua da Estrada Velha) Campo (referências a uma calçada em Campo indicia a passagem da via, designada nas Inquirições de D- Afonso III como «carril velo de Transpicoto», PMH Inq. 862; continua pelo sopé do Castro de Sta. Luzia por Moure da Madalena; a calçada do Salgueiral e o "Caminho da Ponte Romana" da Raposeira, junto à prisão parecem fora desta rota) Abraveses (segue pela rua da Estrada Velha, Quinta de Cimalha e Quinta da Corga, zona actualmente urbanizada, subsistindo um troço lajeado junto da escola C+S) Viseu (VISSAIUM) (continua pela «Estrada Velha de Abraveses» até à chamada «Cava de Viriato», onde cruza a Av. da Bélgica e segue pela rua Capitão Salomão, rua Cava de Viriato, cruza o rio Pavia, rua Ponte de Pau, entrava no burgo pela Calçada de Viriato e pela antiga porta da cidade, onde existia necrópole, até ao Largo da Sé, antigo forum)
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Viseu (VISSAIUM) - Barrelas (Berecum?) - Belmonte («Centum Cellas») A via romana que partindo de Viseu seguia na direcção da Serra da Estrela, designada por Via IV por Inês Vaz, está bem documentada pelos muitos miliários ao longo do seu percurso (pelo menos 10), seguindo por Mangualde e Abrunhosa-a-Velha e eventualmente pela robusta Calçada dos Galhardos acima de Folgosinho, atravessando a Serra da Estrela para Famalicão da Serra, onde há miliários e outros importantes vestígios romanos relacionados com o Castro de Barrelas, provável estação viária tipo mutatio; permitia ligar Mérida ao litoral Atlântico, cruzando a Serra da Estrela para Viseu e daqui à foz do rio Vouga, configurando uma eixo viário entre Augusta Emerita e o oppidum de Talabriga. (vide Vaz, 1976; Ruivo, Gomes e Tavares, 1985; 1996; Nóbrega, 2003). Viseu (VISSAIUM) (oppidum com forum no morro da Sé; a via partia do centro da cidade pela rua do Gonçalinho, antiga Decumanus e rua Simões Dias, passava a antiga porta da cidade e já extra-muros margina a necrópole da Capela de S. Miguel de Fetal, na m.p. zero, seguindo depois por Via Sacra, Sr. da Boa Passagem, Sta. Eugénia, Lavamãos, Olho Branco, Viso, Póvoa de Sobrinhos, Carreira de Tiro, Alto da Fragosela, Fragosela de Baixo e a sul de Prime, num percurso hoje difícil de discernir com a expansão da cidade e a construção da IP5/A25) Travessia do rio Dão (m.p. V; junto da confluência da ribeira de Sátão) Fagilde (m.p. VII; miliário anepígrafo apareceu integrado na parede de uma casa da aldeia e passou para o sítio da «Lameira do Monte»; indicaria 7 milhas a Viseu) Roda (m.p. VIII; miliário anepígrafo que suportava uma varanda de uma casa em ruínas e actualmente numa casa particular de Mesquitela (Gomes, 1992); indicaria possivelmente 8 milhas a Viseu; continua pela rua da Ponte e depois do pontão sobre a ribeira de Frades segue à esquerda pela calçada do Largo do Olheirão até reunir com a estrada actual junto do marco da estrada real, seguindo depois recto à Igreja de S. Julião) Mangualde (m.p. X; nó viário, possivelmente junto do actual templo de S. Julião, Igreja Matriz de Mangualde) Quinta da Raposeira, Mangualde (mansio situada na base do povoado do Monte da Senhora do Castelo que poderia designar-se por Castellum Araocelensis em época romana conforme se lê na inscrição honorífica de S. Cosmado) Itinerário de Mangualde a Folgosinho cruzando o Mondego em Poço Moirão: Mangualde (da mansio na Raposeira segue pelo troço de calçada nas Qtas. da Fonte do Púcaro e Prazo; subsiste na zona o topónimo medieval «Albergaria») Almeidinha (segue pela rua das Almas junto da Capela da Sra. do Campo até ao Cruzeiro, a cerca de 200 m da villa da Moita da Oliveira, e atravessa a Serra da Baralha talvez por Tapada) Casal de Cima, Santiago de Cassurrães (possível miliário junto à Capela de S. Sebastião; a antiga via romana deveria cruzar a ribeira de Cassurrães pelo «Caminho Velho», actual rua da Calçada, sobe à Capela da Sra. de Cervães, cruza a EM1455 e continua pelo caminho de terra na base da escadaria, assinalado por umas alminhas que reutiliza um miliário, seguindo depois junto do casal? de Sta. Marinha, eventual tabernae, cruzando depois a serra talvez por um caminho desactivado pela vertente da sul da serra que passa no topónimo «Loureiros») Abrunhosa-a-Velha (aqui existiam quatro miliários que foram transferidos para Viseu; dois estão desaparecidos, destes um era anepígrafo e outro era um miliário de Numeriano, enquanto os outros dois pertencem à CEADV, o miliário onde parece ler-se XX milhas e o miliário de Adriano da milha XVIII, o que corresponde à distância daqui a Viseu, com o nº 605) Travessia do rio Mondego em Poço Moirão (Barca Velha, onde há vestígios de uma ponte antiga; subsistem dúvidas sobre o local exacto de travessia; talvez bifurcasse nas seguintes vias)
Mangualde (segue pela rua da Estação até ao km 14.1 e depois à esquerda pela rua da Ponte que passa junto da villa da Quinta da Calçada com vestígios da via até à ribeira de Almeidinha) Mesquitela (segue pela rua da Ponte, rua da Calçada Romana, rua Direita e rua da Ramalhinha/Quinta da Lavandeira) Mourilhe (magnífico troço de calçada com 50 m junto da Capela de Ns. da Conceição ou de S. João) Contenças de Baixo (calçada no caminho para a ponte passa junto dos vestígios do povoado da Rechã) Travessia do Mondego junto à Ponte de Palhez (em alternativa descia por Póvoa de Cervães para cruzar o rio junto da Quinta do Moinho) Cativelos (a Ponte do Aljão e Ponte das Cantinas com calçada, poderão ter origem romana; calçada em Celas Alminhas-Dobreira; no entanto a via deveria passar na Capela da Sra. dos Verdes, marginando a villa do Monte Aljão, topónimo referido nas Inquirições de 1258 a propósito de Gouveia como «viam algiam», ou seja 'o caminho para Aljão'; fl. VI, p. 785) Vila Nova de Tázem (santuário rupestre na Quinta do Pé do Coelho; alguns troços de calçada junto dos habitats de Freixial/Safail e em Teixugueira-Parigueira poderão integrar esta via mas é hipotético) Nespereira? (onde conflui na variante por Poço Moirão descrita acima?) Itinerário de Folgosinho a Barrelas: a partir de Folgosinho, a via seguia pela chamada Calçada dos Galhardos que começa na saída sul da aldeia junto do campo de futebol e segue por troço lajeado com cerca de 1 milha até à Portela, onde inflecte para nordeste pelo estradão que passa no marco geodésico dos Galhardos, continua pelo Alto de S. Domingos, Covas do Estanho, Porto de Melo, próximo do Alto dos Carvalhos Juntos, importante nó viário onde confluía também a via proveniente de Linhares; daqui a via poderia cruzar o Mondego em dois pontos, na Quinta da Taberna rumo a Famalicão da Serra (Belo, 1964, 1966; Alarcão, 1993), ou seguir por Videmonte, descendo aí a encosta (Ruivo e Carvalho, 1996), mas este último percurso é mais acidentado e parece dirigir-se para a Guarda. Assim é mais provável que via seguisse pelo caminho de festo pelo Alto da malhadinha e junto dos topónimos Carrascal e Veleda até travessia do rio Mondego junto da Quinta da Taberna («Albergaria»), rumando daqui pela Lomba de Saimão e Vale das Ferrarias até à Quinta de Manuel Thomaz onde cruza a ribeira de Quêcere e daqui ao Castro de Barrelas em Famalicão da Serra. Barrelas (Berecum?) Povoado fortificado de Barrelas onde apareceram duas inscrições romanas, uma delas dedicada à divindade local Aelua pelos Castellani Berecensis, o que levou a propor o nome de Berecum para este povoado, onde existiria uma estrutura viária tipo mutatio ou mesmo mansio, hipótese reforçada pelo achado de 4 miliários encontrados nas redondezas: miliário de Constâncio Cloro e Galério Maximiano da Tapada da Eira/Quinta da Tranginha (entretanto perdido em Lisboa), o miliário de Tácito da Quinta do Cadouço/Cadoiço (actualmente no Museu do Carmo em Lisboa), o miliário de Tácito de Barrelas indicando a milha IV, distância deste local ao rio Mondego/Quinta da Taberna, o miliário de Constantino Magno achado a cerca de 1 km da via no sítio de Colerdordem ou Celordem, ambos no Museu da Guarda. Famalicão da Serra (a via romana descia de Barrelas à povoação, existindo um miliário de Cómodo na Capela de St. Antão (FE 189, Mantas, 2019:274; possível ligação a Valhelhas pelo «Caminho do Convento» que passa junto do Convento Bom Jesus/ Mato Grosso que assenta sobre um edifício anterior romano) Gonçalo (a via segue por Castelão, onde terá aparecido o miliário a Probo que está hoje numa casa particular em Belmonte, junto da Capela de Santiago; continua pela Quinta da Ns. da Misericórdia e junto da villa do Prazo/Quinta da Granja) Lameiras (miliário anepígrafo e miliário de Tácito, AE 1965, 107, ambos no Castelo de Belmonte). Ponte Romana sobre a ribeira da Gaia na Quinta do Galvão Catraia da Torre («Centum Cellas») A interpretação das ruínas em torno da Torre Romana de «Centum Cellas» tem dividido os investigadores, com Vasco Mantas a propor a correspondência do sítio a uma mansio da Via Braga - Mérida (Mantas 2008: 260-261), enquanto Helena Frade (que escavou o sítio) interpreta os vestígios como villa (Frade, 1994: 87-106) e outros apontam mesmo para uma capital de civitas, neste caso dos Lancienses Oppidani (Belo, 1960, 1964, 1966; Guerra, 2007a: 161-206). No entanto, dada a ausência de materiais pré-romanos ou estruturas defensivas que possam relacionar-se com um povoado indígena, tornam esta hipótese pouco sustentada. Por outro lado, todas as evidências apontam para a existência de um vicus viário em torno da torre com uma localização estratégica junto da via principal para Mérida, sugerindo uma paragem importante eventualmente com uma mansio oficial como sugere Mantas (Carvalho, 2010). Aliás, na ara consagrada a Júpiter e Minerva encontrada no local parece confirmar-se o termo vicus (Ferraz, 2003: 468). Infelizmente, inscrição encontra-se já muito apagada tornando-a de difícil interpretação; ainda assim, ainda é possível ler o dedicante Lucius Caecilius(talvez com o cognome de viator, muito comum na Lusitânia) e algumas letras entre elas a palavra «LAENDOS» que poderiam hipoteticamente constituir o nome da estação viária; seguindo esta linha de raciocínio, então o miliário de Tácito encontrado no lugar das Lameiras, a cerca de 2 milhas a oeste da torre romana, onde se lê a abreviatura «LO» poderá referir-se não a Lancia Oppidana ou «Ocelense» como sugeriu Amílcar Guerra (Belo, 1964:133; Guerra, 2007a), mas a «L(aend)O». Só novos estudos e escavações poderão um dia esclarecer estas questões relacionados com este singular e enigmático povoado romano. |
Belmonte Mérida ![]() Belmonte ![]() ![]() ![]() ![]() Capinha ![]() Namorados ![]() Idanha ![]() ![]() ![]() ![]() Segura ![]() Alcântara ![]() ![]() |
Belmonte («Centum Cellas») - Idanha-a-Velha (IGAEDITANA) - Mérida (EMERITA) Este troço está bem definido pelos 5 miliários existentes ao longo do seu percurso para Idanha-a-Velha, mas só em dois deles é possível ler as milhas indicadas, no caso a milha XXII do miliário da Torre dos Namorados, tendo como caput via a mansio de «Centum Cellas», reforçando assim a importância deste povoado romano no contexto da Cova da Beira, e o miliário de Águas que indica a milha VIII a Igaeditana. A via atravessava o território dos Lancienses Transcudani, dos Lancienses Oppidani e dos Igaeditani, povos mencionados na inscrição da Ponte de Alcântara. A definição dos seus limites territoriais permanece ainda em discussão, mas é possível que os Lancienses Transcudani ocupassem o planalto da Guarda com sede no castro romanizado de Castelos Velhos em Póvoa do Mileu enquanto os Lancienses Oppidani estariam mais a sul com base no terminus augustalis que apareceu em Salvador (Penamacor), não existindo no entanto consenso sobre a localização do respectivo oppidum que oscila entre «Centum Cellas», Vale da Póvoa e Sabugal, mas que na nossa opinião corresponde ao povoado da Idade do Ferro de Sortelha Velha, como inicialmente sugerido por Mário Saa (Saa, 1964, p. 228, 273). No vicus da Quinta de S. Domingos em Pousafoles do Bispo (Sabugal) apareceu uma inscrição onde se lê «VICANI · / OCEL[O]N[E]/NSES», remetendo para os Ocelenses mencionados por Plínio, havendo dúvidas se seria uma outra tribo Lanciense ou uma designação alternativa a Oppidani (FE 310.2; Belo, 1960 e 1964; Alarcão, 2001b; P. Carvalho, 2006; Guerra, 2007a). Catraia da Torre («Centum Cellas») Ribeira do Colmeal (na margem direita apareceram dois miliários, um miliário de Constâncio Cloro e um miliário anepígrafo, ambos depositados no Castelo de Belmonte) Belmonte (m.p. II; próximo da Igreja de Santiago existe um miliário inédito de Probo reutilizado como ombreira de uma casa particular proveniente do sítio do Castelão na freguesia de Gonçalo; outros 4 miliários dentro do Castelo, provenientes da ribeira do Colmeal e das Lameiras; a via passava no vale, contornando o esporão de Belmonte pelo lado nascente, passando próximo do sítios romanos do Muro/Quinta do Bouzieiro e da Fonte do Soldado, continuando depois paralela à Serra da Esperança pela rota da EN345; a via é referida no foral de Belmonte concedido por D. Sancho I em 1199 como «viam veteram que ducit ad Montem Sanctum», ou seja a «caminho velho que leva a Monsanto» PMH LC, 506)
Caria (m.p. VII; possível mutatio; calçada com 40 m em Fonte do Ruivo, na direcção E-W, mas a via deveria seguir para a ribeira de Caria pela calçada que existia junto da igreja paroquial, no caminho para a Fontinha e nas ruas Fonte do Prior e Fonte do Carvalho até Barcinho, onde atravessa a ribeira de Caria) Peraboa (m.p. X; villa? na Quinta do Cameira; atravessa a Serra de St. António, passando próximo do castro romanizado da Tapada das Argolas ou «Vila Velha», descendo depois pelo Sítio da Bica, onde apareceu o epitáfio de Tanginus, actualmente no MNA)
Capinha (m.p. XV; vicus e provável mutatio situada no cruzamento com a via para Salamanca, ocupando a área em torno da arruinada Capela da Tapada de S. Pedro que reutiliza muito material romano; várias inscrições serão daqui provenientes, entre elas o epitáfio do Meidubrigense Hispanus na Quinta de S. Pedro, a ara votiva a Bandi Arbariaico no caminho para Três Povos, CIL II 454, a ara dedicada a Quangeius e o epitáfio de Dutia, assim como as duas inscrições retiradas da ponte, o epitáfio da Lanciense Oppidana Amoena e o epitáfio de Cabrula, todas recolhidas no MAMJM; a tradicional designação de Talabara de uma leitura duvidosa de uma inscrição rupestre onde alguns autores leram V(ico) (Tal)bara, também no MAMJM; da Fonte de Cima na aldeia, a via descia à ponte pela calçada da Capela de S. Marcos e pela calçada do Sítio das Lajens, entretanto já destruídas, cruza a ribeira e Meimoa na Ponte Romana?-Medieval e continua por Vale de Paredes e Freixa) Quintas da Torre/Torre dos Namorados (m.p. XXII; vicus e provável mutatio atendendo ao miliário de Maximiano indicando XXII milhas e às várias epígrafes aqui encontradas e recolhidas no MAMJM como a lápide de Lubaecus, a inscrição a Júpiter, a ara votiva a Bande Luguano, a ara da Quinta da Feijoeira, ara da Quinta de Antão Alves e ara de uma cluniense que apareceu na Quinta da Azinheira mas recolhida na Quinta de Matos Barrinhos) Pedrogão de S. Pedro (m.p. XXVII; no sítio da Líria apareceu um cipo com dois cruciformes gravados, provável miliário, actualmente no Museu de Penamacor; a via continua pelo caminho das «Calçadeirinhas», cruzando a ribeira das Taliscas a cerca de 500 m montante da Ponte dita «Romana» sobre a ribeira das Taliscas, em risco de ruína que será já do período medieval) Bemposta (m.p. XXIX; possível vicus a 8 milhas de Igaeditana; o miliário da 4ª Tetrarquia de Maximiano, Maximino Daia, Constantino e Licínio, que apareceu numa casa em ruínas próximo de Águas e que hoje está numa casa particular da Aldeia de Santa Margarida (Henriques, 2015), deveria ser daqui pois indica 8 milhas a Igaeditana; conjunto de várias epígrafes no Núcleo Museológico da Bemposta na Capela de S. Sebastião, sendo duas delas dedicadas a Bandi Isibraiegui e a terceira é dedicada a Quangeius; villae em Nave de Baixo, Quinta da Meijoana e Represa) Medelim (m.p. XXXII; 5 milhas a Igaeditana; na Capela de Santiago apareceram 3 aras votivas, uma dedicada a Mercúrio Esibraeo, outra dedicada a Reve Langanidaeigui e a terceira apenas se lê Reve ... pelo que seria dedicada à mesma divindade; estão todas no MTPJ; Ponte Romana? em ruínas; calçada dentro da povoação; a via seguia talvez paralela à EN332, próximo dos sítios romanos da Tapada da Senhora e Chãos da Malhada, do acampamento militar romano de Oliveira das Almas e da villa ou vicus de Vale de Cavalo, desviando da EN332 pouco depois para ir cruzar a ribeira de Moinhos no Pontão de Beiradas (?), seguindo depois pelo cemitério até Idanha; a calçada referida no foral de Idanha-a-Velha como «Calçadam Veterem»; Almeida 1956 315) Idanha-a-Velha (IGAEDITANA) (sede da civitas Igaeditanorum a 120 milhas de Emerita; magníficas ruínas desta importante cidade romana; excelente colecção de epigrafia no museu, parte das mais de duas centenas de epígrafes conhecidas na região; existem pelo menos 5 miliários conhecidos no território Igaeditanense entre eles o miliário de Alcafozes atribuído com reservas a Augusto e o fragmento de Vale da Portela no caminho para Monsanto onde apenas se lê «milha I»; os restantes 3 são anepígrafos ou ilegíveis; um está junto da Igreja Visigótica de Idanha-a-Velha, o outro em Alcafozes e o último em Segura; ver também Rede viária de Igaeditana; o povoado indígena deverá corresponder ao chamado «Castelo dos Mouros» localizado a cerca de 4 km da aldeia num meandro do rio Ponsul, junto da actual albufeira da barragem Marechal Carmona, eventualmente designado por Igaedis) De Idanha-a-Velha a Mérida Ponte Romana-Medieval de Idanha-a-Velha sobre o rio Pônsul (reconstrução medieval da antiga ponte romana que estaria em ruína um pouco a montante) Alcafozes (m.p. IV; 3 miliários; miliário onde apenas se lê «Imp(erator?) / Aug[ustus?]», actualmente no Museu de Idanha-a-Velha junto com outro onde apenas se lê umas letras; Sá, 2007, p. 158, nº 238; miliário ilegível num cruzamento de caminhos junto da igreja paroquial; estela funerária; segue talvez pelo estradão do «Barreiro Vermelho» até Horta da Granja, onde cruza a ribeira de Aravil, continua por Cale do Vigário, Silveirinha, Cabeço Vermelho, continuando pelo Vale de Cancelas, «Fonte dos Ferreiros» e ao longo da Ribeira da Calçada) Segura (m.p. XVI; a via entrava na povoação junto do Calvário situado no outeiro oposto à vila, monumento que integra uma ara romana e que poderia ser um antigo santuário; na berma da estrada existem vários fustes de possíveis miliários; entra na vila pela rua do Pelourinho, passa junto do fragmento de um possível miliário e segue para a Porta Sul, onde existe outro possível fragmento de miliário, saindo da aldeia pela rua da Calçada e junto do «Chafariz da Calçada» rumo ao rio Erges; 2 aras dedicadas a Erbine na Capela de Sta. Marina, 2,5 km a norte de Segura e junto da ribeira homónima, indiciam um templo romano no caminho para Salvaterra do Extremo) Ponte Romana de Segura sobre o rio Erges (m.p. XVII; imponente ponte romana na fronteira Luso-Espanhola da EN355; arco central e tabuleiro reconstruídos) Piedras Albas (m.p. XXI; segue sob a EX-207 por 4km e depois por caminho carreteiro) Ponte Romana de Alcântara sobre o rio Tejo (m.p. XXVI a Igaeditana; ex-líbris das pontes romanas na Hispânia) Alcántara (continuava talvez pela Dehesa El Castillejo, Brozas e Malpartida de Cáceres, seguindo em parte o antigo caminho conhecido por «Cordel de Ganados»; ver traçado) NORBA CAESARINA (Cáceres) (onde entronca na via N-S conhecida por "Via da Prata" que ligava Mérida a Astorga, passando na mansio intermédia de Ad Sorores) AUGUSTA EMERITA (Mérida) (caput viarum) |
VIA XII - Item ab OLISIPONE EMERITAM m.p. CLXI |
![]() Lisboa Alcácer ![]() ![]() Alcácer Évora ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Évora ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Elvas ![]() ![]() Badajoz ![]() ![]() |
ITINERARIO XII - Lisboa (OLISIPO) - Alcácer do Sal (SALACIA) - Évora (EBORA) - Mérida (EMERITA)
Item ab OLISIPONE
EMERITAM AQUABONA CATOBRICA CAECILIANA MALATECA SALACIA EBORA AD ATRUM FLUMEM DIPONE EVANDRIANA EMERITA m.p. CLXI m.p. XII m.p. XII m.p. VIII m.p. XXVI m.p. XII m.p. XLIIII m.p. VIIII m.p. XII m.p. XVII m.p. VIIII
Itinerário
Corrigido Aquabona Caetobriga Caeciliana Malateca Salacia Ebora Ad Atrum Dipone Evandriana Emerita m.p. CCXIII m.p. XII m.p. XII m.p. VIII m.p. VIII* m.p. XXI* m.p. XLIIII m.p. LXX* m.p. XII m.p. XVII m.p. VIIII Lisboa (OLISIPO) (o percurso inicial deste itinerário corresponde à travessia do rio Tejo; o local poderia ser assinalado pelo miliário de Probo que apareceu na Casa dos Bicos; o trajecto fluvial ligaria ao Porto de Cacilhas, atendendo aos vestígios de cetárias descobertas no Largo Alfredo Dinis e à proximidade com o importante povoado da Idade do Ferro na Quinta do Almaraz, seguindo depois aproximadamente a rota da EN10 até Coina, percurso pontuado por diversos vestígios romanos como a olaria da Quinta do Rouxinol em Corroios, a mina de Vale dos Gatos em Amora, a necrópole da Quinta de S. João em Arrentela e a mina de Foros da Catrapona, ao km 15 da EN10, com uma possível mutatio no Casal do Marco, junto da travessia do rio Judeu; também era possível cruzar o rio Tejo directamente a Aquabona, atracando no Porto da Romagem em Coina, através do braço do Tejo que penetra terra dentro até à foz do rio Coina; outros portos fluviais foram identificados próximo da Moita e de Alcochete, «Porto dos Cacos», mas é pouco provável que qualquer destas alternativas integrasse o itinerário principal para Mérida) Coina (AQUABONA) (mansio na milha XII localizada nas proximidades da Capela da Ns. dos Remédios, antiga Ermida de S. Sebastião, e da Fonte da Talha, possivelmente a «Aqua Bona» inferida do topónimo; daqui a via seguia rumo a Caetobriga, localizada a 12 milhas, o que corresponde à distância medida no terreno entre Coina e Setúbal; também deveria existir um trajecto mais directo, ligando Coina a Marateca passando junto a Palmela, evitando a passagem por Setúbal e consequente travessia da Serra da Arrábida.
Setúbal (CAETOBRIGA) (portum e mansio a 24 milhas de Olisipo com o povoado romano localizado no actual centro da cidade estendendo-se pela Av. Luísa Todi, ao longo da rua Direita do Tróino até á zona de Palhais/Fontainhas passando pelo Lg. da Misericórdia e Rua Antão Girão; a via romana seguia talvez pela Av. Bento Gonçalves, rua Camilo Castelo Branco, rua 4 Caminhos, Monte Belo, Azinhaga de Cruz de Peixe, Poço de Mouro, Padeiras e Algeruz, actual EM542-1, até entroncar na chamada «Estrada dos Espanhóis» próximo do Monte da Lentisqueira) CAECILIANA (estação viária tipo mansio situada a 8 milhas de Caetobriga, possivelmente localizada junto do Monte da Lentisqueira, local onde confuíam as referidas estradas, uma proveniente de Setúbal e outra proveniente de Coina conhecida por «Estrada dos Espanhóis», onde Mário Saa ainda viu a calçada original antes de esta desaparecer sobre a estrada actual (CM1040) designando-a como «Estrada Funda, dada a profundeza milenária do seu sulco») Marateca (MALATECA) (mansio a 40 milhas de Lisboa provavelmente localizada junto da travessia da ribeira da Marateca; a estação viária poderá corresponder ao chamado «Castelo dos Mouros», localizado na outra margem junto ao cemitério, onde há vestígios de estruturas romanas, eventualmente a própria mansio; a via seguiria depois aproximadamente a rota da EN5 rumo a Palma, onde cruzava a ribeira de São Martinho junto do sugestivo topónimo de «Ponte da Pedra»; continua próximo do Monte do Albergue, Igreja do Monte de Vale de Reis e Igreja de S. Lourenço, ambas com vestígios romanos; este sítio surge como «Albergues» no «Roteiro Terrestre», sugerindo a existência de uma mutatio neste local, a 8 milhas de Palma e a 4 de Alcácer do Sal; continua depois para sudoeste pelo caminho que passa no Monte das Águas Pousadas até ao Bairro do Venâncio) Alcácer do Sal (SALACIA) (oppidum, sede de civitas, mansio e importante porto a 58 milhas de Lisboa; o povoado ocupava a área do castelo onde viria a instalar-se o convento de Ns. de Aracaeli; a via entrava na cidade pela Av. dos Clérigos e rua da Fábrica, passando junto do Convento de St. António, marginando a necrópole de S. Francisco de Frades até atingir a base do morro do castelo; necrópole na Azinhaga do Sr. dos Mártires; vestígios do aqueduto 1 km a nordeste; inscrição honorífica ao magistrado Cornelius Bocchus, CIL II 2479; ver Museu Pedro Nunes; Faria, 2002)
Itinerário de Alcácer do Sal a Évora Depois de Alcácer, a via seguia seguramente pela margem direita da ribeira de Sítimos até Santa Susana, onde cruzava a ribeira de Remourinho. A partir daqui as propostas de traçado até Évora divergem. Francisco Bilou propôs um traçado pela parte sul do concelho de Montemor-o-Novo com base nos fustes de possíveis miliários por ele identificados no Monte da Prata, Monte da Venda, Monte dos Andrades, Valverde/Herdade da Mitra e Esparragosa (Bilou, 2000, 2000a, 2005), caminho que Mário Saa designou por «Estrada dos Almocreves» (Saa, 1963: 83). Apesar da sua possível utilização já em período romano não é seguro que a via romana de Alcácer do Sal a Évora seguisse este caminho dado que a distância medida entre as duas cidades por este traçado ronda as 40 milhas, valor bem inferior às 44 milhas indicadas no Itinerário de Antonino para este troço. Por outro lado, este caminho apresenta uma aparente descontinuidade entre o Monte dos Andrades e a Herdade da Mitra. Alguns destes fustes poderão ser antes colunas reaproveitadas e não miliários (Almeida MJ, 2017). Sendo assim, optamos por reconstituir o traçado mais a sul que tinha já sido proposto no século XVI por André de Resende seguindo pelas extremas das herdades situadas no limite norte do termo de Alcáçovas rumo ao sítio romano de Ns. de Tourega, sobre o qual temos umas preciosas notas coligidas no século XVIII pelo Frei Francisco de Oliveira e publicado em 1767 no «Roteiro Terrestre de Portugal» do Padre Baptista de Castro. Neste relato são indicados os pontos de passagem da via com algum detalhe, mas as grandes transformações da paisagem em resultado da actividade agrícola na vasta planície entre o Rio Mourinho e Tourega, praticamente sem obstáculos naturais, e a quase total ausência de vestígios romanos (com a excepção do destruído sítio da Herdade de Água d'Elvira dos Padres), não permitem no entanto reconstituir um traçado seguro. Seguidamente transcreve-se o texto do «Roteiro», indicando entre parênteses a sua provável correspondência com os topónimos actuais (Castro, 1767, Páscoa, 2002).
Alcácer do Sal (SALACIA) (partindo a base do morro do castelo continua pela Calçada da Fonte Nova, rua das Douradas, rua Rui Coelho, rua 5 de Outubro e rua Miguel Bombarda, marginando a necrópole do Bairro do Crespo, continua pela rua Cabo da Vila e rua da Foz, passando junto da villa? do Olival de Ns. d'Aires, m.p. I, rumando depois para nordeste por uma rota próxima da actual EN235 ao longo da margem direita da ribeira de Sta. Catarina de Sítimos, passando próximo da Ermida de S. Brás, m.p. III, onde existiam dois fustes de colunas e um capitel de uma possível villa, e continua pelas herdades da Arcebispa e de Galropos) Monte dos Carvalhos de Baixo, Pego do Altar (m.p. VII; miliário anepígrafo na divisória entre freguesias; possível local de travessia da ribeira de Sítimos dado que na margem oposta há vestígios de villa em Pedrões; a via continua pelas herdades das Lezírias e Lapa de Baixo/«Alagapa de Baixo») Santa Susana (m.p. X; villa ou vicus da Portagem, provável mutatio; Resende e mais tarde Breval transcrevem um miliário de Caracala achado na margem do «Riuo Maurino», actual ribeira de Rio Mourinho, possivelmente junto do local onde a via cruzava a ribeira e vencia a milha XI, local actualmente submerso pela albufeira da barragem do Pego do Altar [CIL II 434; Resende, 1593: 149-150, Breval, 1726]; continua na outra margem pela EM1066 e pela «Estrada da Calçadinha» na Herdade da Biscaínha e Monte da Caeirinha) Monte da Defesa, Alcáçovas (o Fr. Oliveira refere aqui uma «coluna») Água d' Elvira Grande (continua talvez pela divisória entre o Herdade de Água d'Elvira dos Padres, a sul e a Herdade do Pigeiro Grande, a norte, continua próximo de Casões do Monte Figueira, passa junto ao poço do Monte do Reguengo, passa no Monte da Paiôa e Monte de Alcalá) Travessia da ribeira de S. Brissos (m.p. XIII; no «Porto de Alcalá»?) Monte dos Tabuleiros de Baixo (m.p. XII; André de Resende refere dois miliários «in preadio quod vocat Tabularios», dando um como ilegível e o outro como um miliário de Maximiano, CIL II 433*, indicando 12 milhas, o que corresponde à distância deste local a Évora (Resende, 1593: 151); Mário Saa ainda fotografou um deles, mas actualmente estão ambos desaparecidos; a via continua pelo Monte dos Tabuleiros, Monte do Zambujeiro, onde apareceu o epitáfio de Mailoni, e Quinta de S. Jorge, a X milhas de Évora) N. Sra. da Tourega (m.p. IX; fuste de coluna ou miliário junto da Igreja da Ns. da Assunção, no acesso à magnífica villa das Martas; Resende registrou uma inscrição funerária colocada por Calpurnia Sabina ao seu marido Quinto Iulio Maximo, questor da província da Sicília, eleito tribuno da plebe da província Narbonense, designado pretor da Gália e aos seus dois filhos, quatuórviros responsáveis pela manutenção das vias, «IIIIviro viarum curandarum», CIL II 112, actualmente no Museu de Évora; Resende, 1593:152-153) Herdade do Barrocal (m.p. VII; miliário anepígrafo tombado junto da via, uma milha para nascente do monte, talvez indicando 6 milhas a Évora; daqui seguia para a travessia da ribeira da Viscossa ou de Peramanca, onde há vestígios de calçada na margem esquerda) Cabida (m.p. V; junto do cruzamento que dá acesso à Quinta do Pomarinho existe a base de um miliário provavelmente do tempo de Décio dado que em 1997 o respectivo fuste epigrafado apareceu mais adiante, junto do caminho que deriva da EN380 para o Monte das Flores, estando actualmente no Convento dos Remédios em Évora; FE 469) Esparragosa (m.p. II; possível fuste de miliário anepígrafo 50 m a poente do marco geodésico/moinho; continua talvez pela Av. São Sebastião e rua Serpa Pinto até ao Templo de Diana, acrópole de Ebora). Évora (EBORA) (mansio a XLIIII milhas de Salacia; a via entrava na cidade pela Porta do Raimundo e discorria pela decumanus, a antiga «rua da Sellaria/Selaria», actual rua 5 de Outubro, até ao forum junto do chamado Templo de Diana; excelente colecção de epigrafia no Museu de Évora; impressionantes Termas Públicas na Praça de Sertório, dentro do edifício da câmara municipal) A partir de Évora, a via continuava a sua rota para Emerita passando nas três estações referidas no Itinerário XII, Ad Atrum Flumen, Dipo e Evandriana cujas localizações ainda levantam muitas dúvidas; seguramente que existem incongruências no itinerário porque as 47 milhas indicadas entre Évora e Mérida (cerca de 75 km) não correspondem à distância entre estas duas cidades que ronda os 190 km. Para a primeira estação depois de Évora, Ad Atrum Flumen, literalmente «junto ao rio Atrus», o itinerário indica apenas 9 milhas (14,4 km) o que colocaria a mansio junto da ribeira da Pardiela na rota norte, mas é duvidoso que estes pequenos cursos água justificassem uma mansio por si só. Seguindo as distâncias expressas no itinerário então Dipo poderia situar-se em Évora Monte, onde há miliário, e a estação seguinte, Evandriana teria que estar 17 milhas adiante pelo que seria impossível que estivesse também a 9 milhas de Mérida, a não ser que existam estações intermédias omissas no itinerário. Assim é mais provável, conforme sugerido por trabalhos mais recentes (Gorges e Rodríguez Martín, 1999: 253-259; Almeida et al., 2011) que estas incongruências surjam da junção de duas vias, uma ligando Olisipo a Ebora e outra entre Ebora e Emerita pelo que a partir de Évora, as milhas indicadas devem ter como caput via Mérida, a capital provincial, pelo teríamos de ler o itinerário no sentido inverso, ou seja as distâncias são indicadas a Mérida e não a Évora. A ser assim, Ad Atrum Flumen estaria a 38 milhas de Emerita, o que corresponde à distância da capital da Lusitânia ao rio Xévora, o rio Atrus na era romana, actual fronteira luso-espanhola (Gorges e Martín 1999 e 2000; Almeida et al., 2011). Assim, a partir de Évora a via seguia um corredor natural por Évora Monte e Estremoz que contorna a Serra da Ossa pela sua vertente norte e continuando depois a norte da actual EN4 pelo Monte de Alcobaça e Atalaia dos Sapateiros até Elvas. Daqui seguia para o cruzamento do rio Guadiana junto a Badajoz continuando depois para Mérida. Ao contrário dos outros itinerários para Mérida que seguiam pela margem direita do Guadiana, este itinerário seguia muito provavelmente pela margem esquerda, atendendo que passava numa estação viária, Evandriana, apenas referida neste Itinerário XII. (vide Bilou, 2000, 2000a, 2005; Calado, 1993; Mataloto, 2001; Almeida, 2000; Almeida et al., 2011; Carneiro, 2011). Évora a Estremoz Évora (sai da cidade pela Porta de Machede seguindo o caminho rural por Quinta das Nogueiras e Quinta da Piedade; a recente descoberta de uma necrópole na Escola Secundária Gabriel Pereira poderá estar relacionada com esta via) Travessia do rio Xarrama no sítio do Porto (continua paralela à linha férrea próximo da Quinta do Sande, Quinta da Retorta e Quinta da Lagardona em Garraia; no caminho de acesso ao Montinho da Piedade existem 4 possíveis miliários ou colunas reaproveitados como suporte duma laje) Travessia do rio Degebe (da ponte nova segue à direita por um caminho rural paralelo à linha férrea pelo Monte de Vale Figueirinha) Monte da Sousa da Sé (m.p. VI; um miliário anepígrafo à entrada do largo, fragmentado em duas partes, e um monólito em forma de menir, possível miliário; continua pelo caminho rural paralelo à linha férrea até à travessia da ribeira da Fonte Boa ou do Freixo) Monte do Freixo (m.p. VII; daqui segue o caminho rural e depois em calçada por 2,5 km) Castelo Ventoso (m.p. X; inscrição funerária no Monte da Machoqueira; continua pelo Monte do Almo) Monte da Venda, Azaruja (m.p. XII; provável mutatio dado que aqui existem 2 miliários anepígrafos partidos em 3 fragmentos e vários vestígios espalhados por uma vasta área entre os quais apareceu uma placa funerária de Tullius Modestus, IRCP 407, actualmente no Museu de Évora; ara votiva a Salus na Igreja de S. Bento do Mato; continua por Monte da Torre?) Évora Monte (m.p. XIX; a pia baptismal da Igreja de Sta. Maria, antiga da Ns. da Conceição, reaproveita um miliário de Crispo, Licínio e Constantino II, IRCP 674; no entanto o miliário poderia estar originalmente no sopé do monte junto da via, eventualmente nas proximidades do sítio romano da Ermida de S. Marcos, onde poderia existir uma mansio pois está a 19 milhas de Évora; a ser assim, a via passaria na base da vertente ocidental do morro, seguindo talvez por Atafona e Roque até ao apeadeiro, continuando depois paralela à linha férrea, contornando o Outeiro Ruivo rumo à travessia da ribeira de Têra junto no Pego do Sino, antigo local de travessia onde há memória de ter existido uma ponte; daqui seguia talvez por Herdadinha, Monte das Freiras, Aldeias, Castelo, Folgado, Azenha da Estrada, Estalagem, Ermida de S. Lázaro e Ferrarias) Estremoz (m.p. XXX; oppidum romano? castro?; provável vicus marmorarius em torno da Capela da Sra. dos Mártires, a sul da cidade, associado a uma estrutura para contenção de água conhecida por «Tanque dos Mouros», ao km 145 da EN4; aqui poderia existir uma mutatio ou mansio dado que em 1784 apareceu num local próximo conhecido por «Horta do Agacha», um miliário talvez a Crispo, Licínio e Constantino II, IRCP 675; também aqui apareceu um raro monumento votivo a Cibeles, a Mater Deum, erigido pelo liberto Iulius Maximianus que poderia estar junto da via, IRCP 440; Carneiro, 2011) Estremoz a Elvas Estremoz (a via segue talvez pela actual Estrada Municipal por Mamporcão, S. Domingos de Ana Loura, passando nos topónimos viários 'Estalagem', 'Carris', 'Estalagem da Raposa' e 'Venda do Ferrador', até atingir a povoação de Orada onde cruza a ribeira de Alcaraviça, seguindo depois pelo caminho do cemitério que seguia junto do arruinado Monte da Presa, mas todo este troço foi destruído pela actividade agrícola, reaparecendo mais adiante como divisória entre os concelhos de Elvas e Monforte, a sul da Serra de Aires, continuando por 5 km por um troço ainda bem preservado até ao Monte de Alcobaça) Herdade de Alcobaça (m.p. XLIII; dois miliários; o miliário de Caracala está actualmente no Museu Arqueológico de Vila Viçosa, IRCP 679, e o outro é um miliário de Diocleciano e Maximiano indicando 65 milhas a Mérida, IRCP 670, actualmente no MNA, indiciando que esta região estaria já em território Emeritense; a via cruza a casas do monte e segue por mais 5 km até Alcarapinha) Monte de Alcarapinha (m.p. XLVI; necrópole e fragmento de um miliário ilegível junto da esquina do monte reutilizado como marco divisório) Atalaia dos Sapateiros (m.p. XLVIII; na base do povoado deveria existir uma estação tipo mutatio ou mansio de apoio à via; no seu trajecto para Elvas a via margina as villae do Monte de S. Romão/Serra Branca, Carrão e Trinta Alferes, seguindo junto do Monte das Casas Velhas, Monte do Menino d'Ouro e Calçadinha, significativo topónimo viário que assinala a passagem da via na entrada oeste da cidade de Elvas; Almeida MJ, 2000; Carneiro, 2011).
Elvas (m.p. LIV; a via seguia pelo Chafariz de El-Rei e Horta da Cabeça para depois contornar a elevação de Elvas pelo vertente norte, continuando por Horta do Moreno, junto da necrópole de Papulos, e Herdade de Torre da Fonte Branca, onde apareceram duas aras dedicadas a Proserpina, indiciando a existência de um santuário neste local; a partir daqui o percurso é incerto pois depende do local onde se fazia as travessias dos rio Caia e Guadiana; admitindo a travessia deste último junto de Badajoz, a sul da confluência do rio Xévora, a via poderia seguir próximo da estrada actual rumo à travessia do rio Caia a sul do Monte das Caldeiras onde apareceu uma inscrição funerária de Festivus, e a norte da villa de Alfarófia num local conhecido por «El Rincón de Caya» onde teria existido um ponte que é noticiada em 1926 já em ruína (Almeida MJ, 2000; Carneiro, 2011). AD ATRUM FLUMEM (mansio a 38 milhas de Mérida) Segundo o itinerário, Ad Atrum Flumen, literalmente «junto do rio Atrus», distava 38 milhas de Mérida, o que coloca esta mansio junto da confluência do rio Xévora/Gévora no Guadiana, junto a Badajoz; outra possibilidade seria cruzar o rio 6 km mais a norte, junto da actual povoação de Gévora, dado a aqui apareceu um miliário de Carino provavelmente da milha 37 (Almeida et al., 2011). A rota daqui a Mérida continua em discussão, mas é provável que seguisse pela margem esquerda do Guadiana, dado que não existem estações comuns com as vias XIV e XV, os outros dois itinerários para Mérida que seguiam pela margem direita; por outro lado temos um miliário de Magnêncio indicando 16 milhas junto à villa da Torre Águilla em Barbaño (Montigo, Badajoz), sítio que estaria na margem esquerda do rio em época romana, mas que hoje está na margem direita devido a importantes alterações do curso do Guadiana. Consequentemente deverá procurar-se as mansiones de Evandriana, a 9 milhas de Mérida e de Dipo, a 26 milhas, na margem esquerda do Guadiana, respectivamente nas imediações de Torremayor e Talavera la Real. (Gorges e Martín, 1999) Travessia do rio Guadiana (Anas) Badajoz (segue talvez pelo designado «Camiño Viejo» por Atalaya, cruzando a divisão administrativa entre Badajoz e Talavera la Real que coincide com a milha 28 a Mérida) DIPO (talvez Talavera la Real, a 26 milhas de Mérida; seguiria depois o «caminho velho de Lobón», atravessando o rio Guadajira até atingir a milha 17 nas proximidades de Lobón ou em Turunuela) EVANDRIANA (a 9 milhas de Mérida, talvez na villa romana de La Floriana em Torremayor) AUGUSTA EMERITA (Mérida) (caput viarum a 161 milhas de Lisboa) |
VIA XIII - A SALACIA OSSONOBA m.p. XVI |
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ITINERÁRIO XIII - Alcácer do Sal (SALACIA - Faro (OSSONOBA)
A SALACIA
OSSONOBA m.p. XVI |
VIA XIV - Alio itinere ab OLISIPONE EMERITAM m.p. CLIIII |
![]() Ponte de Sor ![]() ![]() ![]() Alter do Chão ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() Campo Maior ![]() Enxara ![]() |
ITINERARIO XIV - Lisboa (OLISIPO) - Alter do Chão (ABELTERIO) - Mérida (EMERITA)
Alio itinere ab
OLISIPONE EMERITAM ARITIO PRAETORIO ABELTERIO MATUSARO AD SEPTEM ARAS BUDUA PLAGIARIA EMERITA m.p. CLIIII m.p. XXXVIII m.p. XXVIII m.p. XXIIII m.p. VIII m.p. XII m.p. VIII m.p. XXX Lisboa (OLISIPO) Alenquer (IERABRIGA a 30 milhas) Santarém (SCALLABIS a 32 milhas) Itinerário de Santarém a Aritium Praetorio Santarém (cruzava o rio Tejo a partir do cais da Ribeira de Santarém; segundo Francisco d'Hollanda existia uma «ponte de fundação romana» sobre a Vala Velha em Terrugem, mas actualmente as margens do rio estão muito alteradas e não há certezas sobre o trajecto da via; não sabemos se a ponte era de facto romana, mas é muito plausível que a via seguisse este trajecto até porque a contagem miliária parece ter início nesta vala; eventualmente aqui seria a antiga margem do Tejo no período romano) Almeirim (numa área a norte da povoação há notícia de um miliário na Fábrica de Tomate, 2 miliários em Goucharia e outro miliário na Quinta da Goucha, ou seja, todos concentrados em torno da actual divisão concelhia junto da Vala de Alpiarça, onde existia um acampamento militar romano designado por «Alto dos Cacos» e um povoado de longa diacronia designado por «Cabeço da Bruxa», certamente relacionados com este local de passagem; assim o miliário da Fábrica de Tomate indicaria possivelmente a milha I, seguindo depois pelo miliário da Casa da Goucha na milha III, cruzando aqui a Vala de Atela) Alpiarça (o acesso ao planalto era controlado pelo acampamento militar romano do «Alto de Castelo», seguindo talvez por Casalinho e depois, num traçado mais seguro, pelo caminho de festo que ascende ao planalto passando nos altos do Sartel, Ameixial, Sete Sobreiros, Canavial, Perna Seca, nó viário na milha XV, Santa Maria, Anafe, Caniceira e Aranhas, na divisão entre os concelhos de Chamusca e Abrantes, marginando depois as nascentes da ribeira de Ulme/ rio Alpiarça, as «Fontes de Alpiarça» como dizia Resende, até cruzar com a via romana proveniente da Golegã na «Encruzilhada das Mestas») Venda das Mestas (m.p. XXX; também designada por «Cevo de Muge» e «Sete Azinheiras»; Francisco d'Holanda refere aqui "calçadas"; Resende refere 4 miliários; no «Roteiro Terrestre» é designada como «Estallagem da Vendinha ou das Mestas») Alto da Abegoaria (m.p. XXXII; continua pelo caminho de festo) Lagoa da Extrema do Copeiro/Barreiro (m.p. XXXIII; sítio romano, possível casal; a via continua até ao geodésico de Vale do Zebro onde entronca na EN2, ao km 425, com a milha 35 a ser vencida próximo do km 426) ARITIO PRAETORIO m.p. XXXVIII A estação viária de Aritio Praetorio deveria situar-se na área da Herdade de Água Branca de Cima dada a concordância com as distâncias indicadas no I.A., ou seja 38 milhas a Santarém e 28 milhas a Abelterio; todo o vale da herdade apresenta vestígios romanos que deverão estar associados à função viária, mas nunca foram escavados; no marco geodésico de Água Branca Mário Saa ainda viu vestígios de rodados na via, inflectindo aqui para sul pelo caminho de terra e linha de festo que divide os concelhos de Abrantes e Ponte de Sor até ao Alto de Bufão, marginando um sítio romano de cariz viário nesta encruzilhada de caminhos que poderia ser um posto de controlo da via, mencionando ainda a descoberta em 1944 de um tesouro numismático da época republicana (Saa, 1956); duas moedas de bronze com banho de prata (Lizandro et al., 1987); a via continuava sob a EN2 próximo do Monte Padrão (Alto do Padrãozinho), possível referência a um marco da estrada e entrava na cidade de Ponte de Sor pela estrada de Foros de Domingão. Ponte de Sor (m.p. XLIV; no século XVI Bronseval refere uma pontem lapideum possivelmente romana da qual restam apenas algures silhares reutilizados nos arcos do lado poente da ponte actual reconstruída em 1822; nas obras do mercado municipal em 1990 apareceu uma lápide de carácter monumental consagrada ao imperador TRAIANUS, FE 162) Itinerário de Ponte de Sor a Abelterium (Alter do Chão) O troço seguinte ligava Ponte de Sor a Alter do Chão onde surgia nova mansio seguindo um percurso hoje praticamente seguro dado o grande número de miliários que pontuam o seu percurso que inclui a passagem na monumental ponte de Vila Formosa (vide Pereira, 1912 e 1937; Saa, 1956; Alarcão, 2006a; Carneiro, 2008 e 2010); logo após Ponte de Sor temos um miliário de Probo talvez da milha 46, IRCP 668, recolhido em 1910 por Leite de Vasconcellos no «Monte dos Casamentos», na junção da ribeira do Vale do Bispo com a ribeira do Andreu; daqui seguia pelo «Vale da Rainha» e Monte de Cabeceiros, com um miliário anepígrafo talvez da milha 48, seguia depois junto do miliário de «Coutadas» onde apenas de lê CONSTA... e do miliário da «Torre das Vargens» onde apenas de lê as letras AV[…]CO, até à Capela da Ns. dos Prazeres, na confluência das ribeiras do Vale de Açor e do Monte Novo, onde Mário Saa recolheu um miliário de Tácito, IRCP 666a, que está actualmente em exposição na Fundação Paes Teles no Ervedal; continua pelo Monte do Freixial, onde apareceu uma coluna honorífica e possível miliário onde apenas se lê BONO R P rumo ao sítio romano da Fonte da Cruz, provável mutatio onde em 1976 apareceu a parte inferior de um miliário (RP 6/95) e mais quatro fragmentos; um desses fragmentos corresponde à parte superior e lê-se apenas as letras IMP CAE, FE 667; um miliário anepígrafo apareceu junto do caminho paralelo à margem direita da ribeira do Monte Novo, 500 m a montante da Fonte da Cruz; Frei Bernardo de Brito, transcrevendo André de Resende, faz referência a um miliário «adiante de Ponte de Sor» supostamente do tempo do imperador Lúcio Vero, onde se leria «AB EMERITA / m.p. LXXXXVI», ou seja marcaria 96 milhas a Mérida, a real distância desta mutatio a Mérida; referência a outros possíveis miliários em «Vale do Contador» (?) e «Camoa» (?); a partir da Fonte da Cruz a via atravessava a herdade do Vale da Estrada, passava a norte do Alto de S. Marcos, junto de um sítio romano onde apareceu um miliário com inscrição talvez da milha 54, seguindo depois paralela à EN119 por Lameira, novo miliário, e pelo Monte da Coreia, onde ainda lá está um outro miliário anepígrafo in situ talvez da milha 56. Ponte Romana da Vila Formosa, sobre a ribeira de Seda (a ponte romana melhor conservada do sul de Portugal com 6 arcos de volta perfeita e a única que ainda mantém o lajeado original da faixa de rodagem; em 1912, Félix Pereira indicava vários miliários nas proximidades da ponte, todos anepígrafos, o miliário a norte do marco geodésico de Vale do Gato, o miliário do Monte da Celada/Selada, partido e talvez deslocado da milha 63 no Monte do Ensopado, outro no «sítio da Celada», o miliário em Vale Perlim/ Vale da Arrabaça e ainda mais 2 marcos separados por 3 a 5 km em Rascão; Pereira, 1912; a via continuava na outra margem junto do sítio romano de Santa Luzia, possível mutatio, percorrendo depois terrenos da Herdade do Monte Redondo e marginando os sítios romanos da Casa de Alvalade, onde apareceu um fragmento de miliário, FE 662, e do Monte da Porra, seguindo depois pelo Alto do Vale da Pia, cruza o IC3 em Arribada das Colmeias na Herdade da Torrejana, onde há vestígios de um troço lajeado, pelo caminho público que delimita a Coudelaria Real até Alter do Chão; Carneiro, 2011) ABELTERIO m.p. LXVI A mansio de Abelterium referida no Itinerário corresponde sem dúvida a Alter do Chão com base nas distâncias indicadas pelo Itinerário, nos vestígios da imponente villa de Ferragial d'El Rei no topo SE do campo de futebol, possivelmente a própria mansio, o miliário de Constâncio Cloro (FE 374) que está actualmente numa casa particular e acima de tudo na menção explícita ao nome do povoado num grafito gravado num imbrex descoberto em 2009 (Encarnação, 2010). A localização do povoado indígena no entanto poderia ser em Alter Pedroso, presumível castro fortificado da Idade do Ferro onde apareceu uma estela funerária com o epitáfio de Sica, actualmente no Museu de Elvas. Itinerário de Alter do Chão a Assumar pela «Estrada do Alicerce» A via romana continuava para Arronches pela chamada «Estrada do Alicerce», deturpação do termo árabe «al-rasif», velho caminho que assenta sobre a via romana e ainda hoje bem marcado na paisagem, seguindo por Assumar e a sul de Arronches rumo a Degolados, perto da qual deverá ser situada a mansio da Ad Septem Aras, servindo de linha divisória entre os concelhos de Alter do Chão, Crato, Monforte e Portalegre; em 1937, Félix Alves Pereira descreve o percurso pelos topónimos Almarjão, Retaxo, Amoreira, Escravides, Monte do Mouro, Tapada do Alicerce, Monte da Soeira, Rabasca, Revelhos, Azeiteiros e Adens (Pereira, 1937); Mário Saa por sua vez indica um percurso por Chancelaria, Ribeiro do Freixo, Ronha, Bedanais, Caldeireiros e Monte Grande até Assumar (Saa, 1958). Recentes estudos de André Carneiro permitiram uma melhor definição do percurso e abre possibilidades para a sua valorização (Carneiro, 2004, 2011). Partindo de Alter do Chão, a via romana seguia para leste sempre recto, passando a norte do Monte dos Tapadões, entre o Cabeço da Azinheira e Alter Pedroso, até à Horta do Pote onde inflecte para nordeste pelo Monte do Carrão e Cascalheira, topónimos viários, passa na base do Alto de S. Martinho, cruza a ribeira da Navalha (possível miliário) e segue rumo ao Monte da Chancelaria, daqui desce à ribeira do Freixo cruzando a linha férrea no sopé da elevação da Cabeça Alta, continua a sul do Monte da Silveira e do Monte da Chaminé, cruza o IP2 e continua pelo caminho que margina o sítio romano do Monte dos Escudeiros situado a sul do Monte do Alcaide, onde entronca na EM1099, seguindo por esta pelo Monte das Canas, onde há marcas de rodados, até à Fonte da Vila. Assumar (m.p. LXXXIII; contorna a povoação pelo norte e continua pela «Estrada do Alicerce» que corresponde ao estradão em terra que segue paralela à linha férrea e que serve de linha divisória entre os concelhos de Monforte e Arronches, atingindo a milha 84 no cruzamento com o caminho de acesso ao Monte Joana Dias). Arronches (continua entre a Quinta do Carrefe, provável deturpação do topónimo viário «Arrecefe», e o Monte da Torre, marginando um sítio romano designado por «Estalagem», possivelmente associado a uma mutatio na milha 86, onde apareceu uma ara, seguindo depois pela encruzilhada de Belmonte/ Monte d'El-Rei, passando junto do Povoado pré-romano de Safra/ Safara junto do marco geodésico, continuando pelo Monte da Tapada do Diogo, cruza a EN246 e segue rumo ao Porto das Escarninhas onde cruzava o rio Caia numa ponte da qual restam alguns silhares no leito do rio). MATUSARO m.p. XC Neste local a sul de Arronches, também conhecido por «Porto do Caia» ou «Porto das Escarninhas», a via romana cruzava o rio Caia na «Ponte Velha», existindo pouco antes vestígios de uma estação romana num local onde recentemente apareceu uma ara a Mercúrio, divindade protectora dos viandantes, FE 606, sugerindo uma possível localização da mansio neste local, mas os parcos vestígios e ausência de termas não permitem ainda uma localização definitiva (Carneiro, 2011, 2014). Um pouco afastado da via (a cerca de 3 km para sul), apareceu um miliário na Ermida da Ns. do Carmo, actualmente em ruína, que poderá ter sido deslocado; no entanto, também poderia assinalar uma via para sul rumo a Sta. Eulália (?). Itinerário de Matusaro a Ad Septem Aras A via romana continua próximo do Monte da Figueira de Baixo, Monte Branco, Monte Folinhos e Monte de Revelhos, onde no caminho de acesso existe o fuste de um possível miliário como marco de propriedade; cruza a ribeira de Revelhos junto da arruinada Igreja de S. Bartolomeu, provável villa ou estação viária onde apareceu uma ara votiva a Libera, IRCP 567; a via continua para leste marginando a norte o Monte da Calaça e Monte da Corredoura e a sul o Monte da Granja do Peral, onde existe um fuste de coluna ou de um possível miliário, continua pela base do Alto de Perdigão a norte do Monte dos Judeus, seguindo rumo ao Alto dos Morenos onde cruza a EN371, local situado na divisória concelhia, continuando pelo estradão até ao Posto Fiscal de Azeiteiros (Carneiro, 2011, 2014). AD SEPTEM ARAS m.p. XCVIIII Designada literalmente como «junto das sete aras», esta estação viária a 32 milhas de Alter do Chão estaria localizada próximo da aldeia da Ns. da Graça dos Degolados, vencendo a milha 32 próximo da divisão concelhia; daqui partia um diverticulum para a mina romana do Monte Alto, indiciando a existência de um nó viário; a localização da mansio continua todavia incerta, com as opiniões a dividirem-se entre na própria aldeia de Degolados ou no vasto campo de ruínas romanas em torno da actual regolfo da barragem do Caia. De facto, André Carneiro identificou um impressionante troço da via ainda preservada que parece derivar da via principal com orientação NW/SE com possível origem na Igreja de S. Bartolomeu, local de travessia da ribeira de Revelhos, seguindo depois pelo antigo caminho pelo Monte das Furadas e da Horta Nova, entretanto destruído, rumo à travessia da ribeira da Agulha no sopé do Monte do Reguengo, junto da arruinada Igreja de Ns. da Lameira, a partir da qual ainda restam os vestígios da velha calçada seguindo na direcção do Monte das Freiras, perdendo-se pouco depois o seu rasto dado estar hoje submerso pelo regolfo do rio Caia; este trajecto poderia cruzar o Caia junto do Monte da Alentisca ou mais a nascente, junto da ermida de Santa Catarina onde há notícia de uma ponte em pedra e onde apareceu uma ara dedicada a Belona (FE 207); na outra margem o caminho parece seguir em direcção à ribeira da Água de Banhos (Carneiro, 2011) talvez de encontro à via de Évora a Mérida integrada no Itinerário XII. Itinerário de Ad Septem Aras a Budua Avançando pouco mais de 2 milhas chegamos ao Posto Fiscal de Azeiteiros, onde existe um possível miliário. Neste local a via bifurcava em duas variantes. Ambas as variantes são pontuadas por vestígios romanos percorrendo sensivelmente a mesma distância a Budua, cerca de 12 milhas conforme indicado no I.A. (Carneiro, 2011), o que torna difícil definir qual seria o traçado indicado no Itinerário. A sua existência justifica-se pela existência de dois pontos de travessia do rio Gévora, um seguindo por Campo Maior e outro rumo à imponente Ponte Romana da Ns. da Enxara que apesar de arruinada, ainda apresenta impressionantes alicerces sem dúvida romanos, pressupondo uma ponte com bastante envergadura para vencer o antigo leito do rio, actualmente desviado. Tem sido associada às ruínas romanas junto da Ermida de Nuestra Señora de Bótoa, topónimo que remete claramente para esta mansio; no entanto há indícios de que a estação viária estivesse junto da travessia do rio Gévora.
Itinerário XIV de Degolados a Campo Maior Derivando da anterior no Monte do Marco Alto, provável referência a um miliário, a via inflectia para sudeste pela Malhada dos Covões e marginando a importante villa do Monte das Argamassas, com uma possível função viária dado que está a 6 milhas de Degolados. Campo Maior (m.p. CIII; vicus e mutatio junto da Ermida de S. Pedro dos Pastores, onde aparecerem muitos vestígios romanos entre os quais dois miliários, um miliário de Domiciano (?), regravado, onde se lê «EMERITE», actualmente no Museu Municipal, FE 114, e um miliário de Severo Alexandre, actualmente desaparecido onde se leria 53 milhas a Mérida; FE 115; no entanto, atendendo a que distância entre Campo Maior e Mérida não ultrapassa as 43 milhas, é muito provável que a transcrição que chegou até nós esteja errada omitindo o numeral «X» inicial que daria «XLIII» milhas e não as «LIII» milhas referidas. Admitindo este acerto, a marcação miliária ajusta-se ao terreno, com a mutatio de S. Pedro a 5 milhas de Ad Septem Aras em Ns. Da Graça dos Degolados e a 7 milhas de Butua localizada junto da travessia do rio Xévora, ou seja perfazendo as 12 m.p. indicadas no Itinerário de Antonino). Itinerário XIV de Campo Maior a Budua: Do vicus viário de Campo Maior a via dirigia-se para nascente rumo ao Monte Castro, seguindo talvez pelo Alto da Defesa de S. Pedro, Monte da Cabeça Gorda, Cancelinha e Monte do Bicho, ou em alternativa pela Ribeira dos Cães, passando assim próximo da villa do Monte do Muro e da respectiva barragem ainda bem conservada (Carneiro, 2011). BUDUA (m.p. CX) A localização da mansio continua incerta. Tem sido associada à Ermida de Nuestra Señora de Bótoa atendendo aos vestígios de edifícios junto do santuário e ao facto de distar 38 milhas de Mérida. No entanto, partindo do referencial Abelterium, esta mansio poderia localizar-se antes da travessia do rio Caia, junto do Monte Castro, onde há ruínas classificadas como villa, mas que poderá ser os restos desta estação viária. De facto, na bifurcação junto do casa do monte apareceram duas aras anepígrafas eventualmente relacionadas com um santuário associado a este nó viário. Junto deste local existia também vestígios de estruturas fortificadas, entretanto destruídas por trabalhos agrícolas no sítio romano dos Casarões da Misericórdia (Carneiro, 2011). Além disso este local dista 12 milhas de Degolados, o que está de acordo com o indicado no Itinerário. Do Monte Castro, a via continua para a travessia do rio Xévora e logo depois vai cruzar o rio Zapatón junto da quinta «Rincón de Gila», subindo daqui à Ermida de Nuestra Señora de Bótoa. Daqui dirigia-se para a mansio de Plagiaria distante de 8 milhas segundo o itinerário. PLAGIARIA (m.p. CXVIII; a localização exacta desta estação é desconhecida; segundo o Itinerário estaria a 30 milhas de Mérida, mas é difícil traçar um percurso por uma paisagem profundamente alterada. Pela distância a Mérida poderia localizar-se próximo de La Novelda del Guadiana, junto da travessia do rio Guerrero. Em Novelda existe a «Calle Calzada» eventualmente em referência à via que seguiria depois por Pueblonuevo del Guadiana (necrópole de Torrebaja), Valdelacalzada, Puebla de la Calzada, Torremayor, La Garrovilla e Esparragalejo (villa ou mutatio?), cruzando depois o rio Aljucén, entraria em Mérida pela Ponte Romana das Albarregas; Gorges & Martín, 2000) AUGUSTA EMERITA (Mérida, caput via) |
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Ramais derivando do Itinerário XIV de Lisboa a Mérida O Itinerário XIV é cruzado por diversas ramais que com uma orientação preferencial NO-SE, procurando as linhas de festo entre ribeiras de modo a evitar o seu cruzamento. Esta rede ainda mal conhecida teria pelo menos quatro grandes eixos, sendo que três deles dirigiam-se ao rio Guadiana (2019):
Eixo 1: Itinerário de Ponte de Sor ao Guadiana por Estremoz Inicialmente a via seguia talvez por Valongo rumo à travessia da ribeira da Seda e de Sarrazola em Benavila (vários materiais romanos reutilizados na construção da Capela de Ns. de Entre-Águas, em particular o epitáfio de Lobesa encastrado na parede, CIL II 165/ IRCP 459, e um possível Miliário de servir de coluna que poderia indicar uma estação tipo mutatio; Ribeiro, 2006; ara aos Bande Saisabro no Monte do Castelo; FE 206), seguindo depois pelo Alto do Chafariz (ponte?), junto do Poço das Grandezas, Monte da Torre, onde atravessa a ribeira Grande para o Monte da Calçadinha, Ervedal (junto do povoado no sítio da Ladeira, onde apareceu uma ara consagrada a Fontano junto de uma fonte, IRCP 437; epitáfio de Hegesistrate proveniente da villa junto da Capela da Defesa de Barros; em Maranhão, no sítio do Castelo, junto da villa de Bembelide, apareceu uma ara votiva a Bandi Saisabro, actualmente no Museu de Avis, FE 206), continua por Vale da Telha e próximo da villa da Represa (barragem dita «Ponte dos Mouros») até Cano, continuando depois pela base do Povoado de S. Bartolomeu (com a importante villa da Torre do Álamo/Torre de Camões 2 km a poente), continua pela villa de Sta. Vitória do Ameixial (possível mutatio a 6 milhas de Estremoz), seguindo depois a sul da EN245 pelo caminho que margina os montes das Freiras, da Estrada, da Folgada, do Carraço/Venda da Porca e o Monte da Cerca até tocar a linha férrea, contorna o outeiro de Estremoz pelo lado norte.
Eixo 2 Ponte de Sor - Arraiolos - Évora Este itinerário continua muito inseguro, podendo ter origem no nó viário de Fonte da Cruz, 7 milhas este de Ponte de Sor, dirigindo-se para sul rumo a Santana do Campo, Arraiolos, Sempre Noiva e finalmente Évora (Bilou, 2000a; Carta Arqueológica de Abrantes); no entanto o traçado continua duvidoso até Santana do Campo, podendo eventualmente seguir por Cabeção (villa no cemitério) para cruzar a ribeira da Raia em Reguengo, continuando a oeste de Pavia por Portela, Sta. Madre de Deus, Monte da Tramagueirinha e Monte dos Olheiros, onde cruza a ribeira de Divor (junto da Torre das Águias), seguindo depois a «Estrada da Cumeada» pelo Alto da Cruz, Monte da Almoinha, Monte dos Fretos e Alto do Seixo. Santana do Campo, Arraiolos (Calantica?) (vicus e provável mutatio? a 17 milhas de Évora; a igreja paroquial reaproveita um imponente Templo Romano provavelmente dedicado à divindade indígena Carneo Calanticensi conforme aparecia nas duas inscrições aqui descobertas, actualmente desaparecidas, CIL II 125 e CIL II 126; IRCP 410 e 411; Pereira, 1948) Arraiolos (há vestígios de calçada com 200 m localizada a cerca de 700 m a norte da Horta do Freixo; segue por Fonte das Perdizes/ Alto da Albarda e a nascente do Monte do Montinho, existindo vestígios da trincheira da via a cerca de 300 m a SE do monte) Sempre Noiva (continua recto para sudeste junto da villa romana e do recinto-torre de Vale de Sobrados, vigiando a via que atravessa a ribeira de Penedos, restando um troço de calçada com 20 m, cruza a ribeira de Vale de Sobrados, onde há mais um troço com 50 m em calçada, 200 m a norte do Monte do Penedo, sobe à Camoeira e desce à ribeira de Divor que cruza junto do Monte da Azenha, seguindo depois pelo Monte do Divor da Estrada) Monte da Oliveirinha (fragmento de miliário anepígrafo no arruinado Monte da Parreira, indicando talvez 5 ou 6 milhas a Évora; neste ponto a via cruza a estrada que vem de Igrejinha e seguia pelo Monte da Oliveirinha até confluir na estrada que vem de Divor para Évora, EM527) Bairro do Louredo (passa junto do Alto do Penedo do Ouro e pela Quinta do Bacelo, entra na cidade pela medieval Porta de Avis e continua pelas ruas de Avis e da Corredoura) Évora (EBORA) (entra na cidade velha pela antiga porta romana, a Porta de Dona Isabel que integrava a antiga cerca romana, subsistindo o arco romano e um pedaço da calçada correspondente ao cardus maximus). Eixo 3 - Itinerário de Alter do Chão a Juromenha por Vaiamonte e Terrugem Partindo de Alter do Chão a via seguia para sudeste passando na base do importante povoado do Cabeço de Vaiamonte, onde há sinais de um acampamento militar romano. Até Maio de 2019, apresentamos aqui uma proposta de percurso praticamente unânime que fazia passar a via por Monforte e Monte das Esquilas com base na ara aos deuses viários descoberta por Mário Saa neste último local, tendo alguns autores considerado ser este o traçado do Itinerário XIV para Mérida o que levou à localização da mansio de Matusaro nesta estação viária do Monte das Esquilas (vide Carneiro, 2004, 2008 e 2011). No entanto, após uma análise mais cuidada do terreno, ponderamos a hipótese de a via não cruzar a ribeira grande junto da vila de Monforte (com uma ponte medieval, mas sem indícios romanos), mas sim mais a jusante, na base do fortim romano dos Beiçudos, seguindo não para as Esquilas, mas em direcção do miliário do Monte da Torre do Curvo, entroncando noutra via que seguia para a travessia do rio Guadiana em Juromenha. De facto a orientação que a via trás de Alter do Chão, passando na base do povoado indígena do Cabeço de Vaiamonte e a poente da villa da Torre de Palma segue em direcção aos Beiçudos e não a Monforte. A ser assim, cai por terra a proposta de situar a mansio de Matusaro no Monte das Esquilas com base no argumento da distância a Alter do Chão ser cerca de 24 milhas como é indicado no Itinerário para a etapa entre Abelterium e Matusaro (vide Encarnação, 1995; Mantas, 2010), proposta que na verdade nunca foi muito convincente porque obrigava a várias inflexões pouco lógicas do trajecto e tornava o percurso muito mais longo, tornando-o incompatível com as distâncias indicadas no Itinerário (act. 2019). Alter do Chão (seguia talvez sob a actual «Estrada de Pedroso» até ao povoado indígena de Alter Pedroso, continua pela rua da Carreira até ao marco geodésico do Penedo Gordo, onde inflecte para sul pela «Estrada de S. Domingos», com vários troços ainda em calçada que segue entre a villa da Quinta do Pião e a villa de S. Pedro, passando de seguida pela Horta da Fonte de Vide e junto do marco geodésico do Monte das Ferrarias) Cabeço de Vide (m.p. VII; ao chegar à vila pela azinhaga de S. Domingos, a via entronca na rua de Santo Mártir, cortando depois à esquerda e logo à direita por um troço de calçada com 700 m até ao balneário romano das Termas da Sulfúrea onde cruza a ribeira de Vide; na Igreja de Santa Maria, apareceu uma inscrição às Ninfas que terá vindo das termas, mas hoje com paradeiro desconhecido (CIL II 168); daqui a via cruza a linha férreas e segue o caminho designado por Mário Saa como a «Estrada dos Castelhanos», passando junto dos vestígios de uma possível mutatio em Monte dos Merouços e muito próximo da importante villa da Horta da Torre, cruzando a ribeira do Carrascal na base do povoado indígena do Castelo do Mau Vizinho) Vaiamonte (continua pelo Monte da Laranjeira e a sul do Monte da Caniceira com vários vestígios marginando o percurso, Monte dos Caliços, Monte do Gacho e a villa do Monte da Matança, continua por Monte Branco e Arribanas para cruzar a ribeira Grande na base do Fortim romano dos Beiçudos; a via passa a poente do importante Povoado Fortificado do Cabeço de Vaiamonte, com origem na Idade do Bronze e com fortes indícios de um assentamento militar romano, e da monumental villa da Torre de Palma) São Saturnino (dos Beiçudos subia pela calçada das Pintas, com marcas de rodados ainda visíveis ao monte homónimo, continuando pelo Monte do Zambujeiro, Monte da Carreteira, Herdade da Velha e Quinta do Leão; a via passa cerca de 2 km a poente da arruinada Igreja de São Pedro de Almuro que reutiliza muitos materiais romanos) Veiros (necrópole na Igreja da Ns. dos Remédios, onde apareceu uma cupa funerária, FE 530; continua a nascente do «Castelo Velho de Veiros», povoado fortificado da Idade do Ferro, seguindo pelos montes da Guardaria, das Alagoas, das Farisoas, da Giralda, das Santinhas, do Casco) Santo Aleixo (cruza a ribeira do Almuro e segue pelo Monte de Magesse) Monte da Torre do Curvo (mutatio; miliário de Maximino I e ao seu filho Máximo; CIL II 441 = IRCP 664; actualmente está no acervo do extinto Museu de Elvas; daqui continua pelo Monte da Aldinha, cruza a Tira-Calças e segue pelo e Monte dos Pereiros) Monte de Alcobaça (cruza o Itinerário XII e segue pelo Alto do Alcaide, Monte da Atouguia e Monte do Montinho) Terrugem (povoado no outeiro de St. António; vicus no Monte da Nora, cerca de 2 km para nascente) São Romão de Ciladas Juromenha (travessia do rio Guadiana a jusante do forte, seguindo depois para Olivença num percurso que totaliza as 40 milhas desde Alter do Chão)
Eixo 4 - Itinerário de Arronches a Olivença por Juromenha Esta via perpendicular à orientação das vias para Mérida tinha origem na estação viário do Monte da Torre, possível mutatio do Itinerário XIV (3 km a SW de Arronches), seguindo para sudoeste rumo a Juromenha e Olivença, passando nas mutationes do Monte das Esquilas (m.p. VIII), Monte da Torre do Curvo (m.p. XIV) e Terrugem (m.p. XX). Partindo então do Monte da Torre, a via segue pela Quinta do Carrefe (topónimo viário), Monte dos Barrocais, Monte da Amendoeira, Monte de Mariares de Cima, cruza a ribeira de Algalé e continua a leste dos montes dos Reboleiros e da Boudaria poe uma grande recta que termina no Monte das Esquilas (num outeiro próximo Mário Saa descobriu uma ara consagrada aos Lares Viales possivelmente parte de um santuário junto da via); daqui continua pelo Monte da Fonte Branca (tégula), Monte dos Vinagres (onde Saa viu ainda «poderosa calçada»), passava próximo do Fortim Romano do Penedo de Ferro até ao Monte da Torre do Frade, onde cruza a ribeira da Colónia até chegar ao Monte da Torre do Curvo, onde entronca no Eixo 3 seguindo depois um percurso comum até ao Guadiana. A área de Torre do Curvo seria assim uma encruzilhada de caminhos como comprova o miliário descoberto neste local que se encontra a meio caminho da via entre o Monte das Esquilas e Terrugem (6 milhas a ambos), sendo por isso possível a existência de uma estação viária tipo mutatio neste local.
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VIA XV - Item alio itinere ab OLISIPONE EMERITAM m.p. CCXX |
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ITINERARIO XV - Lisboa (OLISIPO) - Monte da Pedra (Fraxinum?) - Mérida (EMERITA)
Item alio itinere ab
OLISIPONE EMERITAM IERABRIGA SCALLABIN TUBUCCI FRAXINUM MONTOBRIGA AD SEPTEM ARAS PLAGIARIA EMERITA m.p. CCXX m.p. XXX m.p. XXXII m.p. XXXII m.p. XXXII m.p. XXX m.p. XIIII m.p. XX m.p. XXX Itinerário de Scallabis a Tubucci m.p. XXXII Como referido, o percurso inicial seria partilhado com o Itinerário XIV percorrendo a margem esquerda do rio Tejo até Alpiarça, seguindo depois o caminho pela linha de festo que passa no Alto da Perna Seca até ao nó viário das Mestas; a Tubucci, a primeira mansio referida no Itinerário, estava junto da milha XXII ou cerca de 48 km, o que coloca esta estação junto do Monte da Valeira Alta. TUBUCCI m.p. XXXII Esta estação viária poderia situar-se junto do nó viário próximo de Tamazim habitualmente designado por «Encruzilhada das Mestas». Para quem vinha de Mérida neste local a via subdividia-se em vários ramais de acesso a locais de travessia do rio Tejo. Um descia pelo alto da Perna Seca, bifurcando em 3 acessos ao rio, Alpiarça rumo a Santarém, Pombalinho e Ulme (onde há um miliário e apareceu um tesouro Republicano); outro descia à villa de Alcolobre pelo Campo de Santa Margarida; outro continuava a direcção E-O até ao Monte Galego, onde voltava a dividir-se em dois ramais um descendo à Golegã (rumo a Collippo?) e outro descia a Tancos rumo a Tomar. Tubucci tinha assim uma posição estratégica em toda a rede viária do vale do Tejo justificando a existência de uma mansio nesta área; trata-se de uma vasto planalto conhecida por «Mestas» ou «Encruzilhada das Mestas» referido por vários autores desde o século XVI como André de Resende, Francisco d'Holanda e Claude Bronseval, sendo pois local de passagem obrigatória para quem vinha de Mérida rumo ao Atlântico. Os itinerários XIV e XV rumo a Mérida teriam um traçado comum até este local, divergindo a partir daqui até se reunirem junto da estação de Ad Septem Aras. O traçado mais a sul corresponde ao Itinerário XIV seguindo por Ponte de Sor, Alter do Chão e Assumar, e seria a via principal para Mérida como comprovam os diversos miliários e a ponte de Vila Formosa; por sua vez o Itinerário XV seguia mais a norte, mas o seu traçado ainda suscita muitas dúvidas; na nossa opinião o traçado mantinha a direcção que trazia de Scallabis e por Bemposta e pelo caminho de festo que passa junto da «Cruz das cabeças» até Monte da Pedra, onde estaria a mansio de Fraxinum. Itinerário de Tubucci a Fraxinum m.p. XXXII Daqui a via seguia para até Bemposta para aí cruzar o rio Torto (topónimo Vale da Venda), seguindo depois pelo caminho de festo que passa a sul de São Facundo nos topónimos Fonte do Santo e Alto de Colos, continua a norte doutro topónimo viário, Vale da Mua, por Alto dos Poços e Cruz das Cabeças (m.p. XLIII), delimitando a partir daqui os concelhos de Abrantes e Ponte de Sor pelos altos de Vale d'Água e da Pernelha, onde inflecte para nascente, seguindo depois por São Bartolomeu e Margem até Polvorosas onde cruza a ribeira da Salgueira; daqui ruma a Vale da Feiteira por via ainda preservada. Vale Feiteira (m.p. LX; segundo Mário Saa, a via continuava pelo «Caminho da Estalagem» para cruzar a ribeira de Sor no Porto do Manejo, sítio romano localizado na linha divisória entre os concelhos de Gavião e Crato; daqui seguia para Monte da Pedra) FRAXINUM m.p. LXIV Esta estação viária poderia situar-se no Monte da Pedra, a 64 milhas de Santarém; a existência de uma mansio neste local estará relacionada com a travessia da ribeira de Sor em Porto do Manejo, onde Mário Saa assinala uma «estalagem» e «vestígios de via e de uma ponte» que terão sido destruídos no século XX; Saa achou também um «fragmento de coluna, com alguns caracteres imperceptíveis», provável miliário no Alto do Aguilhão (Saa, 1967:81:62; Carneiro, 2008, 2011); este miliário poderia assinalar a via proveniente da travessia do rio Tejo em Belver (por Gavião, Atalaia e Comenda, cruzava a ribeira de Sor junto do Monte das Lameiras, subindo depois ao Alto do Aguilhão, onde apareceu o referido miliário; daqui poderia ligar a Fraxinum, mas pela direcção que trazia também é possível que seguisse directa ao Vale do Peso pelo Alto da Safra do Rebolo, seguindo o caminho de festo entre a ribeira de Vale de Magre e a ribeira do Monte da Pedra, cruzando depois esta para Vale do Peso (act. 2020).
Itinerário de Fraxinum a Montobriga por Vale do Peso m.p. XXX Monte da Pedra (m.p. LXIV; Fraxinum; da ribeira de Sor a via passava no sítio romano do Sôrinho e no Alto do Monte da Pedra, seguindo depois rumo a Vale do Peso pelo chamado «Caminho do Chamiço») Vale do Peso (m.p. LXXI; a via passa a sul da Ermida de Sta. Eulália, possível mutatio; daqui segue um caminho pontuado por sítios romanos que passa no Monte de Setil e a sul do Monte Cem Dias, Monte das Braguinas, onde apareceram diversos vestígios, um capitel, colunas, silhares e estela funerária, IRCP 635, continua pelo Monte do Couto dos Algarves onde cruza a ribeira da Espadaneira, margina o sítio romano de Mosteiros e segue por Couto dos Guerreiros até Veladas) Fortios (m.p. LXXX; possível mutatio situada a meia distância entre Fraxinum e Montobriga, ou seja a 15 milhas de ambas, localizada no sítio romano do Monte das Veladas; 3 inscrições funerárias: epitáfio de [- - -]VGGO junto do cemitério, IRCP 633, e na arruinada igreja de S. Domingos, o epitáfio de Urso, FE 132) Portalegre (continua a poente da cidade por Lagar Velho, Frangoneiro, Coutada das Freiras, Alto do Casqueiro e Quinta da Misericórdia, onde cruza a ribeira da Lixosa e o IP2, junto da Praça de Touros; continua rumo ao Alto do Carvalhal pela Herdade dos Fajardos, Monte Abrunheira do Conde e Monte da Abrunheira) Urra (m.p. LXXXIX; continua por Fadagosa e Azinhal rumo à travessia do rio Caia, presumível localização de estação Montobriga) Itinerário alternativo de Fraxinum a Montobriga por Crato: É possível que o Itinerário XV seguisse uma outra rota que derivava da anterior no Monte da Pedra e seguia pelo Crato rumo a Assumar pela «Estrada do Alicerce», conforme sugeriu Mário Saa e posteriormente André Carneiro, obrigando a situar Montobriga em Assumar; independentemente de ser este o verdadeiro traçado do Itinerário XV, não há dúvida que este percurso já existia em época romana; derivando no Monte da Pedra, esta via rumava a sudeste pelo «Caminho do Chamiço» que cruza a linha férrea e passa no geodésico homónimo, inflectindo depois para sudeste pelo Alto da Pedra do Rato, onde cruza a EM1022 que liga Vale do Peso a Aldeia da Mata; cruza a ribeira do Rôdo e a ribeira dos Canais, seguindo por Flor da Rosa até ao Crato; daqui descia à Ponte Romana-Medieval sobre a ribeira do Chocanol (reutiliza materiais romanos de uma ponte anterior), situada na base do Monte do Chocanol, presumível localização do vicus Camaloc(...) com base numa ara a Júpiter encontrada no caminho de acesso ao povoado colocada pelos Vicani Camalo[cani?, censis?]), continuando para a travessia da ribeira da seda por uma ponte reconstruída no século XVII eventualmente sobre fundações romanas, cruza a linha férrea e segue próximo da importante villa da Ganja e da respectiva necrópole 350 m adiante, continuando para sudeste pela chamada «Estrada dos Louceiros» que segue paralela à linha férrea por Quinta de Marrocos, Alto da Abodaneira, margina o Monte do Aguilhão até ao Alto de Chancelaria, importante nó viário onde entronca na «Calçada do Alicerce» e na via de Lisboa a Mérida. MONTOBRIGA m.p. XCIV A estação viária poderia situar-se pouco depois da travessia do rio Caia junto do sítio romano da Herdade da Falagueirinha dado que este local está a cerca de 30 milhas de Monte da Pedra e a cerca de 14 milhas de Degolados, estando portanto de acordo com as distâncias indicadas no I.A.; a via continua a nordeste de Arronches por Venda e Nave do Grou, cruza a ribeira de Arronches a sul de Mosteiros e continua pelo Monte da Capela (villa), Monte do Rebolo, Monte de Martim Tavares (villa), Monte da Figueira de Cima, Monte do Baloco e Sequeirinha, reunindo depois com a via principal para Mérida adiante do Monte da Calaça, local situado a 4 milhas de Degolados (act. 2017). AD SEPTEM ARAS m.p. CVIII Estação viária comum aos Itinerários XIV e XV presumivelmente localizada nas proximidades da aldeia de Ns. da Graça dos Degolados conforme é justificado na descrição do Itinerário XIV; a partir daqui o I.A. indica uma distância de 20 milhas até Plagiaria o que está de acordo com o Itinerário XIV que indica 12 milhas a Budua e mais 8 milhas até Plagiaria perfazendo portanto também 20 milhas indicadas no Itinerário XV; desta forma tudo indica que a partir daqui os dois itinerários fizessem o mesmo trajecto até Mérida; o resto do percurso está então descrito no âmbito do Itinerário XIV que vinha por Alter do Chão. PLAGIARIA (Novelda del Guadiana; mansio a 30 milhas de Emerita) AUGUSTA EMERITA (Mérida; caput via) |
ITER XXI - Item de BAESURIS PACE IULIA m.p. CCLXVII |
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ITINERARIO XXI - Foz do Guadiana (BAESURIS) - Faro (OSSONOBA) - Alcácer do Sal (SALACIA) - Évora (EBORA) - Beja (PAX IULIA)
Item de BAESURIS
PACE IULIA BALSA OSSONOBA ARANNIS SALACIA EBORA SERPA FINES ARUCCI PACE IULIA m.p. CCLXVII m.p. XXIIII m.p. XVI m.p. LX m.p. XXXV m.p. XLIIII m.p. XIII m.p. XX m.p. XXV m.p. XXX O Itinerário foi dividido nos seguintes troços:
Obviamente que a rede viária romana da região era muito mais complexa, não se limitando aos troços indicados neste itinerário, existindo muitas outras vias interligando directamente estes centros pelo caminho mais curto e não referidas no I.A., para as quais também são apresentadas propostas de percurso, como por exemplo as via de Évora a Beja, a via de Alcácer do Sal a Beja e as vias para Mirobriga (Santiago do Cacém) e Myrtilis (Mértola). |
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ITINERARIO XXI - Foz do Guadiana (BAESURIS) - Torre de Aires (BALSA) - Faro (OSSONOBA) m.p. XL
BAESURIS
BALSA OSSONOBA m.p. XXIIII m.p. XVI Foz do Guadiana (BAESURIS) (estação tradicionalmente associado a Castro Marim que seria uma ilha ou península com acesso terrestre pelo lado noroeste; o porto ou embarcadouro estaria na sua base, no sítio do Enterreiro, onde se acharam diversos vestígios associados à actividade portuária; Pereira et al., 2015; no entanto também é possível que Baesuris estivesse na outra margem, eventualmente na área da actual Ilha da Canela) De BAESURIS a BALSA m.p. XXIV Partindo de Castro de Marim, a via poderia seguir a rota da EN125-6 por Horta de D. Maria, Ponte Esteveira, Sobral de Cima, desviando um pouco antes de S. Bartolomeu, ao Km 2, pelo caminho de terra que se dirige para a ponte ferroviária sobre o rio Seco em Vale de Boto (marginando os sítios romanos de Fornalha e Sobral de Baixo, onde apareceu uma inscrição funerária de Euprepes), continuando depois paralela à linha férrea por Alcaria, Portela, onde atravessa a ribeira do Álamo, cruza a linha férrea e segue a EM1250 para Cruz do Morto, Bornacha, EN125, Buraco, EM1242 e Torrão (villa com produção de ânforas na Praia da Manta Rota), continua por Cacela Velha (povoado romano, talvez um vicus abrangendo o forte, a igreja e ainda parte da Quinta do Muro), continua pela EM1242 por Ribeira do Junco, Quinta de Baixo, Baleeira e Alto do Morgado, cruza a EN125 e a linha férrea, seguindo paralela à EN125 até se fundir com esta em Conceição (vestígios de uma provável mutatio junto da EN125 no sítio da Calçadinha, significativo topónimo viário), desviando depois pelo caminho que leva à Ponte Medieval de Almargem, continuando pelo caminho carreteiro por Mato Santo Espírito, Morgado, volta a cruzar EN125 e segue pela rua Casa de Pau e junto da Ermida de S. Brás, descendo depois pelo até Jardim da Alagoa até ao local da travessia do rio Séqua/Gilão a vau, defronte da Estação Rodoviária (130 m a montante da ponte actual, erradamente apelidada de "Romana" sem qualquer fundamento; Fraga da Silva, 2005) entretanto de seguida em Tavira (povoado romano no Cerro do Cavaco, dominando esta travessia); na outra margem subia por Bela Fria ao Alto do Cano, continuando depois pelo «Caminho do Concelho», estradão de terra que passa junto das Quintas de St. António de S. Pedro rumo a Pedras d'El Rei, havendo referência a um troço calcetado já próximo do aldeamento turístico (onde existia uma villa cujo espólio está actualmente no Museu de Moncarapacho) (Rodrigues, 2004; Fraga da Silva, 2005). Torre de Aires (BALSA) (a área urbana da cidade romana situa-se a sul de Luz de Tavira, abrangendo a Quinta das Antas e a Quinta de Torre de Aires; a via romana entrava na cidade pela calçada da Quinta do Arroio, seguindo recto até ao centro urbano) De BALSA a OSSONOBA m.p. XVI A via continuava a norte da colina do Pinheiro rumo ao santuário da Fonte Santa em Livramento, onde conflui com a EN125, seguindo sob esta por Arroteia e Alfandanga/Murteira rumo a Bias do Norte (duas inscrições tumulares provenientes da Fuzeta, actualmente no Museu de Moncarapacho), continua por Bias do Sul, onde apareceu o único miliário conhecido do Algarve, indicando a X milhas a Faro (IRCP 660) e que serviria também como marco territorial, assinalando a fronteira entre as duas civitates (foi descoberto no sítio da Canada do Sul, junto da foz da ribeira de Bias e actualmente no Museu de Olhão); a via continuava algures por Quatrim e Marim, marginando pelo norte villa da Quinta do Marim (onde apareceram 17 inscrições funerárias e vestígios de um complexo industrial para produção de garum), uma das possíveis localizações da Statio Sacra referida na Cosmographia do Anónimo de Ravena (Graen, 2007); continua a norte de Olhão e villa de Torrejão Velho (existiam cetárias no actual Porto de Pesca), desviando da EN125 pelo Alto de Piares, Casinha da Gala, João de Ourém, cruza a ribeira de Bela-Mandil em Contenda e segue pelo Alto de Joinal, Vale de El-Rei e Areal Gordo, onde atravessava o rio Seco, a montante a ponte actual e a norte da villa portuária de Amendoal/Garganta, continua pela Ermida de S. Cristóvão (assinalando o local onde a via bifurcava rumo a Estoi e S. Brás, com vestígios de uma villa em Vale de Carneiros, junto do campo de futebol da Penha, e uma necrópole em Rio Seco), entrando em Faro pela Estrada de S. Luís (Rodrigues, 2004; Fraga da Silva, 2005; Bernardes, 2011). Faro (OSSONOBA) (cidade romana ocupando a área de Vila-Adentro; a entrava no actual o centro urbano pela Ermida de S. Luís, continuando depois pela zona do Mercado Municipal rumo à Capela do Pé da Cruz, atravessando a grande necrópole da antiga cidade que ocupava a área entre o largo das Mouras Velhas e a rua Alcaçarias, seguindo depois pela rua do Bocage para entrar na antiga cidade pela Porta do Repouso até atingir o forum no Largo da Sé; Bernardes, 2011) |
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ITINERARIO XXI - Faro (OSSONOBA) - Castro da Cola (ARANNIS) - Alcácer do Sal (SALACIA) m.p. CXXV
OSSONOBA
ARANNIS SALACIA m.p. LX m.p. XXXV Faro (OSSONOBA) (partindo do forum no Largo da Sé, saía do núcleo urbano pela Porta da Vila, atravessava a necrópole de Lethes e seguia pela antiga rua da Carreira, actual rua Conselheiro Bivar e rua Infante Dom Henrique, ou pelas paralelas, rua Filipe Alistão e rua Serpa Pinto, passando junto da necrópole do Largo S. Sebastião e da sepultura da Horta dos Fumeiros até chegar a Pontes de Marchil, continuando talvez paralela à EN125 por Patacão e Vale da Venda) São João da Venda (m.p. V; centro de produção de ânforas, possível mutatio; cruza o IC4 e continua pela rua João do Alto até confluir na EN125, passando depois junto da Igreja de S. Lourenço, relacionada talvez com a m.p. VII) Almansil (m.p. VIII; nó viário; mutatio?; o topónimo árabe «manzil» pode derivar de mansio que aqui poderia existir; ver ramal de acesso a Vilamoura e continuação pela via litoral rumo a Portimão; depois de cruzar a EN125 e a linha férrea, continua pelo Caminho de Boniches em Vale de Éguas, corta à esquerda pelo vale do Cerro do Môcho até Poço da Amoreira, continua por Quartos, possível topónimo viário, Estrada do Poço de Pau, continuando a poente do Cerro de Sta. Catarina e depois pelo caminho do Torrejão Velho pela margem esquerda da ribeira do Cadoiço que cruza na Ponte Romana?-Medieval dos Álamos (recentemente reabilitada, próximo do sítio romano da Fazenda do Cotovio; depois da ponte, continua pela rua São João de Brito até à cidade velha) Loulé (m.p. XIII; estranhamente sem vestígios romanos para além de uma ara votiva a Diana de proveniência duvidosa que apareceu na torre da Igreja Matriz de S. Clemente, CIL II 5136, actualmente no MNA) Querença (m.p. XVIII; nó viário; a via continua a poente da povoação pela Azinhaga da Portela até à Nora de Pombal, onde toma o caminho de terra que cruza a rua da Eira junto do Monte dos Avós, continua pelo «Caminho do Borno», cruza a ribeira da Chapa e segue pela Portela de Vale de Alcaide para cruzar as Ribeiras da Salgada e do Sêco, continuando próximo do povoado de Palmeiros por Fonte Morena, Fonte do Ouro, CM 1102, junto do cemitério) Salir (mutatio? a XXIV milhas de Ossonoba; necrópole em Torrinha; ara votiva a ...URNICUS no Museu de Loulé) De Salir a Castro da Cola (ARANNIS) pela Serra de Mú m.p. XXXVI A partir de Salir a via iniciava a difícil transposição da Serra de Mú, ascendendo ao Serro do Malhão por Alcaria do João e Pé do Coelho, continua pelo Alto da Cumeada e Moita Redonda de Cima, nascentes da ribeira de Vascanito, Alto do Guincho, Alto dos Três Moimentos, conflui na CM1148 pelo Alto de Mú e no Alto de Feiteira segue à esquerda pelo Monte Novo da Estrada, Portela da Cruz junto a Brunheira, Portela das Moreias, Alto do Carvalhete, Monte Novo das Eirinhas, Vale do Ninho, Alturas do Semino, Alto dos Carriços, Corte das Cruzes, Monte das Cruzes, Alto da Boavista, Portela do Brejinho, Corte da Azinheira, Monte da Estrada, cruza a A2 e segue por Casa Nova do Estaço, Moinho da Alcaria Alta, Monte das Figueiras, Monte do Pego, passando a poente da villa do Monte da Hortinha da Abóbada situada junto do rio Mira, cruza o IC1 em Lajes e continua por Portela do Lobo, Monte Novo da Estrada, Portela da Carreira e Alto do Azinhal. Castro da Cola (ARANNIS) (m.p. LX; mansio e civitas no povoado adjacente à travessia do rio Mira e sede do extinto concelho de Marachique; esta fortificação com origem na Idade do Ferro apresenta fortes sinais de romanização justificando a existência de uma statione neste ponto estratégico da rede viária entre o Algarve e o Alentejo. André de Resende transcreve uma inscrição proveniente daqui mencionando um tribuno da Legião X Gémina; inscrição depois de cruzar o rio, segue por Queimado do Telhado, Serro do Seixo, Monte da Bicada, Monte do Castelejo, Monte das Sismarias, Fonte da Corcha, cruza a EM1130 no Monte do Saraiva, e continua por Monte da Estrada, Monte Novo da Estrada, Monte da Corcha, onde apareceu a estela funerária de Boutia, seguindo daqui rumo a Garvão pelo caminho entre as ribeiras da Morgada e dos Cachorros que margina os fundi das villae de Zuzarte e da Herdade dos Franciscos, onde apareceu um busto em mármore e uma invulgar estela funerária de um emigrante Bracarus, oriundo do Castellum Durbede, actualmente no Museu do Garvão. Garvão (mutatio a XI milhas de Arannis, junto do povoado da Idade do Ferro romanizado no Cerro do Castelo, sobranceiro à local de travessia da ribeira de Garvão que seria junto da Capela de S. Sebastião, seguindo depois pelo Monte Novo da Piedade, Alto de Reipires, Monte da Crimeia Velha, onde apareceu o epitáfio de Licinius Fuscus, Montes de Corte Preta e Corte Branca, a nascente da aldeia de Santa Luzia, cruza a EN263 e segue pelo Monte de Vale de Alconde e Quintas, onde cruza a linha divisória entre os concelhos de Ourique e Odemira, continuando por um caminho actualmente destruído entre o Monte do Carvalhal e o Monte do Brejo (topónimo viário), seguindo depois por Alto dos Peneireiros cruza o CM1079 e entra no CM1079-1 pelo Alto das Fornalhas, servindo este troço novamente de divisão concelhia, passando pelo Alto do Carvalhal, Alto da Corredoura e Alto do Pombal até Alvalade; ao longo deste trajecto sucedem-se os vestígios de povoamento romano, em particular villae nas proximidades do rio Sado: uma estela funerária junto da estação CF de Montenegro, o epitáfio de Letondo no lugar de Courela, a villa de Torre Vã, o vicus? da Horta de S. Romão e a importante villa da Herdade da Defesa) Alvalade (mutatio a XXX milhas de Arannis; o topónimo Alvalade deriva do árabe «Alvaladi», «o caminho»; este importante nó viário teria um vicus ocupando aa área do cemitério e está associado à travessia do rio Sado em «Porto Beja» / «Porto Ferreira», nomeadamente da via E-O de Santiago do Cacém a Beja e Mértola e a via SO-NE que derivava deste Itinerário XXI rumo a Évora por Torrão e Alcáçovas; notícia de duas «pedras cilíndricas com letras», possíveis miliários, uma na «Várzea de Alvalade» e outra na Herdade da Defesa; Feio, 2009) De Alvalade a Alcácer do Sal (SALACIA) pelas Minas do Lousal m.p. XXXV A partir de Alvalade o Itinerário XXI seguia directo a Salacia percorrendo um total de XXXV milhas. A rota romana poderá coincidir com a antiga «Estrada Real» que passava junto da importante exploração mineira do Lousal, caminho, caminho descrito no «Roteiro Terrestre») passando pelas albergarias de «Bairros», «Nisa» e «Val de Guizio» rumo a Alcácer do Sal. Partindo da Igreja da Misericórdia em Alvalade (onde foi colocado o enorme peso de lagar proveniente da villa do Monte da Defesa), a via seguia pela actual rua de Lisboa rumo à Ponte Medieval sobre da Ribeira de Campilhas (antiga ponte reconstruída no século XVI com possível origem romana), continuando depois paralela à linha férrea pelo Monte da Ameira, Monte Branco (necrópole) e Monte da Mal Assentada até à aldeia de Ermidas-Sado que contorna pelo lado poente rumo a Faleiros, cruza a ribeira de Corona e continua pelo interior das Minas do Lousal para cruzar a ribeira de Lousal junto do chamado «Castelo Velho de Lousal» (provável fortificação romana controlando esta passagem da ribeira junto da ponte da actual da linha férrea; aqui seria a estalagem de «Bairros»), continuando depois pelo Monte da Rocha, Alto do Cabeço do Seixo, Alto da Encruzilhada (cruza a EN259) rumo à travessia da ribeira de Grândola junto do Monte de Anisa (antiga albergaria de «Nisa»; vestígios romanos de uma possível mutatio), continua pelo Alto do Brejo Redondo, Alto da Fresta, Lagoa Salgada, servindo aqui de divisória concelhia, Vale Ceisseiro e Vale de Guiso, cruza a ribeira do Arcão, seguindo por Arapouca (forno) rumo a Alcácer. A distância entre Alvalade e Alcácer por este caminho é de cerca de 35 milhas conforme indicado no Itinerário XXI. Alcácer do Sal (SALACIA) (oppidum, sede de civitas, mansio e portus) |
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ITINERARIO XXI - Alcácer do Sal (SALACIA) - Évora (EBORA) m.p. XLIV
SALACIA
EBORA m.p. XLIIII |
Évora Serpa ![]() Xarrama ![]() S. Manços ![]() ![]() Torre do Lobo ![]() ![]() |
ITINERARIO XXI - Évora (EBORA) - Serpa (SERPA) m.p. LV
EBORA
[Anas] SERPA [m.p. XL] m.p. XIII Évora (saída da cidade pela calçada pela Horta do Bispo, Bairro de Ns. do Carmo e Monte da Barbarrala Nova, mas o caminho foi possivelmente destruído pela construção da zona industrial e da ETAR) Ponte Antiga do Xarrama (m.p. III; possível origem romana para esta ponte de feição medieval com 22 m, 3 arcos; calçada debaixo do actual caminho que segue a poente do Monte da Chaminé pelos altos da Vigia e da Barroqueira) Zambujal do Conde (m.p. VII; passa a nascente do monte) Sitima (m.p. VIII; provável miliário e mais 3 fragmentos junto do monte; inflecte para leste, cruza a ribeira de Souséis e continua em calçada para Maceda/Alto do Marco, onde inflecte para SE; aqui existem mais 4 fragmentos de miliários anepígrafos junto do marco geodésico do Marco referentes à milha X) S. Marcos da Abóbada (m.p. XI; a via cruza o monte e segue a sudoeste de Torre de Coelheiros, passando junto da importante villa romana da Abóbada situada a 12 milhas de Évora; seria uma mutatio?; a via cruzaria depois a Herdade da Torre do Lobo, cerca de 3km a nascente da sua torre medieval, junto da qual foram identificados dois possíveis miliários e mais 2 possíveis fragmentos junto ao casario; continua pelo Alto do Seixo, entre Monte dos Frades e Monte da Carrapateira) Torre de Coelheiro (a via continua a sudoeste da actual povoação, pelo Outeiro do Salto/Alto do Casqueiro, Feijoas do Ramos, na milha XV, onde há vestígios de tégula e um topónimo viário «Poço da Estalagem» que remete para uma possível mutatio; continua por Feijoas de Cima e Herdade do Garducho, onde cruza a ribeira da Passada, outro topónimo viário; continua junto do marco geodésico do Alto da Eira dos Pomares)
Portel (seguia talvez próximo topónimos Atalaia e Alto do Outeirão, onde há um povoado da Idade do Ferro romanizado designado por «Outeirão da Murada», continuando por Laranjeiras/Zambujeiro, Monte do Ferro e Monte de Matraque até Portel na milha XXVI) Vera Cruz (m.p. XXXII; vicus?; a igreja assenta num mosteiro visigótico; a via passaria talvez a poente da povoação) Marmelar (m.p. XXXVII; necrópole; villa? vicus?; continua talvez próximo da necrópole da Herdade da Casa Branca, onde apareceu a inscrição sepulcral de Misinius Phanstianus; CIL II 9 = IRCP 432) Pedrogão (m.p. XLI; possível mutatio associada à villa da Horta do Cano; cupa funerária no Monte das Fontes) Travessia do rio Guadiana (m.p. XLII; no chamado «Porto da Orada», onde há vestígios de um pequeno edifício romano num local conhecido por Galeados; ascende pelo Monte dos Galeados e da Mina das Azenhas até confluir na estrada actual, EN265, junto do Monte da Várzea) Brinches (m.p. XLVIII; continua junto da villa do Monte da Salsa, sítio hoje destruído, onde apareceram 3 epígrafes, a cupa funerária com o epitáfio de Valeria Amma, a estela funerária de Valerianus e uma estátua de Esculápio; de seguida cruza a ribeira de Enxoé em Casa Branca e continua pelo Monte da Torre do Lóbio, Monte Capicua, Monte do Manuel Azevedo, Monte da Cerejoa e Horta do Folgão, entrando em Serpa pela rua Serpa Pinto) Serpa (SERPA) (m.p. LV; mansio; oppidum?; o epitáfio de Mustia assinala colonos originários de Útica, actual Zana, Tunísia) |
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ITINERARIO XXI - Serpa (SERPA) - FINES - ARUCCI - Beja (PAX IULIA)
SERPA
FINES ARUCCI PACE IULIA m.p. XX m.p. XXV m.p. XXX A problemática localização de FINES e ARUCCI SERPA, FINES e ARUCCI no Ravennatis A Cosmografia do Anónimo de Ravena apresenta a seguinte sequência civitates na descrição da «Spania»: «Item super fretum Septem sunt civitates, id est, Bepsipon, Merifabion, Caditana Portum, Asta, Serpa, Pace Iulia, Mirtilin,...» (Rav.IV.43). As três primeiras deverão corresponder aos principais portos romanos ao longo da costa Bética, nomeadamente Baesippo (Barbate?), Mercabulum (Ruinas de Patria, Conil de la Frontera?) e Gades (actual Cádiz); Asta deverá corresponder ao povoado romano na actual povoação de Mesas de Asta, a cerca de 40 km para norte de Cádiz; a partir daqui são mencionadas as civitates já em território nacional, com a sequência Serpa (Serpa), Pax Iulia (Beja), Myrtilis (Mértola), etc, sem no entanto mencionar Fines ou Arucci. No entanto estes são mencionados mais adiante ao descrever as civitates da Betúria Céltica, indicando a sequência «Onoba, Urion, Aruci, Fines, Seria» (Rav. IV.45) que já apresenta alguma similitude com o percurso descrito no Itinerário XXI. Assim, admitindo Onoba /Onuba em Huelva, Urion/Urium no povoado da «Corta del Lago» (junto do importante complexo mineiro romano das Minas de Riotinto), então Fines e Arucci teriam que estar de permeio entre estas civitates. Esta sequência de civitates levou muitos autores a sugerirem a existência de uma via entre o porto romano de Onuba (Huelva) e Pax Iulia (Beja) com estações intermédias em Urium, Fines e Arucci (por ex. Sillières, 1990). No entanto esta enumeração de civitates no «Ravennatis» não segue uma lógica viária como se pode inferir do texto ao apresentar uma volta desnecessária por Urium quando existe um itinerário mais directo (act. 2018). ARUCCI na Epigrafia
Inscrição a Agripina
Esta famosa
inscrição dedicada a Agripina colocada pelos habitantes da civitas Aruccitana que apareceu no século XVI no Convento das Freiras Dominicanas em Moura (actualmente no Museu de Moura) constitui o único monumento sobrevivente que menciona explicitamente esta civitas e é por isso um documento central no debate sobre a localização de Arucci e está na origem da sua associação à actual povoação de Moura que assenta sobre um importante povoado da Idade do Ferro fortemente romanizado, além de uma localização estratégica face ao rio Guadiana, certamente um vicus durante a época romana (Resende, 1593:172; Lima, 1988:69-70). No entanto, segundo um testemunho de Ambrosio de Morales na «Cronica General de España» de 1574, refere que a pedra apareceu «entre la vila de Mora y la sierra de Aroche tierra de Sevilla» (Morales, 1574: 266). No ano depois escreve no seu «Antiguedades de España» que «esta piedra se hallo en la sierra de Aroche, la qual confina con Portugal, y llevose a Mora, lugar pequeño que esta allí junto» (Morales, 1575: 101; Germain, 2016:324-329); portanto a inscrição terá aparecido algures entre Moura e a Sierra de Aroche (Encarnação, 1989:157, 1998: 37-38, 2007, 358-361). Posto que segundo o relato do século XVI se deveria procurar a perdida Arucci nessa Serra de Aroche ou nas suas cercanias o que levou à sua associação à moderna Aroche (Canto, 1997:136; Bermejo, 2016), hipótese que como se verá adiante não se veio a verificar.[IV]LIAE AGRIPPINA[E] [...] CAE[SA]RIS • AVG • GERMAN[I] [CI] • MATRI • AVG • N CIVITAS ARVCCITANA Inscrição a Paulina
M(arco) Atterio Paulina M( arci) f(ilio) qui tumultuario Bethicae bello asurgen(te) multa pro rep(ublica) Aruccit(ana) 5 bel(lo) retinen(da) fortiss(ime) gess(erat). Aruccitani Vet(eres) et Iun(iores) opt(imo) civi
Inscrição a Hércules
Outras inscrições da Civitas AruccitanaHerculi deo invicto et reip. Aru- ccitanae patrono stat. aeream secund. Thebani templi tro- ph. Aruccitani d. d. Além da inscrição a Agripina, Ambrosio de Morales refere mais duas epígrafes que mencionam Arucci apesar de estarem no grupo de «falsas» no levantamento da epigrafia bética de Alicia Canto (Canto, 1997:145). A primeira é honorífica e foi colocada pela republica Aruccitana a Marco Atterio Paulina em agradecimento pela sua acção durante uma guerra (CIL II 100; Canto, 1997:145, nº 4) e a segunda é uma dedicatória ao invencível Deus Hércules, patrono da republica Aruccitana, certamente servindo de pedestal de uma estátua representando esse deus (CIL II 99; Morales, 1575: 101; Canto, 1997:369). Apesar das dúvidas sobre a veracidade dos textos, a utilização do termo Aruccitana em mais duas inscrições parece inequívoca, ademais provenientes da mesma área ou porventura do mesmo local da inscrição a Agripina. Além disso, à data do seu achamento, esta área teria de estar sob jurisdição de Moura, posto que todas foram todas transferidas para ali. Sendo assim, o conjunto das três inscrições apontam para uma localização de Arucci na área sudeste do actual concelho de Moura, onde confronta com a encosta oeste da Serra de Aroche. ARUCCI em Moura? Moura tem sido tradicionalmente associada a esta mansio do Itinerário com base numa proposta do historiador Português André de Resende no século XVI que interpretou erradamente a letra «N.» da inscrição da civitas Aruccitana a Agripina como «N.(ova)», levando-o a considerar a existência de duas civitates, uma designada por Nova civitas Aruccitana ou Arucci Nova, correspondendo a Moura e à Arucci do Itinerário, e por oposição, uma mais antiga que lhe deu origem denominada Arucci Vetus situada em Aroche (Resende, 1593: 171-172). Hübner no entanto rejeitou esta leitura e ao inclui-la no CIL II corrige para AVG(gusta) N(ostrae) (CIL II 963) deitando por terra esta teoria que apesar de tudo ainda subsiste em alguma literatura sobre o tema (por ex. Lima, 1988). Perante isto, a hipótese de Arucci se situar em Moura não é sustentável (vide Encarnação, 1998: 37-38; Canto, 1997; Bermejo, 2016). ARUCCI em Aroche? A similitude fonética com a vila de Aroche (Espanha) levou alguns autores espanhóis a proporem a localização de Arucci nesta povoação, entretanto descartada dado que não existem vestígios de ocupação romana no local; tentou-se então associar Arucci a um dos assentamentos pré-romanos existentes ao longo do rio Chança, tendo Pierre Sillières proposto o importante sítio romano em torno da Ermida de San Mamés (Llanos de la Belleza), 3 km a norte, onde esses vestígios são evidentes (Sillières, 1990). No entanto, este povoado tem sido antes associado à cidade de Turibriga referida por Plínio e sede da civitas Turibrigense registada em várias epígrafes. Deste modo a associação Turibriga/Arucci tão veiculada pelos autores do outro lado da fronteira não tem fundamento (2018). FINES em Messangil Para além da referência a Fines no Itinerário de Antonino e do «Ravennatis», não se conhecem outra referência a este povoado, estando omisso na epigrafia. Fragoso Lima situou esta estação junto à Fonte de São Miguel em Messangil onde apareceram várias epígrafes e restos de edifícios, dispersos por uma área de 5000 m2. Pierre Silières considera que se trata de uma mutatio da Via Beja-Aroche, posicionando Fines Vila Verde de Ficalho que está de facto a 20 milhas de Serpa (Sillières, 1990), enquanto Conceição Lopes propôs que esta servia antes uma via N-S de Moura a Vila Verde de Ficalho (Lopes, 2000: 74-75). De facto tudo aponta para existência de uma estação viária neste local associada à «Fonte de São Miguel Finis», topónimo que remete para a associação de Fines a este local. A primeira referência ao sítio surge no século XVI por André de Resende como um «semidirutum oppidum, ad pagum quem uocant Vallemuargi», ou seja «uma povoação semidestruída junto à aldeia a que chamam Vale de Vargo» tendo registado uma das quatro inscrições de ali viu junto de um pequeno santuário, posteriormente ocupado pela «Ermida de São Miguel» (Resende, 1593: 173). FINES em Paymogo Em 1634 Rodrigo Caro publica no seu «Antigüedades y Principado de la ilustrísima ciudad de Sevilla» o achamento de uma inscrição funerária "no lexos de la villa de Paymogo, yendo yo camiñado por el móte" (Caro, 1634:203), sugerindo Fines poderia estar nas proximidades. Em 1862, Eduardo Saavedra retoma a proposta de Caro no terceiro apêndice do seu famoso discurso diante da «Real Academia de la Historia» na sua qualidade de «Engeniero de Camiños», dizendo que "Debió estar en un punto cerca de Paimogo, donde se han hallado antigüedades y es una entrada muy concurrida de Portugal." (Saavedra, 1862:93). De facto a vila de Paymogo está situada numa antiga estrada para Portugal, sendo aliás a única estrada assinalada entre a Andaluzia e Portugal no mapa dos «Reynos de España e Portugal» elaborado por Jean Baptiste Nolin em 1766 (ver aqui). A estrada cruzava Rio Chança/Chanza junto da «Casa de Bertolo», rio que servia e serve de fronteira entre Portugal e Espanha e muito provavelmente também separava as províncias da Lusitânia e da Bética no período romano. A sua localização fronteira, junto importante ponto de passagem do Rio Chança/Chanza e a existência de explorações mineiras romanas nas proximidades (em Vuelta Falsa, Grupo Malagón, Paymoguillo el Viejo, La Romanera e La Sierrecilla do lado espanhol e Serro de Ouro e São Domingos do lado português) são argumentos que tornam esta proposta plausível. Esta proposta sai ainda mais reforçada quando verificamos que a distância desta passagem do rio Chança a Serpa é de cerca de 20 milhas, ou seja de acordo com o indicado no Itinerário enquanto de Serpa a Paymogo são 25 milhas, o que invalida a sua localização na moderna povoação onde aliás não foram encontrados vestígios romanos. Por outro lado, como se verá nos próximos capítulos, é também muito relevante o facto de esta localização acertar com as 25 milhas indicadas no Itinerário para o troço seguinte entre Fines e Arucci. Deste modo, conjugando todos estes dados, consideramos que a localização de Fines junto desta travessia do Rio Chança em S. Marcos é uma forte possibilidade, apesar de ainda não se conhecerem vestígios associáveis a uma povoação romana nas imediações desta travessia |
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ITINERARIO XXI - Serpa (SERPA) - S. Marcos (Fines?) - Paymogo - Huelva (ONUBA) A partir de Serpa a via continuava na mesma direcção até Fines situado a 20 milhas na fronteira com Bética que deverá corresponder ao rio Chança. Deste modo é possível esta etapa do Itinerário corresponda à via que parte de Serpa rumo ao nó viário de S. Marcos, onde presumivelmente estaria a mansio designada por Fines. Depois de cruzar o rio a via continuava por Paymogo talvez rumo ao porto romano Onuba que deverá corresponder a Huelva. Esta etapa do Itinerário estaria assim integrada no grande Itinerário de Pax Iulia a Onuba Serpa (SERPA) (seguia talvez a EN265 pelo Monte do Peixoto até Santa Iria (villa em Romeirinha; ara votiva a Deae Medicae), logo a seguir cruza a ribeira de Limas e segue pela Herdade da Corga da Fonte, Monte Carapetal, Monte do Topo, Alto da Perdigoa e Monte da Mó onde reencontra a EN265, seguindo pelo Alto do Vale de Milhados até ao Alto das Fontainhas (nó viário a norte da aldeia de Vales Mortos, onde poderia existir uma mutatio dado que este local se encontra a 12 milhas de Serpa; continua pela CM1096 na direcção SE até ao sítio de S. Marcos, junto do antigo posto da Guarda Fiscal, descendo depois ao rio Chança pela Fonte dos Contrabandistas para cruzar o rio junto à Casa do Bertolo e actual fronteira luso-espanhola, próximo da qual estaria Fines. A partir daqui dirigia-se a Paymogo (m.p. XXV; povoado mineiro em Paymogo el Viejo, onde Fragoso Lima encontrou uma inscrição; estaria associada à explorações mineiras de Paymoguillo el Viejo, Grupo Malagón, La Romanera e La Sierrecilla) e depois de cruzar o rio Malagón seguia talvez por Puebla de Gusmán (minas), Alosno, S. Bartolomé de la Torre, rumo à travessia do rio Odiel em Gibraleón e daqui ao porto romano de Huelva (ONUBA). |
Viae a PAX IULIA |
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Alcácer do Sal (SALACIA) - Torrão - Beja (PAX IULIA) m.p. L A via de ligação entre Alcácer e Beja passava na povoação do Torrão onde cruzava o rio Xarrama. Conhecem-se 3 miliários atribuíveis a esta via, o miliário de Porto da Lama junto da travessia da ribeira de Sítimos, o miliário do Monte do Olival referido por Resende e o miliário de Valentiniano I e Valente que apareceu junto da villa da Fonte dos Cântaros em São Brissos, a 5 milhas de Beja. Este itinerário partilha inicialmente o traçado da via de Alcácer do Sal a Évora até ao Monte da Arcebispa, cruzando aqui a ribeira de Sítimos) Porto da Lama, Santa Catarina de Sítimos (villa romana do Monte da Lama, provável mutatio dado que na área do desactivado campo de aviação apareceu um miliário da Tetrarquia de Constante, Galério, Maximiano e Diocleciano já cindido longitudinalmente e que está actualmente deitado por terra na área das ruínas do depósito de água em Alcácer do Sal, IRCP 671; Faria, 1986; a montante da ribeira há também vestígios de uma villa em Sta. Catarina de Sítimos; a partir daqui o percurso é hipotético, podendo seguir próximo do marco geodésico de Vale da Água, continuando por Bugiada, Monte da Boavista, Malhadas, Carvalhoso, Fonte Videiros, Monte do Vale de Arquinha e Ermida de S. Fraústo) Torrão (vicus e provável mutatio situada num importante nó viário que articulava as vias provenientes de Salacia e Ebora com a vias rumo ao sul quer a Beja quer a Faro; há vestígios do vicus na área do Centro Escolar e em Fonte Santa, necrópoles no Penedo Minhoto e da Capela da Ns. do Torrão, conduta com 100 m, etc; a via entrava na povoação pela chamada «Calçadinha Romana», troço calcetado com cerca de 300 m que conduz à antiga travessia do rio Xarrama, onde poderia existir uma ponte romana e seguia talvez pelo Monte de Vale Paraíso de Baixo, Monte da Fonte Longa, Monte das Soberanas de Baixo, Monte da Ervedosa, Monte das Faias para cruzar a ribeira de Odivelas junto do Monte do Olival) Odivelas (André de Resende e depois Túlio Espanca referem um miliário no Monte do Olival entretanto desaparecido, atestando a passagem da via a nascente de Odivelas por Monte Outeiro, Penique e Casa Branca, passando a nordeste do fortim romano de Casa Branca que deveria controlar a sua passagem, actual limite concelhio, continuando depois por Moutinho, Vilar e Monte da Caçapa, cruza a ribeira de Alfundão e segue por Monte Rossio e Figueiras até Alfundão, passando próximo das villae de Fonte Boa, Castelo Ventoso e Barranco de Rio Seco) Alfundão (a via segue pela rua da Estalagem, atravessava a povoação e cruza o Barranco da Aldeia numa ponte antiga com provável origem romana, prosseguindo pelo caminho da Coimeira/Alto de Beja, passando a norte do provável vicus de Vilares/Vilar/Vila Verde/Alto do Pilar, junto do depósito de água, onde poderia existir uma mutatio; continua até cruzar o Barranco do Corvo e a EN387, nas proximidades da villa no Monte do Corvo, onde apareceu um cipo funerário, FE 295) Peroguarda, Ferreira do Alentejo (seguia a nordeste da povoação próximo do habitat do Monte da Carrascosa, villa do Monte/Malhada da Zambujeira, Habitat de Funchais e Horta dos Coutos) Beringel (a via passava a norte da povoação, cruzando o rio Galejo na Ponte de Lisboa, hoje submersa pela barragem do Pisão, construção com provável origem romana onde foram reutilizados 2 cipos romanos, talvez provenientes da villa da Herdade da Ponte de Lisboa/Misericórdia, onde apareceu também uma ara a Júpiter) São Brissos (continua em calçada ao longo da margem esquerda da ribeira de Álamo, cruza o barranco na Ponte Romana? da Fonte dos Cântaros, perto da qual apareceu um miliário de Valentiniano I e Valente, actualmente no Museu de Beja (nr. B-148), associado aos vestígios da villa da Fonte dos Cântaros, continuando pelo Monte da Diabrória, Monte de Arcediago e Lobeira da Horta, entrando na cidade de Beja pela Porta de Évora) Beja (PAX IULIA; vestígios da via na rua Aresta Branco; decorrem escavações no templo; ara com o epitáfio de Nice, CIL II 59 = CIL II 5186, poder ler-se a palavra VIATO[r; seria o curator viarium da região?; ver Museu Regional de Beja)
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Beja (PAX IULIA) - Serpa (SERPA) - Sobral da Adiça (Arucci?) m.p. XXXVI Via romana partindo de Pax Iulia para nascente seguindo por Serpa até Arucci, presumivelmente situada no vicus de Gargalão, 3 km a norte de Sobral da Adiça. (vide também Saa, 1967; Sillières, 1990; M. C. Lopes, 1997, 2000). Beja (PAX IULIA) (sai da cidade pela Porta de Mértola e Falcões pela rua Bento Jesus Caraça, marginando a villa da Quinta da Abóbada, continua pelo CM1045 pelo Bairro de S. João, Tanque dos Cavalos, Horta de Todos e Alcoforado, seguindo depois pelo CM1046) Padrão (alusão a miliário?; topónimos viários «Monte da Estrada» e «Monte da Ponte»; continua pelo Monte do Zambujeiro e ao longo da margem do Barranco da Azinheira/ de Quintos, passando próximo do Monte Alto) Quintos (ara dedicada à Deae Sanctae, actualmente no Museu de Évora; cruza a ribeira da Cardeira em Pisões e segue próximo da villa do Monte do Corte Piorno) Travessia do rio Guadiana no Vau da Guinapa (sobe as ladeiras do Guadiana e acompanha o Barranco da Amendoeira por Horta do Farrobo, Monte do Farrobo, Horta da Chaminé, Horta da Barca, Marreira e Calçada da Bemposta, nas traseiras da Escola Profissional de Desenvolvimento Rural, entrando em Serpa pelo caminho de terra que passa a sul dos silos da Quinta do Fidalgo) Serpa (SERPA) (mansio; oppidum?; a via continuava aproximadamente pelo percurso da EN517 e marginando várias villae e casais, como Monte de Santa Justa, Cidade das Rosas, Horta da Alcaria, Maria da Guarda, Monte da Laje, Capela de St. Estevão e Monte Alto, Meirinho, Figueiras, atravessa a Herdade da Abóboda onde apareceu uma ara votiva a Júpiter e logo depois cruza a ribeira de Enxoé) Corte de Messangil, Vale de Vargo (provável mutatio no sítio da Fonte de São Miguel Finis, onde apareceram 4 aras, sendo uma delas o epitáfio de Masculus, originário de Turibriga; continua pelos «planaltos do Pocinho do Mota e Fernão Teles», como Mário Saa já tinha proposto) Monte Novo de Belmeque (onde cruza a linha divisória concelhos de Serpa e Moura, confluindo aqui também a via proveniente da travessia do rio Guadiana em Pedrogão; continua pelo Monte da Lavada, atravessa a Serra da Preguiça através da «Portela do Álamo» e segue pelo Monte do Álamo até ao povoado de Gargalão, a noroeste da vila de Sobral da Adiça) ARUCCI (mansio no sítio romano de Gargalão?; actual Parque de Merendas do Gargalão, situado junto da ribeira de S. Pedro; na outra margem está a Ermida de S. Pedro da Adiça, lembrando a primitiva povoação de Sobral da Adiça; inscrição CIL II 93 na Horta da Carrasca). Ligação de S. Pedro da Adiça a Mérida por Badajoz: Provável continuação da via para norte seguindo entre as ribeiras de S. Pedro e a ribeira de Toutalga, passando no Monte Metum e no «Cabeço Redondo», povoado da Idade do Ferro entretanto destruído, rumo à travessia da ribeira de Toutalga junto da Ermida da Coroada, tendo Fragoso de Lima identificado nas imediações um miliário em mármore com letras, «na extrema da Coroada com o Motum», ou seja entre na divisão entre a Herdade da Coroada e Monte de Metum, fazendo também referência a mais 4 marcos iguais «entre a Coroada e o Monte de José Navas», mas este último topónimo é desconhecido. Da Coroada a via dirige-se por Santo Amador rumo à travessia do rio Ardila, continuando depois talvez a sudeste de Granja, cruza a ribeira de Guadalim e segue pelo Alto da Meada para cruzar a ribeira de Alcarrache (do topónimo viário «Carrache») rumo a Villanueva del Fresno; aqui toma o «Camiño Viejo de Alconchel», percorrendo 12 milhas até Alconchel (3 estelas funerárias) e mais 12 até Olivenza, passando próximo da Finca da Villavieja (epitáfio de Calvus e Proculus) e Finca de Escarramón (epitáfio de Aquilia Severa). A partir de Olivenza a via cruzava a Ponte de Ramapallas e seguia a leste de S. Francisco de Olivenza próximo da Igreja Visigótica de Valdecebadar (ara a Silvano), cruza a ribeira de Olivenza e segue próximo da villa La Cocosa até El Manantío, continuando depois rumo a Badajoz onde entronca na via para Mérida proveniente de Lisboa. |
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Alcácer do Sal (SALACIA) - Torrão - Sobral da Adiça (Arucci?) m.p. LXIV Este itinerário teria um traçado comum à via para Beja, mas após a travessia do rio Xarrama no Torrão desviava desta para nascente, seguindo na direcção O-E rumo a Alvito e ao respectivo vicus em S. Romão (civitas Mirietanorum?); cruza pouco depois a ribeira de Odivelas na Ponte Romana de Vila Ruiva e segue rumo a Pedrogão onde cruza o rio Guadiana, continuando sempre para nascente por Pias rumo à mansio de Arucci localizada muito provavelmente nas imediações de Sobral de Adiça. Na parte inicial a via tinha um traçado comum à via para Beja até ao Torrão, rumando daqui para sudeste rumo ao Alvito. De Torrão a Vila Ruiva por Alvito m.p. XVII A via poderia seguir aproximadamente o trajecto da EN383 para o Alvito, passando por Vila Nova da Baronia, onde há vestígios romanos em Sobral das Barras e na Herdade da Mina (Feio, 2010). Em alternativa a via seguiria directo ao Alvito por Mortais, Vale Paraíso de Cima, Cortes Grandes, Cortes Pequenas, Serrinha, Castelo Ventoso, Lanças, Pereiras, Capela de S. Bartolomeu e Velórios. A partir do Alvito, a via continuava até à ponte romana sobre a ribeira de Odivelas. Ponte Romana-Medieval de Vila Ruiva sobre a ribeira de Odivelas (mutatio?) De Vila Ruiva a Pedrogão por Vidigueira m.p. XXI Da ponte romana ascendia à povoação de Vila Ruiva, inflectindo aqui para nascente, desviando assim da via para Beja, retomando a orientação O-E com que trazia do Torrão; seguia por Vila Alva (cupa anepígrafa na Ermida de S. Bartolomeu), Vila de Frades (junto da imponente villa de S. Cucufate), Vidigueira (miliário anepígrafo no cruzamento das ruas Hortinha e Caldeireiros), continuando pela rota da EN258 próximo da Horta da Marineta, Monte do Poço Seco, Monte do Zangarilho, Monte do Malheiro, Monte da Ordem, Monte do Peso até atingir Pedrogão, onde confluía também a via Évora-Serpa. Travessia do rio Guadiana em Pedrogão (a vau, no Porto da Orada, tendo na outra margem o pequeno sítio romano dos Galeados certamente relacionado com esta passagem; logo depois a via bifurcava para Serpa e Sobral da Adiça) De Pedrogão/Guadiana a Sobral da Adiça (Arucci?) m.p. XXV A via continuava junto do Monte dos Galeados, desviando pouco depois pelo caminho que passa a sul das Minas da Orada e a norte e a villa? do Monte do Zambujeiro, seguindo por Alto de Covas, Monte da Magoita, Monte da Parreirinha, Monte do Rosal e junto da villa de Sesmarias, continuando entre o Barranco de Pias e o Barranco de Bota Cerva até entrar em Pias, junto do «Poço de Pias», Pias (lápide funerária de Apolausis na Ermida de Santa Luzia), continua pela Caseta do Baldio e Monte Courelas até Corte do Alho (miliário de Adriano indicando VIII milhas que é a distância daqui a Sobral da Adiça; blocos de mármore reaproveitados no monte talvez provenientes da villa romana; mutatio?; daqui segue recto pela EM1049 até ao Monte de Belmeque (m.p. VII; árula a Mercúrio actualmente no MNA e «umas pedras com letras», possíveis miliários, no sítio romano do «Poço das Sapateiras», possível mutatio; Lima, 1988:81), onde inflecte para sudeste pela EM1050 por Monte Novo de Belmeque (m.p. V), cruzando pouco depois a linha divisória entre os concelhos de Serpa e Moura (nó viário onde conflui também a via proveniente de Serpa). Daqui continua pelo Monte da Lavada rumo à «Portela do Álamo», descendo depois pelo Monte do Álamo até ao sítio romano do Gargalão, actualmente um «Parque de Merendas», situado 3 km a norte da povoação do Sobral da Adiça (vide descrição no Itinerário XXI). Itinerário de Arucci a Sevilha (HISPALIS) - XC m.p. Esta via continuava também para território Espanhol rumo a Sevilha, mantendo a directriz que trazia no nó viário de Belmeque, seguindo em direcção à travessia deo Chança/ Chanza em Rosal de La Fronteira, continuando depois por Aroche, Cortegana («Camino de los Molinos»), Almonaster la Real (continua por Calabazares e La Corte e depois sensivelmente paralela à N-435), Santa Eulalia (Vama?) (a ermida reutiliza um edifício romano com o podium e partes das paredes ainda visíveis; segue para a travessia do rio Odiel na Puente Vieja junto do Embalse de Odiel- Perejil, da qual restam alguns vestígios, seguindo depois próximo do topónimo viário Ventas de Arriba), Campofrío, La Granada de Río-Tinto, Peroamigo, Arroyo de la Plata, El Cañuelo e El Garrobo até entroncar via Mérida - Sevilha próximo de Las Pajanosas, a cerca de 16 milhas de Sevilha. Esta via passa a norte da importante exploração mineira de Rio-Tinto e presumível localização de Urium, assentamento referido por Ptolemeu. |
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Rede viária em torno de Moura Os vestígios encontrados em Moura indiciam a existência de um aglomerado urbano secundário com relevância regional, articulando uma rede viária com ligações a norte a Évora e Monsaraz e para sul, a Beja, Serpa e Mértola; o seu antigo nome poderia ser LACALTA com base em 4 selos de dolia do período alto-medieval, 2 encontrados junto do castelo e outros 2 provenientes da Herdade de S. Cristóvão, cerca de 1 km a sul da vila, contendo a seguinte inscrição: «Eclesiae Sanctae Mariae Lacaltensis Agripi» (Canto, 1997). Um selo idêntico foi encontrado noutro dolium a cerca de 10 km, no Monte da Salsa (Brinches), também do mesmo produtor presumivelmente sediado em Moura (Wolfram, 2011). O Museu Municipal de Moura (actualmente encerrado!) guarda o importante espólio romano recolhido por Fragoso Lima em meados do século XX, incluindo o miliário de Corte do Alho e a ara funerária de Priscilla, originária de Pax Iulia. As duas necrópoles romanas do povoado, Bairro das Sete Casas e S. Sebastião, poderão indicar as saídas das respectivas vias. Os itinerários propostos tentam uma leitura actualizada da obra de Fragoso Lima, com apontamentos de M. C. Lopes (Fragoso de Lima, 1951, 1981, 1988; M. C. Lopes, 2000). Trata-se de uma rede secundária que interligava o vicus aos grandes eixos viários Beja - Serpa - Mérida e Évora - Serpa - Huelva. O miliário descoberto a delimitar o Monte da Chilra poderia assinalar uma via de Moura a Serpa passando por Pias, importante nó viário onde cruzava com a via W-E proveniente da travessia do rio Guadiana em Pedrogão. Outra rumava a Mérida seguindo pela Herdade dos Machados e pelos nós viários de Belmeque e Messangil. Uma outra parece desenvolver-se para sudeste passando em Montes Juntos e Monte da Coroada, rumo aos diversos povoados da Idade do Ferro romanizados situados nos limites do concelho, como o Castelo Velho de Safara, Castelo do Murtigão e Castelo do Safarejinho/Castelo das Guerras, este último com vestígios de sigillata itálica do século I. Finalmente, para norte, deveriam existir ligações para Évora cruzando o Guadiana (act. 2019). De Moura a Évora por Alqueva Seguia para norte pela chamada «Ponte Romana» sobre o rio Brenhas, seguindo depois a «calçada de Forca» que margina os sítios romanos da Quinta de S. Lourenço, Quinta da Pardouqueira e Quinta da Esperança, rumo à travessia do rio Ardila no «Porto de Mourão»; a partir daqui o percurso é incerto, podendo seguir até ao «Porto de Évora» no Guadiana, passando próximo do Castro dos Ratinhos (Lima, 1951:190-191), continuando talvez por Alqueva e Portel até Évora (?). De Moura a Évora por Marmelar Em alternativa a via seguia pela calçada de Mata Sete (junto da Horta dos Botas), seguindo depois pelo Monte do Ameixial e «Estrada da Barca», rumo à travessia do rio Guadiana junto do Moinho da Barca/Cais do Fragal, imediatamente a jusante da foz do rio Ardila. Daqui poderia rumar a norte rumo Évora passando no vicus de Marmelar. De Moura a Beja Segundo Fragoso Lima a via saía de Moura pelo caminho de terra junto da EN258 que passa nos terrenos do Forte pelo Bairro Oeste nas Encarreiradas e pela chamada calçada da Ladeirinha Branca rumo a Pisões, onde há vestígios de calçada e uma ponte antiga sobre o ribeiro de Torrejais com possível origem romana (Lima, 1951); daqui atravessava os olivais de Bogas de Ouro e Farelos, continuando por Pisanto e Brinches rumo à travessia do rio Guadiana no vau de Vale de Brisão/Beirão/Casa da Barca, seguindo depois por Folha do Ranjão (povoado da Idade do Ferro), Baleizão (grande povoado fortificado da Idade do Ferro no Cerro Furado; no Monte do Torrejão apareceu uma curiosa inscrição funerária da filha de Blossius Saturninus, habitante de Balsa, membro da tribo Arniense e natural da Colónia Iulia Neapolis, cidade situada na actual Tunísia junto à moderna cidade de Nebel Kedin, CIL II 105; IRCP 294; na Herdade do Passo do Conde, apareceu a cupa funerária de Verus; FE 686), cruza a ribeira da Cardeira em Porto Peles (vestígios de ponte antiga, talvez romana) seguindo junto da Quinta da Mongeralda em Ns. das Neves rumo a Beja. De Moura a Serpa Partindo de Moura, a via rumava a sudoeste seguindo aproximadamente a EN255 por S. Lourenço, desviando depois pelo Monte das Sesmarias, Monte Panasco, Monte da Torre (villa), onde cruzava o Barranco das Amoreiras, Monte Barroso (calçada), Monte da Torre e Atalaia Gorda (passando próximo villa da Casa dos Campinos), Pias, seguia talvez pelo Alto das Barreira Brancas e Monte Velho dos Canivetes, cruza a ribeira de Enxoé e seguia próximo do miliário do Monte da Chilra (servindo de limite com a herdade do Monte dos Alpendres de Lagares; actualmente está numa casa particular em Serpa), continuando depois pelas proximidades das villae de Espicharrabo, Monte da Capela e Torre Velha, continuando depois pela «Canada Velha» (400 m em calçada) rumo a Serpa De Moura a Belmeque Possível via romana partindo de Moura para sul rumo à estação viária de Messangil. Inicialmente segue a EN255 desviando depois à esquerda pela calçada de S. Lourenço, marginando o fundus da villa da Herdade da Tapada (ara funerária), continuando em calçada pela Herdade dos Machados até ao Monte de Belmeque, onde entronca na via de Pedrogão a Sobral da Adiça ou seguia para sul até ao nó viário de Messangil. De Moura a Sobral da Adiça A via saía da povoação pela rua de Arouche e seguia entre as ribeiras de Brenhas e de Toutalga com vestígios de calçada na Quinta de Santa Justa, «Encosta do Brenhas», «Calçadinha» e Coutada, continuando por Montalvo, Atalaia da Casinha, Montes Juntos (estela e cupa funerária), continuando pela Horta dos Borrazeiros (villa e respectiva necrópole) até ao Monte da Coroada, onde cruza com a via entre Sobral da Adiça e Badajoz, continuando depois rumo a Safara (?). |
Viae ab EBORA |
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Évora (EBORA) - Beja (PAX IULIA) m.p. XLVI A via romana ligando Évora à capital do conventus pelo caminho mais curto, cerca de 45 milhas, é atestada pelos imensos vestígios ao longo do seu percurso, contando-se actualmente pelo menos 16 miliários na sua maioria anepígrafos (seriam pintados?), assim como alguns troços da via. André de Resende refere que existiam numerosos vestígios desta via no seu tempo, nomeadamente vários miliários, lendo num deles que era do tempo de Adriano (Resende, 1593: 156; CIL II 432*); menciona também pontes já arruinadas sobre rios Xévora, Murteira e Odivelas; nos anos 50 do século passado, Mário Saa voltou a realçar a importância dos vestígios ainda visíveis ao longo da via que designa por «Estrada dos Diabos» (Saa 1963: 238-240). Entretanto muitos deste vestígios já foram entretanto destruídos ou estão desaparecidos com a excepção do miliário da Camoeira que ao ser levado para Évora foi poupado a esse infortúnio. Urge estabelecer medidas de protecção desta via cujos poucos vestígios remanescentes continuam ao abandono e sujeitos a progressivas destruições. O traçado ainda suscita algumas interrogações, em particular em duas possíveis variantes por Alvito e Cuba (vide Sillières, 1984; Encarnação, 184:724; Lopes, 2000; Bilou, 2000a; Feio, 2010; Mantas, 2012c). Na sua parte inicial, a via servia de limite entre o concelho de Alvito e o de Évora em 1251, segundo consta na carta de demarcação do couto de Alvito «(...) Carrariam veterem quod venit de elbora pro ad begiam ad patronum qui stat in ripa de aqua de udivelis et de inde eundo directe per ipse viam veterem ad patronum qui stat in ripa de cabelete (...)»; os referidos marcos («patronum») deverão corresponder a miliários romanos desta via, um junto do cruzamento da ribeira de Odivelas e o outro no Monte do Cavalete, local de onde partia uma variante por Alvito (Feio, 2010). Évora (EBORA) (na Quinta da Manizola está um miliário de Maximiano possivelmente deslocado desta via; partindo da Porta do Raimundo em Évora, seguia pela Horta do Bispo, onde existia um troço de calçada (Pereira, 1948: 303), continuando pelo Bairro da Ns. do Carmo rumo à travessia da ribeira da Torregela junto à Herdade da Barbarrala Nova, onde há vestígios de lajeado no vau da ribeira, continuando depois pela Herdade da Casinha) Monte das Flores (m.p. IV; a via segue a margem direita do rio Xarrama) Fontalva (m.p. VII; 4 fragmentos de miliários; o miliário de Fontalva 1 está tombado entre o rio Xarrama e o acesso ao monte; o miliário de Fontalva 2 permanece erecto in situ; o miliário de Fontalva 3 é anepígrafo; o miliário de Fontalva 4 está tombado no leito do rio, partido em 2 fragmentos; a via continua paralela ao Xarrama) Monte do Seixo (m.p. VIII; Mário Saa refere um miliário na «Fonte do Seixo») Porto da Magalhoa (m.p. IX; referência a um miliário; Mário Saa refere 3 miliários entre o Monte da Magalhoa e o Monte da Zambujeira, um deles conhecido por «Marca do Diabo») Torre/Solar da Camoeira (m.p. XI; provável mutatio de onde provém o miliário de Maximino I e ao seu filho Máximo, IRCP 664a, indicando a milha XI, entretanto transferido para a entrada dos serviços administrativos da antiga JAE em Évora; segundo Saa apareceu «no leito do Xarrama, a cerca de 800 m a montante da desaparecida ponte do Porto da Calçadinha», junto com outros fragmentos que serviam de poldras no chamado «Porto da Camoeira») Travessia do rio Xarrama (segue 200 m paralela ao rio até à Azenha do Silveira onde existe calçada; continua pelo Porto da Calçadinha onde reaparece a calçada durante 300 m; continuando pela extrema que divide as Herdades da Falcoeira e da Ovelheira por 1500 m, junto do marco geodésico de Aguilhão) Ponte Romana da Horta do Vinagre sobre a ribeira da Murteira ou do Aguilhão (m.p. XIII; fuste de miliário anepígrafo na margem esquerda com a respectiva base no leito do rio) Herdade da Ovelheira (m.p. XIV; fragmento de miliário semi-enterrado, talvez in situ; a via passava assim a poente da aldeia de Aguiar, onde existia um miliário deslocado a servir de assento no Largo 1º de Maio, actualmente numa casa particular) Monte Lindim/Landim (m.p. XV; parte inferior de um miliário e vestígios da calçada na base do povoado pré-romano do 'Cabeço de Aguiar'; a via cruza a ribeira de Alpraçá) Monte de Samarra (m.p. XVII; continua por Monte Ruivo) Ns. d'Aires (FOXEM), Viana do Alentejo (m.p. XIX; vicus e provável mutatio junto do Santuário de Ns. de Aires e respectiva necrópole no Monte das Paredes, com várias inscrições funerárias; junto do santuário apareceram duas aras actualmente inseridas nas colunas do adro da igreja, uma epígrafe honorífica num pedestal com a inscrição BONO / REIP(ublicae) / NATO, IRCP 413, e dois miliários: miliário de Crispo, IRCP 672, indicando 19 milhas a Évora e o miliário onde apenas se lê o numeral XVII, presumivelmente 17 milhas, IRCP 680; daqui a via seguia junto do Monte das Paredes e Monte das Hortas Velhas, Monte do Cavalete e pela chamada «Mata do Serrado»/Sarnado) Água de Peixe (m.p. XXIII; possível miliário reutilizado no terreiro do monte; mina de ferro; continua pelo CM1004; Mário Saa refere restos de calçada; sai à direita e segue junto da Capela da Sra. da Graça) Ponte Romana de Vila Ruiva sobre a ribeira de Odivelas (m.p. XXVI; grande ponte romana sobre a ribeira de Odivelas sucessivamente reconstruída da qual restam apenas três dos pilares originais; estela reutilizada no quinto pegão norte, do lado montante) Vila Ruiva (m.p. XXVII; possível fuste de miliário; barragem romana, em frente da Ermida da Ns. da Represa; a via seguiria pela Fonte da Salgueira e Monte da Delicada, passando depois a poente da villa do Monte da Panasqueira) Monte da Palheta (m.p. XXX; atravessa a ribeira de Mac Abraão junto do «Moinho da Donica» e segue junto das casas do monte e do marco geodésico da Parreira) Monte dos Assentes (m.p. XXXIII; cruza o Barranco dos Assentes e segue pelo Monte Branco) Faro do Alentejo (m.p. XXXV; continua pelo Monte das Pias, passando a 2 km a nordeste do vicus de Ladeiras até ao nó viário junto do Poço das Juntas, onde cruza a ribeira de Odearce e inflecte para a sul) São Brissos (toda a área está hoje muito alterada pela actividade agrícola e construção do aeroporto de Beja, mas segundo proposta de Mário Saa, a via seguia pelo Alto de Atouguia, continuava pelo Monte de Sta. Luzia, marginando a villa do Monte do Meio, passando assim 1,2 km a sudoeste do acampamento militar romano de Mata-Bodes que controlaria o acesso a Beja por esta via romana, continuando depois pelo Monte do Pombalinho, Quinta da Saúde, Moinhos da Saúde até desembocar na Ermida de St. André, onde existia uma gafaria medieval, entrando na cidade de Beja pela antiga «Corredoira»/«Corredoura»; Castro, 1767; Saa, 1964, IV, 261-265) Beja (PAX IULIA) (m.p. XLVI) Entrava na cidade pela Porta Romana de Évora com o seu arco e restos de calçada, actual rua D. Dinis, rumo ao forum da cidade situado na área da actual Praça da República. Variantes deste Itinerário:
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Évora (EBORA) - Torrão - Alvalade (Sarapia?) - Faro (OSSONOBA) A via romana entre Évora e Alvalade passando pelo Torrão integra um grande itinerário que partindo de Évora se dirigia para o Algarve passando por Garvão e Castro da Cola. Esta via marginava a importante villa romana de Ns. de Tourega e cruzava a povoação de Alcáçovas. Évora (EBORA) (inicialmente a via seguia o mesmo traçado da Via Ebora - Salacia até ao Monte de Tabuleiros de Baixo, derivando aqui rumo a Alcáçovas, passando junto do povoado proto-histórico do Monte da Ponte/Fonte, a 13 milhas de Évora) Ponte Romana?-Medieval de Alcalaínha/dos Ruivos sobre a ribeira das Alcáçovas (m.p. XIV; junto da confluência das ribeiras de S. Brissos e Peramanca; a partir daqui o traçado da via é pouco claro, mas daqui deveria dirigir-se ao Monte da Morgada talvez pela divisória concelhia, passando assim a noroeste da villa? do Monte dos Vilares, continua por Vale dos Açougues de Baixo, Terrinha e Chão e Ares, entrando em Alcáçovas pelo caminho que margina a Ermida de S. Geraldo) Alcáçovas (m.p. XX; cupa funerária em forma de barrica, CIL II 86, actualmente no acervo do MNA) Torrão (m.p. XXIX; continua por alturas de Médico, Carrascais e Corte da Venda, rumo à travessia da ribeira de Odivelas junto da Herdade do Pinheiro/Porto Carvalhoso e segue pelo estradão que divide os distritos de Setúbal e Beja, passando junto dos sítios romanos de «Altura dos Pintos» e «Outeiro da Mina», onde há necrópole de uma provável villa) Santa Margarida do Sado (vestígios romanos em torno da Capela de Santa Margarida do Sado, incluindo duas cupas funerárias e um pedestal, indiciam a existência de uma villa ou mutatio associada à travessia do rio Sado neste local, ligando à via de Alcácer do Sal a Faro; no entanto, a via para Alvalade continua a nascente da povoação pelo Alto de Penedrão e Alto da Atalaia, cruza a ribeira da Figueira em Porto de Mouros e segue por Carregueira do Mato para cruzar a ribeira do Roxo na Herdade Grande, a nascente da Aldeia de Ermidas e da villa do Monte do Roxo) Alvalade (m.p. XXX; provável vicus viário na área do cemitério; a via conflui aqui no Itinerário XXI onde se descreve o percurso até Faro) |
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Évora a Vila Viçosa por S. Miguel de Machede e Bencatel Vários indícios apontam para a existência de uma via ligando Évora às pedreiras de mármore de Bencatel e Vila Viçosa. A via seguia por S. Miguel de Machede onde apareceram dois miliários. Saindo de Évora pela Porta de Machede, a via seguia talvez pelo bairro das Nogueiras para cruzar o rio Xarrama junto da Quinta do Sande, continua pela Quinta da Retorta, cruza o rio Degebe no lajeado junto da Quinta Velha e continua pelo Monte da Fonte Boa do Degebe, sítio romano da Quinta do Morgadinho, marco geodésico da Galvoeira/Pedras Brancas rumo à travessia da ribeira de Machede, dirigindo-se depois pelo Monte da Amendoeira rumo ao Monte da Barrosinha, onde André Carneiro e Francisco Bilou viram um miliário anepígrafo, no caminho de acesso ao monte ao km 41 da EN254, entretanto desaparecido (!), passando entre duas importantes villae, Courelas da Toura a norte e Herdade da Morgada a sul, onde apareceu uma placa funerária (FE 120) (vide Bilou, 2000a). S. Miguel de Machede (m.p. XII; segue a norte da povoação pelo Monte do Almo e da Aldeia, onde existe um miliário anepígrafo que assinalaria a milha 12) Travessia da ribeira da Pardiela (continua por Foros do Queimado, Monte dos Frades e Monte da Laje, entroncando pouco depois na EN254, cruza a ribeira do Freixo e segue junto do Monte do Zambujal e do antigo albergue da «Venda do Redondo») Redondo (milha 18 ao Km 27 da EN254, onde toma o estradão de terra à esquerda que segue para o fortim romano do Monte do Almo, provável posto de controlo da via junto da travessia da ribeira de S. Bento, seguindo portanto a noroeste de Redondo; o trajecto continua pelos montes do Hospital, da Fonte da Cal, da Amendoeira e de Rial, cruza a EN381 e segue para Horta da Velhinha até entroncar novamente na EN254 ao km13, seguindo por esta até ao Alto das Cabeças, onde volta a derivar para cruzar a ribeira de Lucefecit em Galvões, seguindo depois junto da extinta Ermida de Santa Ana e do Monte da Galharda) Bencatel (m.p. XXXI; vicus no sítio de «Vilares» na Herdade da Galharda associado à extracção de mármore com pedreiras em Monte do Regoto, Monte da Lagoa, Monte d'El-Rei e Herdade da Vigária; junto do vicus apareceu uma inscrição dedicada a Fontano e Fontana na Fonte Terrenha situada no sítio da «Aldeia das Freiras», actual Azenha das Freiras; a via cruzava uma outra vinda de Estremoz para Alandroal rumo ao Guadiana) Vila Viçosa (m.p. XXXV; miliário de Constantino Magno achado nas redondezas, mas em sítio impreciso, IRCP 676, actualmente no Museu Arqueológico local que guarda também o miliário do Monte de Alcobaça; três inscrições dedicadas a Proserpina na Ermida de Santiago, Largo dos Capuchos, onde deveria existir um santuário, pode indiciar a continuação da via pela actual rua da Carreira até S. Romão de Ciladas, onde entronca na via que corria entre Terrugem e Juromenha)
Poderia existir também uma variante que desviava da anterior nas proximidades de Redondo e seguia para leste rumo a Alandroal, servindo as explorações mineiras da região; esta via deveria passar próximo do Fortim Romano do Caladinho, atravessava a ribeira de Lucefecit junto do Moinho da Sra. da Fonte Santa/Monte da Estacaria ou u pouco a jusante na Ponte do Monte da Fonte dos Ouros (de cronologia insegura) e depois por Fonte Velha para Alandroal (actual EN373), passando nas proximidades de dois importantes locais de culto, o Santuário Rupestre da Rocha da Mina e Santuário de S. Miguel da Mota, este dedicado ao Deus Endovélico e cujo templo terá sido desmantelado para a construção da Capela (as muitas aras e estátuas recuperadas daqui foram levadas por Leite de Vasconcelos para o MNA, excepto uma que serve de altar na Igreja da Ns. da Boa Nova junto a Terena; o acesso faz-se a partir do Alandroal ao Km 5,6 da EN373, seguindo o estradão de terra que leva ao Monte de S. Miguel da Mota) até ao Alandroal. |
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Évora (Ebora) a Monsaraz (vide Carneiro, 2008) Existem dois possíveis trajectos rumo a Monsaraz:
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Viae ab MIROBRIGA |
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Santiago do Cacém (Mirobriga?) A importante cidade romana situada nos Chãos Salgados, junto a Santiago do Cacém é uma das melhores conservadas em Portugal, permitindo ainda hoje vislumbrar um pouco da sua vivência na época romana; localizada sensivelmente a meio da rota marítima entre o Promontorium Sacrum (Cabo de S. Vicente) a sul e Salacia a norte, tirava partido desta sua posição estratégica para articular e controlar o comércio entre o interior Alentejano e o resto do Império; excelente museu; dentro do núcleo urbano há uma pequena Ponte Romana. Alcácer do Sal (SALACIA) - Santiago do Cacém (Mirobriga?) Provável ligação entre as duas cidades, atravessando o rio Sado em Alcácer do Sal e seguindo aproximadamente a rota da EN120 por Grândola (provável mansio na villa do Cerrado do Castelo dentro da escola primária; a via continua pela EN120 (?) marginando a Barragem Romana do Pego da Moura ao km 26, continuando por Santa Margarida da Serra e Cruz de João Mendes, onde há diversos topónimos viários como «Vendinha», «Outeiro da Estrada», e Roncão, passando depois próximo do povoado da Idade do Ferro no Alto da Pedra da Atalaia. Santiago do Cacém (Mirobriga?) - SINES (Sinus?) Provável ligação a Sines, antigo vicus portuário associado a Mirobriga, dado que aqui foram recuperadas do mar duas âncoras romanas e várias cetárias, além de um forno para produção de ânforas no Lg. João de Deus junto ao Castelo; este porto viria a ser progressivamente desactivado com a construção no século II do porto da Ilha do Pessegueiro, onde ainda são bem visíveis vestígios da produção industrial do garum, em particular as cetárias para salga de peixe; o espólio recolhido em torno do castelo está no Museu de Sines, incluindo o pedestal de uma estátua a Marte Augusto, FE 230, e uma ara funerária, FE 231. Santiago do Cacém (Mirobriga?) - Alvalade - Beja (PAX IULIA) Ligação entre estas importantes cidades passando por Alvalade (vide «A ocupação romana em torno de Avalade» por Jorge Feio). Partindo de Santiago do Cacém, acompanhava a linha férrea por S. Bartolomeu da Serra e a sul de Abela (junto da Ermida de S. Brissos e da villa da Quinta da Corona, onde apareceu inscrição), percorria o Alto da Cruz do Carraqueiro e Alto de Cangalhas, continuando pelo Vale de Santiago e junto da villa da Ameira/Monte Brejo rumo à Ponte Medieval sobre da Ribeira de Campilhas (antiga ponte reconstruída no século XVI com possível origem romana) entrando de seguida em Alvalade (vicus viário na área do actual cemitério, cruzando aqui com a vias N-S para o Algarve; a travessia do rio Sado seria em «Porto Beja»), seguindo depois para sudeste, marginando a villa da Herdade de Conqueiros (3 inscrições funerárias na respectiva na necrópole em Figueira-de-Ametade, a 200 m da villa, uma delas com o epitáfio de Brocina, IRCP 153), e seguia por Vale do Zebro, Monte Branco, S. João de Negrilhos (?), Ervidel (?) e próximo da villa de Santa Vitória, passando junto das magníficas ruinas da villa de Pisões, na Herdade de Algramaça e da villa das Reprezas rumo Pax Iulia (?). Santiago do Cacém (Mirobriga?) - Messejana - Castro Verde - Mértola (MYRTILIS) Itinerário de Mirobriga a Myrtilis seguindo inicialmente o mesmo traçado da via para Beja até ao nó viário de Alvalade, continuando depois por Messejana, Castro Verde e Sta. Bárbara de Padrões até Mértola. Alvalade (cruza o rio Sado em «Porto Beja» e continua pelo Monte Velho da Daroeira, Alto de Terras Frias, Cerro do Chaparral e Monte do Sargaçal e Alto da Sra. da Assunção, marginando as villae de Rosário e da Herdade do Álamo do Meio onde apareceu o epitáfio de Meducenus) Messejana (castellum ou villa fortificada, possível mutatio, localizada no outeiro sobranceiro à povoação; epitáfio de Laberia Coimia na Barrada, outra no Monte do Reguengo; continua a poente da povoação por Aguentina do Campo, Monte da Estrada, cruza a EN263 no Alto do Laboreiro e segue próximo do Monte de Belmonte e Monte da Meia Légua) Alcarias, Conceição (mutatio?; continua próximo do sítio romano do Poço dos Tanques por Monte Gouveia e Monte Louisinha para cruzar a ribeira dos Aivados e a linha férrea junto do Monte da Ribeira; na Horta do Vale apareceu o epitáfio de Atellius Clemens, FE 559) Casével (epitáfio de Sagaius no Monte da Almoleias; epitáfio de Mitulus no Monte das Ramas; epitáfio de Iulia Materna na Herdade do Bispo; continua pelo do Monte Gregórios, passando a norte da Fonte de Milagre de S. Miguel que reutiliza materiais romanos, margina a villa de Almeirim e segue rumo a Castro Verde passando próximo do povoado de Borrinhachos) Castro Verde (cruza a povoação talvez pela rua da Liberdade e rua de Mértola, saindo depois pelo caminho que passa na Fonte das Bicas e na Capela de S. Sebastião rumo a Geraldos, onde cruza a ribeira de Maria Delgada, continua pelo Monte do Outeiro Novo passando nas proximidades da Capela de S. Pedro das Cabeças que assenta sobre um santuário romano, cruza a ribeira de Cobres junto do Monte Roxo, onde há necrópole, e segue pelo Monte das Cabeças, junto do castellum dos Namorados e Cruz do Castro) Sta. Bárbara de Padrões (possivelmente um vicus apesar da ausência de epígrafes, onde apareceu um extraordinário depósito de lucernas votivas; a via poderia continuar para Mértola por Sete, Espragosa, villa da Herdade de Santa Maria, S. João dos Caldeireiros, Ledo e Namorados) Mértola (MYRTILIS)
Santiago do Cacém (Mirobriga?) - Sagres/ Lagos (Laccobriga?) Provável via romana entre Santiago do Cacém e Lagos servindo os diversos complexos portuários espalhados ao longo da costa Alentejana, nomeadamente os de Sines, Ilha do Pessegueiro e Milfontes; a via segue aproximadamente a rota da EN120 pelo seguinte itinerário: De Santiago do Cacém segue por Muda, Cercal (pela EN120 até à «Calçadinha do Raco», onde sai da EN120 por Catifarras, passando a nascente da necrópole da Herdade do Raco), Odemira (cruza a ribeira de Despada, segue por Vale da Pedra e passa a nascente de S. Luís por Garatuja rumo à travessia do rio Mira, continua sob a EN120, saindo ao km 113 à direita rumo ao Moinho da Vagarosa, onde cruza a EM502-1), S. Teotónio (continua a poente da povoação; necrópole e sigillata na Ermida de S. Miguel), Odeceixe (cruza a ribeira de Seixe a nascente da povoação e segue pela calçada de Porto da Torre e depois continua sob a EM1002, marginando o vicus mineiro do Vidigal), Aljezur (cruza a ribeira homónima e ascende ao morro do Castelo até Portela Alta, continuando depois paralela à 1003-1 até ao Alto das Barreiras Vermelhas, onde toma o estradão por Craveira, Encruzilhada, Malhões, Palmeirinha até Chabouco (ver abaixo ramal para Lagos); continuava por Monte Novo e Carrapateira, seguindo depois paralela à EN268 pelo Alto do Monte Queimado, Alto de Monteiros e Alto da Pena Furada até Vila do Bispo, podendo daqui ligar a Sagres.
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ITER XXII - Item ab BAESURIS per compendium PACE IULIA m.p. LXXVI |
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ITINERARIO XXII - Foz do Guadiana (BAESURIS) - Mértola (MYRTILIS) - Beja (PAX IULIA) m.p. LXXVI
Item ab BAESURIS
per compendium PACE IULIA MYRTILIS PACE IULIA m.p. LXXVI m.p. XL m.p. XXXVI Neste contexto importa referir também o Itinerário XXIII de Antonino intitulado «Item ab Ostio fluminis Anae Emeritam usque» que partindo também de foz do rio Guadiana se dirigia a Mérida. Mais uma vez não se trata de uma via contínua, mas um agrupamento de vários troços. O primeiro ligava o Guadiana a Huelva (Onuba). Ao contrário do que se tem afirmado, esta via não seguia junto da costa, mas bem mais para o interior com estações intermédias em Praesidio e Ad Rubras, ambas sem localização segura. Depois seguia pela via de Onuba a Hispalis (Sevilha) passando em Illipla (Niebla), mais 20 milhas, e Tucci (Tejada la Nueva), mais 22 milhas, entrando em Sevilha depois de cruzar o Guadalquivir pela Ponte das Barcas de Triana. O Itinerário porém não indica a sua passagem em Sevilha pois a via vai cruzar a via N-S junto a Italica, a 18 milhas de Tucci, monumental cidade romana eregida à margem deste importante nó viário a norte de Sevilha, onde o itinerário inflecte para norte rumo ao seu destino final, Emerita Augusta (act. 2019). Foz do Guadiana (BAESURIS) a Mértola (MYRTILIS) m.p. XL Guerreiros do Rio (fortim) Montinho das Laranjeiras (villa sobranceira ao rio; visitável) Vale de Condes (necrópole junto ao rio; villa ou vicus) Alcoutim (m.p. XX; o castelo assenta num povoado fortificado romanizado; possível localização de Praesidio, mansio indicada no Itinerário 23; ou em alternativa na outra margem, em Sanlúcar del Guadiana; Bendala, 1987) Mértola (MYRTILIS) (oppidum; porto fluvial; o carácter comercial da cidade atraiu colonos do norte de África como atesta o epitáfio de Peregrinus, originário de Útica, actual Zana na Tunísia. Mértola (MYRTILIS) a Beja (PAX IULIA) m.p. XXXVI Mértola (a via partiria do Rossio do Carmo, junto do Museu da Basílica Paleocristã, onde se observaram vestígios de calçada e uma necrópole, e seguia pelo Cerro do Furadouro sob a EN122, desviando desta pela EN510 para Corte Gafo de Cima, passando no Monte de Vale Covo, antiga albergaria da estrada real mencionada no «Roteiro Terrestre» situada a 4 milhas de Mértola) Corte Gafo de Cima (cruza a aldeia e segue por Atalaia e Alto da Légua) Monte do Mosteiro (povoado romano e provável mutatio relacionada com a travessia da ribeira de Terges; continua pelo Monte de Demangas e Herdade de Barbas de Gaio) Vale de Russins/Rocins (continua talvez pelo Monte de Vale Loução de Baixo, Monte da Atalaia por estradão rectilíneo até ao Monte da Lagoa) Salvada (entra pelo cemitério e continua pela rota da EM511, passando próximo do Monte de Mértola) Beja (PAX IULIA) (chegava à cidade pelo Tanque dos Cavalos/Bairro de S. João, marginando a villa da Abóboda e entrava na antiga malha urbana pela Porta de Mértola, demolida em 1876 e posteriormente transladada para a Igreja da Ns. da Conceição onde ainda se encontra) |
Viae ab MYRTILIS |
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Itinerários de Mértola (MYRTILIS) a Serpa (SERPA) e Sobral de Adiça (Arucci?) O conhecimento actual sobre a viação romana no território da civitas Myrtilensis é ainda muito limitado dado a escassez de vestígios viários, nomeadamente a ausência de miliários. Numa rede que privilegia antes de mais as ligações de grandes exploração mineiras romanas aos portos e principais centros urbanos; nesta rede o rio Guadiana funcionava como o grande canal de circulação do comércio com o Mediterrâneo. Em Mértola deveria existir uma Ponte Romana sobre o Guadiana que o Padre João Baptista de Castro refere no seu «Roteiro Terrestre» como já estando inutilizável pois tinhas apenas «seis arcos grandes e 4 pequenos, pois os outros lançaram abaixo os Árabes, e por isso a tal ponte não tem serventia» (Castro, 1767:21); actualmente o que resta da ponte é a chamada «Torre do Rio», embora o que lá existe já é uma reconstrução posterior apesar de reutilizar materiais romanos. Cruzada a ponte a via dirigia-se à Mina de São Domingos, bifurcando aqui rumo a Serpa e a Sobral da Adiça, podendo também cruzar o rio Chança rumo à Bética. De Mértola (MYRTILIS) às Minas de São Domingos m.p. XI Estrada romana que ligava o Porto de Mértola às minas S. Domingos, permitindo o escoamento de minério. Actualmente a via é visível na margem esquerda do rio, partindo de Além-rio (junto dos celeiros da EPAC) para nascente por um troço calcetado que segue por 2,2 km até Casa Branca, designado por «Estrada Velha», passando junto do povoado pré-histórico do Cerro do Calcolítico e do topónimo viário Carrasqueira, continua sob a EN265, reaparecendo adiante da antiga Casa dos Cantoneiros, ao Km 65, continuando paralela à estrada actual em calçada rumo ao Complexo Mineiro de São Domingos (muitos vestígios de mineração e de um povoado mineiro). Das Minas de São Domingos a Sobral de Adiça (Arucci?) m.p. XXXIII A partir de São Domingos a via prosseguia pelo «Serro do Tesouro» até Corte do Pinto, marginando o sítio romano de S. Simão, onde deveria bifurcar a via para Serpa, enquanto esta via seguia sempre paralela ao rio Chança percorrendo 25 milhas até Messangil, e daí a Moura mais seguia por mais 13 milhas, perfazendo um total de 37 milhas; junto do Posto Fiscal de Vale Covo poderia existir uma mutatio dado que esta local está exactamente a meio percurso entre São Domingos e Messangil, ou seja a 12,5 milhas de ambos. Este trajecto teria de cruzar necessariamente com a Via de Serpa a Paymogo possivelmente junto do Monte de São Marcos, onde também poderia existir uma mutatio. A partir de Corte do Pinto, a via segue o EM1096 por Alto de Santa Luzia (de onde partiria uma ramal de acesso à mina romana da Volta Falsa, cruzando o rio Chança junto do Serro do Marco), cruza o Barranco dos Alcaides e segue por Monte do Corte de Azinha (passando junto do sítio romano do Monte do Convento, onde existiu uma capela datada dos séculos VI-VII, na divisória com o Concelho de Serpa), continuando por Alto das Zorras, Monte de S. Marcos, Alto do Pêgo, Alto de Casares, Vale Covo e Alto da Vigia, onde entronca na EN392, continuando por Carepetal (topónimo Barranco da Légua), Cruzeiro do Alto da Boa Vista até à Aldeia Nova de São Bento (villa) que cruza tomando depois o CM1052 que passa a nascente do Monte de Valverde, seguindo rumo à «Fonte de São Miguel Finis», onde existiria uma mutatio relacionada com a travessia da ribeira de Enxoé. Messangil, Vale de Vargo (provável mutatio junto da Fonte de São Miguel Finis). Das Minas de São Domingos a Serpa (SERPA) Inicialmente a via seria comum à anterior até Corte do Pinto desviando aqui por Monte do Filipe Anastácio, Alto do Posteiro Formoso, Monte do Augusto Guerreiro, Monte do Isidro da Palma, Monte do João Nicolau e Monte do Custódio Heleno, pela estrada que divide os concelhos de Mértola e Serpa, continuando depois por Monte da Sobreira Formosa e Vales Mortos até ao Alto das Fontainhas, onde deveria reunir com a via transversal de Serpa a Paymogo seguindo por esta até Serpa. |
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Itinerários de Mértola (MYRTILIS) ao Algarve Itinerário Mértola (MYRTILIS) a (BALSA): provável itinerário romano que partia do Porto de Mértola e seguia aproximadamente a estrada actual EN122 até Álamo, onde bifurcava a via para Alcoutim, continuando por S. Bartolomeu de Via Glória e pelo povoado romano junto da Ermida de S. Bartolomeu rumo à travessia da ribeira do Vascão junto do povoado islâmico do Castelo das Relíquias, topónimo «Moinho da Estrada», continua talvez nas proximidades de Giões, Santa Justa, cruza a ribeira de Foupana junto das minas do Monte das Ferrarias em Vaqueiros (casal), continua por Taipas, Cabeça Gorda e Água de Fusos, seguindo depois a rota da EN397 até S. Domingos de Asseca onde cruzava o rio Séqua/Gilão rumo a Balsa (Luz de Tavira). Itinerário Mértola (MYRTILIS) a Faro (OSSONOBA): derivando da anterior poderia existir uma outra via mais a oeste seguindo pela chamada «Estradinha da Corcha» que passa no Cerro da Má Noite, localizado nas proximidades do Castelo do Manuel Galo (Maia, 1986), continuando por Corcha rumo à travessia da ribeira do Vascão junto do Monte do Barranco, seguindo depois por Pessegueiro; o resto do itinerário está descrito no sentido inverso na via Faro - Mealha - Beja. |
Outras Vias do Algarve |
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VIA LITORAL de Faro (OSSONOBA) - Portimão - Alvor (IPSES) (m.p. XLII) É muito provável a existência de uma via ao longo do litoral algarvio ligando Ossonoba a Ipses, ou Ipsa, localizada no Alvor. A via seguiria assim por um percurso sensivelmente paralelo à actual EN125 por onde a passagem é mais facilitada (vide Rodrigues, 2004). Esta via não é mais do que a continuação do Itinerário XXI no troço entre Baesuri e Ossonoba. Desta via partiriam diversos ramais de ligação às villae e respectivos complexos industriais de preparação de garum instalados ao longo da linha de costa Algarvia como evidenciam os sítios romanos de Salgados, Ludo, Porto das Vacas e Casas Velhas, o complexo industrial da Quinta do Lago, do qual restam as cetárias junto da foz da ribeira de S. Lourenço, o importante sítio de Loulé Velho na Praia do Trafal, do qual pouca resta devido à erosão da costa pela acção do mar, tal como o complexo industrial da Quarteira, actualmente submerso a cerca de 8 m de profundidade. Faro (OSSONOBA) (na parte inicial seguia a mesma rota do Itinerário XXI até ao nó viário de Almansil) Almansil (m.p. VIII; continua a sul de Pereiras, cruza a EM527 e a EN396 e segue por Cascalheira e Bacelada, continuando a norte de Vilamoura pelo caminho paralelo à EN125 que apesar de cortado em vários pontos ainda mantém destacado na paisagem passando nas traseiras da zona industrial, junto do depósito de água de Vilamoura e ao lado do Colégio Internacional até confluir na EM526 rumo à travessia da ribeira da Quarteira na Retorta)
Cerros Altos/Poço do Barnabé (sítio romano situado a sul da Mosqueira, possível villa agrária e mutatio dado estar a 20 milhas de Faro; aqui apareceu a ara de Silvanus, actualmente no Museu de Albufeira; este local deverá corresponder à «Estalagem da Nora» referida no «Roteiro Terrestre») Ferreiras (vestígios em Tomilhal e Ataboeira, indiciam a passagem a via a sul a EN125; depois de cruzar a ribeira de Albufeira, continua pelo Caminho do Tomilhal, Ataboeira, Álamos e Tavagueira, actual «rua do Fumeiro») Guia (m.p. XXV; peso de lagar na Quinta do Coelho; continua paralela e a sul da EN125, passando junto do parque aquático onde vencia a m.p. XXVI) Pêra (possível ramal de acesso ao vicus? portuário de Armação de Pêra) Ponte de Alcantarilha (m.p. XXVIII; continua talvez pelo caminho rural a sul da EN125 pelos sítios da Torre e Areias de Porches) Porches (m.p. XXXI; entra pela rua da Chaminé, passa na Igreja e continua talvez a sul da EN125 por Cabeços, confluindo na EN125 pouco antes de Lagoa, junto das alminhas) Lagoa (m.p. XXXIV; notícia do aparecimento em 2017 de um «empedrado» junto da «Nobel School» e da EN125; a via cruzaria a povoação e seguia por Belmonte até Estômbar, caminho actualmente cortado pela EN125) Estômbar (m.p. XXXVI; entra na povoação junto da escola e sai pela Estrada das Hortas; segundo Sandra Rodrigues a via continuava talvez junto dos topónimos viários «Corredoura» e «Passagem», este junto da Quinta de S. Pedro, chegando ao rio Arade na zona de Parchal, onde se regista o topónimo «Calçada da Barca»; em alternativa a via poderia seguir a EN125 até Mexilhoeira da Carregação, cruzando o Arade junto da Ermida de St. António?) Portimão (m.p. XXXVIII; na foz do rio Arade poderia existir uma travessia por barca, seguindo depois por Mexilhoeira Grande rumo aos portos de Alvor e Lagos; a via poderia continuar para Alvor pela EM531-1 ou seguir mais a norte marginando as importantes villae do Vale da Arrancada e da Quinta da Abicada rumo a Lagos.
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Outros Itinerários do Algarve Para além das vias indicadas no I.A. e da Via Litoral de Faro ao Alvor, existiam muitas outras vias na região do Algarve, nomeadamente a via de Tavira a Querença (confluindo na via principal para Alcácer do Sal descrita no Itinerário XXI) e a via para Beja por Moncarapacho, Sta. Catarina da Fonte do Bispo, Mealha, S. Pedro de Solis e Sta. Bárbara de Padrões (Fraga da Silva, 2002 e 2005; Sandra Rodrigues, 2004; Manuel Maia, 2006). Tavira a Querença por São Brás de Alportel Esta variante da Via Baesuris a Ossonoba seguia mais a norte pelo Barrocal interligando uma série de povoados romanos e cruzando com as várias ligações N-S que seguiam para o Alentejo; derivava da via principal após a travessia do Gilão em Tavira e seguia talvez por Vale da Asseca (villa em Paúl, onde apareceu a inscrição de Salinianus, originário de Singilia Barba, cidade localizada a noroeste de Antequera) e Marco, seguindo sob a actual EN270 até Sta. Catarina da Fonte do Bispo (marginando a villa de Paúl em Alcarias); daqui continuava por Montes e Lagares, Ponte do Arroio, Espartosa, Ponte do Bengado (referência a dois troços de calçada, um paralelo à EN270 entre o Km 46 e 47 e outro junto do Casal romano do Bengado), São Brás de Alportel (aqui conflui também uma via proveniente de Faro). Continua a nordeste da vila próximo de Alcaria, onde há necrópole, Cerro de Alportel, Juncais, Fontainha e Corte, entra no concelho de Loulé por Almarjão, seguindo o caminho pela margem esquerda da Ribeira das Mercês até confluir na EN396, continuando pelo caminho à esquerda antes da ponte, seguindo para a travessia da ribeira das Mercês na Fonte da Esparrela, subindo depois por Taliscas e Portela a Querença. Faro a S. Brás de Alportel Faro (OSSONOBA) (inicialmente seguia a estrada para Balsa, derivando desta junto da ermida de S. Luís, junto do estádio, onde inflectia para norte rumo a Estoi pela Estrada da Penha, EM519; continua por Conceição, passando próximo dos Monte da Meia Légua e de Porto Carro) Estoi (m.p. V; importante villa Milreu; daqui a via seguia inicialmente pela rua Pé da Cruz e depois pelo caminho a meia-encosta ao longo da margem esquerda do rio Seco, contornando o Cerro da Bemposta pela vertente poente, passando junto da necrópole de Cancela rumo à travessia do rio Seco em Porto Velho) Machados (m.p. X; villa em Vale do Joio; do rio Seco sobe à EN2 que percorre durante 1,4 Km, saindo depois à direita pelo caminho de terra, conhecido por «Calçadinha» rumo a Hortas e Moinhos) S. Brás de Alportel (m.p. XI; chega pela «Calçadinha» que desemboca na Igreja Matriz, continuando de encontro à via de Tavira - Querença) São Brás de Alportel a Loulé São Brás de Alportel (continua a sul da EN270 por Calçada, Fonte do Mouro, Fonte do Touro (calçada), cruza a EN270 e segue por Vilarinhos, Carrascal e Capela de S. Romão (onde apareceram duas inscrições funerárias, uma com o epitáfio de Licinia e outra com o epitáfio de Caecilia Marina, originária de Ossonoba), continuando por Poço Largo, Fonte de Apra, Torre de Apra (villa; capitéis e colunas no Museu de Loulé; ara votiva de Ophime/Trophime e ara votiva aos Lares (?) de Paccius Fronto, actualmente no MNA), chegando a Loulé (poderia continuar para Boliqueime por Lagoa de Momprolé, EN270) Faro a Beja por Moncarapacho e Fonte do Bispo Este itinerário parte Ossonoba rumo ao Moncarapacho e Sta. Catarina da Fonte do Bispo, seguindo inicialmente a via litoral para Balsa até Quatrim, atravessando a ribeira de Marim a jusante da Ponte Velha de Quelfes, e depois pelo "caminho de que vae de quelfes pera porttugal" (Louro, 1929 p.60). No entanto, existiam também ligações a partir de Balsa, uma rumando directamente a Sta. Catarina e outra seguindo inicialmente a via para Ossonoba e depois inflectindo para norte próximo do sítio da Fonte Santa, seguindo pelo lugar de Gião rumo a Moncarapacho (EM1335), onde conflui na via proveniente de Ossonoba. (vide Fraga da Silva, 2002 e 2005; Rodrigues, 2004; Lopes, 2006) Faro (inicialmente seguia a via para Balsa até Quatrim, inflectindo depois para norte por Laranjeiro e Lagoão, EN398) Moncarapacho (outra possível localização da Statio Sacra referida no «Ravennatis»; vide Museu Paroquial de Moncarapacho com um importante acervo romano) Ponte Romana?-Medieval sobre a ribeira do Tronco (aqui começa o antigo caminho com vários troços de calçada intermitente com 1300 m seguindo por Poço do Concelho e pelo Vale da Serra na vertente poente do Cerro de S. Miguel) Foupana, Moncarapacho (cruza a ribeira de Arroio na Ponte da Torre) Sta. Catarina da Fonte do Bispo (calçada em Montes e Lagares ao longo do Ribeiro do Lagar rumo a Porto Carvalhoso, onde cruza a ribeira de Alportel) Travessia da ribeira de Fronteira no Corxo? (continua por Cabeça do Velho e Cerro Alto?) Travessia da ribeira de Odeleite no Cercado da Lagoa? (continua por Castelão e Feiteira?) Travessia da ribeira da Foupana em Estraga Mantens? (continua por Cerro da Ginêta e Monte da Valeira) Mealha, Cachopo (continua por Alcarias Pedro Guerreiro e atravessa a ribeira da Corte junto do Monte da Estrada) Moinho do Pereirão (onde se divide em duas possíveis variantes)
Namorados (villa fortificada no Castelo dos Namorados) Travessia da ribeira de Cobres (entre Cabeças e Pereira?) Travessia da ribeira de Maria Delgada (junto do santuário romano do Alto de S. Pedro das Cabeças) Castro Verde (entra junto ao cemitério e segue por Portela, Monte Tacanho e cruza a ribeira de Terges junto da villa do Monte da Perdigoa; continua a poente da povoação de Entradas, passando no Monte das Fontes Bárbaras, cruza a ribeira Cinceira, Monte do Paraíso, Monte do Canal, Alto da Lapa, Alto da Malhada Nova, Alto da Lagoa, onde inflecte para o Monte da Charnequinha) Albernoa (segue a poente pelo CM1092 por Alto das Marzalonas, Alto de Linhares, Alto do Cerro, ribeira de Rascas e Balhamim) Santa Clara de Louredo (miliário da Tetrarquia, Constante, Galério, Maximiano e Diocleciano, IRCP 669, achado na Quinta de Sta. Clara de Louredo e actualmente no Museu Regional de Beja, B-125; inscrição funerária em Boavista; a via passaria junto da Herdade da Calçada, onde há vestígios da via e seguia depois recto a Beja pelo caminho de terra que cruza a linha férrea em frente do quartel do Regimento de Infantaria, junto da villa de Vale de Aguilhão, perto da qual apareceu o epitáfio de Maura, continuando depois pelo Monte Alegre, onde cruza o IP2, entrando na cidade pela chamada «Estrada da Calçada» e pelo Bairro do Alemão) Beja (PAX IULIA) Abel Viana refere o aparecimento de um miliário na cidade que indicaria «100 milhas a Ossonoba» (Cardoso e Coito, 2015), mas actualmente desconhece-se o paradeiro da inscrição. Garvão ao Algarve por São Bartolomeu de Messines Outro possível itinerário entrava no Algarve por São Bartolomeu de Messines, aproveitando o extenso vale, orientado noroeste-sudeste, que divide a Serra de Monchique e a Serra do Caldeirão, mas o percurso é ainda hipotético dada a difícil orografia das serranias que separam as regiões do Alentejo e Algarve; a partir do nó viário de São Bartolomeu de Messines, a estrada dividia-se em várias direcções rumo aos principais portos e povoados situados no barlavento algarvio, nomeadamente os portos de Vilamoura, Portimão, Alvor e Lagos. De Garvão a Messines por Santa Clara-a-Velha A via seguia talvez por Furadouro e Franciscos, local onde há vestígios de uma provável villa, continuava para sul, passando na Aldeia das Amoreiras (EN123?), S. Martinho das Amoreiras (ao km 32 da EN123 desvia para Monte do Geraldo, Monte do Caldeirão, Portela das Estaquinhas, Corte de Brique, Corte de Lã), Santa Clara-a-Velha (continua por Viradouro, EN266, cruza o rio Mira nas proximidades da arruinada Ponte de D. Maria, obra do séc. XVIII e continua por Sabóia, Pereiras, Portela dos Termos e Porto dos Almocreves), S. Marcos da Serra (tesouro; cruza o rio Arade a jusante da confluência da ribeira do Gavião). São Bartolomeu de Messines (importante nó viário do Algarve ocidental, articulando a travessia da serra com os acessos aos principais portos do litoral Algarvio; villa na Capela de S. Pedro; base de estátua a Júpiter em mármore, actualmente no Museu de Évora)
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ALIO ITINERE AQUILONEM FLUMINIS DURIUS |
Outras Vias Romanas a Norte do Rio Douro A rede viária secundária a norte do rio Douro continua ainda por desvendar dada a complexidade de caminhos antigos existentes num terreno muito acidentado e ao escasso número de miliários encontrados até agora. Muitas serão rotas pré-romanas ligando os imensos castros e povoados da região, renovadas e ampliadas durante a era romana e muitos outros serão já medievais, constituindo um imenso património de pontes e calçadas a exigir urgente preservação. |
Braga Monção ![]() Agrela ![]() Ponte da Barca ![]() Azere ![]() Portela ![]() Troporiz ![]() Castro Laboreiro ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
Braga - Arcos de Valdevez - Monção (XLIX m.p.) A velha estrada medieval de Braga a Monção corresponde a um importante eixo viário S-N que ligava o rio Cávado ao rio Minho pelo Vale do rio Vez. O caminho já seria utilizado em época romana embora como via secundária dada a ausência de miliários, funcionando como uma alternativa paralela à via militar XIX para Valença. A existência de várias pontes ao longo do seu percurso construídas na Alta Idade Média atestam a importância que este percurso teve nesse período, mas não sabemos ainda se alguma delas já existiria em época romana como é o caso da ponte sobre o rio Cávado em Vila Verde, mencionada num documento do ano 960 como ponte petrina (in PMH DC 81), a Ponte de Ázere que apresenta marcas de fórfex e o típico aparelho almofado embora subsistam dúvidas sobre a sua datação, e a Ponte de Vilela sobre o rio Vez que é mencionada já em 1258 nas «Inquirições» de D. Afonso III (PMH Inq. 388). Partindo de Braga, a via seguia então por Vila Verde, Arcos de Valdevez e Portela do Extremo rumo à travessia do rio Minho junto a Monção; a via poderia cruzar o rio Minho em três pontos, todos a jusante de Monção: um no lugar da Barca, outro junto do antigo povoado de Cortes/ «Monte Santo» e o terceiro junto da Torre Medieval de Lapela; uma destas variantes cruza o rio Gadanha em Troporiz na chamada Ponte da Calçada, construção algo atípica eventualmente com origem romana dado utilizar silhares almofadados no seu único arco; no entanto, tal como na Ponte de Azere, esta técnica construtiva foi também utilizada em épocas bem mais recentes pelo que a sua cronologia permanece incerta. (Almeida CAF, 1968; Marques, 1984; Almeida CAB, 2005); apresentam-se ainda algumas possíveis rotas em Melgaço e Castro Laboreiro. Braga (a saída da cidade, tal como o Itinerário, fazia-se talvez pela porta noroeste, na confluência da rua Frei Caetano Brandão com o edifício do Patronato da Sé, actual Praça Conselheiro Torres Almeida; seguia depois sob a actual rua de São Martinho até Dume; continuando depois por Espeçande, Gontijo, Alminhas da «Sra. das Travessas», lugar do Assento, talvez a milha 3, Aldeia, Paço de Palmeira e Lamela, vencendo a milha 4 junto da Capela de Santo António) Travessia do rio Cávado (a referência a uma ponte petrina neste local no ano 960 indicia uma possível cronologia romana desta travessia; in PMH DC 81; o «Nicho do Sr. do Rio» assinalava o local de passagem, mas foi entretanto transladado para junto da Capela da Sra. dos Milagres; na outra margem subsiste o topónimo «Lugar do Barco») Vila Verde (continua talvez por Lagoa, Felinho, milha 6 na divisão entre freguesias, Giestal, Cruzeiro da Venda e Lampadela, onde vencia a milha 7; continua pela actual Av. Cruz do Reguengo que passa junto do novo complexo desportivo, onde vencia milha 8; continua pelo estradão que passa junto da Quinta de Fundevilla para cruzar a ribeira do Tojal na Ponte Românica de Sabariz; cruza o CM1199 e segue pela rua da «Via Romana» até entroncar na EN308 junto da Capela de São Bento; pouco depois vencia a milha 9 junto do Cruzeiro, na divisória entre freguesias; daqui segue pelo CM1200 por Cantinhos, Igreja de Lanhas, Paço e Lajes, onde vencia a milha 10; daqui seguia a EM537 passando junto da Capela da Senhora da Salvação em Pico de Regalados; continua por Vinhais, Barral até à Igreja de Pico, onde vencia a milha 12, distância típica de uma estação viária; daqui seguia pelo CM1210, junto da Igreja Matriz e lugar do Outeiro, confluindo depois na EN101 até Portela de Vade) Rio Vade (a estrada actual segue pela margem direita do rio vade, obrigando à sua travessia na Ponte da Agrela de cronologia incerta; este caminho poderá ser posterior como parece comprovar o topónimo «Venda Nova» na outra margem; deste modo o «trajecto romano» poderia ser antes pela margem esquerda do Vade, seguindo por Penascais, Valões, Permedelos, cruza o rio Fervença em Veiga, milha 19, e sobe ao lugar de Castro, onde vencia a milha 20; continua por Cachada, a milha 21)
Arcos de Valdevez (cruzado o rio Lima, a via poderia continuar por Cerdeirinhas, Igreja de Oliveira, milha 25, Alminhas do Barral, Alminhas do Paço, milha 26, cruza o lugar de Morilhões e desce à travessia do rio Ázere passando próximo do Paço de Giela, importante estrutura medieval com vestígios de uma anterior ocupação romana, eventual mutatio; na vizinha Quinta do Real apareceram duas inscrições funerárias; seguia talvez pelo «Caminho do Paço», vencendo a milha 27 junto do Cruzeiro)
Gondoriz (m.p. XXI junto à Igreja; continua por Zebra, Gerei, São Cosme e Damião; na Igreja de São Pedro em Sá apareceu uma ara dedicada a «Soli Invicto»; outra ara anepígrafa foi descoberta nas proximidades; na outra margem do Vez situa-se o castro romanizado de Anhó/Reboreda em Santa Vaia de Rio Moinhos, de onde será proveniente a ara à divindade «Carus Conservatori» que apareceu na capela de São Cipriano ou do Cidrão, actualmente no MNA) Vilela (cruza o rio Vez na Ponte Romana?-Medieval; continua por Choças, cruza o ribeiro Frades e segue por São Martinho, Alto do Castro e Portela de Vez, onde vencia a milha 37; daqui segue +- a EM505 por Frades) Portela do Extremo (m.p. XXXIX nas alminhas; nó viário e eventual mutatio) Após a Portela do Extremo a via poderia dividir-se nos seguintes itinerários rumo ao Rio Minho:
Monção (m.p. XLIX; o antigo povoado seria no chamado «Monte Santo» junto da grande necrópole de Cortes; registou-se também actividade mineira nas proximidades)
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Viae ab AQUAE FLAVIAE a DURIUS flumen |
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Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Rio Douro (Covelinhas) - Moimenta da Beira (Arabriga?) Itinerário N-S interligando Chaves ao rio Douro, seguindo por alturas da Serra da Padrela, cruzando a importante região mineira de Três Minas, possivelmente a «Metallum Albucrarense» referida por Plínio, descendo depois à travessia do rio Douro em Covelinhas e daqui pelo Castro de Goujoim rumo a Moimenta de Beira, importante nó viário da Beira Alta (vide Lopes, 1994; Teixeira, 1996; Batata et al., 2008; Lemos, 2011).
As minas romanas estão dispersas por Três Minas, Jales, Ribeirinha, Lago Pequeno e Corte de Covas e há vestígios de um possível hipódromo ou anfiteatro (Batata et al., 2008). Próximo da aldeia de Covas, assentava o vicus mineiro da Veiga da Samardã, subsistindo vestígios de habitações e de um canal de água proveniente de duas barragens em Tinhela de Baixo (Ferraria e Vale das Veias) que abastecia o processo de lavagem do minério. Um vasto conjunto de inscrições provenientes da necrópole deste povoado, entre as quais várias inscrições de emigrantes Clunienses; na aldeia da Ribeirinha apareceram 3 inscrições votivas a Júpiter, uma por soldados da Iª Coorte Gálica Equitata, actualmente no MSMS, nº 46, outra por um soldado da Legião VII Gémina Feliz e por último um soldado da Legião VII Gémina Pio, testemunhando forte presença militar relacionada com a exploração mineira. Chaves (inicialmente seguia a Via XVII por S. Lourenço e S. Julião de Montenegro, derivando depois para sul pouco depois da mutatio do Alto do Cavalinho; a bifurcação seria junto do Cruzeiro, onde era vencida a milha VI, seguindo depois por alturas da Serra da Padrela afim de evitar o cruzamento de cursos de água, seguindo pelas aldeias de Paranhos, Alto de Gondar, Nogueira da Montanha (inscrição desaparecida dedicada ao veterano Emiliano Flacus, CIL II 2480, signífero da Legião II Augusta procedente do castellum Tureobriga ou Iureobriga, provavelmente situado no Castro de Lagarelhos/ Santiago), Ladário, Aveleda, S. Cipriano e alturas de Vilarinho do Monte e Seixedo, sucedendo-se os topónimos viários como Vidual, Marcos, Lampaça e Caleiros, assinalando a passagem da via e vestígios romanos junto da via em Outeiro do Coxo e Pedra Alta, possivelmente tabernas) Padrela (desemboca na ER206 junto da villa ou mutatio dos Milagres, a poente da aldeia, continuando pelo estradão paralelo à estrada moderna, marginando o possível assentamento militar romano do Alto da Cerca que controlaria o acesso ao complexo mineiro de Jales, localizado entre os rios Tinhela e Curros, seguindo depois o estradão paralelo à EN206 até à base do marco geodésico «Padrela 2», onde toma o caminho que vai pelos altos do Morouço, da Cabeça da Cheda e do Marco Preto, cruza a ribeira do Muro e continua por alturas de Vilarelho até ao Alto da Forca, onde segue à direita para a travessia do rio Tinhela na Ponte da Fonte da Ribeira) Campo de Jales (barragem do Alto da Presa na estrada para Guilhado; estela funerária, actualmente no MNA; continua junto das Minas de Jales por Borralheiros, entra na EM567 e passa junto da Ns. da Saúde) Vreia de Jales (continua pela EM567 até à Cruz da Vreia e 100 m depois segue à direita para o centro da povoação; continua pelo troço de via romana que segue por Milhapão) Barrela de Jales (a via romana continua a poente a aldeia, passando junto da interessante estátua-estela do Marco até Estalagem, onde entronca no CM1237 que segue por 400 m até desviar pelo troço calcetado que leva à Ponte do Arco) Ponte Romana do Arco sobre o rio Pinhão (vários indícios apontam para uma cronologia romana com pedras almofadados no arco e estribos, arco de volta perfeita e pavimento em grandes lajes de pedra; merecia outra atenção; retoma o CM1237 por 800 m, onde segue à direita pelo caminho da Laje do Cavalinho que volta a reunir-se com estrada junto do cruzeiro do Sr. dos Aflitos; continua por 500 m, onde desvia por caminho carreteiro que vai cruzar o ribeiro dos Carrojos na Ponte do Prado) Pinhão Cel (lápide consagrada a Tutela Turiensis achada na igreja de Sta. Maria da Ribeira, actualmente no MSMS; a via passa a poente, cruza a CM1237, pouco depois segue à esquerda por caminho por Vidual, topónimo viário, actual Rua do Souto, cruza a EN15 e segue o caminho defronte por Bouça da Velha) Justes (passa a poente por Cabeça Gorda, Regais e Fraga; castro junto a Lamares) Lagares (continuava pelo Alto da Lomba Queimada na Serra do Rebordo Longo, e por alturas de Magarelos e Carvas, mas o caminho terá sido destruído pela construção da A4) Panóias, Vale de Nogueiras (mansio?; a via passaria a nascente do Santuário de Panóias; este local se encontra-se a 12 milhas do rio Douro e a 16 milhas de Jales, sendo portanto um ponto intermédio deste grande itinerário, justificando a existência de uma estação viária; eventualmente seria mesmo uma mansio, atendendo aos importantes vestígios romanos descobertos no lugar do Assento como capitéis, colunas, frisos, etc, e algumas inscrições embutidas nas paredes da casa paroquial, mas actualmente pouco resta)
Abaças (castro romanizado; a continua a nascente da povoação pela Capela da Sra. do Bom Caminho, a 6 milhas do Douro, nó viário relacionado com o castellum de Guiães, a nascente, onde apareceu uma ara a Reve Marandigui, actualmente no Museu de Vila Real) Nó viário da Senhora do Bom Caminho: Aqui a estrada poderá dividir-se em dois ramais de acesso à travessia do rio Douro em Covelinhas, tendo a separa-las a ribeira homónima; um seguia por Poiares (onde existiu albergaria medieval), Castro do Muro e Fonte do Milho até à Sra. da Boa Passagem em Covelinhas enquanto o outro ramal (talvez o principal) seguia um percurso mais directo e mais facilitado passando por Galafura:
Folgosa (daqui a via seguia talvez pela Quinta da Folgosa Velha, Quinta da Cruz do Monte e Alto da Forca) Vila Seca (estação viária, possível mutatio, continuando pela calçada da Sra. do Leite, caminho que sobe a lombada da serra sobranceira a Armamar e a poente de Coura e Aricera, continuando depois próximo de Quinta da Silveira, Quinta do Esporão, Gogim, passando portanto a poente do castro)
Sarzedo (onde entronca no Itinerário Régua - Moimenta) Moimenta da Beira (Arabriga?; possível mutatio; a via continuava para sul até Cabeça de Alva (nó viário onde poderia rumar a Viseu), seguindo por Aguiar da Beira rumo a Fornos de Algodres e Serra da Estrela; vide Itinerário Moimenta da Beira - Fornos de Algodres). |
Chave Marialva ![]() Tabuaço ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() ![]() |
Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Rio Douro (Pinhão) - Marialva (civitas ARAVORUM) Esta rota deriva do Itinerário Chaves - Vesúvio próximo do Aeródromo de Alijó em Vila Chã, seguindo na direcção da foz do rio Pinhão, onde cruzava o rio Douro, continuando depois pelo vicus de Paredes da Beira rumo talvez a Marialva, atravessando o território dos Arabrigenses. Chã, Alijó (cruza a serra pelo Alto da Portela do Cabeçudo, Giesteira e Alto do Areeiro) Sanfins do Douro (necrópole na igreja da Ns. da Conceição; povoado na Sra. da Piedade, onde apareceu um tesouro de moedas romanas; provável vicus junto da mina de ouro de Salgueiros; segue rumo a Favaios passando na base do Castro romanizado de Vilarelho; na zona há vestígios de calçadas possivelmente romanas em Rio de Moinhos, Marco e Tapada Velha e Presandães) Favaios (vicus no cemitério, na base do povoado de Sta. Bárbara; calçada da Regada no acesso à Quinta de S. Jorge, onde apareceu uma estela funerária; continua para sul, topónimo Corredoura, sempre em altitude pelo Alto da Portela da Serra) Vilarinho de Cotas (povoado no «Cerro do Castelo»; segue a EM1287) Casal de Loivos (rua Calçada) Travessia do rio Douro no Pinhão (na estação C.F. apareceu uma inscrição com o epitáfio de Aelius Reburrus da tribo Quirina, natural de Astorga e veterano da legião VII Gemina (CIL II 6291), actualmente no MSMS; daqui subia a Paredes da Beira talvez por Valença do Douro e Castanheiro do Sul, EM504 ou por S. João da Pesqueira) Paredes da Beira (vicus; os vestígios no lugar do Cruzeiro e os vários elementos arquitectónicos reutilizados em casas da aldeia indiciam a existência de vicus estrategicamente localizado junto da antiga estrada que percorria este território no sentido NO-SE; aqui apareceu uma ara anepígrafa e um berrão com a inscrição «ATEROECON» ou «AMBROECON», actualmente no Museu Eduardo Tavares em São João da Pesqueira; a via seguia a meia encosta entre o povoado pré-romano do Alto da Serra do Reboledo e a Serra de Sampaio, onde há calçada, continuando por Britelo e junto da inscrição rupestre do sítio do Marcadouro/Mercadoura onde se lê «Visancoru(m) / Camali / Concili», provável marco de divisão de propriedades) Penela da Beira (segue junto do provável vicus do Casteidal, «Penela Vedra», situado num esporão junto da Quinta de St. Tirso e marginando as minas de ouro de St. António em Granja de Penedono e o castro do Monte Airoso a nascente; inscrição rupestre na Gruta de Rodelas onde se lê TVROS / BANIE(n)SV(m), possível referência a um emigrante Baniensis) Penedono (há 3 possíveis miliários nas ruas da vila) Ourozinho (passa no interior da aldeia e logo depois entra na calçada na Quinta do Vale do Outeiro, passa nas casas da quinta e continua pela Sra. do Pranto em Sapateira para a travessia da ribeira da Teja) Outeiro dos Gatos (vestígios em Telhões e na Quinta do Paço) Mêda (entra na vila pelo Cadoiço) Marialva (civitas Aravorum) Itinerário alternativo Pinhão - Penela da Beira por S. João da Pesqueira: Poderia existir também um itinerário alternativo por S. João da Pesqueira rumo a Penela da Beira, onde conflui com a via proveniente de Paredes da Beira, mas por agora não passam de hipóteses devido aos parcos vestígios existentes.
Tabuaço a Moimenta da Beira pelo vicus de Fontelo Possível itinerário romano partindo da travessia do rio Douro na foz do Tedo que seguia aproximadamente a EM512 por Adorigo rumo a Tabuaço (villa no sítio de S. Vicente; ligação a Vale Figueira pela calçada do Alto da Escrita), seguia depois pela calçada do Fradinho até Távora, continuando pelo estradão por Passa-Frio, na base do povoado fortificado da Sra. do Calfão/Galfão, rumo a Paradela, onde toma o estradão que passa na Eira do Monte, entrando na aldeia de Sendim pelo troço de calçada entre Vale de Vila e St. Ovídeo rumo ao vicus do Fontelo, podendo daqui continuar por Baldos até ao nó viário de Moimenta da Beira.
Castro de Goujoim ao vicus a Paredes da Beira por Sendim Caminhos interligando os vários povoados pré-romanos do concelho de Armamar e Tabuaço (Perpétuo, 1999). Goujoim (do cemitério descia ao rio Tedo pelo caminho da Quinta do Pombo e Ronção) Granja do Tedo (cruzava a Ponte Romana?-Medieval de Granja do Tedo e ascendia a encosta pela calçada que parte junto ao cemitério) Longa (passa na Capela de S. Miguel e no cemitério e continua em calçada por detrás da Capela da Sra. da Saúde passando em Rebolos e Serra)
Paredes da Beira (vicus) |
![]() Carrazeda ![]() ![]() Mêda ![]() Celorico ![]() ![]() ![]() |
Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Rio Douro (Vesúvio) - Celorico da Beira Este eixo viário deriva da Via Chaves - Covelinhas junto da provável mutatio de Campos de Jales, seguindo depois na direcção sudeste por Alfarela de Jales, Alto de Pópulo e Carlão, onde cruzava os rios Tinhela e Tua, seguindo depois pelo termo de Carrazeda de Ansiães rumo ao povoado mineiro da Quinta da Sra. da Ribeira, onde cruzava o rio Douro para a Quinta do Vesúvio, continuando depois por Freixo de Numão, Mêda e Trancoso rumo a Celorico da Beira (importante nó viário junto da travessia do rio Mondego), interligando aos eixos viários para Mérida por Belmonte. (Almeida, 1992-1993; Lemos 2011). Chaves - Campo de Jales (segue o Itinerário Chaves - Covelinhas) Alfarela de Jales (topónimo Corredoura) Cortinhas (estela funerária do Gestal em Moreira de Jales; a via seguia talvez pela aldeia de Asnela e pelos altos de Portelinha, Modorras e Cabeço do Carril, servindo de linha divisória entre os concelhos de Alijó e Murça) Alto do Pópulo (nó viário, provável mutatio; tesouro; a via continuava por Pópulo próximo da EN212, servindo os povoados romanizados da Idade do Ferro do Castro de S. Marcos/Touca Rota, Castelo do Alto da Murada, Castelo de Castorigo e Castelo de Vale de Mir, seguindo a leste de Ribalonga pela vertente ocidental da Serra da Botelhinha, por Pópulo, Pousada, Cal de Boi, Alto de Pegarinhos, Vale de Mir, entrando depois no troço de calçada junto do Aeródromo de Alijó a nordeste da aldeia de Chã)
Travessia do rio Tinhela na Ponte «Romana» das Caldas de Carlão (reconstruções de uma ponte antiga destruída por uma cheia em 1739; calçada; eventual mutatio) Travessia do rio Tua em Brunheda (junto ao castro romanizado de Sta. Catarina) Pombal (na Igreja de Pombal apareceu uma inscrição dedicada a Júpiter pelos vica(ni) Cabr(...), actualmente na Igreja de S. Salvador do Castelo de Ansiães; daqui desce pelo Calçada Romana» seguindo pela vertente nascente do vicus da Costa/Mós até confluir na EN314-1, onde cruza a ribeira de Frarigo, seguindo depois por Paradela; cerca de 1 km a oeste, há um povoado romano no Curral dos Moiros) Parambos (topónimo Venda Nova, continua próximo de Arnal) Marzagão (cruza a ribeira de Linhares na Ponte Romana?-Medieval do Galego) Selores (possível mutatio na base do povoado no Castelo de Ansiães) Seixo de Ansiães (desce daqui ao rio Douro pela EM632, passando na Quinta das Vinhas, local a 1 milha do rio) Travessia do rio Douro na Sra. da Ribeira (junto do povoado da Quinta da Sra. da Ribeira, vicus mineiro relacionado com a mina romana de Covas dos Mouros; na Capela da Ns. da Ribeira achou-se uma ara votiva a Bandu Vordeaeco e um ex-voto dedicado à divindade Tutela Liriensis ou Tiriensis pelo que o povoado ser designado por Liria ou Tiria em época romana, actualmente na colecção do MSMS com o nº 37; Encarnação, 1975, 1992; Alarcão, 1988 e 2004b; Lemos, 1993; Guerra, 1998, p. 185-186). Sra. da Ribeira a Freixo de Numão (Meidubriga?): sobe pela Quinta do Vesúvio a Seixas do Douro (vicus na Quinta do Vale, destruído na construção da barragem do Catapereiro), continua pela estrada da cumeada do monte que passa próximo da magnífica villa de Rumansil (a parte escavada corresponde à pars rustica e a villa seria no sítio de Rumansil II) até ao nó viário da Quinta da Pedra Escrita, junto da imponente villa do Prazo. Quinta da Pedra Escrita, Freixo de Numão (um ramal ligaria vicus de Freixo de Numão; vide «Rede Viária de Freixo de Numão») Freixo de Numão a Mêda Retomando o percurso da via junto da Quinta da Pedra Escrita, seguia junto da Quinta dos Bons Ares (villa e possível mutatio na Capela de Sta. Eufémia), cruza a EN222 e segue pelo Alto da Touça, Quinta das Alminhas e Capela de Sta. Bárbara em Sequeiros; continua pelo Alto do Poço do Canto/Santa Columba, passando nas proximidades do vicus de Vale da Aldeia (ara consagrada aos Lares Placidus). Mêda (Amindula?; nó viário, provável mutatio; seria a «Amindula» referida na documentação medieval?; ara aos Bandi Vordeaicui).
Itinerário de Trancoso a Celorico da Beira: segue talvez pela cumeada a nascente de Fiães pela calçada de Vale Longo, passando no Alto de Fiães, Grila, Quinta das Tarulas, Alto da Silva, Barreiros e Murça (por alturas da Quinta do Salgueiro, servindo os casais ao longo da ribeira da Quinta das Seixas) até Forno Telheiro, continua próximo do vicus? de S. Gens rumo à travessia do rio Mondego na Ponte Romana?-Medieval da Lavandeira, subindo depois pela calçada da Lavandeira por 500 m até ao Bairro de Sta. Luzia em Celorico da Beira (Carvalho P., 2009); esta via teria continuidade para a Guarda pelo Itinerário Celorico - Póvoa do Mileu (Guarda) e para a Bobadela pelo Itinerário Celorico - Bobadela (Oliveira do Hospital). |
Chaves Régua ![]() ![]() ![]() Ola ![]() |
Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Rio Douro (Peso da Régua) Um outro eixo viário N-S partindo de Chaves seguia pelo alto da serra a poente da depressão Verín - Régua rumo também ao rio Douro; dois miliários logo à saída de Chaves (Campo da Roda e Outeiro Jusão) que apesar de estarem deslocados da sua posição original parecem assinalar esta via que seguia por Vidago rumo à Ponte da Ola onde cruzava o rio Avelames, continuando por Cabanas, estação viária onde poderia existir uma mutatio (Batata et al., 2008); percorria depois as alturas da serra rumo ao Vale de Campeã, onde cruzava o rio Sordo e recebia a via vinda de Braga pela Serra do Marão. Daqui seguia por Santa Marta de Penaguião rumo à Régua. Chaves (depois de atravessar a Ponte de Trajano, rumava a sul cruzando a ribeira do Caneiro; na Quinta do Caneiro apareceu o miliário do «Campo da Roda», talvez de Constantino Magno, actualmente no MRF) Outeiro Jusão (miliário anepígrafo numa casa derrubada da aldeia; ara aos Lares Tarmucenbaecis Ceceaecis; ara dedicada a Ísis no MRF e estela funerária de Daphnus talvez provenientes da villa da Quinta do Pinheiro; vide términos dos Praen e Coroq achados neste local; a via seguia talvez por Pereira de Veiga e Vila Nova de Veiga pelo Alto da Conceição, Alto do Turigo e Parada onde apareceu uma ara a Baco) S. Pedro de Agostém (ara aos Lari Erredici no adro da igreja, entretanto perdida; a via segue talvez por Fonte Fria e junto do castro romanizado do Alto do Castro/Monte de Sta. Bárbara e do respectivo habitat romano da Fonte do Mouro; inscrição a Laribus Pindeneticis em Selhariz) Pereira do Selão, Vilas Boas (segue pela rua da Paz e campo de futebol e pelos topónimos viários Carquejo, Corgo e Alto da Portela) Vidago (castro; termas romanas em Salus, divindade que designa saúde, onde apareceu uma inscrição referindo Aqua Flaviae; a via cruzava a ribeira da Oura junto a Vidago ou mais a jusante numa ponte hoje arruinada na EM549, próximo do sítio romano de Couces, ascendendo depois ao planalto da Serra de Oura, continuando pelo Alto do Baldio, junto da Quinta do Marco, Alto do Miradouro e aldeia de Vilela, passando assim a nascente do castro romanizado do Monte do Castelo em Capeludos, sobranceiro ao Tâmega, onde apareceu uma estátua de guerreiro; inscrição aos lares gegeiquis (?) na igreja paroquial de Arcossó) Bragado (cruza o rio Avelames na Ponte Romana?-Medieval da Ola, e sobe a encosta pelo Parque de Lazer) Pensalvos (cruza a ribeira da Azenha e segue pela rua do Cabo, Igreja e rua do Calvário) Cabanas (possível mutatio no sítio da Castanheira/Reguenga, a 150 m do campo de futebol, onde apareceu um tesouro monetário; cruza a aldeia pelo Largo da Capela e Largo do Outeiro e continua pelo CM1155 junto dos topónimos viários Portela e Pipa, seguindo pelo planalto da Serra do Alvão) Afonsim (a nascente pelo CM1155 e EM555 por Alto de Couces e Praina dos Molhadinhos) Paredes do Alvão (continua a nascente pelo CM1153 por Colonos de Paredes, Alto do Porto da Lage/Alto da Chã da Fonte, Colónia de Baixo e Povoação) Gouvães da Serra (continua por Lages das Portas e Cadouço, topónimos viários, Alto da Sombra, Alto dos Merouços e Alto da Meroucinha, servindo de linha divisória entre os concelhos de Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar, continua pelo Alto dos Fornos, Alto do Seixinhal e Alto das Caravelas, onde inicia a descida da serra até cruzar a EM313 junto da Barragem Cimeira a sul de Lamas de Olo) Lamas de Olo (nó viário junto da Mina da Seara; possível estação situado num trifínio entre actuais freguesias, a 18 milhas de Cabanas e a 9 milhas do rio Sordo; continua do outro lado da barragem por Ranhadouro, contorna o Alto/ Mina dos Vidoais, Planalto do Vaqueiro, novo trifínio entre freguesias; continua pela cumeada do monte pelos topónimos Outeiro dos Fiéis e Alto da Cota, onde inicia a descida das alturas da Serra do Alvão para o vale da Campeã; a via continua bem marcada na paisagem contornando o Alto da Cota pela vertente sul) Gontães (escoriais testemunham a exploração de ferro na antiguidade; continua por Foz onde cruza o rio Sordo) Nó viário de Lameirões: possível estação viária junto da travessia do rio Sordo, onde se regista uma calçada; neste local recebia a via proveniente de Braga cruzando a Serra do Marão e pelo vale da Campeã. Juntas, seguiam por Santa Marta de Penaguião rumo à Régua, onde cruzava o rio Douro. Na margem sul, esta via seguia rumo a Moimenta da Beira, importante nó viário de onde partiam estradas para Viseu, Marialva e um importante itinerário que cruzava a Serra da Estrela rumo a Mérida, seguindo por Fornos de Algodres, Linhares, «Centum Cellas», Belmonte e Idanha-a-Velha. Torgueda (seguia talvez por Fonte Seca, Vendas de Cima e Moçães, continua pelo CM1244 por Arnadelo, rua da Carreira, passando junto do povoado pré-romano do Alto do Castelo, no outeiro da Capela da Sra. dos Remédios; continua pela EM1244-1 marginando os sítios romanos do Rodelo e Veiga, este último junto do campo de futebol de Pomarelhos; a partir daqui a via descia à travessia da ribeira de Aguilhão junto da Quinta de Valflores e do povoado fortificado do Monte Maninho; na outra margem há vestígios romanos em «Cabanelas») Sever (passa junto da Igreja, nó viário onde conflui a via de acesso ao Castro de Fontes; daqui desce pelo lugar de Pedras a Santa Marta) Santa Marta de Penaguião (continua por Encambalados de Cima, ascendendo daqui ao alto da Capela da Ns. da Guia de Lobrigos pela vertente poente; continua pelo viso do monte por Outeiro, Casaria, reúne com a EN2 e pouco depois desvia novamente desta na Capela de S. Gonçalo pelo caminho de festo que passa junto da Capela da Sra. da Graça, descendo depois ao rio Douro talvez pela Quinta de S. Domingos. Peso da Régua (vide continuação da via no Itinerário Régua - Moimenta) |
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Braga (BRACARA) - Serra do Marão (Campeã) - Rio Douro (Barca de Moledo e Régua) Itinerário que ligava Braga às travessias do rio Douro na Barca de Moledo e em Peso da Régua, seguindo depois por Moimenta da Beira rumo a Mérida. Inicialmente seguiria o mesmo trajecto da Via Bracara - Tongobriga até Alto da Lixa, derivando desta para sudeste rumo à travessia do rio Tâmega junto do povoado do Ladário em Gatão, cruzando depois a Serra do Marão até ao Campeã (vide A. B. Lopes, 2000:290; Balsa, 2017). O percurso cruza o Tâmega a montante de Amarante, tendo este antigo percurso sido abandonado na Idade Média com a construção da Ponte de São Gonçalo. A partir de Campeã bifurcava rumo às travessias do rio Douro em Peso da Régua e na Barca de Moledo (Cidadelhe/Penajoia). Esta barca surge na documentação medieval como a «barca de por Deus» (gratuita) tendo sido no século XII beneficiada por D. Teresa de Leão com uma albergaria, junto da actual Ermida da Virgem da Ajuda em Moledo. Na outra margem, em Caldas de Moledo, há vestígios romanos possivelmente associados a um pequeno vicus. Segundo António Lima este local de passagem corresponderia na Alta Idade Média ao «portu de aliovirio» referido num documento do ano 922 (PMH DC 25), levando este autor a propor o nome de «Aliobriga» para o antigo povoado no Castro de Cidadelhe (Lima, 2008). Itinerário de Lixa a Campeã pela Serra do Marão Lixa (partindo do nó viário do Alto da Lixa, seguia talvez pelo actual CM1193 por Castanheiro Redondo e São Brás, passando nos topónimos Pousada e Portela, continuando pelo CM1206 por Cruz das Bouças, Soutelo, Pedra de Leite e Silvares até lugar de Gatão) Gatão (o Povoado do Ladário que deverá corresponder ao vicus Atucausis com base na ara dedicada a Júpiter pelos Vicani Atucausensis que apareceu na Quinta dos Pascoais (CIL II 6287), actualmente no MSMS, nº 44 e a ara de Adus entretanto desaparecida que servia de pia na Igreja de S. João Batista, CIL II 2383; daqui segue por Meios para a travessia do rio Tâmega junto da foz do rio Olo) Vila Chã do Marão (do rio sobre ao Alto dos Picotos, onde recebe a via proveniente de Tongobriga, continuando a leste da povoação pelo caminho de festo que passa em Pousadela, «Velha Albergaria» e São Bento, descendo a Covelo pela «Tapada dos Bebedouros») Covelo do Monte (contorna a nascente do rio Ovelha e segue pelo caminho da serra até ao «Parque da Lameira», próximo do marco geodésico do Alto da Neve, iniciando depois a descida a pela vertente nascente do Alto do Gavião pelos topónimos «Rodas do Marão», «Alto de Espinho», «Fonte do Ladrão», «Corredoura» e «Vale do Mogo» e Ferreirinho (Dias, 1997; A. B. Lopes, 2000:290; Balsa, 2017)) Campeã (importante nó viário que articulava todo o trânsito que cruzava a Serra do Marão; provável mutatio no lugar das Vendas, junto da Capela de S. Roque, a 17 milhas do rio Tâmega; acesso por Quintã às minas de Ferro de Vila Cova; a via continua pelo chamado «Caminho Romano» com vestígios do lajeado em Chão Grande, passando junto do medieval Marmoiral do Arco, seguindo até ao sítio da «Estalagem Nova» junto da EN304, estação viária de onde partiria o acesso ao rio ao Douro pelo Cotorinho)
Itinerários de Campeã a Fontes: a via seguia aproximadamente o trajecto do CM1240, passando nas aldeias de Cotorinho, Soutelo, Paradela da Serra, Senhora do Viso e Capela de Santa Quitéria, até atingir o nó viário de Fontes, no lugar de Fronteira, junto da Igreja Paroquial de Fontes.
Itinerário de Fontes à Régua por Santa Marta de Penaguião: a Fronteira e segue junto do Castro de Fontes, descendo depois à Igreja de Sever, local onde entronca na via proveniente de Chaves, descendo depois a Santa Marta de Penaguião, onde cruza a ribeira de Fontes (topónimo «Quinta da Calçada»; daqui à Régua vide no Itinerário Chaves - Régua). Itinerário de Fontes à Barca de Moledo: desviando no nó viário de Fronteira para sul, a via seguia o caminho de festo por alturas de Medrões, passando no viso do monte pelos Alto da Sra. do Monte e no Alto da Mouramorta (Sra. dos Remédios); continua por Mó, Alto de S. Gonçalo e sempre pela cumeada até Quinta da Boavista, descendo depois em zig-zag até à Quinta do Carvalhal, possível estação viária a 1 milha da travessia do rio Douro na Barca de Moledo. A via atinge o Douro junto da foz e na margem direita do rio Sermanha no lugar de Granjão, na base do Castro de Cidadelhe, povoado castrejo romanizado junto da actual aldeia de Cidadelhe ocupa um alto na lombada na margem direita do rio Sermanha, portanto na margem oposta à via. Travessia do rio Douro na «Barca de Moledo» («portu de aliovirio»?)
Itinerário da Barca de Moledo a Lamego: depois de cruzar o rio para o porto fluvial de Penajóia, ascendia a encosta talvez por Pousada, Torre e Avões de Lá (Alto da Venda), onde recebia a via proveniente de Porto de Rei, continuando junto da Capela da Ns. do Pilar rumo a Lamego. |
![]() Vila Marim ![]() Alijó ![]() Murça ![]() ![]() |
Itinerário Medieval Campeã - Vila Real - Murça - Mirandela Itinerário medieval cruzando o rio Corgo em Vila Real; a sua existência no período romano é duvidosa dado que Vila Real ainda não tinha sido fundada por decisão régia através da aglomeração de umas poucas aldeias que ali existiam. No entanto recentes escavações na «Vila Velha» no centro da cidade mostraram evidências de ocupação proto-histórica, possivelmente associada a esta travessia do Corgo. Deste modo, é possível que este trajecto já existisse em período romano. Partindo do nó viário de Lameirões no Vale da Campeã, seguia para nascente na direcção de Mondrões (50 m em calçada, 100 m a poente da Igreja Matriz; topónimo «Estalagem»; tégula no local onde existiu a Capela de São Tomé), continuando por Vila Marim (onde Rodriguez Colmenero identificou um miliário actualmente desaparecido) (cruzando o rio cabril talvez na Ponte dos Machados, EM564), seguindo depois para Vila Real por Ns. de Almodena. Vila Real (cruz o rio Corgo e segue pela rua do Bairro de Vilalva, CM1238, rumo à Ponte Romana?-Medieval do Sobreiro sobre a ribeira das Toirinhas, 200m depois segue à esquerda pela rua da Calçada, onde há 2m lajeados, até reencontrar a estrada actual em Torneiros, continuando depois para Constantim, onde deveria existir uma mansio, situada no cruzamento com a Via N-S entre Chaves e a travessia do Douro em Covelinhas, continuando por S. Martinho de Antas e Paços até Sabrosa) Itinerário Medieval Vila Real - Murça - Mirandela Itinerário medieval de Vila Real; nenhuma das pontes inseridas neste itinerário apresenta sinais de romanidade (Ponte do Corgo em Vila Real e Ponte do Tinhela em Murça) e o perfil acidentado da estrada aponta para um trajecto medieval; no entanto, esta rota margina os povoados castrejos romanizados de Santa Cabeça (Mouçós), Murada (Lagares), Cerca (Vila Verde) e Castelo dos Mouros (Murça). Partindo da travessia do rio Corgo em Vila Real, seguia por Mateus (ara a Júpiter e necrópole), Mouçós (rua da Calçada, EM1235; Castro de Santa Cabeça), Alvites (rua da Calçada pelo Alto da Lomba Queimada), Lagares (travessia da ribeira dos Carrojos; a via segue o caminho que parte do campo de futebol e passa a noroeste do castro da Murada), Justes (cruza a via Chaves - Moimenta da Beira; continua para nordeste, cruza a A4 e segue rumo à travessia do rio Pinhão, talvez a jusante da Ponte de Balsa na EN15 para evitar a travessia da ribeira de Jorjais, continua na EN323 e na aldeia toma o caminho que segue até à Ponte do Rato, onde reencontra a EN15, saindo logo depois pelo caminho que ladeia o ribeiro Galego) Vila Verde (a via passa na base do Castro romanizado da Cerca, com um troço lajeado e uma ponte em ruínas, marginando a necrópole da Veiguinha), cruza a Ponte Medieval sobre a ribeira do Ascas e continua por Freixo (calçada) até ao Alto do Pópulo, nó viário e provável mutatio no cruzamento com a via N-S de Chaves ao Douro (Vesúvio) (sai da EN15 pelo Alto da Bobela/rua Fontelas). Continua por Cadaval (pelo caminho que passa na Fonte do Linhar e junto do cabeço da Seixigueira, descendo daqui em calçada até à ponte sobre o rio Tinhela, passando assim a sul do Castro romanizado do Castelo dos Mouros, onde há um troço de calçada de acesso ao castro), Murça (cruza o rio Tinhela na Ponte Filipina sobre o rio Tinhela e sobe por calçada à povoação, cruza a EN15 e segue pela rua Marquês de Valle Flôr), Palheiros (talvez pela rua da Estrada Velha, na base do castro rumo Franco), Lamas de Orelhão (provável nó viário atendendo à fortificação romana situada no outeiro do actual cemitério; na igreja apareceu a inscrição Heinc Leteram, «Aqui Letera», possível designação do povoado em época romana; albergaria medieval desde pelo menos 1220; continua talvez por Passos e Golfeiras), Mirandela («Ponte Velha dos Jogos» sobre a ribeira de Carvalhais em S. Sebastião, junto ao campo de futebol, povoado romano, possível mutatio entretanto "engolido" pela cidade; castros romanizados na Sra. do Viso e no Castelo Velho/Monte de S. Martinho, com vestígios romanos junto da ribeira de Mourel na base do castro, actual Quinta da Raposeira)
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Régua Moimenta ![]() Couto de Salzedas ![]() ![]() |
Peso da Régua - Moimenta da Beira (Arabriga?) Esta via atravessava o planalto beirão seguindo em geral uma orientação NO-SE, dando continuidade às várias travessias do rio Douro na zona da Régua e em Covelinhas. A existência de miliários nas aldeias de Vide e Faia em Moimenta da Beira, possível território dos Arabrigenses, sugere que a travessia do rio Távora seria nesta zona, onde afluía também uma outra via proveniente de Viseu que corria sentido SW-NE. Depois de atravessar o rio Távora a via poderia bifurcar, seguindo um ramo para a sede da civitas Aravorum em Marialva, rumo talvez a Salamanca, e outro seguia para sul em direcção oppidum de Póvoa do Mileu (Guarda), possível sede de civitas dos Lanciences Transcudani, rumo Mérida pela Ponte de Alcântara. (Sá Coixão, 2000, 2004, 2009; Teixeira, 1998). Este itinerário tem início na travessia do rio Douro junto do Peso da Régua segue pelo alto do Monte Raso onde se regista a referência à «strada mourisca» que servia de limite norte do Couto do Mosteiro de Salzedas (LDMS 61), fazendo um percurso em altitude que evita as grandes variações de cota e as difíceis travessias dos rios da região. Peso da Régua a Moimenta pela «estrada mourisca» A «estrada mourisca» referida na Carta de Doação a Teresa Afonso de 1152 constituía o limite norte do couto do Mosteiro de Salzedas numa linha que atravessa o planalto do Monte Raso e divide com Queimada («et per illa strada mourisca et dividit per Ceimada»); num outro documento de doação datado de 1161 é referida como «viam antiquam usque in monten rasum» (DMP, DR, 277). Um documento de 1314, o Testamento de Loureço Peres, refere a «Albergaria de Queimada» (Saraiva, 2003; doc. 45). Esse limite norte do couto é assinalado por vários marcos (em São Lourenço, Soito, Padrão, Santiago e Cimbres); no terreno subsistem dois desses marcos, um no lugar do Padrão e outro próximo de Cimbres (Castro, 2013; Castro, 2013a; 2014); ambos têm forma de colunas cilíndricas e com proporções próximas de miliários romanos, e em ambas foi gravada no topo uma cruz referente ao mosteiro; acresce o facto de estes marcos estarem junto da milha 10 e 11 respectivamente, reforçando a possibilidade destes serem na verdade antigos marcos romanos reutilizado na delimitação do couto que neste troço utilizava a própria via. Esta teria origem na travessia do rio Douro na Régua, passagem controlada pelo povoado romanizado do Torrão (no alto adjacente à margem sul), e daqui ascendia a encosta acompanhando a margem direita do rio Varosa (numa cota superior à EN313) até atingir Valdigem; daqui ascendia à referida «Albergaria de Queimada»; o percurso poderia ser o seguinte: em Valdim passava talvez nos topónimos «Quinta da Brolhas», «Lugar da Estrada», «Rodelo», onde cruza o ribeiro, seguindo depois pela margem esquerda por um caminho a meia-encosta que parte do cemitério em Cimo de Vila; continua junto da Ermida da Sra. das Aveleiras (habitat na Quinta da Raposeira, na vertente poente do Castro de S. Domingos), continuando pela base leste do «Alto de Ladário», outro topónimo viário atingindo Queimada; continua a nascente da aldeia de Queimadela e da Ermida de S. Lourenço, seguindo depois um caminho paralelo e a norte da estrada actual ao longo do planalto conhecido por «Monte Raso», até à encruzilhada no sítio do Padrão (entre Meixedo e Passos), topónimo que remete para a coluna cilíndrica de delimitação do couto que se encontra actualmente neste local. A partir daqui a via foi cortada pela construção do extinto «Aeródromo de Santiago» (actualmente plantado com árvores de fruto), passando no «Alto de Santiago», junto da torre de controlo, até entroncar na EM520, onde surge novo marco de delimitação do couto, a 11 milhas do rio Douro e próximo de Cimbres; continua a sul da Ermida de São Gregório e pela base leste do Alto da Senhora da Graça e Alto da Senhora da Saúde atingindo Vila Nova; continuando pelo estradão em terra que passa nos topónimos Novais, Serra e Lameira Longa, descendo daí a Sarzedo, onde inflecte para leste, seguindo na direcção de Moimenta da Beira, cruzando Beira Valente, onde subsiste um troço da via romana conhecida por «Estrada Larga» e uma ponte com presumível origem romana. Moimenta da Beira (mutatio a 20 m.p. do Douro; a via passa próximo dos sítios romanos de Carguencho, Cidade da Mouraria, Cabeça e do Povoado de São João até à Igreja) |
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Moimenta da Beira (Arabriga?) - Marialva (civitas ARAVORUM) Moimenta da Beira (partindo da Igreja, segue o caminho do Bairro da Corujeira por Arcozelo do Cabo e Arcozelo da Torre) Granja de Oleiros (Arabriga?; importante vicus de Rochela/Arrochela estendendo-se até Vide; o território dos Arabrigenses poderá corresponder ao actual concelho de Moimenta da Beira; tesouro monetário; epígrafe de um Colarnus em granito reaproveitada no pavimento da Capela de Ns. de Fátima; FE 672) Vide (na frontaria da Capela do Espírito Santo existe uma placa honorífica com a inscrição «BONO REI PVBLICE NATO», CIL II 4643; a via contorna o Alto da Ranhã)
Travessia do rio Távora talvez entre Faia e Freixinho (em 1951, Cortez referia a existência de umas poldras para cruzar o rio) Ligações a partir do rio Távora/Freixinho
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Moimenta da Beira - Fornos de Algodres - Linhares - Belmonte («Centum Cellas») Itinerário partindo de Moimenta da Beira rumo à travessia do rio Mondego na Ponte de Juncais, próximo de Fornos de Algodres, subindo depois por Linhares ao Alto do Carvalhos Juntos, nó viário da Serra da Estrela, onde confluía no na Via Viseu - «Centum Cellas». Esta via permitia conduzir o tráfego de Chaves e Braga para Mérida. Moimenta da Beira (povoado no sítio de S. João, possível capital dos Arabrigenses; segue por Toitam) Aldeia de Nacomba (calçada na rua da «Via Romana» com cerca de 1 Km percorrendo o Alto da Surrinha/Serra da Aldeia, por alturas de Carapito e Sra. dos Caminhos em Vila Chã; possível miliário na aldeia de Carapito, FE 725, 2019) Cabeça de Alva, Caria (nó viário onde cruza a via Viseu - Moimenta) Quintela da Lapa (na área apareceu uma estátua de togado; continua pela EM584 e cruza o rio Vouga; possível miliário descoberto no sítio de Charangões ou Chingalhões, muito próximo da divisória concelhia com Sernancelhe; FE 733) Aguiar da Beira (continua talvez por Barracão e Eirado) Carapito (calçada nas traseiras do cemitério) Queiriz (nó viário, onde poderia existir uma mutatio, no local onde a via bifurcava, seguindo uma para Fornos e outra para Muxagata rumo ao rio Mondego; uma declivosa calçada entre Maceira e Sobral Pichorro interliga as duas variantes; povoados no sítio do Castelo e na Fraga da Pena; inscrição votiva a Bandi Tatibeaicui, AE 1961, 341).
Fornos de Algodres (provável mutatio associada à travessia do rio Mondego no local da actual Ponte de Juncais) Mesquitela (Ponte sobre a ribeira de Linhares; vestígios em A-das-Pedras, Tapada das Pedras e Colícias) Carrapichana (habitat em Capela/Tapada do Anjo; notícia de um «marco com letras», possível miliário, em Vila Ruiva, Pinheiro, 1938) Figueiró da Serra (topónimo Hospital; cruza a ribeira de Linhares e toma a Calçada da Corredoura ou «Estrada dos Almocreves») Linhares da Beira (provável mutatio junto da Igreja da Misericórdia; daqui seguia o velho caminho a meia encosta, calçada relativamente bem preservada que ascende rumo ao Alto dos Carvalhos Juntos). Nó viário do Alto dos Carvalhos Juntos: Um pouco adiante este itinerário recebia a proveniente de Viseu e juntas seguiam para a travessia do rio Mondego junto da Quinta da Taberna, seguindo depois por Barrelas (Berecum?) rumo à estação viária de «Centum Cellas» em Colmeal da Torre (Belmonte). Este trajecto está descrito no Itinerário Viseu - «Centum Cellas». |
Viae a civitas BANIENSES et civitas COBELCORUM |
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Chaves (AQUAE FLAVIAE) - Vale da Vilariça (civitas BANIENSIS) - Rio Douro (Pocinho) Hipotético itinerário romano ligando Aquae Flaviae ao Vale da Vilariça, território da civitas Baniensis; o percurso apresentado é meramente hipotético desviando da Via XVII em Valpaços, seguindo depois na direcção do Vale da Vilariça. O percurso é incerto e depende do ponto de travessia do rio Tua (Ribeirinha ou Abreiro?). Chaves, segue a Via XVII até Valpaços, onde ruma a sudeste por Rio Torto (provável mutatio no Alto de S. Pedrinho), atravessa o rio homónimo e continua por Póvoa, Pai Torto, Suçães (?) e Marmelos; a partir daqui o percurso depende do ponto de travessia do rio Tua:
Nabo (vestígios ao longo da ribeira de Cavalos, em Tapada de Santa Cruz, Godeiros, Monte Couquinho e Pala do Conde, mas a via teria outro percurso por Lombo Alto e Quinta do Ataíde) Horta da Vilariça (talvez junto do sítio da Eira Velha, onde apareceu a estela funerária de Tongeta, actualmente no Museu do Ferro em Moncorvo e por Quinta de Carvalhal, onde se achou outra inscrição funerária), cruza a ribeira da Vilariça, tendo na outra margem, o sítio do Roncal e todo o núcleo de povoamento da civitas Baniensis na base do Povoado do Baldoeiro) |
![]() San Vitero ![]() Carril Mourisco ![]() ![]() Alpajares ![]() Escalhão ![]() |
Astorga (ASTURICA) ao Vale da Vilariça (civitas BANIENSIS) e Torre de Almofala (civitas COBELCORUM)
Percurso de uma antiga estrada citada num documento afonsino de 1172 como "Carril Mourisco" muito provavelmente já em utilização durante o período romano atendendo aos muitos vestígios dessa época e anteriores ao longo do seu trajecto. Dada a ausência de miliários a via teria um carácter secundário percorrendo o planalto Mirandês entre os rios Sabor e Douro seguindo sensivelmente paralela a estes até Barca de Alva onde cruzava o rio Douro, podendo bifurcar nas imediações de Fornos em direcção ao Vale da Vilariça, território ocupado pelos Baniensis. A via está assinalada na carta militar nº 67 e o seu percurso é pontuado por vários povoados romanos como o de Malhadas, Duas Igrejas, Palaçoulo e Picote; em Aldeia Nova, assinala-se a presença da Ala Sabiniana, através do epitáfio do signífero Aemilio Balaeso, porta-estandarte (vexillum) desta unidade de cavalaria romana. Surgem assim dois eixos relacionados com a intensa actividade mineira da região em época romana, um eixo N-S que ligava a região do Alto Douro ao importante nó viário de Astorga a norte (seguindo em parte pela VIA XVII) e a sul às civitates dos COBELCI em Almofala e dos IGAEDITANOS em Idanha-a-Velha. Um outro eixo desenhava uma diagonal, ligando o território dos BANIENSI do Vale da Vilariça a Palência (Pallantia), atravessando o rio Douro em Miranda (?) e cruzando com a chamada «Via de la Plata», o grande eixo viário N-S entre Astorga e Mérida que cruzaria nas proximidades de Medina de Rioseco. Os locais de passagem da via são mencionados pelo Padre Francisco Alves em 1915 (mais conhecido por 'Abade de Baçal') com base nas anotações do Major Celestino Beça estão entre aspas dada a dificuldade de identificar alguns deles no terreno. (Alves, 1915; Lemos, 1993). Astorga (ASTURICA) (seguiria a Via XVII até Figueruela de Arriba, provável localização de Compleutica, onde toma a direcção sul) San Vitero (miliário de Trajano) San Juan del Rebollar Alcañices (continua por Vivinera/ «Bebineira» e depois pelo caminho do «Chalet Espanhol») Cicouro, Miranda do Douro (a via entrava em Portugal pela Cruz de Canda/Cândena, actual fronteira luso-espanhola, e segue pelo Alto das Eiras da Cruz e Malhadona) Constantim (segue a poente da povoação pelo Cabeço dos Brunhos, cruza Fontes e pouco depois segue à esquerda pelo sítio do Pito no Alto da Carneira) Póvoa (continua por Veneita, Penhas do Gordo, Capela de Sra. do Picão e Chãos) Malhadas (de Chãos segue à esquerda pelo Alto das Lombardas, cruza a EN218 na Cruz das Lombardas, passa nas Lagoas de Malhadas, continua pelo Alto da Zebra até à Cruz de Martins Fernandes; este troço faz de fronteira concelhia com Vimioso; o vicus romano seria no sítio de Trás da Torre na povoação de Malhadas; lápides romanas na Igreja de Ns. da Expectação) Duas Igrejas (várias lápides funerárias, provenientes talvez da necrópole na Sra. do Monte; da Cruz de Martins Fernandes continua por Chanas, Cula, Alto de Fontelatassa, Rodelas, Cabeço da Matança, Fonte dos Campos e Reboleira; Beça refere os topónimos «Quinta da Urreta da Silva», «Fonte dos Asnos» e «tapada de Piçoulos») Fonte de Aldeia (a via passa a poente da povoação pelo Alto de Sta. Catarina e Cruzeiro até ao apeadeiro, acompanhando a partir daqui a linha férrea, passando a poente da Capela da Ns. da Trindade)
Sendim Gare, Sendim (passa na estação e continua ao longo da linha férrea pelo Alto da Alubreira, confluindo na EN221; Beça refere o «Vale de S. Pedro, pelo meio das Eiras ou prado de Sendim» e a Capela de S. Sebastião) Urrós Gare, Urrós (continua paralela à linha férrea sob a EN221, passa na estação e pouco depois, no acesso ao IC5, desvia pelo caminho à direita; Beça refere os topónimos «Cabeço Obreiro», «Vale Mourisco» e «Penas Turvas»)
Vila de Ala (cruza a aldeia e segue por «Lastras», «Eiras de Paçô» e «Corriça», a sul do lugar de Paçô) Vilar de Rei (a via soterrada corresponde ao caminho que passa em Carvas, «Ponte do Mourisco»/ ribeira da Veiga(?), Urreta Mourisca, Calçada e «Prados dos Reis», topónimos viários que denunciam a passagem da antiga via que atravessava depois a Serra de Gajope) Bruçó (segue próximo da linha férrea por Atalaia e Ponte dos Almocreves) Lagoaça (o «carril» continua pela base do Cabeço de Sta. Marta, segundo Beça o «Carvalhal da Lagoaça»; árula a Júpiter proveniente da necrópole de Vale Travesso, possível vicus) Fornos (por «Lameiras de Vale de Ladrões» e junto da estação CF, onde apareceu a estela funerária de PRISCVS) Bifurcação da via na Lomba do Carvalhão A via deveria bifurcar no nó viário da Lomba do Carvalhão, próximo do actual cruzamento da EN221 com a EN220; a via principal continuava para sul em direcção a Freixo de Espada-à-Cinta rumo à travessia do rio Douro em Barca de Alva, seguindo depois por Torre de Almofala (civitas Cobelcorum) até Idanha-a-Velha ( Igaeditana), onde entroncava no Itinerário Braga-Mérida. Um diverticulum partindo daqui continuava pelo planalto por Carviçais e Torre de Moncorvo rumo ao Vale da Vilariça em território dos Baniensi. Itinerário para Almofala (civitas COBELCORUM) por Freixo de Espada à Cinta e Barca Dalva Lomba do Carvalhão (continua para sul por Ferrarias onde cruza a ribeira homónima) Mazouco (cruza a povoação marginando a igreja e 250 m adiante inflecte para poente pelo caminho que cruza a ribeira dos Mercadores e continua pelo Alto do Pinho, Coraceira, Canadinha e Vale do Prado, passando a poente do importante povoado romano de Santa Luzia, possível vicus e mutatio onde apareceram epígrafes funerárias, rumo à Ponte Romana?-Medieval do Carril sobre a ribeira de Moinhos) Freixo de Espada à Cinta (villa na Quinta de S. Caetano; há «notícia de um miliário enterrado junto a uma fonte» ainda não confirmada) Poiares (continua para poente passando junto Castro de São Paulo, onde apareceu uma ara a Júpiter, descendo ao Douro pela Calçada de Alpajares até à confluência da ribeira da Brita na ribeira do Mosteiro, cruzando esta na Ponte Romana?-Medieval do Diabo da qual já só restam os arranques, seguindo depois pela margem direita até ao rio Douro; este local estratégico era controlado pelo Castelo de Alva, povoado fortificado tardo-romano, onde apareceu uma ara a Júpiter, entretanto perdida, CIL II 2400) Barca Dalva (travessia do rio Douro junto da Quinta da Barca; inscrição funerária na frontaria da Capela de Santo Cristo regista um Cobelcus, talvez proveniente da vizinha villa da Quinta da Pedriça; a via seguia depois talvez pela rota da EN221 que terá destruído o troço de calçada de Vale Gamão ao Km 120) Escalhão (passa na igreja) Mata de Lobos (passa no cemitério e na rua Santo Cristo) Torre de Almofala (civitas COBELCORUM; ver rede viária)
Itinerário para o Vale da Vilariça (civitas Baniensis?) por Torre de Moncorvo Lomba do Carvalhão (segue por Quinta da Macieirinha/ Quinta da Estrada e «Costa do Barro Branco», na rota da EN220, entre dois prováveis vici, Estevais a norte e São Cristóvão a sul; neste último apareceu uma ara a Júpiter, uma ara funerária e a cabeça de um berrão) Carviçais (árula a Júpiter achada a 3 km de Carviçais na direcção de Martim Tirado, junto das sepulturas entre o ribeiro da Trapa e do Cananor, actualmente no MNA; a via passaria próximo por «Castinheiral»/Alto do Castanheiro? e próximo da villa de Vale de Ferreiros, destruído pela barragem) Felgar (vestígios de calçada no Souto da Velha junto povoado da Idade do Ferro do Cabeço da Mua, associado à exploração do ferro da Serra do Reboredo e onde mais tarde poderia ter existido uma mutatio; epitáfio de Coracila, CIL II 6289; epitáfio de Reburrus, CIL II 6290, emigrante Seures do castellum Narelia)
civitas BANIENSIS Os BANIENSES, um dos povos mencionados na famosa inscrição da Ponte de Alcântara, ocupavam possivelmente o fértil Vale da Vilariça a norte do rio Douro com base numa inscrição encontrado próximo do Povoado do Baldoeiro, antigo castro junto da confluência da ribeira da Vilariça com o rio Sabor; trata-se de uma ara dedicada a Júpiter e à «CIVITATI BANIENSIV» por Lucius Basus encontrada nas ruínas da Capela de S. Mamede/Mesquita, sucedânea de um possível Templo Romano, actualmente no MNA. No entanto os vestígios no sítio do Baldoeiro são mais condizentes com um santuário romano do que com um oppidum capital de uma civitas pelo que surgiram outras hipóteses de localização nos vários núcleos populacionais ao longo da ribeira da Vilariça, com as propostas a oscilarem entre o importante sítio da Vila Morta de Santa Cruz da Vilariça (sem vestígios romanos no local, mas 9 lápides romanas foram utilizadas na parede norte da Capela da Ns. do Roncal, junto da Quinta da Portela e mais duas no lugar próximo da «Estalagem da Silveira»; Lemos, 1993, 347-348), ou mais a norte em Junqueira no sítio de Chão da Capela /Prado (ara, 6 lápides, Pinho Brandão recolheu 3 lápides no Museu Municipal de Vila Flor e um outra está no propritário da quinta; Cruz, 2000: 390). Entre estes dois locais surge um outro núcleo de povoamento formado pela Quinta da Terrincha e Olival das Fragas, na base do povoado da Senhora do Castelo (Garibo Bodí e Pereira, 2014: 545-550); na outra margem, na Quinta de Vila Maior em Cabanas de Baixo, existe um outro povoado romano que poderá corresponder a um vicus, dado que aqui apareceu uma ara dedicada a Júpiter pelos Vicani ILEX[---]; (FE 75; Lemos, 1993); na área apareceram também 17 estátuas zoomórficas, em particular no sítio do «Olival dos Berrões». A hipótese que mais de adequa a uma sede de civitas é o Olival das Fragas A atendendo à sua longa diacronia de ocupação, com destaque para o período romano (Cruz, 2000, 417-418). Apesar da indefinição sobre a localização da sede dos Banienses, a matriz de povoamento alinhada ao longo do Vale da Vilariça, aponta para um eixo viário principal na direcção N-S pela margem esquerda da ribeira da Vilariça ligando o território Baniense ao grande eixo viário da Via XVII que passava a norte rumo a Astorga; para sul esta via seguia para a travessia do Douro no Pocinho, seguindo depois rumo a Marialva; ver Itinerário Marialva - Torre de D. Chama - VIA XVII. |
Viae a DURIUS flumen |
![]() Nozelos ![]() |
Torre de Dona Chama (mansio da Via XVII) - Douro/Pocinho - Castelo Calábria Provável eixo viário N-S derivando da Via XVII após a travessia do rio Tuela em Torre de D. Chama rumo à travessia do rio Douro na Barca Velha do Pocinho, atravessando o território dos Banienses que ocupavam o Vale da Vilariça, subindo depois por Vila Nova de Foz Côa rumo ao Castelo de Calábria ou por Freixo de Numão rumo a Celorico da Beira. O Vale da Vilariça está coberto de vestígios romanos que se estendem até à Foz do Sabor no rio Douro como bem revelou os trabalhos arqueológicos aquando da construção da barragem do rio Sabor (Sá Coixão, 2002 e 2004; Lemos, 2011). Existe um fragmento de miliário em Nozelos que se acaso não foi deslocado da Via XVII poderia indicar esta via. Torre de Dona Chama (segue próximo do povoado de S. Juzenda em Múrias e junto do provável vicus em Mascarenhas) Nozelos (fragmento de miliário na aldeia, encostado a uma casa da esquina da Rua de Baixo com a Rua de Cima, apresentando algumas letras apesar da sua reutilização como peso de lagar) Ala (talvez próximo do habitat de Perafita/Pia dos Mouros, situado a sul do castro romanizado do Carrascal) Macedo de Cavaleiros (passaria junto do castro romanizado da Terronha de Pinhovelo, onde apareceu uma ara actualmente numa casa particular; no Solar dos Sarmentos apareceram 4 estelas funerárias, uma delas está no MAB) Vale Benfeito (segue talvez próximo do sítio romano designado por «Alto da Madorra», junto da Estação de Grijó, e do vicus de Mêda) Santa Comba de Vilariça (seguia pela vertente a sudeste da Serra de Bornes, algures entre os povoados mineiros fortificados do Castelo de Macedinho e Fragas do Castelo, servindo as minas auríferas de Vila Verde, Freixiosa e S. Salvador e marginando os povoados de Salgueiro e Ferradoza) Lodões (passava por Assares e junto do vicus de Lodões, seguindo depois entre o povoado de S. Pedro e o Castro de Ns. dos Anúncios, Vilarelhos, na outra margem) Junqueira (continua pela margem esquerda da ribeira da Vilariça, bordejando os núcleos de povoamento Baniense em Olival Grande, Olival do Rei, onde cruza a ribeira de S. Martinho, Chão da Capela, Cevadeiras, Olival das Fragas, Boedo e Quinta da Terrincha, estes na base do povoado da Sra. do Castelo) Adeganha (continua pelo Vale da Vilariça passando na base do Povoado do Baldoeiro, com sítios romanos no Olival do Bico, até atingir a base da Vila Morta de Santa Cruz da Vilariça, onde atravessa o rio Sabor; continua depois rumo ao Pocinho pela base do castro romanizado do Cabeço de Alfarela) Travessia do rio Douro na Barca Velha do Pocinho (daqui deveria bifurcar para o Castelo de Calábria e para Freixo de Numão.)
Partindo do rio ascendia a Vila Nova de Foz Côa talvez pela chamada «Estrada da Costa» passando junto da villa da Gricha, Cortes da Veiga, sobe ao monte a Chã e segue pelo Vale de Grilo e Tudão, cruza Vila Nova de Foz Côa (villa ou vicus a nascente da fonte do Paço, junto ao Castelo; Sá Coixão, 2000a) e segue pela Capela de Ns. do Amparo ou do «Azinhate», onde apareceram importantes vestígios, incluindo uma ara a Júpiter por Lucius Valerius, actualmente na igreja paroquial, assinalam o início do antigo caminho romano que corria para sul até Flor de Rosa, onde inflectia para sudeste rumo à travessia do rio Côa próximo da Quinta de Sta. Maria da Ervamoira (junto da ribeira de Piscos), onde existia uma mutatio de apoio à via, ascendendo depois a vicus de Castelo Melhor, continuando por Carril (cruza a EN222 ao km 220) para a travessia da ribeira de Aguiar no Turão do Castelo, continuando pela Quinta da Leda para o vicus de Olival de Telhões na base do importante castro romanizado do Monte Castelo ou Monte Calábria, situado num esporão sobranceiro ao rio Douro e que deverá corresponder ao povoado de Caliabria referido em 579 no Paroquial Suevo (Cosme, 2002). |
Viae ab Civitas MEIDVBRIGENSES |
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Rede viária de Freixo de Numão (Meidobriga?) Freixo de Numão (Meidobriga?) Provável capital dos Meidubrigensis, um dos povos mencionados na famosa inscrição da Ponte de Alcântara; espólio no Museu Arqueológico da Casa Grande; Inscrição rupestre a Iuno Veamvaearvm, CIL II 430 e ara consagrada aos Lares Turolicis, CIL II 431, ambas desaparecidas; dentro da igreja, há um altar votivo do Coniumbrigense Tiberius Claudius Sailcius, cavaleiro da 3ª Corte dos Lusitanos, CIL II 432; villa em Salgueiro; de Freixo partiriam vários caminhos romanos, um saindo da vila para norte, em direcção ao rio Douro e os restantes articulados com o nó viário da Quinta da Pedra Escrita (Sá Coixão, 2000) junto da villa do Prazo (ara a Júpiter), por onde passava a via principal N-S proveniente da travessia do rio Douro no Vesúvio rumo a Mêda e Marialva. Freixo de Numão a Murça do Douro Sai do Freixo pela calçada que passa na Quinta de Redoído e em Regadas (calçada com 500 m; ferraria; seria uma mutatio?), continua paralela à EN324 mas a cota mais baixo, passando nas proximidades do Moinho das Regadas e da villa da Vinha de Zimbro, no sítio da Colodreira/Escorna Bois, cruza a EN324 na Capela de Ns. da Esperança e toma o caminho que cruza a povoação de Murça do Douro; continua depois pelo sítio do «Chão do Cláudio» (vestígios de uma villa rustica) rumo ao rio Douro, ou desvia em Murça em direcção do vicus no sítio da Cruzinha em Mós do Douro (uma inscrição funerária regista um emigrante Taporo; calçada em Torrão) (Sá Coixão, 2000 e 2001). Freixo de Numão a Barca do Pocinho/Rio Douro Partindo do Freixo seguia o estradão de terra por Vale das Negras até confluir na estrada moderna na base do importante povoado pré-histórico do «Castelo Velho», seguindo por esta para Santo Amaro, continua pela cumeada da serra pelo Alto do Picoto, descendo depois a Cortes da Veiga para cruzar o rio Douro na Barca do Pocinho. Freixo de Numão ao Castelo de Numão: segue por Sta. Bárbara e passa no Pontão Romano da Nogueira, cruzamento da Quinta da Pedra Escrita, caminho da Quinta da Lameira, cruza a ribeira da Teja no sítio do Conde pela Ponte Romana?-Medieval da Zaralhôa (aqui há inscrição num penedo assinalando o trajecto: ARREA · SE[- - -] / TRAIECTV · M[- - -]), rumando depois a Numão (oppidum? vicus?; outra possível localização para Meidobriga; villae e inscrição rupestre no caminho para a Telheira, marcando a propriedade de um tal Reburri; villa na Quinta da Cabreira; existe um troço de calçada no sítio do Areal localizado junto do antigo caminho de acesso ao castelo e na confluência das ribeira de Tourões e Duas Casas, onde há uma inscrição rupestre atestando a existência da via: AS(s)ANIANC(ences) VIA(m) FECERVNT, traduzindo, "Os Assanienses construíram a estrada", Sá Coixão, 2000 e 2001). Castelo de Numão ao Mondego/Fornos de Algodres Provável via romana partindo da travessia do rio Douro em Arnozelo (villa no Vale de Ouvada), seguindo junto dos castros romanizados de Numão e Ranhados rumo a Viseu (?). Castelo de Numão (segue pela base do povoado) Horta (onde inicia a subida à cumeada da serra) Cedovim (segue a poente pela serra; vicus do Castelo; villae rusticae em Sta. Marinha e em Portela/Sumagral) Ranhados (a via margina o provável vicus na Tapada da Bita Peneda, situado na base do importante Castro de Sanjurge / S. Jurge, possível sede de uma civitas, talvez Meidubriga ou Aravoca, continua depois para Ranhados, passando próximo da villa? de Fonte Arcada/Capela da Quinta de S. Pedro, antiga Quinta da Sra. do Campo, cruza a povoação actual e continua para Ourozinho pelo estradão que passa na Fonte da Póvoa, cemitério, Alto da Póvoa e Sra. da Estrada) Ourozinho (cruza a via Paredes da Beira-Marialva) Ponte Romana?-Medieval da Pedrinha (submersa pela barragem) Antas, Penedono (inflectia para sul passando na estação romana na Quinta dos Carvalhais, onde há calçada) Arnas? (vicus? no Castro de Murganho no Monte Muragos; tesouro) Cunha? (tesouro; inscrição em St. Estevão; seguia para Carapito rumo a Fornos) Aguiar da Beira (entronca na via Moimenta da Beira a Fornos de Algodres.) Ranhados - Mêda - Longroiva: itinerário O-E entre o Castro de Sanjurge em Ranhados e Mêda, continuando até Longroiva; partindo da actual aldeia de Ranhados, seguia pela Capela de S. Sebastião e Quinta do Cardoso até Canada, descendo daqui por um troço lajeado para cruzar a ribeira da Teja na ponte a montante dos Banhos de Ariola (restam os arranques de uma ponte mais antiga, dita «romana», 50 m a montante), sobe a Ariola (junto do cemitério) e a Enxameia, onde inicia um troço em calçada que passa junto da Quinta do Covelo e no Cadoiço até atingir Mêda, continua pelo caminho do Alto do Vale de Olmo, onde poderia bifurcar:
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Viae ab civitas ARAVORUM |
![]() Longroiva ![]() ![]() |
Rede viária de Marialva (civitas ARAVORUM) Marialva (civitas ARAVORUM) Provável capital dos Aravi no lugar da Devesa em Marialva com base numa inscrição honorífica dedicada a Adriano pela civitas Aravorum, actualmente no Museu da Guarda; altar votivo colocado por um Cobelco; estela funerária de Paramaeco Bovati em Ervilhões, FE 47; inscrição ex officina, FE 46; podium do Templo Romano numa casa particular; Barragem em Salgueiral/Lago; sendo um importante nó viário na região, a capital dos Aravi era atravessada por vários eixos viários, um eixo N-S que articulava a travessia do rio Douro no Pocinho com as ligações a sul à Via Braga-Mérida; uma outra via importante seguia rumo à civitas da Bobadela por Celorico da Beira e Vale do Mondego, na vertente ocidental da Serra da Estrela. (Alarcão, 1993; Sá Coixão, 2004, 2009). Marialva ao Castelo Calábria Seguia próximo da Quinta dos Sr. dos Aflitos, passava a noroeste de Santa Comba pelo Alto da Frágua Negra, Quinta dos Gamoais, Quinta do Meio e Alto do Chão Redondo até Chãs (villa ou vicus nas Quintas), passa no cemitério e segue por Carris e Sra. do Monte, importante cruzamento de caminhos, onde a via bifurcava para duas possíveis travessias do rio Côa em época romana, Quinta da Ervamoira e Quinta da Barca, a primeira para nordeste, seguia rumo ao Castelo de Calábria por Castelo Melhor e a segunda seguia para leste rumo a Almendra, rumo possivelmente a Almofala, sede dos Cobelci)
Castelo Calábria a Almofala Partindo da travessia do Douro Quinta da Olga, junto da estação C.F. de Almendra, ou 1500 m a montante no vau da Quinta do Douro/Braço dos Leais, contorna a «Canada do Armazém» por Garrocho, junto do vicus de Olival dos Telhões/Aldeia Nova, na base do Castelo Calábria (Caliabria?), continua por Tapada do Matos para cruzar a ribeira de Aguiar na ponte medieval junto à Capela da Sra. do Campo, rumando depois a Almendra, continua por Quinta de S. Lourenço, Fonte da Torre, Vilar de Amargo (Fonte romana? da Pereira), Figueira de Castelo Rodrigo (villa junto ao cemitério), continuando pelo Convento de Santa Maria de Aguiar e Nave Redonda até Torre de Almofala (Cosme, 2002). Marialva a Póvoa do Mileu e Almofala A importante villa de Vale do Mouro (Gravato, Coriscada), onde poderia existir uma mutatio relacionada com a travessia da ribeira de Massueime, indicia uma via partindo de Marialva rumo às civitates vizinhas de Póvoa do Mileu (Guarda) e a civitas Cobelcorum em Almofala (FC Rodrigo) Marialva (sai da aldeia pela Ponte sobre a ribeira de Marialva, com alicerces romanos, continuando pela calçada que atravessa a Quinta da Lobeira/Leveira (necrópole) até Caspina, cruza a EN102 ao km 101,1 e atravessa a ribeira do Prado junto ao Cabeço Seixo) Coriscada (segue o caminho que vai para a Quinta das Minas) Vale de Mouro, Coriscada (imponente villa romana em fase de escavação e musealização, onde existe um notável mosaico representando o Deus Baco) Ribeira de Massueime (a travessia poderia ser nas poldras ali existentes; após cruzar a ribeira a via dividia-se nos ramos seguintes)
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Viae ab civitas COBELCORUM |
![]() Vilar Maior ![]() ![]() Vermiosa ![]() |
Rede viária de Torre de Almofala (civitas COBELCORUM) Torre de Almofala (oppidum, sede da civitas COBELCORUM) Importante povoado romano localizado em torno da chamada Torre das Águias em Almofala que assenta sobre um magnífico Templo Romano que urge salvar da ruína; a imponência do monumento e em particular o achamento de uma ara dedicada a Júpiter pela civitas Cobelcorum (CIL II 429), ajudaram a situar aqui a capital dos Cobelci, apesar dos vestígios de habitações aqui de encontrados não indiciarem mais do que um pequeno povoado, longe da dimensão esperada para uma capital de civitas; este facto levou a reconsiderar o estatuto de outros importantes sítios romanos como Póvoa do Mileu e «Centum Cellas», também fortes candidatas a sede de civitas. Deste nó viário deveriam partir várias estradas romanas rumo aos oppida adjacentes, mas o grande número de caminhos antigos numa região de forte matriz medieval e a total ausência de miliários, torna difícil a identificação dos trajectos romanos; muitas das calçadas identificadas parecem servir pequenos povoados formando uma rede de viae vicinales, mas deveriam existir viae publicae ligando aos principais nós viários, como seja a ligação a leste rumo a Ciudad Rodrigo e Salamanca (entroncando da chamada «Via de La Plata»), a ligação para sul rumo a Idanha-a-Velha (entroncando na via Braga-Mérida) e a ligação para sudoeste rumo a Póvoa do Mileu (Guarda), articulando com a rede viária da Serra da Estrela; para norte seguiam duas ligações às travessias do rio Douro no Pocinho, em Barca Dalva e possivelmente no Castelo de Calábria conforme descrito acima no âmbito da rede viária da civitas Aravorum (Sandra Cosme, 2002, p. 86-93). Torre de Almofala (civitas COBELCORUM) a Salamanca (SALMANTICA) Provável via romana que ligaria a sede dos Cobelcos à chamada "Via de la Plata", a via N-S que corria entre Astorga e Mérida; atravessava a fronteira luso-espanhola na ribeira de Tourões para La Bouza, segundo um ramo para sudeste rumo a Ciudad Rodrigo e outro para nordeste rumo a Salamanca, passando talvez por Lumbrales (fonte romana), Cerralbo (ponte), Guadramiro (vicus) e Vitigudino. Torre de Almofala (civitas COBELCORUM) a Sabugal (Equotule?) Continuação do eixo viário romano N-S que seguia aproximadamente paralelo à actual fronteira luso-espanhola descrito no Itinerário Asturica - civitas Cobelcorum seguindo a linha de festo que separa o rio Seco da ribeira de Tourões, calçada conhecida por "Caminho do Carril" da qual subsistem grandes troços perfeitamente planos e rectilíneos no planalto rumo a Aldeia da Ponte (Sabugal) passando nas proximidades do povoado romano de Moradios/Verdugal em Malhada Sorda, possível vicus associado aos Vettones, tribo celta cujo território se estendia por Espanha adentro, conhecida pelas suas esculturas zoomórficas em pedra, chamadas de «berrões». A via seguia de encontro ao eixo E-O formado pelo Itinerário de Tomar a Salamanca.
Almofala (a via ladeada o vicus romano pelo nordeste, cruza a estrada moderna EN604-2 junto da Capela de São Sebastião e segue pelo caminho de linha de festo entre a ribeira de Toulões e o rio Seco, hoje linha divisória entre as freguesias de Escarigo e Vermiosa pelo Alto das Piçarras, Cruzeiro, Devesa de Cima, Alto das Missadas e Nave Calçada, marginando sítios romanos como Quinta da Tapada da Machada e Pinhal da Sacristia, continua pelo Alto dos Barreiros, Prado das Fátimas, Vale da Coelha até à estação viária de Vale da Mula) Vale da Mua (possível mutatio no cruzamento com uma suposta via E-O proveniente de Marialva rumo a Ciudad Rodrigo por Pinhel e Almeida; a via cruza a povoação e segue pelo Alto das Corças, passando a nascente da villa da Sra. do Mosteiro) S. Pedro do Rio Seco (cruza a povoação e segue pela Eira do Silva e Alto dos Pluviões) Vilar Formoso (segue pelo «Caminho do Carril» por Atalaia/Alto de Vilar Formoso e Alto da Lomba, passando a nascente de Freineda) Malhada Sorda (a via seguia pelo Alto do Cabeço Madeira, Carril, Alto dos Castanheiros e S. Pedro do Carril, passando a nascente do vicus do Verdugal/Moradios, confluindo pouco depois em Batocas na EN332 que passa a seguir pelo Alto do Guinaldo e Alto da Lomba) Aldeia da Ponte (entronca na via proveniente de Salamanca e segue rumo a Alfaiates e Sabugal) Alfaiates (nó viário; daqui partia um itinerário para Mérida) Sabugal (Equotule?) (junto da travessia do rio Côa rumo à Ponte de Capinha, trajecto descrito no Itinerário Tomar - Salamanca)
Torre de Almofala (civitas COBELCORUM) a Póvoa do Mileu, Guarda Ligação entre os povoados romanos de Torre de Almofala e Póvoa do Mileu na Guarda com travessia do rio Côa na Ponte Velha. Esta via cruzava a fronteira e seguia por Escarigo seguia próximo das villae em Cabeço da Recta e Cabeço da Prata, rumo à travessia da ribeira de Aguiar/rio Seco na Ponte Romana?-Medieval da Vermiosa (continua em calçada por 500 m contornando pelo norte a villa de Vale de Olmos), continua por Passagens, Fonte do Espinho, junto do vicus ou villa de Pedregais, chega a Reigada pela Capela de St. António, continua pelo Barrocal e inicia a descida ao Côa pelo caminho abaixo de Cinco Vilas, conhecido por «Estrada de França», até à calçada de Poço Cavalo que percorre a margem direita do Côa até à «Ponte Velha». Travessia do rio Côa (na «Ponte Velha»?, ponte medieval destruída em 1907 por uma cheia que ainda conserva 3 dos 5 arcos primitivos; continua pelo alto das Poças rumo à travessia da ribeira das Cabras na Quinta da Ponte) Pinhel (ver espólio no Museu de Pinhel; a via subia ao povoado, seguia paralela e a nascente da EN221 por caminho em terra, tomando depois a EM574 pelo Alto da Pêga) Vascoveiro (continua pela cumeada por Feiteira, Seixal, Alto do Bandarra, passa junto da Capela de Sta. Bárbara, seguindo para o Manigoto pelo Alto das Lameirinhas) Manigoto (marca de tégula referente à Legião IV Macedónica na Quinta da Urgeira atesta a presença militar nesta área; via passa na igreja, cruza a ribeira da Pega e segue a leste de Vendada pelo Alto da Brôa/Alto da Folha da Lomba, Santa Maria e Lajinhas) Pomares (cruza novamente a ribeira da Pega e segue por Sobreiras e Porto de Avelãs, na linha divisória ente concelhos) Argomil (ver Estela de Argomil na igreja; continua por Sra. da Lagoa, passa junto do casal romano de Vilares) Rapoula (calçada na rua da Lagoa desce à povoação, passa na igreja e segue por Caneirinhas, junto do tesouro de Ladeira e Amial) Menoita (tesouro; continua pelo Alto do Seixal, Cabeço da Maunça e junto do Povoado fortificado do Outeiro de S. Miguel e da Quinta da Rasa, onde apareceu o cipo funerário de Coria e Peinuca; cruza a ribeira de Massueime, continua para a travessia do rio Diz em Corredoura, junto da estação CF, e sobe à Guarda) Póvoa do Mileu, Guarda |
Viae ab LANCIA TRANSCUDANA |
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Rede viária de Póvoa do Mileu (Lancia Transcudana?) Póvoa do Mileu, Guarda (povoado romano em torno da Capela da Sra. do Mileu, situado na base do Castro de Castelos Velhos, provável capital dos Lancienses Transcudani da inscrição da Ponte de Alcântara; o castro foi destruído na década de 90, 'engolido' pela cidade, mas ainda se preservam importantes vestígios do vicus romano na área da capela; daqui provém uma ara dedicada a Bande Brialeacus, divindade indígena que aparece também em Orjais, um cipo funerário e uma inscrição a Frontoni, emigrante taporo) Ligações a partir de Póvoa do Mileu: Mileu era um importante nó viário marcado pela passagem dos eixos N-S rumo ao rio Tejo; para norte seguia uma via por civitas Aravorum (Marialva) rumo à travessia do rio Douro no Vesúvio; para nordeste uma outra via dirigia-se para a cidade dos Cobelci (Torre de Almofala) (ambas descritas acima); na direcção sul partiam dois importantes itinerários, um ligando a «Centum Cellas» (Torre de Belmonte) onde entroncava na via para Mérida pela Ponte de Alcântara, e o outro seguia mais a nascente, cruzando a via Tomar - Salamanca a oeste do Sabugal, continuando depois por Meimoa e Penamacor até Igaeditana entroncando também na mesma via para Mérida. A via saía da cidade pelo Bairro da Sra. dos Remédios, onde existiam vários troços de calçada que foram entretanto destruídas durante a construção da nova circular 1997, não restando hoje mais que o pequeno troço no parque público. Por outro lado, as vias transversais E-O apresentam o trajecto muito dificultado pelos vales cavados que caracterizam a região e não fariam parte de grandes itinerários, mas antes de pequenas ligações entre os diversos povoados (act. 2020). Para poente seguia uma via rumo a Celorico da Beira descendo a íngreme encosta pela calçada do Castro do Tintinolho; para nascente poderia existir uma hipotética via na direcção de Salamanca (Perestrelo, 2003), mas o seu traçado é problemático. Póvoa do Mileu a Belmonte («Centum Cellas») Partindo da Capela de Mileu, segue talvez pela Sra. dos Remédios (topónimo Quinta da Calçada) e Monte Calvo, cruza o rio Noéme na Ponte Pedrinha em Barracão, continua por Póvoa de S. Domingos, onde toma o estradão que vai pela cumeada da serra por alturas de Ramela pelo Alto de Santa Cruz e Alto do Barrocal do Conde (2 aras em Aldeia Nova), continua pelo Alto da Galgueira e Catraia da Serra (epitáfio de Proculo, CIL II 458, na fachada da igreja de St. Antão em Benespera, proveniente talvez da villa da Quinta de S. Domingos, onde o caminho descia para a travessia da ribeira do Vale da Teixeira); daqui seguia por Colmeal da Torre, Santo Antão e Quinta da Torre até ao povoado romano de «Centum Cellas», onde conflui na Via Braga-Mérida. Póvoa do Mileu a Idanha-a-Velha (IGAEDITANA) Esta via partia da Guarda rumo a sudeste, passando a nascente do importante Santuário Luso-Romano de Cabeço das Fráguas, onde existe uma rara inscrição rupestre em língua «Lusitana» sobre o sacrifício de animais a divindades indígenas, entre outras a Trebaruna, Reve e Labbo, esta última reaparecendo como a divindade Laepo no vicus da Quinta de S. Domingos, situado no sopé do santuário, em 3 aras votivas na Capela da quinta, umas das cerca de vinte aras achadas na área do vale em torno do povoado romano, muitas destas anepígrafas, sugerindo a existência de um local de culto a esta divindade; numa das aras parece ler-se vicani Ocelonenses, colocando o santuário no território da civitas dos Ocelenenses. O percurso inicial seria comum à via para «Centum Cellas» até bifurcar em Barracão, seguindo esta por Panoias de Cima, Santana da Azinha (possível miliário num muro), Fernão Luís, Fonte Velha, Coito, Aldeia de Santa Madalena (inscrição funerária, FE 365 na Igreja), Lameiras, Pousafoles do Bispo (possível mutatio na villa ou vicus mineiro? do sítio do Lameiros das Casas), continua por Lomba e Águas Belas (por Fonte da Estrada e Lomba dos Palheiros), podendo aqui bifurcar em dois ramais que iam entroncar na Via O-E de Tomar a Salamanca, seguindo um ramo por Urgueira (marginando o possível vicus da Tapada do Açude, relacionado com minas de cobre; daqui partia uma ligação ao Sabugal pela Nave da Queixada); continuava pela Aldeia de Santo António até ao vicus da Tapada Velha, onde aliás se achou o miliário de Alagoas descrito abaixo (Perestrelo, 2003; Osório, 2006; Pedro Carvalho, 2008). Alagoas, Sabugal (provável mutatio a 21 milhas de Mileu no cruzamento com a Via para Salamanca; estação viária associada ao vicus da Tapada Velha, de onde será proveniente o miliário que apareceu no centro de Alagoas a servir de cruzeiro; a via para Igaeditana continuava para sul cruzando a EN233, seguindo depois pelo estradão que acompanha a linha divisória entre os concelhos do Sabugal e Penamacor por alturas de Meimão, passando em Cabeço da Vela, Alto de St. Estevão e Alto da Cabeça Calva, descendo depois a Meimoa talvez pelo caminho próximo da villa? do Cabeço do Lameirão) Meimoa (vicus VENIA) (excelente colecção de epigrafia na Casa-Museu Dr. Mário Pires Bento; epitáfio de Gracilis achada em Vale dos Frades; epitáfio de Postumus, um emigrante Cluniense; ara a Júpiter Solutorio; a ara honorífica dedicada ao Imperador Trajano pelos Vicani Veniensis indicia a localização do vicus Venia nas proximidades, devendo corresponder ao sítio romano da Canadinha, situado na margem oposta à actual povoação, junto da confluência do ribeiro da Queijeira com a ribeira de Meimoa) Ponte Romana?-Filipina sobre a ribeira de Meimoa (70 m, 7 arcos; duas inscrições funerárias incorporadas na ponte; a via continuava para sul passando junto do vicus da Canadinha rumo ao Alto de St. André) Penamacor (ver materiais romanos no Museu Municipal; ara a Bandi Vorteaecio de Vale Queimado; ara a Júpiter Conservatori; ara de Attius Rufus a Júpiter na Capela de S. Pedro; inscrição a Victoria; a nordeste, junto da Carreira de Tiro, há largas cortas mineiras em Presa e Salgueirinha, associadas a um possível acampamento militar romano em Lenteiro/Covão do Urso (Sánchez-Palencia e Brais Currás 2017 400); a via desce do Alto de St. André e contorna Penamacor pelo vertente nascente e segue junto da villa de Olival Queimado, onde apareceu a ara votiva de Coutilius também dedicada a Bandi Vorteaecio, rumo à travessia da ribeira das Taliscas na Quinta das Adelinas (?), junto do topónimo «Carril», continuando depois próximo do sítio romano da Quinta do Frazão e da possível mutatio no sítio do Ferrador, situado na base do Cabeço da Atalaia, onde ainda há 20 m em calçada, marginado duas possíveis villae, uma na Tapada do Robalo e outra recentemente descoberta em Saibreira) Aldeia de João Pires (ara a Júpiter junto da igreja; ara votiva a Diana, FE 590; segue a nascente, cruza a ribeira homónima e continua pelo Alto do Carvalhal/Malhada da Viseira) Monsanto (a via passava próximo da villa de S. Lourenço em Monsatela e continuava pelo sítio romano de Chão do Touro, onde apareceu ara a Arentio e a leste do sítio do Salgueiral, onde há uma inscrição num palheiro, continuando por Carroqueiro e Vale da Portela, onde apareceu um miliário muito desgastado onde apenas se lê [… …] A / MILIA, actualmente no Museu de Idanha-a-Velha (Baptista, 1998), ou seja «a milha», no entanto a distância medida no terreno é cerca de 2 milhas (?); a via cruza a ribeira da Bica e continua em calçada junto do sítio romano da Serrinha, contorna o Alto da Bigorna e segue por Carrascal da Serrinha e Horta do Pereiro rumo à Porta Norte de Igaeditana) Idanha-a-Velha (IGAEDITANA) (a entrada na cidade fazia-se junto da necrópole da Tapada da Eira pela Porta Norte) |
Viae ab IGAEDITANA |
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Rede viária de IGAEDITANA Deveriam existir ligações de Igaeditana a Ebora e Ammaia, cruzando o rio Tejo na Barca de Perais em Vila Velha de Ródão. Esta via corresponde a um velho caminho de transumância que foi utilizado até ao século passado, permitindo o trânsito dos rebanhos que vinham da Beira Baixa para o Alentejo e Algarve em busca de pastagens. Depois de cruzar o Tejo, a via continuava para sul por Montalvão, bifurcando pouco depois rumo a Ebora por Alpalhão e rumo a Ammaia por Castelo de Vide. (vide Baptista, 1998; Bilou, 2000a, 2005; Carneiro, 2000a, 2004 e 2008). Idanha-a-Velha (IGAEDITANA) a Évora (EBORA) e Aramenha (AMMAIA) Partindo de Idanha-a-Velha, a via dirigia-se ao rio Tejo por Castelo Branco, inflectindo para sudoeste pouco depois de Benquerenças por Represa, Retaxo (junto da Capela da Sra. da Guia) rumo à travessia do rio Tejo a sul de Perais; o traçado da via deverá corresponder ao caminho que cruza a EM1265 e continua pelo Alto do Mulato, Monte dos Ratinhos (necrópole) e Monte da Coutada (villa?), cruza a ribeira de Lucriz na Casa da Ribeira (EN355; junto do povoado da Cadaveira, onde apareceu uma inscrição funerária de um natural de Concordia, actualmente no MTPJ), continuando talvez sob a EN335. Existe um caminho alternativo a partir de Retaxo, seguindo próximo de Cebolais de Baixo (por Alto do Pato e «Ladeira de S. Gens»), Vidigueira e Vale de Pousadas (junto do topónimo «Meia-Légua») (act. 2019). Perais (a descida ao rio tem início na Igreja Matriz e segue por Estalagens e Calçados, tomando depois o caminho da Barreira da Barca pela Calçada da Telhada, serpenteando por sólida calçada até ao rio que atravessava junto a Lomba da Barca, na outra margem; Henriques, 2013) Montalvão (depois de cruzar o rio, a via seguia junto dos marcos geodésicos do Pombo e dos Remédios, passando junto da Capela da Sra. dos Remédios, atravessando depois a povoação; topónimo rua da Barca; fustes de colunas na rua das Almas; continua pela EM525 bifurcando aos 1,3 km para Ebora e Ammaia)
Montalvão a Ebora por Crato e Alter do Chão Montalvão (a via continua por Cancelão, Porto de Alpalhão e Alto de Paianes; Carneiro, 2008; continua a poente da villa dos Mosteiros em Mata da Póvoa; Monteiro, 2011) Travessia da ribeira de Nisa na Costa da Lapa (continua depois junto do sítio romano de Patalou e pelo Alto das Churras/Charás, ribeira de Figueiró e Alto do Touriz/Touril) Alpalhão (a via continua para sul, passando entre os importantes sítios romanos da Raposeira e de Fraguil que em conjunto formam uma vasta área de vestígios ainda por escavar que sugerem a existência de um vicus viário associado a uma mutatio; este importante nó viário que articulava as travessias do rio Tejo na Barca da Amieira (via proveniente de Conímbriga e Tomar) e Vila Velha de Ródão (via proveniente de Idanha-a-Velha) com os eixos viários Lisboa-Mérida que corriam mais a sul, justificam plenamente a existência de uma estação viária neste local) Vale do Peso (segue talvez pela Ponte Romana?-Medieval sobre a ribeira do Rôdo) Flor da Rosa (balneário?; villa em Couto dos Coldes) Crato (estela de Cilea, IRCP 626; sai pelo cemitério, cruza a estrada alcatroada e desce em calçada para a Ponte Romana-Medieval sobre a ribeira do Chocanol que reutiliza materiais da ponte anterior romana e situada na base do Monte do Chocanol, provável Vicus Camaloc(...) com base numa ara a Júpiter encontrada no caminho de acesso ao povoado colocada pelos Vicani Camalo[cani?, censis?]), continuando para a travessia da ribeira da seda por uma ponte reconstruída no século XVII eventualmente sobre fundações romanas, cruza a linha férrea e segue próximo da importante villa da Ganja e da respectiva necrópole 350 m adiante; daqui a via seguia talvez pelos altos de S. Lourenço e S. Miguel até Alter do Chão) Alter do Chão (Abelterio) (cruza o Itinerário XIV Lisboa-Mérida e segue talvez pelo Alto da Courela e cruza a ribeira de Sarrazola junto do Monte Judeu onde há necrópole) Fronteira (passa a poente pelo caminho do Vale de Amoreira atendendo ao aparecimento ali próximo do possível miliário do Monte da Palhinha; desce pelo Monte do Vale de Amoreira até à ribeira Grande que cruza junto do topónimo «Porto de Melões», na base do povoado indígena romanizado do Outeiro de S. Miguel; continua pelo Alto da Granja, cruza a ribeira de Sousel junto do Monte da Defesa de Barros, onde apareceu a ara funerária de Calpurnia, continua pelo Monte da Capelinha, Monte da Roxa/ Alto do Carvalheiro, Monte da Rouca e rua Tapas das Brancas) Cano (possível cruzamento com a ligação Ponte de Sor-Estremoz; a via deveria continuar pela «Estrada de Évora» até ao cemitério, seguindo depois o caminho pelo Alto de Macarra, cruza a ribeira de Almadafe próximo do Monte Mouchão e cruza a ribeira de Tera junto do Monte da Broa, continuando próximo do Monte da Estrada; este trajecto foi percorrido por Claude Bronseval no século XVI; Bronseval, 1970) Vimieiro (fortim de Soeiros poderá estar relacionado com o controlo desta via; continua talvez pelo Monte da Carreteira, Monte da Ermida, Monte do Santana, Monte de Courelas) Santa Justa (seguia talvez junto da Capela de Santa Justa onde apareceu uma ara votiva e há vestígios de uma villa ou mutatio, continuando talvez pelo Monte da Comenda de Cima e Monte da Anta, servindo de divisória concelhia e marginando duas fortificações romanas que controlariam a via, o Castelo de Santa Justa e o Castelo do Mau Vizinho, continuando depois a poente do Monte da Calada onde apareceu o epitáfio de Apano) Igrejinha (a via seguia talvez a nascente pelo Monte do Barrocal e Alto dos Algraveos, cruza o rio Degebe junto do Monte dos Álamos e segue para Évora pelo Bairro dos Canaviais?) Évora (Ebora) Montalvão a Ammaia por Castelo de Vide Montalvão (segue para sul pela EM525 até ao Alto do Boto, onde desvia desta estrada pelo caminho da Nave Guedelha que passa na Capela de S. Silvestre, até reunir com EM525) Póvoa e Meadas (cruza a povoação e segue a EM525 até ao nó viário da Sra. da Luz, passando junto dos altos da Cabeça, da Légua e da Tinhosa) Castelo de Vide (continua junto da Capela da Sra. da Luz até confluir na EN246-1 até à Capela de S. Pedro, onde toma o caminho que segue a meia-encosta pela vertente oposta à povoação, passando junto dos topónimos viários «Fonte da Mealhada» e «Pouso» até reunir com a EN246-1 junto ao supermercado) Escusa (a via percorria o Vale de Escusa, seguindo paralela e a sul da actual EN246-1, mas foi terá siso destruída pela actividade agrícola) Ammaia (entrava na cidade pela Porta Norte junto ao forum) |
Viae ab AMMAIA |
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Rede viária AMMAIA A importante cidade de Ammaia situa-se na margem esquerda do rio Sever, ocupando terrenos das quintas de Deão e Azenha Branca, em S. Salvador da Aramenha (Marvão) tem vindo a ser escavada ainda que de forma intermitente após séculos de abandono e saque, apresentando hoje um importante conjunto de ruínas e um excelente «Museu da Cidade de Ammaia» que expõe parte do vasto espólio recolhido. Apesar de não integrar nenhum dos grandes itinerários descritos no I.A., a cidade era servida por uma rede viária secundária de carácter regional (daí a ausência de miliários) que interligava a cidade às principais rotas comerciais na época romana, nomeadamente Igaeditana a norte, Ebora a sul, Aritium a noroeste, Norba Caesarina a leste e claro, a importante via para sudeste, rumo à capital provincial da Lusitânia, Emerita Augusta, articulando com os três grandes eixos viários que ligavam Mérida a Lisboa/Mar Oceânico, os Itinerários XII, XIV e XV de Antonino. O conhecimento da rede viária de Ammaia continua a crescer em resultado dos trabalhos efectuados na cidade nos últimos anos (vide Carvalho J., 2002; Corsi, 2006; Carneiro, 2008), no entanto subsistem ainda grandes dúvidas nos traçados e nas eventuais estações de paragem pelo que os roteiros aqui apresentados são ainda meras hipóteses de traçado. Curiosamente, a única ponte dita como "Romana" é a Ponte da Portagem é na verdade uma construção quinhentista (!), eventualmente reutilizando material das três pontes romanas que serviam a cidade na época romana:
AMMAIA a EBORA A provável via de ligação a Ebora deveria rumar a sudoeste rumo à Ponte Romana-Medieval da Madalena sobre a ribeira dos Alvarrões (junto da ponte nova na EN246-1), continuando depois pelo caminho à esquerda para Carris, onde ainda subsistem troços em calçada, continua a sul de Alvarrões (Fonte da Mulher) confluindo pouco depois na EN359 que segue ao longo da Ribeira de Nisa, contorna o Cabeço do Mouro e desce a Portalegre; daqui rumava a Monforte por Assumar, continua para Veiros (passava junto do sítio romano na antiga Capela do Monte de S. Pedro de Almuro onde ainda há vestígios da via, e seguia pela Herdade da Guardaria, onde apareceu uma inscrição funerária), segue a São Bento da Ana Loura (villa), entronca na Via XII e segue por Estremoz e Évora Monte até Évora.
AMMAIA a NORBA CAESARINA (64 milhas) Esta via seguia para nordeste por Portagem, ao longo da margem esquerda do rio Sever até ao lugar da Ponte Velha, onde uma derivação seguia para Beirã rumo ao rio Tejo, seguindo depois a calçada que vai por Ramila de Baixo, Relva da Asseiceira, Aires rumo à travessia do rio Sever próximo da vila de Pombais, continuando em terras espanholas por Valencia de Alcántara (aqueduto; Puente Romana da Piedra; Pontarrón de los Agravios), Aliseda (a norte da povoação) e Malpartida de Cáceres, rumo a Norba Caesarina, actual Cáceres. AMMAIA a EMERITA Saindo da cidade pela monumental Porta Sul, atravessava o rio Sever na Ponte Romana de Olhos de Água (restam apenas vestígios dos arranques do arco único na margem direita), continuando depois pelo vale da Serra de São Mamede (EM521) por Porto da Espada (marginando a estação romana de Alagoa), continua junto da Fonte do Carvalho (inscrição), cruzando pouco depois o limite concelhio, onde vencia a milha 4 e São Julião (7 m.p.), cruza a fronteira luso-espanhola em Rabaça (12 m.p.; mutatio?), continuando por caminho carreteiro sempre recto que acompanha o curso do rio Gévora que cruzaria a norte de La Codesera para rumar a Alburquerque (estação viária localizada a 28 m.p. a Ammaia situada a meio percurso entre o rio Tejo, a 54 milhas, e Mérida, a 48 m.p.; neste local poderia cruzar com uma via SO-NE que seguia para Norba Caesarina, actual Cáceres, passando junto da arruinada Ermida de Los Santiagos, onde apareceu uma inscrição de um quatuórviro); a partir de Alburquerque, a via a manteria a mesma directriz rumo a Mérida seguindo pela «Cañada del Moro», antigo caminho que percorre a «Sierra del Puerto del Centinela» para cruzar o rio Zapatón num local actualmente submerso pela albufeira de «La Peña del Águila»; ultrapassado este obstáculo, a via seguia talvez entre Puebla de Obando e Roca de la Sierra pelo «Camiño de Costanilla» e «Camiño del Cordel» rumo à antiga povoação referida na documentação medieval como «Loriana», «Lauriana» ou «Luriana», topónimo que sobrevive como Lurianilla para nomear a ribeira e a serra ali próximo; alguns vestígios romanos poderão indiciar uma estação viária nesta área, eventualmente a mansio Liciniana referida por Ptolomeu, a 24 milhas de Mérida; cruzava de seguida a ribeira de Lurianilla e seguia o caminho de «Las Limoneras» rumo a Nava de Santiago (14 milhas a Mérida) e daqui a nordeste da villa de Casa Las Tiendas e entra em Emerita pela Ponte Romana de Albarregas. (act. 2020). AMMAIA a FRAXINUM (Monte da Pedra) Seguia a via descrita acima até ao nó viário da Sra. da Luz em Castelo de Vide, continuando depois pelo apeadeiro e pelo sopé da Serra de S. Paulo/Alto dos Lavradores e a norte de a importante villa do Monte do Mascarro (ara votiva), Monte de Santa Marinha (epitáfio de Domitius) e Tapada da Pedreira (villa), seguindo próximo dos Montes da Lameira e Machoquinho rumo ao Porto dos Espinheiros (?) onde fazia a travessia da ribeira de Nisa; continua talvez por Taberna Seca, a sul da villa de Vale da Manceba até confluir na EN246 na travessia de Figueiró, seguindo por esta até à Capela de S. Sebastião, chegando a Alpalhão (nó viário no cruzamento com a via proveniente da Barca da Amieira rumo a Mérida); mantendo a direcção E-O, a via seguia talvez por Gáfete e a sul de Tolosa rumo ao miliário do Monte do Aguilhão e daqui descia ao Monte da Pedra, presumível localização de Fraxinum. |
Via CALE a LIMIA |
Porto Barcelos ![]() ![]() Barcelos Lima ![]() |
Porto (CALE) - Barcelos - Ponte de Lima (LIMIA) (LII m.p.) A via romana de Bracara Augusta a Olisipo cruzava o rio Douro em Cale, na fronteira entre a Galécia e a Lusitânia. Esta localização privilegiada tornou Cale num importante nó viário de onde partiam muitas outras vias em diversas direcções. Esta rede de vias romanas secundárias assenta em caminhos pré-romanos que interligavam os muitos povoados castrejos da região. A geografia e a resistência acirrada destes povos à nova ordem romana condicionaram um tipo de romanização radicalmente diferente do sul do país. Com as excepções de Bracara Augusta e Aquae Flaviae, ainda assim fundadas por aglomeração da população castreja em seu redor, parece existir uma continuidade da velha ordem castreja através da reorganização do território por populi em torno de um oppidum capital que administrava um território sobretudo com afinidades étnicas quer reutilizando os velhos castros quer através da fundação ex-nihilo de 'novos' castros como é o caso do Monte Mozinho que passam assim a desempenhar funções de capital de um território que passa a designar-se de civitas. Naturalmente a rede viária reflecte esta continuidade que se prolonga até à Idade Média como se observa nas referências em documentos alti-medievais como «karraria antiqua», «karia antiqua», «carraria maurisca» ou «via vetera», e que se projectaram até aos nossos dias como as grandes rotas comerciais da região. Apesar do forte cariz medieval destes caminhos e da ausência de miliários, a sua utilização no processo de romanização da região parece indubitável e o seu trajecto é dedutível através dos vestígios de povoamento romano ao longo do seu percurso como bem demonstraram os trabalhos de Carlos Ferreira de Almeida e de Brochado de Almeida (vide Almeida CAB, 1979, 1980, 1986, 1996; Almeida CAF, 1968, 1969). Itinerário Porto - Rates - Barcelos (Karraria Antiqua) (XXXI m.p.) Esta estrada deriva da via para Bracara logo à saída do antigo burgo de Cale, tomando a direcção noroeste rumo a Rates, havendo referências da sua passagem em Moreira da Maia em dois documentos do ano 1112, como karraria antiqua (DMP DP 391) e karrarea antiqua (DMP DP 392) e em Gemunde como «caral que uai at ille porto» no ano 1047 (PMH DC 359). Mais adiante surgem outras referências a esta velha estrada como «estrada mourisca» e «via publica» em documentos do Mosteiro de São Simão da Junqueira (Almeida CAB, 2017: 20). A via cruzava o rio Ave junto da Ponte Medieval de D. Zameiro e o rio Este na Ponte de Arcos, seguindo depois rumo à «Barca do Lago», tradicional ponto de passagem do rio Cávado. Sendo hoje também o itinerário principal do «Caminho de Santiago» é muito fácil percorrer esta via através das famosas «setas amarelas», apesar do trajecto escolhido nem sempre coincidir com o antigo traçado. A via partia do Jardim da Cordoaria no Porto, antiga Porta do Olival, tal como a via Porto-Braga, mas logo depois bifurcava seguindo a via para Braga pela rua Mártires da Liberdade enquanto a karraria dirigia-se para a actual Praça Carlos Alberto, antiga «Praça dos Ferradores», continuando depois pela rua de Cedofeita, designada no período medieval por «Cacarreira» e mais tarde por «rua da Estrada» (até 1781), óbvias referências à antiga via, seguindo sempre recto pela rua do Barão de Forrester até ao Largo da Ramada Alta, onde contorna a Capela do Sr. do Calvário (m.p. I) e segue pela rua 9 de Julho, rua do Carvalhido, rua Monte dos Burgos (m.p. II), rua Nova do Seixo (m.p. III), Padrão da Légua (nó viário junto do cruzeiro do Senhor, onde confluía também a Via Veteris), continua por Recarei (m.p. IV; castro no lugar de S. Sebastião? na Quinta do Alão apareceu uma ara a Júpiter), Gondivai (m.p. V; referência à «kareira» num documento do ano 1099, PMH DC 915) até ao cruzeiro da Capela do Araújo, onde inicia a descida ao rio Leça pela Travessa de D. Frei Manuel Almeida de Vasconcelos e rua Sousa Prata para cruzar o rio Leça na Ponte Romana-Medieval da Azenha/Ronfes/Barreiros (m.p. VI; pedras almofadadas romanas reutilizadas nas aduelas do arco na margem direita), cruza a EN13 e sobe pela rua do Souto, continuando depois paralela à linha férrea pela Estação CF da Maia, seguindo a actual ecopista até desembocar na rua Conselheiro Costa Aroso, zona muito alterada pela construção da IC24, podendo seguir pela rua de Godim, rua Carlos Moreira, travessa do Chancidro, Capela do Senhor dos Aflitos (m.p. VIII), rua do Cruzeiro até entroncar na rua Mestre Clara que segue para cruzar a EN542, actual rua Fernando Ulrich. A partir daqui o trajecto foi destruído com a construção da zona industrial, mas ainda é perceptível a sua continuação pela rua de Matamá, depois de vencer a milha IX no ponto de cruzamento da via com a linha divisória concelhia entre Maia e Vila do Conde; retomando o percurso já na freguesia de Mosteiró, a via continua pela rua de Matamá por Sete e Aradas, actual CM1077, passando nos topónimos viários Venda (possível mutatio na m.p. X), Padinho, Monte, Botica e Lameira (possível villa), Costinha, Arribela (m.p. XI) e Padrão, já na freguesia de Vilar (inscrição ilegível na face sul da Igreja Paroquial de Santa Maria; villa?), Carrapata de Cima (m.p. XII) e Nove Irmãos em Modivas (estela funerária de Severo); a partir daqui a via é coincidente com a EN306 ou rua da Estrada Principal, seguindo por Rochio e Joudina em Gião (m.p. XIII), seguindo depois pelo sopé do Castro de Boi/Castro de St. Ovídeo em Vairão (m.p. XIV; Castro de Bove na documentação medieval), Madalena (m.p. XV) e Vilarinho, onde cruza a EN104, seguindo recto até à Ponte Medieval de D. Zameiro onde atravessa o rio Ave sob o controlo do Castro/Atalaia de Santagões na outra margem (celtaganes na Idade Média); da ponte sobe pela antiga «karraria» à Capela da Sra. da Ajuda (necrópole em Vila Verde; possível mutatio na Quinta do Vilar), continua por Bagunte (m.p. XIX; segue por Casal Pedro, provável mutatio, passando nas traseiras da Capela de S. Mamede, situada na base da importante Cividade de Bagunte, civitas bogonti num documento do ano 1036, do povoado do Castro de Argifonso no Alto do Castelo, argefonsi na documentação medieval e próximo do habitat do Lugar de Casais), em Boavista sai da EN306 e toma a rua Camilo Castelo Branco/CM1048, passando na famosa «Estalagem das Pulgas» e nas traseiras do Mosteiro de S. Simão da Junqueira (a villa Fernandi), em Casal Maria segue o caminho de terra que passa sob A7, passando a leste das Mamoas do Fulom, desce pelo Canivete até reencontrar a EN306 e logo depois atravessa o rio Este na Ponte Medieval de S. Miguel de Arcos (m.p. XX; ribulo Alister em documentos medievais); a partir daqui a via deveria bifurcar, seguindo um ramo directo a Barcelos e outro rumava a noroeste para a Barca do Lago entroncando assim na via proveniente do Porto pelo litoral.
Itinerário Ponte dos Arcos - Barcelos, seguindo por Moldes (m.p. XXI; rua da Igreja e rua dos Ferreiros), continua sob a EM1030 que passa em St. António, a leste da Igreja Românica de Rates (m.p. XXII), tomando depois o CM1129-3 que passa no Alto da Mulher Morta (m.p. XXIII), seguindo até Merouço, onde conflui na EN504, passa na Igreja de Courel (m.p. XXV na base do Alto do Castro), continua por Sardoal, entronca na EN306, continua para Silgueiros por Ns. da Guia, corta à esquerda pela EM555 por Pereira (m.p. XXVIII; tégula na primitiva igreja), passando assim na base do castro romanizado de Castelo de Faria, situado na encosta noroeste do Alto da Franqueira; a via contornava este obstáculo pela vertente nascente rumo a Barcelinhos, cruzando rio Cávado talvez no lugar de Mereces, a 31 milhas do Porto. Itinerário Barcelos - Ponte de Lima (XXI m.p) Este importante eixo viário durante o período medieval tem certamente uma origem muito anterior dado os imensos vestígios do período romano ao longo do seu percurso; a via interligava o rio Cávado ao rio Lima passando pelo Vale da Facha, num traçado próximo da actual EN204. Partindo da travessia do rio Cávado junto a Barcelos, a via seguia para a Ponte Medieval das Tábuas, onde cruzava o rio Neiva (ponte já mencionada num documento do ano 1135), continuando depois pelo Vale da Facha até à Correlhã, confluindo pouco antes da ponte romana sobre o rio Lima na Via Bracara Augusta - Tudae do Itinerário XIX. Barcelos (seguia talvez próximo de Aldão, Capela de Santo Amaro, Abade de Neiva, onde se regista o topónimo Breia, passando junto da villa da Quinta do Castelo, na base do castro romanizado do Monte Facho/Alto da Torre; continua por Real, m.p. XXXV) Santa Leocádia de Tamel (m.p. XXXVI em Bemposta, junto da Igreja Paroquial) Carapeços (seguindo pela vertente nascente do Monte de Tamel por Caride/Igreja e Minhotas) São Pedro de Fins (m.p. XXXVII; passa junto da igreja, na base do Castro romanizado da Picarreira e próximo do habitat de Souto do Rato, continua pela Sra. da Portela/Portela de Tamel, Mourisca e Giestal, passando assim na base do Castro de S. Simão, o «mons cossoirado» citada num documento de 1064 que refere também a karraria antiqua que ali passava (PMH DC 443) Ponte Medieval das Tábuas sobre o rio Neiva (m.p. XLI; mamoa e povoado na Bouça da Mó) Balugães (m.p. XLII; segue a meia-encosta do monte da Citânia de Carmona, o castro mais importante do Vale do Neiva, passando junto da Sra. da Aparecida, por Quinta das Giestas, Calçada, Laje, Fonte da Cal, Peneda, base da Capela de S. Martinho e Mó) Poiares (m.p. XLIII; segue na rota da EN204, a poente da povoação pela vertente nascente da Serra da Padela, passando em Lajes e junto da quinta agrícola romana do Sabugueiro) Vitorino de Piães (m.p. XLV; passa junto dos povoados de S. Simão e do Cresto, na base dos castros de Alto das Valadas e Trás de Cidade) Portela (m.p. XLVI; retoma a EN204, saindo pouco metros depois à esquerda para Albergaria) Maria Velha (provável mutatio localizada junto da bifurcação da via) Facha (m.p. XLVIII; a via continua a poente da EN204 pelo «Caminho de Santiago», com vestígios de tégula de um lado e do outro da estrada em Juncal, Cividade, Frei, Lourinho e Forno, passa na Capela de S. Sebastião e junto da villa do Prazil, com vestígios de tégula em Mende, Mangas, Telheiro e Tiandes, continuando até Sobreiro) Correlhã (m.p. L; segue junto do Castro romano do Eirado/Anta, Tesido, villa do Paço/Travasselas, Pregal, Castro romanizado de S. João, possível mutatio antes do rio Trovela; depois de cruzar o rio Trovela, junto do Castro romanizado da Ns. da Conceição, seguindo depois por Sta. Luzia) Ponte de Lima (a 21 milhas de Barcelos; conflui com o Itinerário XIX Braga - Tui)
Itinerário Famalicão - Barcelos Estrada entre Famalicão e Barcelos referida num documentos medieval do ano 906 como «karraria antiqua» e «estrata de vereda» ao indicar os limites da «villa» de Sta. Eulália (PMH DC 13), actual Santa Eulália do Rio Covo, com vestígios de um provável vicus em torno da Capela da Sra. de Águas Santas, estação termal na época romana e medieval com a sua fonte de águas medicinais (Almeida CAF, 1968); o documento refere uma ou mais «carreiras antigas», nomeadamente a que seguia directo à igreja, mas é difícil identificar os topónimos referidos. Derivando da via Cale Bracara em Famalicão, a via poderia atravessar o rio Este próximo de Cavalões, seguindo depois por Minhotães (na igreja apareceu uma ara votiva à divindade Aecus Rougiavesucus ou Corougiai Vesucus , actualmente no Museu Pio XII), Viatodos (por Souto, Montinho e Quinta da Fonte Velha) e Monte de Fralães (passando na vertente nascente do importante Castro romanizado do Monte da Saia/Cividade do Lenteiro; possível villa em Paço; lápide de um veterano proveniente da «Quinta da Honra» em Farelães (Barcelos), actualmente no MSMS com o nº 71); continua por Carvalhos (EN306-1 até S. Martinho, onde inflecte para norte passando a nascente da EM505 e da hospedaria medieval na Igreja de S. Tiago em Torre de Moldes), Remelhe (segue o caminho rural que passa em Naia, Quinta do Perdigão, traseiras da Quinta do Paranho, Capela de Sta. Cruz e alturas de Portela, na vertente poente do Alto da Vaia), descendo depois pelo Alto de Maio até ao Cávado, pela vertente poente a Barcelinhos ou pela vertente nascente pelo caminho que passa por Quinta da Torre, Vilarinho e Sta. Cruz até Santa Eugénia do Rio Covo. |
Via CALE a TUDAE (per loca maritima) |
![]() Porto
Caminha ![]() ![]() ![]() ![]() Cávado
Lima ![]() ![]() ![]() ![]() Porto
Matosinhos ![]() |
Porto (CALE) - Viana - Caminha (per loca maritima) (LXIV m.p.) Esta antiga via seguia a poente da via Porto - Barcelos (a «karraria antiqua»), bordejando castros e villae ao longo do litoral e daí a sua designação de per loca maritima; a derivação da karraria antiqua seria no Cruzeiro de Santiago de Custóias no Padrão da Légua, seguindo para noroeste rumo à travessia do rio Ave em Vila do Conde. Daqui a via seguia para a travessia do rio Cávado na Barca do Lago, tradicional ponto de passagem. Os estudos de Ferreira de Almeida e Brochado de Almeida não deixam dúvidas sobre o traçado da via e a sua antiguidade, dado que o trajecto proposto é pontuado por significativos vestígios de povoados pré-romanos, assim como diversas villae romanas que exploravam um interessante sinergia entre os recursos agrícolas e os marinhos como comprovam os tanques de salga espalhadas pelo litoral (vide Almeida CAF, 1968, 1969; Almeida CAB, 1979, 1980, 1986, 1996). Via Veteris Lordelo do Ouro - Padrão da Légua Nas Inquirições de D. Afonso III em 1258 é referida uma «via veteris» que partia do rio Douro junto da Arrábida («una via veteris incipitur in fluvio Dorii in loco qui dicitur Arraba»; PMH Inq, 486), seguindo depois pelos limites dos antigos coutos de Cedofeita e Lordelo rumo ao Padrão da Légua (Almeida CAF, 1968; Ramos, 1994). A norte do rio Ave não surgem mais referências à «via veteris» (Almeida CAB, 2017: 20). Dois importantes achados na Foz Velha assinalam este núcleo de povoamento ribeirinho; em 1868 apareceu no rio Douro uma estátua de uma figura togada (actualmente no Museu do Carmo em Lisboa) e na Igreja de São João Baptista apareceu um ara onde se lia «AQVIS Magaudiis» (?) talvez dedicada a divindades aquáticas. Partindo então do cais do Senhor da Boa Morte em Lordelo do Ouro (na base do provável povoado castrejo em torno da Capela de Sta. Catarina), ascendia a «Calçada do Ouro» pela rua do Aleixo e rua das Condominhas, passando junto do provável vicus do Campo do Eirado (vestígios nas traseiras da igreja paroquial), seguindo depois pela rua Serralves; a densa urbanização da zona de Ramalde não permite seguir o antigo traçado, mas poderia seguir aproximadamente a rua Prof. Augusto Nobre, cruza a Av. da Boavista junto do «Monumento ao Empresário», rua Dr. Alberto de Macedo, zona industrial, Senhora da Hora, pela rua Senhora da Penha e Rua de São Gens rumo ao Padrão da Légua, onde entronca na via karraria antiqua Porto - Barcelos. Itinerário Porto - Barca do Lago (XXXI m.p.) Partindo do nó viário do «Padrão da Légua», a via seguia então por Recarei e Santiago de Custóias (marginando o Castro de S. Gens), seguindo pela rua do Senhor, rua da Fonte Velha e rua da Cal, rumo à travessia do rio Leça na Ponte Medieval de Dom Goimil (na base do Castro de Esposade/Alto da Vela), continua para Pedras Rubras (seguindo pela rua das Carvalhas e rua da Estrada até atravessar a linha de metro junto do Aeroporto e do castro romanizado do Monte das Pedras, referenciado em 978 como montis petrosso, PMH DC 124, e como petras ruivas/rubras a partir do ano 1008, PMH DC 197, continuando pela rua da Botica), Vila Nova da Telha (pela rua Prof. António Rocha, rua da Aldeia, passando próximo do casal e necrópole das Bicas, seguindo depois para Lagielas, onde vencia a milha 10 na divisão concelhia Maia-Vila do Conde); a partir daqui a via foi cortada com a construção do aeroporto, reaparecendo do outro lado da pista pelos topónimos viários da Viela dos Adros em Pena, rua da Botica, rua da Venda Velha e rua dos Marcos até ao Adro dos Burros; continua pelo Outeiro de Aveleda para Mindelo (habitat em Moimenta), Árvore (passando na Quinta da Faísca, Quintã e rua da «Estrada Velha») até Azurara (XVII m.p.; antiga vila Pinitellus; povoado no Corgo), cruzando pouco depois o rio Ave na base do antigo povoado pré-romano designado por Castro de S. João, actual Mosteiro de Santa Clara (a travessia seria em barca no período romano, no entanto num documento do ano 1270 é já referida uma ponte como «prope pontem riuolo de Ave, inter Zuraram et Villam de Comde»; no entanto não se pode excluir uma travessia mais a montante junto do Polónia, 1999); , ou mais a montante, junto do Castro romanizado da Retorta). A partir de Vila do Conde a via seguiria paralela ao aqueduto passando nas proximidades da Villa Fromarici em Formariz e villa Tauquinia junto da Igreja de Touguinha e já no termo de Póvoa de Varzim, passava em Argivai (vila Argevadi) e do possível vicus no Alto da Vinha em Beiriz de Baixo (Villa Viarizi num documento do ano 1044; na necrópole apareceram duas inscrições votivas, um cipo ou pedestal com inscrição ilegível, RAP 600, e uma ara votiva dedicada à divindade Mari por Avitus, ambas no Museu Municipal da Póvoa). A via continua pela base da Cividade de Terroso, sendo designada por «carraria maurisca...subtus montis terroso» num documento do ano 953 (PMH DC 67), servindo as diversas villae e povoados que se espalhavam ao longo da costa como a villa de Caxinas (nos terrenos da Escola José Régio), villa Euracini em Martim Vaz, o Castro de Navais (porto na Aguçadora), a villa de Amorim e a Villa Mendo/Menendi em Estela. O percurso da via seria por Gândara, Calves, Beiriz, Pedreira, Pé do Monte, Salvador, Sejães, cortando à esquerda por estradão para Rapijães, continuando depois pela base do Castro do Monte de S. Félix em Laúndos; daqui segue por Águas Férreas, onde conflui na EN205 e na linha férrea atravessa a zona industrial e toma o estradão em terra para a Sra. da Abadia, marginando a exploração aurífera romana da Lagoa Negra, continuando a poente de Barqueiros (tégula em Vilares e povoado em Adro Velho) até Fonte Boa (provável mutatio no povoado do Outeiro dos Picoutos e villa? em Paço), continuando depois rumo à Barca do Lago, onde cruzava o rio Cávado, percorrendo 31 milhas desde o rio Douro. Itinerário Barca do Lago - Caminha (XXXIII m.p.) Depois de cruzar o rio Cávado, a via continuava a nascente de Esposende pela travessa da Tomadia até ao lugar do Viso, onde vencia a m.p. XXXII (actualmente cortada pelo IC1), reaparece no lugar do Marco, m.p. XXXIII, passando por São Roque, na base do Monte Faro, seguindo o trajecto da «Estrada Real» pela base do importante Castro romanizado de São Lourenço que vai cruzar a ribeira do Peralta junto a Abelheira (marginado uma possível mutatio junto da Igreja Paroquial de Marinhas e rua de Cancelinho e rua da «Estrada Velha»); continua na «Estrada Real» pela base da Capela da Sra. Paz, por Rio de Moinhos e Lugar de Cima e Rua Marco do Rei), Outeiro (m.p. XXXVII; continua pela rua Padre Almeida), Belinho (m.p. XXXVIII; passa junto da villa da Casa do Belinho, seguindo a antiga «Estrada Real» por Trelopaço, Santo Amaro e Estrada, na base do povoado da Subidade de Belinho), continuava depois entre a provável mutatio do Alto da Ponte e a necrópole da villa tardo-romana no Casal da Agra do Relógio, cruzando o rio Neiva na desaparecida «Ponte Velha», na base do Castro romanizado de Moldes/Monte da Guilheta/Monte do Castelo, actual freguesia de Castelo do Neiva (m.p. XL; espólio na JF; ara aos lari viales(?) na igreja paroquial; necrópole junto da Capela da Ns. de Guadalupe; povoado romano na margem direita do rio; continua por Santiago, Convento de S. Romão/Sra. do Castro), Chafé (m.p. XLIII; por «Estrada Velha», Ribeira e Noval), Anha (m.p. XLIV; por Barroco, Paço, Igreja e S. João), Darque (m.p. XLVI; ver a «colecção JAE» de miliários que a empresa 'Estradas de Portugal' reuniu junto da EN203; tégula na Quinta do Carteado; contorna o Castro do Alto do Galeão/Faro de Anha, atalaia para controlo da foz do Lima, e desce em linha recta pela Escola C+S, «Fiação Rosa» e «Alminhas» até ao Cais e Capela de São Lourenço, provável mutatio, onde apareceu tegulae, uma ara votiva, silhares almofadados e fustes de colunas, onde fazia a travessia do rio Lima talvez por barca), Viana do Castelo (m.p. XLVI na base do Citânia de Santa Luzia, também conhecida por «Cidade Velha»), Lugar do Meio (m.p. XLIX; segue a nascente dos vestígios romanos da Igreja, cruza a ribeira do Pêgo na base do castro homónimo, onde vencia a m.p. L), Carreço (m.p. LXII na base do Castro da Corôa, seguindo por Louvado e Garita), Troviscoso (junto da Eira de S. João, continuando por Caneja, cruza a linha férrea e segue junto da Igreja Paroquial de Carreço, Estação e Paçô, pela rua dos Pinheirais; pias salineiras na Praia de Fornelos; tesouro em Gândara), Afife (m.p. LV; passa próximo da villa das Baganheiras, próximo da LF, continua pela Sra. da Lapa, cruza o rio de Cabanas e segue por Loureiro, Sobreira, passa junto do Castro de St. António e passa entre o Castro do Cútero e a importante Cividade de Afife/Âncora no Monte da Suvidade, havendo vestígios da calçada na vertente nascente do castro; inscrição do lapidário Pelcius no NAIAA), Sta. Maria de Âncora continua pela rua da Cividade em Laje (m.p. LVI, onde há restos de calçada; no Pinhal da Gelfa apareceram salinas romanas junto ao Forte do Cão). Depois de cruzar o rio Âncora (m.p. LVII), a via seguia a linha de costa até Caminha, passando em Retorta (m.p. LVIII), Pardinheiros (m.p. LIX), Prado, Moledo (m.p. LXI) e finalmente Caminha (m.p. LXIII).
Itinerários da Barca do Lago ao Vale do Rio Lima (pela Ponte de Fragoso) Itinerário que deriva da karraria antiqua após a travessia do rio Cávado na Barca do Lago, seguindo na direcção nordeste rumo ao rio Lima; esta rota seguia por Terroso em Palmeira de Faro (junto do castro romanizado do Senhor dos Desamparados e da villa da Linhariça), contornava o planalto de Vila Chã (junto do povoado de Barbeitos), seguia junto do Castro de Palme e do Monte Castro em Aldreu para fazer a travessia do Neiva na Ponte Medieval de Fragoso (passa nos topónimos viários Breia e Estrada; referência à «carraria» na Carta de Couto de Fragoso em 1127), continuando depois por Barroselas e Portela de Susã (vestígios junto da Igreja), Santa Maria de Geraz do Lima (villa a 80 m da igreja paroquial que reutiliza silhares romanos tal como na Igreja de Sta. Leocádia, onde apareceu uma ara anepígrafa e um capitel toscano) e Moreira de Geraz do Lima, atravessando o rio Lima no sítio da Passagem. Na outra margem a via teria continuação para norte, passando na vertente nascente da Cividade de Lanheses (castro romanizado relacionado com as minas de estanho de Cova Alta/Olas e Alto das Mouras, e a mina de ouro de Bouça do Moisés), continuando por Rouparias (necrópole) para São Lourenço da Montaria, passando próximo do Castro de Castelão. (Almeida CAF 1968: 36; Almeida CAB 2003: 336).
Hipotético «Caminho da Costa» por Matosinhos, Lavra e Mindelo Não é seguro que este caminho já estivesse em utilização em período romano, no entanto os vestígios romanos de Lavra e Angeiras permite equacionar essa possibilidade. Partindo da foz do rio Douro em S. João da Foz, ascendia à Igreja de S. Miguel de Nevogilde pela rua da Cerca e rua de Corte Real, continua pela rua de Nevogilde, atravessava a Av. da Boavista e cruzava o actual Parque da Cidade para a Vilarinha e Sendim, seguindo depois para a travessia do rio Leça na desaparecida Ponte de Guifões, ponte que ruiu em 1979 devido a uma cheia; este local de passagem do Leça era controlado pelo importante povoado do Monte Castelo ou Castro de Guifões; povoado romanizado designado por Castrum Quiffiones em documentos medievais; cruzado o rio, a via seguia por Perafita (entre a necrópole alto-medieval de Montedouro a poente e o Castro do Freixieiro a nascente, mas actualmente toda a zona está muito alterada pela construção do Porto de Leixões, da A28 e do centro comercial; num percurso hipotético seguia talvez pela Travessa da Fonte da Muda, rua Gonçalves Zarco, Estrada do Monte de Godim, interrompida pela A28, continuando do outro lado da A28 pela rua do Abade Mondego, rua do Progresso, rua de Silva Aroso, rua Dr. José Domingues dos Santos e rua da Cruz), Lavra (referência a uma «karia antiqua» num documento do ano 897, PMH DC 12; Lavrentium do Paroquial Suevo; villa de Fontão de Antela atrás da Igreja, relacionada com a actividade piscatória como provam as 36 cetárias na Praia de Angeiras, actualmente cobertas de areia, e os tanques escavados na rocha da Praia da Agudela; algum espólio no Museu Paroquial Padre Ramos/Padre Silva Lopes), continua por Antela para Angeiras, atravessa o rio Onda junto do Castro romanizado de Angeses/Monte Castro e segue por Calvelhe (habitat romano) e Labruge (Castro marítimo de S. Paio; cepo de âncora), Vila Chã (villa?; talvez pela rua da Fonte) e Mindelo, onde entronca na estrada Porto - Viana - Caminha. |
Via CALE a VIMARANES |
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Porto (CALE) - Alfena - Negrelos - Guimarães A via entre Porto e Guimarães designada na Idade Média por «Via Vimaranes» ligava a travessia do Douro em Cale à travessia do rio Ave próximo de Guimarães, ponto de passagem da Via Bracara a Tongobriga e que aqui teria uma estação viária. Partindo de Cale, a via cruzava os principais em duas pontes com origem romana, a Ponte de Alfena sobre o Leça e a Ponte de Negrelos sobre o rio Vizela, servindo ao longo seu percurso importantes castros romanizados, em particular o Castro do Monte Padrão/Monte Córdova e a Citânia de Sanfins (Almeida, 1968: 188-189). Há referências alti-medievais a uma via antiga na base do Castro do Monte Córdova entre os rios Leça e Sanguinhedo, no ano de 1048 subtus mons cordouo...carera antiqua (PMH DC 366) e no ano de 1097, na «Charta do Couto do Mosteiro de Santo Tirso», «per ipsam carrariam, sicut dividit aquam inter Lezam et Sanguinietum» (PMH DC 864). A partir daqui poderiam existir duas alternativas, uma seguindo junto do Monte Padrão e Citânia de Sanfins (Almeida CAF, 1968, 42) e outra contornando o maciço montanhoso pelo norte por S. Miguel do Couto, Burgães, Rebordões, S. Tomé de Negrelos e Roriz. Ao longo desta rota surgem diversos vestígios romanos, atestando a sua utilização contínua nessa época:
Itinerário do Porto a Guimarães Saindo pela demolida Porta de S. Sebastião, seguia pela rua do Bonjardim, Pr. Marquês de Pombal, rua do Lindo Vale (antiga «Estrada velha»), rua Costa Cabral (Cruz das Regateiras), continuando por Pedrouços (rua D. Afonso Henriques/EN105), Águas Santas (EN105 por Cruz, Corim, Alto da Maia, passando a sul do castro romanizado do Castelo da Maia), Ermesinde (próximo do Sra. dos Aflitos sai da EN105 pela rua Júlio Dinis, rua Portocarreiro, rua Vasco da Gama, rua Miguel Bombarda, rua da Fonte, continua depois da linha férrea por Soutinho de Baixo, Barreira e rua Central do Reguengo até ao pontão romano(?), rumando depois à travessia do rio Leça na Ponte Romana-Medieval de S. Lázaro em Alfena (provável mutatio na m.p. IX; gafanha medieval), continuava pela rua de Xisto até confluir na EN105, saindo depois no Torrão à esquerda pela estrada que vai por Sobradelo, cruzando a ribeira de Pizão num pontão antigo, ascendendo depois pela rua da Serra ao Alto de Vilar, continua por Felgueira, Portela, Simão, Sta. Eulália, Agrinha, cruza a EN105, segue entre a ribeira de Sanguinhedo e o rio Leça conforme indicado na Carta do Couto, por Souto da Venda, S. Tiago de Carreiras, Brandariz, Rapinho (onde deriva o caminho de acesso ao Castro do Monte Padrão), continuando depois por Ns. de Valinhas paralela à estrada actual em direcção a Monte Córdova, desviando na povoação pela rua da Fontinha para tomar o caminho de terra que acompanha o rio Leça até Quinchães, onde atravessa um afluente do Leça por um pontão em pedra e segue pela rua dos Lameirões, atravessa a rua S. Salvador e continua pela rua da «Via Romana», um caminho em terra que sobe para Santa Luzia até cruzar a EN319 no lugar do Cruzeiro (este local corresponde à milha 41 desde Cale pelo que poderia ser aqui o local original do miliário de Casais identificado por Jorge Pinho a cerca de 1 km deste local, integrado num muro de divisão de propriedade no lugar de Casais; Pinho 2010); a partir daqui, a via rumava à Citânia de Sanfins, seguindo talvez pela rua da Fundação/CM1116 até à Escolha Velha de Redundo, continuando pela rua Central de Redundo, rua Nascente do rio Leça, cruza a estrada asfaltada e segue o caminho pela vertente ocidental da citânia, actualmente parcialmente destruído pela pedreira; daqui descia para o vale do Vizela (seguindo talvez pelas ruas das Agrelas, Plaino, António Maria Gomes, Amial, Montessô, Mosteiro de Singeverga, Pegeiros, Santa Maria de Negrelos, Cedofeita, José Martins Costa e Manuel de Sousa Oliveira) rumo à Ponte Romana de Negrelos em S. Martinho do Campo, onde cruza o rio Vizela, continuando depois por Moreira de Cónegos (pela rua de S, Paio, Pereiras, Cruzeiro, Barreiro, Capela de Sta. Luzia, rua das Casas Novas, rua do Arco, cruza o ribeiro de Nespereira e conflui na EN105 em S. Martinho do Conde), continua por Cruz, Venda Velha e Santo Amaro, provável local de cruzamento com a Via Braga a Tongobriga que seguia no sentido NW-SE, passando neste local a sudoeste de Guimarães. |
Via CALE a TONGOBRIGA |
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Porto (CALE) - Marco de Canaveses - Freixo (TONGOBRIGA) Via romana secundária ligando Cale a Tongobriga (Freixo, Marco de Canaveses), servindo importantes explorações mineiras que se estendiam pelos concelhos de Valongo, Gondomar e Paredes. Esta rota segue no essencial a EN15/A4 numa região densamente povoada pelo que restam poucos vestígios. Salientam-se as travessias dos dois grandes rios da região, o Ferreira e o Sousa, em pontes medievais com possível origem romana e o troço de calçada junto da Ponte de Cepêda em Paredes (Dias, 1987, 1996, 1997, 1998; Almeida et al., 2008). Porto (CALE) (saía do núcleo amuralhado do morro da Sé pela Porta de Vandoma, demolida em 1855, continuando pela calçada de Vandoma e rua Chã, antiga rua Chão das Eiras, sobe pela rua Cimo de Vila até antiga Porta de Cimo de Vila, actual Praça da Batalha) St. Ildefonso (rua de St. Ildefonso, antiga rua Direita, passa no Largo do Padrão, Campo 24 de Agosto, antigo Campo das Mijavelhas) Bonfim (m.p. I na Igreja; continua pela rua do Bonfim, antigo Chão das Oliveiras, e rua de Godim) Campanhã (m.p. II; cruza a linha férrea e a AE junto da Quinta de Vila Meã, antiga villa Minhao e actual Quinta da Mitra, mas hoje toda esta área é ocupada pela Estação de Campanhã e a VCI; do outro lado venceria a milha 2 junto da Corujeira; continuando pela rua de S. Roque da Lameira e Calçada de Maceda, cruzando o rio Tinto na Travessa da Ponte?) Rio Tinto (m.p. IV; acompanha aproximadamente a EN15 por S. Caetano, Sr. do Calvário, Cavada Nova e Capela de S. Sebastião, talvez na milha 4; continua por Venda Nova, Ferrarias e Carreira/rua e travessa da Carreira, atravessa o rio Torto e pouco depois segue talvez pela ruas D. Inês de Castro, rua das Tulipas, rua Monte da Pedra até ao Alto da Serra/Monte Alto) Valongo (m.p. VIII; povoado mineiro na Quinta da Ivanta com estruturas para lavagem e decantação do ouro proveniente da exploração aurífera da Serra de Sta. Justa, como o Fojo das Pombas; daqui seria a estela funerárias de Flavus, actualmente no Museu Soares dos Reis no Porto, emigrante Bracari que trabalharia nas minas; no Alto da Serra toma o estradão junto da ETAR pela rua da Estrada Velha e rua Marques da Rocha até reencontrar a EN15, continua pela travessa da Presa, cruza a linha férrea e segue pela rua Alto Fernandes) S. Martinho do Campo (m.p. X; ver possíveis diverticula de acesso às minas; segue pela rua do Borbulhão e rua do Calvário) Ponte Romana?-Medieval sobre o rio Ferreira (estrutura românica; da ponte seguia por Vilarinho de Baixo, Gandra do Correio, Moreira, «Estrada Velha», Casais e Serra, até confluir na EN15 junto da Sra. da Guia) Vandoma (m.p. XIV; Castro romanizado do Muro, o Monte Bendoma da documentação medieval, possível centro religioso dos Callaeci, onde apareceu uma inscrição a Nabia; Silva ACF, 1994; a via seguia junto da Capela de S. Silvestre, a milha 14, e pela rua do Padrão que passa próximo de uma pequena necrópole, continuando pela travessa de Serzedo até reunir com a EN15) Baltar (m.p. XV na igreja; necrópoles em Tanque, Calvário e Cruz, indiciam a passagem da via pela actual rua do Areal, marginado a Capela das Almas na milha 16 e a Capela do Sr. dos Aflitos, continuando antiga «Estrada Real» por Castelo e Alqueidão até reencontrar a EN15 em Venda Nova, pouco antes de Mouriz) Paredes (m.p. XVII; seguia por Fonte Sagrada, Jardim Público, Ponte da Estrebuela e rua de Cepêda) Ponte Romana?-Medieval de Cepêda sobre o rio Sousa (a seguir à ponte subsiste um troço lajeado no CM1325 que margina a casa onde funcionou a estalagem medieval da Costeira, o «Hospital do Espírito Santo») Quinta da Aveleda (m.p. XX na entrada; segue depois para Penafiel pela EN596-1, passando na Capela de S. Roque e das Alminhas na milha 21) Penafiel (m.p. XXII; antiga Arrifana do Sousa, estalagem/hospital medieval; segue pela rua do Carmo, antiga rua de «Santo António Velho», rua Direita, rua Paço, Largo da Ns. da Ajuda, rua Alfredo Pereira e Monte Sameiro, onde apareceu uma estatueta de Marte, actualmente no Museu de Penafiel; continua pela Av. Gaspar Baltar por Chãos de Cima até à rotunda da EN15 em Crasto de Cima, junto das Alminhas) Santa Marta (continua pela rua Castro rumo à Ponte Romana?-Medieval de Santa Marta sobre o rio Cavalum, continuando pelo pinhal a sul de Paredes e Carvalhos, onde inicia a ascensão da serra pela «Calçada da Arnova», actualmente já muito destruída que ascende ao povoado) Castro de Quires (m.p. XXVI; importante povoado indígena romanizado; daqui inicia a descida rumo a Sobretâmega por Gaia, Monte da Forca, Caniva de Cima, Capela de S. Sebastião, milha 27, Cruzeiro, Quatro Irmãos, São Pedro, Ponte dos Asnos, milha 30, seguindo para a Capela de S. Sebastião no «Terreiro dos Santos», onde entronca na via principal proveniente de Braga, descendo por Rua para a travessia do rio Tâmega na desaparecida Ponte Romana) Freixo, Marco de Canaveses (Tongobriga) Nó viário de Santa Marta Na área de Santa Marta, além da via para Tongobriga, afluíam outros eixos viários justificando a existência de uma estação viária tipo mutatio integrada num possível vicus a que estará associada a necrópole no lugar da Estrada: para norte seguia uma via por Lousada e Vizela rumo a Guimarães; para nordeste pelo Alto da Lixa rumo a Amarante, entroncando ambas na via principal Braga-Mérida, e finalmente uma via de ligação ao rio Douro seguindo para sul rumo a Eja/Entre-os-Rios.
Outros diverticula da via Cale - Tongobriga Existia uma rede viária de apoio à intensa exploração mineira das Serras de Sta. Justa e de Pias.
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Via CALE a TALABRIGA (per loca maritima) |
![]() Cale
Vouga ![]() Picôto
Úl ![]() ![]() ![]() |
Porto (CALE) - Cabeço do Vouga (TALABRIGA) per loca maritima Vários indícios apontam para a existência de uma via romana secundária paralela à via militar entre Cale e Talabriga seguindo mais próximo do litoral marítimo designada por «estrada mourisca» em documentos medievais, mas cuja origem poderá ser bem anterior atendendo aos vários castros ao longo do seu percurso, indiciando uma cronologia anterior ao processo de romanização. Na época romana esta estrada teria um carácter secundário dada a ausência de miliários, não obstante a recente descoberta de um pequeno fragmento de um miliário em Tartomil, (lugar próximo da Praia de Valadares, Vila Nova de Gaia), cuja inscrição alude ao trineto de Adriano, ou seja ao imperador Caracala (I.ANTONINI./ ADRIANI.ABNE), actualmente em exposição no Solar dos Condes de Resende em Canelas (vide Leite, 2013); sendo improvável a passagem da via neste local, é possível que esta pedra tenha sido deslocada em data incerta da via militar que passava a nascente pelo centro de Vila Nova de Gaia. O itinerário aqui proposto partia do Castelo de Gaia com base numa referência à «carreriam quae venit de Gaya» na Carta de Confirmação da Doação ao Mosteiro de Salzedas concedido por Dom Afonso Henriques em 1161; DMP, DR, 277; seguia depois uma rota sem grandes oscilações de cota, passando não muito longe do Castro romanizado da Madalena e da necrópole romana do Monte Sameiro em Valadares, marginando depois a necrópole tardo-romana e provável vicus do Alto da Vela em Gulpilhares e daqui seguia ao lugar de Brito em S. Félix da Marinha, atendendo à referência à «estrada mourisca» na doação de Trutesindo Mendes ao Mosteiro de Grijó das terras que detinha em Brantães e S. Félix da Marinha, indicando que estas ficavam acima e abaixo da estrada junto do ribeiro de Serzedo; («subter illam Stratam Mauriscam, discurrente riuulo Cerzedo», in Viterbo, 1799, Vol 1, p. 298); continuava a nascente de Espinho por Anta, Silvalde e Paramos, passando nas proximidades do Castro de Ovil e da necrópole romana do Chão de Grilo em Esmoriz, mas a partir daqui é difícil determinar o seu percurso, podendo rumar ao interior ou continuar por Cortegaça, Arada até às proximidades do Castro de Salreu, onde cruzaria o rio Antuã e daqui ao rio Vouga. O destino final desta rota não é claro, podendo hipoteticamente seguir até um porto marítimo no estuário do rio Vouga, atendendo a que na outra margem do rio a presença romana está atestada pelo povoado da Marinha Baixa e os fornos do Eixo, ou inflectir para o interior de encontro à via militar para Olisipo que cruzava o rio Vouga na base do chamado «Cabeço do Vouga», localização do oppidum de Talabriga. (vide Fortes, 1909; Mattos, 1937; Guimarães, 1993, 1995 e 2000; Cidade, 1997; Bastos, 2009). Variante da Via XVI pela orla costeira Vila Nova de Gaia (do cais de Gaia ascende pela encosta do oppidum do Castelo de Gaia talvez pela rua Rei Ramiro até ao lugar de Candal) Coimbrões (seguia talvez pela rua Sr. de Matosinhos, cortada pela A1, e rua das Oliveiras, marginando o povoado do Monte de Sta. Bárbara, junto da actual igreja paroquial, designado por colimbrianos no ano 922; PMH DC 25) Madalena (passaria no Largo das Oliveiras, onde resta um antigo marco do Couto de Tarouquela, colocado em 1599 junto da «estrada que vem de Vila Nova pra Madanella» segundo documentos do Mosteiro de Grijó e que ainda hoje serve como divisão entre freguesias, passando depois em Aguim, talvez o Castro Aquilini referido em documentação medieval, continuando talvez pela rua da Gândara até Gramoinhos para cruzar a ribeira da Madalena, actualmente cortada pela EN109/A44, reaparecendo depois na Av. António Coelho Moreira; a poente situa-se o Castro romanizado da Madalena)/ Coteiro do Castro/ Castro do Cerro Valadares (necrópole do Monte Sameiro, no topo norte da Cerâmica de Valadares; a via passa a nascente pelo centro da vila e depois de cruzar a EN109, segue junto da Casa do Paço) Chamorra, Vilar do Paraíso (sobe pela rua do Rio do Paço até à rua da Chamorra e continua pela rua Salvador Brandão/EN15?) Gulpilhares (sai da EN15 pela rua do Pereirinho, junto ao cemitério, rua Nuno Álvares, cruza a ribeira de Canelas e segue pela rua João Ovarense até ao Alto da Vela, vasta necrópole tardo-romana entretanto destruída, onde apareceu imenso espólio funerária e o fuste de coluna em mármore rosa que hoje serve de base ao Cristo do Padrão em Pedroso; espólio no Solar dos Condes de Resende; do Alto da Vela continuava pelo caminho de terra, actualmente obstruído, seguindo depois pela rua de Enxomil e rua do Vale) Arcozelo (cruza a ribeira do Espírito Santo e continua pelo «Caminho Ribeiro» até confluir na EN1-15; continuava algures por Corvo de encontro à rua da Carreira Velha, actualmente cortada pela A29) Brito, S. Félix da Marinha (continua pela rua dos Ligustres, rua da Calçada Romana até ao tanque junto à ribeira da Granja; daqui subia a encosta pela rua Velha da Calçada Romana, cruza a «Estrada de Brito»/EN109 e logo depois perde-se o seu rasto rumo à travessia da ribeira do Juncal) Lugar de Espinho, S. Félix da Marinha (cruzada a ribeira sobe à Capela de S. Tomé, eventualmente a «vila Spino» referida em documentação medieval; talvez continue pela S. Vicente de Ferrer, rua do Canto, rua do Lameirão rumo à travessia da ribeira do Mocho no sítio da Congosta/Carreira do Pereiro/Ponte do Pereiro, a montante da actual Ponte de Anta onde a travessia é mais facilitada; no local subsistem alguns vestígios de uma ponte em pedra e um sugestivo topónimo: «Rio da Pedra») Anta (necrópole; cruzada a ribeira, ascende por Quingosta/rua da Congosta, Igreja Paroquial e rua do Passal) Silvalde (continua pela rua do Porto que vai desembocar na rua das Quelhas e logo depois cruzava a ribeira de Silvalde na chamada Ponte de Pedreira, estrutura com eventual origem romana; daqui ascende pela rua Escadas do Covelo e rua Professor Castro até à Igreja Paroquial) Paramos (o local de travessia da ribeira do Rio Maior continua incerto, mas seria certamente nas proximidades do Castro de Ovil, povoado proto-histórico abandonado no início da romanização; a travessia poderia ser feita a jusante do castro, junto da Quinta da Germana, ou a montante, junto do topónimo «Ponte Redonda", onde ainda são visíveis os arranques de uma ponte antiga que ali existia) Esmoriz (a via deveria passar próximo da necrópole tardo-romana de Chão do Grilo, actual rua das Saibreiras, mas a zona está muito alterada com construção da A29) Cortegaça (cruzaria a ribeira de Cortegaça em Mourão, onde existia uma ponte com presumível origem romana, restando o topónimo «rua da Ponte Romana» e as alminhas da «Sra. da Boa Viagem»; actualmente segue a Rua de Mourão e rua dos 5 Caminhos, entretanto cortada pela A29) Arada (cruzava a ribeira de Louredo e seguia talvez pela rua do Marco, ao longo da linha divisória dos concelhos de Ovar e Feira, com sugestivos topónimos viários Carrascal, Estrada e Lameiro) Souto (cruzaria o rio Cáster próximo da Sra. da Guia em Tarei, com topónimos viários Alminhas da Calçada, Alcapedrinha e Lajes) São João de Ovar (talvez próximo do sítio pré-histórico da Amieira) Válega (villa Dagarei em documentos medievais; necrópole da Valegia em Pereira Jusã junto dos topónimos Passo dos Mouros/Minas do Mouros/Azenha da Mesquita talvez relacionados com esta «estrada mourisca») Avanca (talvez por Beduído, Capela Santo Amaro, continuando por rua da Feira, Souto, alminhas da Ns. das Febres, rua Pa. Joaquim Pinto e descia ao rio Antuã)
Variante da Via XVI pela Vila da Feira Vários indícios apontam para existência de uma outra via romana sensivelmente paralela à Via XVI, derivando desta no Alto do Picôto (EN1, Argoncilhe) rumo ao Castelo da Feira, continuando possivelmente de encontro ao itinerário principal Braga Lisboa com o qual entroncava nas proximidades de Oliveira de Azeméis; partindo do cruzamento do Alto do Picôto, seguia pela rua Central de Godo e pelo caminho designado por «rua Fronteira» e «rua Romana», actualmente cortado pela A41, até à Igreja Paroquial de Mozelos, continua pela vertente nascente do Alto do Coteiro Murado onde se situa o Castro de Sagitela (referência à via em 1097 «subtus monte saitella discurrente strata ad portum asinarium riuulo maior», in PMH DC 867), continuando depois por Sobral (m.p. XII), Gesta e Murado, desviando depois pela rua Padre Zé, passando na base da Igreja de Sta. Maria de Lamas (m.p. XIV); logo depois a via foi cortada pela A1 junto da qual cruzaria a ribeira do Rio Maior (seria aqui o portum asinarium?), continuando talvez por Mata, Alpossos, Chão do Rio, Beire, Santa Ana, rua Mestra Júlia, rua da Saibreira, rua Ranzal, Gondufe, Meães, St. André e Capela da Ns. da Saúde, a 18 milhas de Cale. Vila da Feira (m.p. XIX; civitas Sancta Maria em documentos do século XI; duas epígrafes reutilizadas no Castelo da Feira, a ara a Deo Tueraeo colocada por um Brácaro e a ara a Bande Velugo Toiraeco). Vila da Feira - Mosteirô - Cucujães: a «estrada mourisca» poderia continuar para sul depois de cruzar o rio Cáster junto do Convento dos Lóios (?), a m.p. VIII, ascendendo pela encosta do Castelo da Feira ao Alto de Vinhais e daí à Igreja Paroquial de Fornos (m.p. XX), continuando por Quintã de Baixo, Penedo e Lagoeira (?), rumo à Ponte dos 3 Arcos/Ponte da Ribeira d'Água (m.p. XXI) no lugar das Carregueiras, onde cruza a ribeira da Laje (actualmente coberta de mato), continuando por Calvário e Igreja Paroquial de Mosteirô rumo a Proselha, onde ainda resiste um notável troço lajeado com cerca de 300 m conhecida como «Via Antiga de Mosteirô» que começa no cimo da rua Calçada da Sra. da Caridade, passa na Capela do Ermo e continua pela Calçada General Sousa Brandão, com um extenso troço junto das alminhas da Sra. da Boa Morte, seguindo depois rumo ao lugar do Monte (actualmente obstruído por mato). A orientação da via sugere a sua continuação por alturas de Fermil e Picôto como parece indicar o trecho de um documento do ano 1145 onde se lê «in villa dicta azeuedo subtus illam stratam mouriscam» (Livro Baio Ferrado, fl. 99), mostrando que a «estrada mourisca» seguia em altitude a nascente de Azevedo (lugar da freguesia de S. Vicente de Pereira). A via poderia bifurcar junto das alminhas de Fermil na rua dos Combatentes da 1ª Grande Guerra (m.p. XII), seguindo um ramo para a Ponte da Pica e outro para o Castro de Úl, entroncando em ambos os casos na via militar para Olisipo.
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Via de Santa Maria da Feira a Arouca |
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Santa Maria da Feira - Arouca Hipotético eixo viário secundário na direcção E-O transversal aos principais itinerários romanos a sul do Douro. Partindo algures do litoral, a via seguia por Vila da Feira até Arrifana, onde cruzava a Via XVI Cale - Olisipo, continuando próximo do Castro da Portela rumo a Escariz, onde cruzava a Via Cale - Vissaium, continuando depois até a Arouca, de onde partiam ligações ao Douro e a Viseu. Santa Maria da Feira (depois de cruzar o rio Cáster, a via seguia talvez por St. António da Laje, Chão de Além, rua Burgo de Ryfana por Vilar e Manhouce) Arrifana (provável mansio no cruzamento com a Via XVI)
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Via CALE a VISSAIUM |
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Porto (CALE) - São Pedro do sul - Viseu (VISSAIUM) Via secundária que derivava da Via XVI nas proximidades do Monte Murado (Carvalhos, Pedroso) ou de Langobriga (Fiães) e seguia na direcção NO-SE rumo a Viseu, o importante nó viário da Beira Alta que na época romana se designaria por Vissaium com base numa ara votiva dedicada à divindade local Vissaieigo (Fernandes et al., 2009). Ainda restam muitas evidências deste antigo caminho em tempos designado por «Estrada Velha de Viseu», «Estrada dos Almocreves» ou «Estrada do Peixe», numa clara referência ao tráfego de mercadorias entre Viseu e o litoral; a via seguia o caminho mais curto que atravessa a Serra da Freita (Arouca), optando assim por um percurso em altitude a fim de evitar as difíceis travessias de linhas de água na zona dos vales e minimizar as variações de cota da estrada, o chamado "sobe-e-desce" entre vales e colinas, diminuindo assim o esforço dos viandantes e suas montadas; atravessada a serra, descia a Manhouce, estação viária associada a uma albergaria medieval e possivelmente uma mutatio na época romana, rumando depois a Viseu por São Pedro do Sul. A recente destruição do troço de calçada junto ao cemitério de Albergaria das Cabras, apesar de este troço estar numa zona protegida (!), alerta para a necessidade urgente de proteger os vestígios que restam deste antigo caminho. Porto (CALE) O percurso inicial entre Cale e a Serra de Arouca é ainda muito incerto porque não se sabe exactamente em que ponto seria a derivação da |