Alterações por ordem cronológica
2023 Setembro
Itinerários: extensa revisão dos itinerários em Moimenta da Beira, Tabuaço, São João da Pesqueira e Numão. A recente identificação de possíveis miliários nesta região permitiu resolver o puzzle de como se interligavam os diversos troços de vias. Desde logo as quatro vias identificadas a partir das travessias do rio Douro a montante de Covelinhas: Foz do Tedo (por Longa), Bateiras (uma por Paredes da Beira e Penedono e outra por S. joão da Pesqueira) e finalmente a via que partia da travessia em Arnozelo (por Numão e Ranhados). Todas estas vias seguem em direcção ao nó viário de Cruz de Guilheiro. A partir deste ponto a via segue uma orientação norte-sul rumo à travessia do rio Mondego junto a Fornos de Algodres (por Queiriz e Muxagata). Depois de cruzar o Mondego junto da Ponte de Juncais, ascendia a Serra da Estela por Linhares, descendo depois até Torre de Centum Cellas (Belmonte). Desde modo, forma-se uma grande itinerário ligandos esses pontos de travessia do Douro a Belmonte, ou seja, na via para Cáceres (e daqui a Mérida) pela Ponte de Alcantara. Antes estes troços finais estavam integrados num hipotético itinerário de Moimenta da Beira a Belmonte que afinal não se confirma e por isso retirado.
Miliários: inclusão de dois possíveis miliários ainda inéditos identificados por José Carlos Santos no concelho de Tabuaço, o primeiro foi descoberto no povoação de Arcos em 2019 e o segundo em Longa em 2021 no âmbito dos levantamentos promovidos para as respetivas juntas de freguesias.
Miliários: inclusão de três possíveis miliários no aro de Tarouca identificados por José Carlos Santos. O primeiro está numa casa particular na Av. Sá Carneiro nº 9 em Tarouca, mas estava antes na Rua de São Miguel na mesma povoação, servindo de pilar a um alpendre. O segundo está junto à Capela de São Pedro, na Rua Alberto Pereira Martins em Tarouca. Ambos assinalariam a via antiga N-S de Lamego a Viseu, indicando presumivelmente oito milhas, a distância de Tarouca a Lamego, reforçando a passagem da via nesta povoação. O terceiro marco está junto do Arco da Paradela e aprensenta treze cruzes esculpidas, uma das quais no topo, o que indica a sua possível reutilização como marco monástico (Encarnação e Santos, 2022).
Miliários: inclusão de um miliário recentemente identificado na Rua das Canastras em Lisboa; a proximidade do achado à Casa dos Bicos, onde apareceu outro miliário faz supor que assinalavam o mesmo local, ou seja, a milha zero a partir de Lisboa. Ver, RIBOLHOS, R.; ENCARNAÇÃO (2023) - "Marco romano epigrafado da Rua das Canastras (Santa Maria Maior - Lisboa)". Ficheiro Epifráfico 241 (831).
2023 Junho
Blog: publicação de dois posts sobre as "Transformações na orla costeira", o primeiro focado na costa ocidental e o segundo na costa algarvia.
Mapa de Vias: publicação da versão 5.3 com as mais recentes actualizações, nomeadamente os novos traçados da via Santarém - Évora e da via Tomar - Bemposta (ver abaixo).
Via Scallabis a Ebora: revisão deste itinerário, fixando a marcação miliária, permitindo nova interpretação do miliário do Monte Silval. Este poderia estar originalmente no sítio de Alcanede, onde a via faz uma inflexão, poucos metros a norte da casa do monte, onde a via vencia 12 milhas a Évora. O outro miliário conhecido desta via apareceu no Monte da Valeira, na oitava milha. Acresce aina a existência nestes locais de uma concentração de monumentos megalíticos, permitindo recuar esta rota ao Neolítico final. No caso de Alcanede/Monte Silval temos as antas do Carrascal, da Azinheira Galega, da Cegonheira, da Serranheira, assim como uma inscrição romana. O carácter viário destes locais é também evidente no caso do Monte da Valeira, dada a proximidade do recinto-torre do Cabeço do Diabo (para controlo do acesso a Évora), assim como o registo de duas antas, além dos vestígios romanos em torno da Capela de São Romão que poderá ser os restos da mutatio. A via cruzava o rio Sorraia em Coruche, onde há vestígios romanos no sítio da Quinta Grande, actualmente classificados como "casal agrícola", mas que poderia ter função viária atendendo ao achado de seis glandes plumbeae neste local, atestando presença militar. No entanto, a travessia poderia ser ligeiramente a montante, junto do sugestivo topónimo Monte da Barca, uma ânfora romana, que até ao século XVI mantinha a designação de "Porto de Évora".
Via Tomar - Bemposta: criação deste itinerário que reúne troços antes dispersos que seria assinalada pelo miliário da aldeia do Crucifixo. A via deveria derivar da estrada Conímbriga-Tomar no lugar de Calçadas, seguindo por São Pedro de Tomar rumo à travessia do rio Zêzere a jusante da barragem de Castelo de Bode (sítio da Barca), continuando por Giesteira, Alqueidão, Outeiro e Quinta da Légua, rumo à travessia do rio Tejo entre Montalvo e Amoreira, onde há importantes vestígios romanos compatíveis com uma mutatio no sítio de Chã da Bica. Ascendia depois por Crucifixo (miliário) em direcção a Bemposta onde entronca o Itinerário XV para Mérida (aqui).
2023 Abril
Términos - numa das torres da Sé de Viseu (Torre do Aljube) foi recentemente identificada uma inscrição que aparenta tratar-se de um Terminus Augustalis, aumentando assim a reduzida lista destes monumentos que na sua maioria foram encontrados na Região da Beira Interior. Ver em ENCARNAÇÃO, J. d'; GAIDÂO, R.; PINTO, A. (2023) - "Uma inscrição do imperador Augusto em Viseu". Coimbra: Ficheiro Epigráfico 243 (834).
Términos - no início de 2023 foi identificado um outro término Augustal no lugar de Gadanha, a sul da povoação de Contim (São Cosmado, Armamar), também colocado durante o consulado do Imperador Cláudio no ano 43 d.C., delimitando os COILARNI, a poente, e os ARABRIGENSES, a nascente. Esta inscrição veio confirmar esta disposição geográfica que era já intuída com base nos outros términos encontrados na região, permitindo estabelecer o rio Tedo e a ribeira de Leomil como linha divisória entre os respectivos territórios. Ver SANTOS. J.C. e ENCARNAÇÃO, J. d' (2023) - "Terminus augustalis inter Arabrigenses et Colarnos". Coimbra: Ficheiro Epigráfico 242 (832).
2023 Março
Documentos: análise das vias referidas na Carta de Doação do Termo de Ceras de 1159 (DMP Doc. 271) e no Foral de Leiria de 1142 (DMP Doc. 189.
Blog: início da publicação de uma série de seis posts sobre o itinerário de Olisipo a Bracara ou Itinerário XVI de Antonino. O artigo aborda os principais problemas ainda em aberto neste itinerário, em particular sobre o posicionamento das estações de Ierabriga, Seilium e Talabriga, apresentando novas propostas de localização com base nas distâncias indicadas no itinerário, diferentes da sua identificação respectivamente com Alenquer, Tomar e Cabeço do Vouga.
2023 Fevereiro
Blog: novo post sobre os chamados "Caminhos de Santiago" na viação antiga.
2023 Janeiro
Miliários: Publicação de um possível miliário ainda inédito, actualmente encastrado num muro de uma casa na rua das Oliveiras, no lugar de Sernados em Ponte de Lima (50 cm de diâmetro e cerca e 1 m de altura visível), eventualmente deslocado da via Bracara-Limia que passa cerca de 500 m a poente. O miliário serve actualmente de marco divisório entre as freguesias de Feitosa e Arca pelo que terá sido deslocado para esse fim. Contributo enviado pelo seu descobridor, o Sr. Joaquim Ferreira. Ver no Google Street View.
Blog: novo post sobre a resiliência dos trajectos antigos intitulado, "Mas afinal o que é a via romana?".
Itinerário XVIII: revisão do trajecto e nova proposta de localização das estações na parte espanhola da chamada Via XVIII ou Via Nova. As grandes divergências dos autores no país vizinho reflectem as várias incongruências encontradas no seu estudo quer na marcação miliária no terreno quer a sua relação com os valores entre etapas indicados no Itinerário de Antonino. O traçado até Geminas estava já bastante consolidado, mas a partir daí as propostas divergem. Analisando todos os dados e possíveis traçados, utilizando os métodos geográficos que utilizamos para a parte portuguesa, obtemos a seguinte sequência de estações e locais relevantes: Geminas (Torre de Sandiás), Salientibus (Vigueira de Abaixo, XVIII), Praesido (Pobra de Trives, XVIII), Nemetobriga (Ponte da Cigarrosa, XIII, 120 milhas a Braga), Foro (IX, Pobra de Barco), Gemestario (Alto da Portela de Aguiar, XVIII) e Bergido (Cacabelos, XIII), entroncando aqui na via Lugo-Astorga, seguindo o trajecto desta via com uma estação intermédia localizada em Bembibre (a 20 milhas de Bergido), designada nos itinerários como Interamnio Fluvio ou Intereraconio Flavio, percorrendo as restantes trinta milhas até Astorga por Ribeira de Folgoso, Torre del Bierzo, São João de Montealegre, Manzanal del Puerto e Brimeda. Ver descrição do percurso aqui.
2022 Dezembro
Mapa de Vias: publicação da versão 5.0 com as mais recentes actualizações, disponível aqui.
Itinerário Compleutica - Barca Dalva/Carril Mourisco: a identificação de um miliário no percurso do «Carril Mourisco» no apeadeiro de Urrós vem confirmar o trajecto da via ao longo da linha férrea até área do conjunto megalítico da Pena Mosqueira, nó viário da maior importância de onde partiam ramais de ligação a Penas Roias e Mogadouro. A via seguia depois para Vila de Ala, local onde confluí num outro importante itinerário que tinha origem na estação viária de Babe (mutatio do Itinerário XVII de Chaves a Astorga), passando por Vimioso e Ponte de Algoso até Vila de Ala. O traçado desta última foi finalmente identificado em todo o seu percurso e passa a estar descrito aqui. Fez-se também revisão do traçado do Carril com pequenas correcções e ajustes, em particular na área entre Brunhosinho e Vila de Ala, havendo finalmente um acerto da marcação miliária no terreno.
Miliários: publicação de foto do miliário anepígrafo com base quadrangular, actualmente no apeadeiro de Urrós (Mogadouro), junto do Café Ramiro, e retirada do Google Street View. O miliário teria vindo de um pequeno curral na freguesia de Brunhosinho, assinalando a via romana que percorria o planalto Mirandês rumo a Barca Dalva, também designada por «Carril Mourisco».
2022 Novembro
Referências: diversas citações dos itinerários romanos na área de Valongo na magnífica obra coordenada por Lino Tavares Dias intitulada "Os Romanos em Valongo", com textos de diversos autores e que foi recentemente editada pela Câmara Municipal de Valongo (Junho de 2022), sendo apresentada em sessão público a 24 de Novembro que contou com a notável participação do Prof. Jorge de Alarcão. O livro foca-se essencialmente nos importantes vestígios de mineração romana do concelho (vídeo). Neste âmbito, importa deixar uma nota sobre a epígrafe que se encontra encastrada na parede exterior da Capela de São Bartolomeu de Susão aparentemente dedicada a uma divindade designada Alboco (RAP 6). No entanto, Alboco poderá ser antes a contracção da Albo Celo, divindade referida numa inscrição actualmente na Igreja Paroquial de Ns. da Assunção em Vilar de Maçada (Alijó) (CIL II 2394b). Também é possível que esta divindade esteja relacionada com os Albocelenses, povo referido numa inscrição de Miranda de Azán (Salamanca), cuja capital, Albocela, surge como uma das estações entre Salamanca e Zaragoza (IA, 434, 7). Por sua vez, Ptolomeu indica que Albocela era um dos povoados dos Vaccaei (Geo, II, 6), dados que concorrem para a sua localização a norte de Salamanca, oscilando actualmente entre Villalazán e Toro (ambos a este de Zamora, nas proximidades do rio Douro). A ser assim, teríamos emigrantes deste povo na área das Minas de Valongo. Este fenómeno tem paralelo no complexo mineiro de Trêsminas, onde se regista a presença de diversos emigrantes Clunienses, possivelmente técnicos de mineração. Por sua vez, a exploração de Valongo está associada a um importante eixo viário que ligava Cale a Tongobriga passando no Castro de Quires, estrada que tinha a primeira estação precisamente junto da Igreja Matriz de Valongo, a oito milhas do Porto. Desto modo, é provável que povoação actual tenha origem nesta estação viária junto às minas (ver itinerário Cale - Tongobriga).
2022 Agosto
Miliários: publicação de foto de um possível miliário em Monção que actualmente serve de marco territorial (retirado de Santos-Estévez et al., 2017: 82, fig. 9). Poderia assinalar a via Braga-Monção (?).
2022 Julho
Itinerário Talabriga - Vissaium: as dúvidas sobre o verdadeiro trajecto deste itinerário estavam relacionadas com a indicação de 18 milhas no miliário da Igreja de Vouzela dado que existe uma rota ligando Viseu a Vouzela com apenas 15 milhas, seguindo próximo das Minas da Bejanca, Carvalhal do Estado (miliário), Figueiredo das Donas e Fataúnços (miliário). Esta diferença poderia ser explicada pelo deslocamento do miliário para Vouzela a partir da milha dezoito. No entanto, essa distância corresponde a São Tiaguinho, já no concelho de Oliveira de Frades, o que fragiliza esta hipótese. Assim, se a milha dezoito era de facto em Vouzela, então a contagem miliária teria de seguir outro trajecto mais longo em três milhas. Ora, essa distância corresponde ao trajecto que por Abraveses, Pascoal, Moselos (miliário), Bodiosa (miliário), Mozelos, Gumiei e Lufinha, rumo a São Pedro do Sul e daqui a Vouzela, cruzando o Vouga junto das Termas de São Pedro do Sul. Apesar de obrigar a uma dupla travessia do Vouga, solução pouco habitual na viação romana, a verdade que este trajecto perfaz as dezoito milhas indicadas no miliário de Vouzela. Esta solução permite acertar a marcação miliária subsequente, com o miliário da minha vinte em Vilharigues (recentemente identificado; ver respectiva entrada em Janeiro 2022), o miliário de Numeriano de Reigoso indicando 26 milhas e o miliário de Benfeitas 31, distância que corresponde a divisória entre os concelhos de Sever do Vouga e Oliveira de Frades. Apesar do traçado principal contar com mais três milhas, o objectivo seria evitar as fortes pendentes no trajecto por Carvalho do Estanho, possivelmente uma via secundária relacionada com a actividade mineira que funcionava como um atalho para quem ia de Viseu a Vouzela.
2022 Junho
Términos: publicação de foto e interpretação do marco territorial (Terminus Augustalis) recentemente identificado em Aricera (Armamar), reutilizado numa casa da aldeia (FE 808); ver aqui
Miliários: publicação de foto de um possível miliário ainda inédito que serve de suporte do altar da Capela de Fraião (Braga). Caso se confirme tratar-se de um testemunho viário, assinalaria seguramente a via Bracara-Tongobriga que passa cerca de 200 m a sul da capela (rua da Boavista). Deste modo, teríamos um segundo testemunho desta via além do conhecido miliário de São Martinho de Sande. A fotografia foi retirada deste site: www.archdaily.com/983193/
2022 Maio
Mapa de Vias: actualização do mapa de vias com a publicação da versão 4.8. Principais mudanças: inclusão do traçado da via entre a Ponte de Picões e a Foz do Rio Sabor, cruzando o Vale da Vilariça; inclusão do traçado da via entre Coimbra e Ansião passando na estação viária da Eira Velha e revisão do traçado entre Conímbriga e Bobadela; inclusão do traçado da via de Alter do Chão ao Tejo passando por Nisa; grande revisão dos traçados nos termos de Moura e Serpa em resultado da nova proposta de localização das estações de Fines e Arucci (ver abaixo mais detalhes das alterações).
2022 Fevereiro
Miliários: publicação de fotos de diversos possíveis miliários recentemente identificados no concelho de Moimenta da Beira, servindo para delimitação do Couto de Salzedas. Estes marcos vêm (re)confirmar o percurso anteriormente proposto para esta via que vem da travessia do Rio Douro em Peso da Régua e que seguia até Moimenta da Beira, bifurcando aqui para Marialva e Linhares. Ver ENCARNAÇÃO, José d', SANTOS, J. C. (2021) - "Presumíveis miliários do itinerário romano Peso da Régua - Moimenta (Arabriga?) - Marialva (Civitas Aravorum)". Antrope, 13, 82-111.
2022 Janeiro
Miliários: publicação de um "novo" miliário dedicado ao imperador Máximo que foi encontrado por Luís André em 2019 próximo do Paço de Vilharigues. Este miliário vem (re)confirmar a passagem da via Talabriga - Vissaium em Vilharigues (Redentor, 2021: 215-216). Publicação de uma foto do miliário do autor.
Itinerário de Picões a Freixo de Numão: a existência de miliários nas aldeias de Argana e Ervedosa indiciavam a existência de uma via sensivelmente perpendicular ao Itinerário XVII derivando deste em Lamalonga rumo às Minas de Ervedosa, junto do rio Tuela (Mendes, 2006). Ora, esta via parece integrar uma grande eixo viário que partia da travessia do rio Rabaçal na Ponte de Picões (estrada para Vinhais) seguindo por Nuzede de Baixo, Lamalonga, Nozelos (onde apareceu outro miliário), rumo à Foz do Sabor passando a Vilariça ao Vale da Vilariça teria continuação para sul a partir de Lamalonga, seguindo por Nozelos (onde apareceu outro miliário), Castro romanizado de Terronha de Pinhovelo (Macedo de Cavaleiros) em direcção ao Vale Vilariça, percorrendo assim o território dos Banienses até à Foz do Sabor. Aqui cruzava o rio Douro para Monte Meão e dirigia-se para Freixo de Numão, entroncando na via que vinha da Barca do Vesúvio. Anteriormente consideramos estes troços separadamente, considerando que a via partiria da travessia do rio Tuela em Torre de Dona Chama, hipótese que se revelou inviável. Foi Sande Lemos que inicialmente alertou para a possibilidade de existência de uma via ao longo do Vale da Vilariça (Lemos, 1993), mas o seu traçado, assim como o seu destino final permanecia incerto. Com a ligação destes dois percursos forma-se assim um grande itinerário N-S que percorre o território transmontano rumo ao Douro. Ao longo do seu trajecto encontramos diversas explorações mineiras do tempo romano, mas toda esta rota era já utilizada na Idade do Ferro atendendo à sucessão de povoados fortificados desse período nas proximidades da via. Ver descrição aqui.
Itinerário Coimbra - Eira Velha - Ansião: a escavação da estação viária da Eira Velha (Lamas, Miranda do Corvo) evidenciou o cruzamento de duas vias neste local; uma seria proveniente de Conímbriga e seguia para Bobadela (passando na Ponte da Mucela), e outra, com direcção N-S, seria proveniente de Coimbra e seguia rumo a Penela (Ramos e Simão, 2012). O traçado desta última foi revisto e actualizado com marcação miliária, verificando-se que a estação viária se encontra a 10 milhas do Mondego (admitindo que cruzava o rio no sítio das Lajes). A partir da Eira Velha, a via continuava para sul por Venda de Podentes, Penela e Dueça, cruzando pouco depois o Itinerário XVI, ou seja a estrada principal Coimbra - Tomar, junto da mutatio da Póvoa/Aljazede (Cravo; 2010). Segundo a nossa proposta de percurso, esta mutatio do Itinerário XVI encontra-se a 10 milhas da Eira Velha e a 20 de Coimbra, mostrando que a via é dividida em etapas de 10 milhas. Continuava depois até Ansião e daqui seguia próximo de Almoster, Arneiro e Chão de Couros rumo à estação viária de Paialvo (a oeste de Tomar), onde reencontra o Itinerário XVI. De Ansião a Paialvo contam-se cerca de 30 milhas, confirmando a divisão do percurso em módulos de 10 milhas.
2021 Dezembro
Itinerário XVII de Braga a Chaves: finalmente foram resolvidas as dúvidas sobre o verdadeiro percurso deste itinerário. A correcção do traçado em alguns pontos permitiu acertar a marcação miliária com os miliários conhecidos. A saber: a descida da Portela de Cambedo para a Ponte do Arco segue um trajecto mais curto que encurta o percurso em uma milha, permitindo acertar as distâncias, com a milha 34 a ser vencida na Ponte do Arco e a 35 em Padrões. Consequentemente, a localização da estação Praesidium, a 46 milhas de Braga deverá corresponder ao Alto de Leiranque/Cruz de Leiranque, onde aliás apareceu um miliário. Toda esta área ficou submersa após a construção da barragem do Alto Rabagão, o que tem dificultado a identificação do traçado e consequentemente também a determinação da distância percorrida. Uma reanálise deste troço permitiu encurtar o trajecto de forma que a milha 48 corresponde ao sítio romano da Leira dos Padrões e a milha 50 à aldeia de Travassos, local onde a via bifurcava nas duas variantes a Chaves, uma mais setentrional pela região mineira de Solveira e Vilar de Perdizes, e outra mais meridional, seguindo por Arcos, Alto do Pindo, Malhó, Sapelos e Serra da Pastoria, percurso aliás pontuado por diversos miliários que servia a região mineira do Vale do Terva. Desta forma acerta-se a marcação miliária com as 59 milhas indicadas no miliários do Alto do Pindo e com as 65 milhas indicadas no miliário de Lapavale em Sapelos. Confirma-se que o Itinerário XVII não seguia a variante sul, mas a variante por Ciada e Vilar de Perdizes. No entanto, a localização de Caladuno a 62 milhas de Braga não coincide com o povoado romano da Ciada (onde antes propusemos a localização desta estação), mas mais adiante, ou seja, no vicus da Veiga de Vilar de Perdizes, onde de facto era vencida a 62ª milha, com uma grande concentração de vestígios relacionáveis com uma estação viária, em particular, uma ara a Júpiter e outra dedicada à divindade local Larouco, culto presente no santuário rupestre da Penascrita, onde uma inscrição colocada por soldados Legião VII Gémina dedicada a esta mesma divindade, atesta a importância deste local no contexto viário. Desta forma, pensamos que Caladuno deverá ser localizada neste vicus viarum. Notar que daqui partia um ramal de ligação a Geminas, reforçando a importância deste nó viário.
Aliás, só este percurso mais a norte acerta com as 43 milhas a Chaves registadas em miliários que apareceram na Ponte do Arco, mostrando que a distância total entre Braga e Chaves era de 77 milhas e não as 80 indicadas no itinerário. Portanto, a marcação miliária é referente a este percurso mais curto enquanto a etapa do tramo Caladuno-Aqua Flaviae referido pelo Itinerário teria de ter mais 3 milhas. De facto, se traçarmos um percurso por S. Caetano (necrópole), Alto das Coroas (povoado fortificado), Ervededo, Torre do Couto e Outeiro Seco até Chaves, obtemos esse valor. Assim, pensamos que este seria o percurso indicado no Itinerário enquanto a marcação miliária indica um percurso 3 milhas mais curto que terá suplantado o anterior trajecto.
2021 Novembro
Mapa de Vias: actualização do "Mapa de Vias" com a publicação da versão 4.6. Agradeço que ao citar o mapa indiquem a versão e o momento da consulta. As principais alterações são as seguintes:
Vias da Serra da Estrela: revisão das vias que partiam de Viseu na direcção do Mondego rumo à Serra da Estrela, nomeadamente com a inclusão do Itinerário de Viseu a Seia passando no recentemente identificado miliário de Santa Comba (Seia). Este itinerário continua aparentemente junto do Castro de São Romão, seguindo depois pela vertente sul da Serra da Estrela rumo à Covilhã e ao Fundão. Este itinerário partia de Viseu rumo à travessia do rio Dão na Ponte de Alcafache. Seguia depois por Abadia de Espinho, local a 7 milhas do rio Dão, valor que é o valor indicado no miliário de Cláudio da Quinta da Ponte (ver abaixo "Vias em Mangualde"); continua para a travessia do rio Mondego em Porto Senhorim (a 12 milhas de Alcafache), e daqui seguia até Santa Comba (a 8 milhas do Mondego). O miliário de Santa Comba assinalava o cruzamento desta via com a via de Celorico a Bobadela. Continuando o percurso, depois de cruzar o rio Seia, ascendia ao Castro de São Romão. Notar o acerto da marcação miliária com os miliários conhecidos, seguindo o habitual padrão de etapas com 12 milhas. Ver Itinerário de Viseu a Seia.
Vias em Mangualde: o itinerário de Viseu a Mangualde foi revisto com um melhor acerto da marcação miliária com os marcos encontrados nesta rota. Deste modo o cruzamento em Mangualde com a via N-S que seguia paras as travessias do Mondego e do Dão (rumo a Bobadela e a Coimbra, respectivamente) não se faria junto da Igreja de Mangualde como propusemos antes, mas a norte desde local, junto do miliário da Cruz, localizado a cerca de 11 milhas de Viseu. Daqui seguia pela base do castro da Sra. do Castelo junto da mansio da Quinta da Raposeira, seguindo depois por Almeidinha, Casal de Cima (onde identificamos um miliário inédito junto da fonte da rua do Forno), continua por Cervães (miliário convertido em alminhas) e Abrunhosa-a-Velha (1 miliário da milha 18 e outro da 20) rumo à travessia do rio Mondego na Barca Velha de Poço Moirão. O miliário da Cruz em Mangualde estava no cruzamento desta via com outra na direcção N-S que seguia por Senhorim rumo a Nelas, de onde poderia ligar à travessia do Mondego nas Caldas da Felgueira rumo a Bobadela, ou continuar para oeste rumo à travessia do rio Dão em Santa Comba, seguindo daí para Coimbra. Estes parecem ser os eixos principais que cruzam Mangualde, no entanto, subsistem ainda muitas dúvidas, em particular quanto ao posicionamento original de dois miliários encontrados nesta área ainda com a marcação miliária visível e ambos indicando muito provavelmente a distância ao Mondego. Se o marco de Licínio indicando 11 milhas corresponde de facto à distância entre o Mondego/Felgueira e Santa Luzia, local onde terá aparecido o marco, o mesmo não de pode dizer do marco que apareceu na Quinta da Ponte, Abadia de Espinho, pois este indica 7 milhas, distância insuficiente para percorrer o caminho entre o Mondego e Espinho que ronda as 9 milhas. Por outro lado, a possibilidade de a via romana proveniente de Mangualde cruzar esta ponte rumo a Senhorim não nos parece viável (contra Vaz, 1976) porque obrigaria a cruzar a ribeira do Castelo por duas vezes, situação de todo anormal na viação antiga quando existe claramente um traçado a seco entre estes pontos, passando na Fonte do Alcaide rumo a Senhorim; daqui seguia até Nelas, onde cruza a via proveniente de Viseu rumo à travessia do rio Mondego em Felgueira. Deste modo, é mais provável que o miliário de Cláudio da Quinta da Ponte tivesse outra referência para a contagem miliária, integrando portanto uma outra via. Ora, esta via com directriz O-E vinha de Alcafache por Lobelhe e Moimenta até à Abadia de Espinho, percurso com cerca de 7 milhas, ou seja, as mesmas que são registadas no miliário. Daqui a via seguia para o Mondego, rio que cruzava em Porto Senhorim/Cambelo, percurso com cerca de 5 milhas, seguindo depois por Santa Comba rumo ao Castro de São Romão em Seia.
Biblio: os resultados das recentes escavações na Torre Velha de Castro de Avelãs revelaram a total ausência de sinais de ocupação pré-romana, o que vem fragilizar a hipótese da sua identificação com a sede do povo Zoela. No entanto, é possível que o povoado integrasse a Ordo Zoelarum que colocou uma inscrição dedicada à divindade Aerno (hoje perdida). A epigrafia parece também apontar nesse sentido, dada que na sua grande maioria são inscrições funerárias referentes a peregrini, não havendo nenhuma que possa atestar a sua suposta capitalidade (p. 339), apesar dos autores adiantarem algumas possíveis explicações para esse facto. Estes resultados vêm reforçar o carácter viário desta estação que deverá ser identificada com Roboretum, a estação mencionada no Itinerário XVII de Antonino. REDENTOR, Armando et al. (2018) -
"Torre Velha de Castro de Avelãs (Bragança): resultados arqueológicos e novidades epigráficas".
2021 Outubro
Itinerário de Mirobriga a Myrtilis: nova proposta de traçado entre Santiago do Cacém e Mértola; antes fazia-se passar a via por Castro Verde e Santa Bárbara de Padrões, onde se supunha a existência de uma estação viária. No entanto, o percurso revelou-se inviável, em particular na aproximação a Mértola. Deste modo, parece que o trajecto seria paralelo e um pouco mais a norte, passando nas importantes Minas de Aljustrel, continuando depois junto do Castelo Velho de Cobres e da Ermida de Ns. de Aracelis rumo a Mértola, marginando o importante fortim militar romano da época republicana conhecido por Mata-Filhos. Este situa-se nos contrafortes da Serra da Alcaria Ruiva. A entrada em Mértola fazia-se pelo lado norte, confluindo pouco antes na via proveniente de Beja. Assim, a hipótese de Santa Bárbara de Padrões poder corresponder à estação de Arannis fica ainda mais fragilizada.
Blog: novo post sobre o projecto falhado de construção de uma ponte sobre o rio Douro entre Barqueiros e Barrô nos alvores da nacionalidade. Ver em https://viasromanas.pt/blog/index.php/2021/10/30/ponte-do-douro-um-projecto-falhado
2021 Setembro
Vias do Algarve: grande revisão da rede viária do Algarve com base numa nova interpretação do miliário descoberto em Bias do Sul (aliás o único miliário conhecido do Algarve). Segundo a nossa proposta, este miliário não assinalava a via litoral entre Faro e a foz do rio Guadiana (como sempre se acreditou desde a sua descoberta nos anos 20 do século passado), mas a uma outra via que corria de Bias do Sul para norte, seguindo por Moncarapacho (cruzando aqui a referida via litoral) e São Brás de Alportel, nó viário e porta de entrada/saída da serra Algarvia, onde se unia à via "principal" proveniente de Faro rumo a Alcácer do Sal.
Consequentemente o trajecto do Itinerário XXI da foz do Guadiana a Faro foi revisto, em particular na sua passagem por Moncarapacho e junto ao Guadiana. Nesta zona a via teria de evitar os esteiros que então penetravam até Rio Seco e São Bartolomeu, obrigando a um traçado mais interior. Corrigido o trajecto, obtivemos as 60 milhas indicas no Itinerário que correspondem à distância entre a Ermida de São Luís em Faro e a margem direita do Guadiana próximo de Castro Marim (ver Itinerário Baesuris a Ossonoba). A nova proposta de uma via entre Querença e Bias está descrita em detalhe num post publicado no blog a 9 de Setembro que pode ser lido aqui.
Itinerário de Collippo (Leiria) a Eburobrittium (Óbidos): esta via bifurcaria em Aljubarrota, onde poderia existir uma mutatio (em vez do Carvalhal como anteriormente proposto). Um ramo mantinha a directriz N-S e seguia por Carvalhal, Fonte Santa, Zambujeira, Palhota, Tagarro e Ota, rumo a Alenquer (ver itinerário). O outro ramo seguia por Alcobaça, Alfeizerão e Salir de Matos rumo a Óbidos. O traçado desta via entre Aljubarrota e Alcobaça foi também revisto, alterando a anterior proposta que fazia passar a via na Quinta dos Ingleses (seguindo uma sugestão de Vasco Mantas que menciona um troço lajeado neste local); no entanto, este trajecto será muito posterior. Tudo indica que a via seguia antes por Outeiro de Lusia, Boa Vista de Cima, Casal da Palmeira rumo à ponte sobre o rio Alcoa em Alcobaça, a 4 milhas de Aljubarrota. A via seguiria depois por Vestiaria e Cela rumo a Alfeizerão onde apareceu um miliário de Adriano. É duvidoso que seguisse propriamente até ao vicus portuário que ali existia, defronte da antiga orla costeira, sendo possível que o miliário estivesse originalmente em Casal do Pardo, dado este local estar situado a 12 milhas de Aljubarrota, distância típica entre estações viárias, mas também à mesma distância da cidade portuária de Eburobrittium. A marcação deste ponto da estrada no tempo do imperador Adriano, sugere possíveis reparações da via, eventualmente relacionadas com a implantação do vicus no porto de Alfeizerão. Na época o povoado assentava sobre um pequeno promontório, com um braço de mar penetrando pela foz da ribeira de Alfeizerão, não sendo possível portanto, um trajecto por Vale de Maceira e Valado de Santa Quitéria como se tem proposto. Assim, é mais provável que o percurso se fizesse em altura com a mutatio localizada em Casal do Pardo junto da milha 12, onde aliás apareceu uma estela funerária. Aliás o miliário terá sido encontrado a pouca distância, no lugar da Ramalhiça (Mantas, 1986), facto que vem reforçar a nossa proposta. Daqui seguiria depois por Charnais, Salir de Matos e a nascente de Caldas da Rainha rumo ao povoado romano de Eburobrittium próximo de Gaeiras.
2021 Agosto
Blog: novo post sobre a possível rota romana ligando o rio Lima ao rio Minho passando no acampamento romano da Lomba de Mouro, recentemente identificado, junto da Portela de Pau em Castro Laboreiro. Ver em https://viasromanas.pt/blog/index.php/2021/08/17/a-via-da-lomba-do-mouro-castro-laboreiro
2021 Julho
Rotas - Via militar da Lomba do Mouro: A propósito da escavação em curso no acampamento militar romano da Lomba do Mouro (Castro Laboreiro), cujos resultados preliminares apontam para o período da conquista do noroeste peninsular, tentei identificar o possível traçado da via que cruzava o acampamento romano, situado nas alturas de Castro Laboreiro, actual fronteira Galiza/Portugal, numa área também com vários monumentos megalíticos. De facto, se perlongarmos a via para sul percorrendo a linha de festo da serra vamos de encontro à via nova, cruzando o rio Lima num um meandro designado por Retorta, próximo da povoação de Torno (Lobios), local onde a via nova atingia a milha 45 a Bracara. Esta trajecto seria uma derivação da via nova para noroeste, ascendo a serra por Lama e Ferreiros até à Ermida de San Benito, continua depois por alturas da serra até ao acampamento romano, situado a cerca de 13 milhas do rio Lima e a 14 da via nova, distâncias habituais entre estações viárias. O campo ostenta ainda os vestígios da sua muralha com 2,2 m de espessura, fechando uma grande área com mais de 20 hectares. A existência deste acampamento implica que a via teria continuação para a Galiza, mas o seu percurso é bem mais obscuro. De facto, a continuação da via para norte vê-se muito dificultada pelo acidentado do terreno do lado Galego pelo que é bem provável que a via mude a direcção que trazia do rio Lima, descendo primeiro até próximo de Castro Laboreiro (por Alto da Picota, Queimadelo, Falagueiras, Coriscadas e Porto de Carros), para daqui rumar novamente para norte, percorrendo o vale pela margem esquerda do rio Trancoso até São Gregório (seguindo por Vido, Portelinha, Porteiro/ Porto de Asnos/ Porto de Cavaleiros, Alcobaça, A-da-Velha, Campo do Souto, Sobreira, Cristoval), para cruzar este mesmo rio na Ponte Velha/ Ponte Barxas, a antiga porta de entrada em território Galego. Depois seguia talvez por Vendas e Trado, passando junto da Ermida de San Xusto, mas o seu destino final continua incerto. Atendendo à grande dimensão deste acampamento, assim como a sua sólida muralha, indiciam que esta passagem foi extremamente importante no avanço do exército romano durante o período inicial da conquista, ocupando um local absolutamente estratégico entre o rio Lima e o rio Minho, a cerca de 14 milhas tanto da via nova como da entrada na Galiza. Embora fosse pressentido que existia uma via desviando da via nova para norte, a identificação e caracterização deste assentamento vem reforçar em definitivo a importância desta passagem, assim como a sua integração nos grandes itinerários que cruzavam esta região. Ver também entrada no blog: https://viasromanas.pt/blog/index.php/2021/08/17/a-via-da-lomba-do-mouro-castro-laboreiro/
Itinerário XVIII (via nova): na sequência do anterior, e com o intuito de identificar o ponto onde esta via derivava do Itinerário XVIII, procedeu-se à revisão da marcação miliária da via nova. Daqui resultaram diversas alterações: a milha zero foi reposicionada na antiga porta norte da cidade. Deste modo a primeira milha corresponde ao topo norte do cemitério em Areal de Baixo, a segunda à Capela das Sete Fontes, na divisória entre freguesias, e a terceira a Adaúfe. Permanecia a dúvida sobre o local de travessia do rio Cávado, mas pela marcação miliária é mais provável que esta se fizesse na Azenha do Ribeiro, seguindo depois para Barreiro onde vencia a milha seis. Mais adiante, corrigiu-se o trajecto da via nova junto a Campo do Gerês; a marcação miliária sugere que o trajecto original corresponde à actual estrada, encurtando ligeiramente o percurso e desse modo, acertando a milha 28 com a entrada da aldeia. Daqui à Portela do Homem não há alterações. A partir daqui prolongou-se a cartografia da via até Aquis Querquennis. A contagem miliária coloca a milha 51 junto do acampamento romano junto a Puerto de Quintela, a milha 52 em Baños de Bande e a milha 53 junto da travessia do rio Cadones, próximo da qual apareceu um miliário indicando essa mesma distância. Esta parte do itinerário pode ser consultada saqui.
Mapa de Vias: publicação da versão 3.7 do mapa de vias e sítios com, entre outras, as rectificações descritas acima.
2021 Março
Lisboa: A chamada variante pela margem direita do Tejo da via de Lisboa a Santarém poderia não existir no período romano. É um percurso atípico na viação romana, obrigando à constante travessia dos seus afluentes. Assim, a suposta ponte romana de Sacavém referida por Francisco d'Holanda não deve passar de um equívoco deste autor, devendo ser de um período posterior. Hoje é praticamente consensual fazer passar a via por Loures, onde apareceram miliários. Daqui seguia até ao Povoado do Monte dos Castelinhos, situado precisamente a 30 milhas de Lisboa (contadas a partir da margem do Tejo no Campo das Cebolas). O acerto da marcação miliária com a distância indicada no "I. A." para Ierabriga vem confirmar a proposta já adiantada por João Pimenta de identificar este povoado com o Monte dos Castelinhos. O facto deste povoado da Idade do Ferro estar precisamente no limite do concelho de Lisboa é outro indicador da importância desta estação.
Por outro lado, a sua tipologia é bem mais adequada o topónimo como Ierabriga que aponta para um povoado fortificado e portanto, mais em linha com o Monte dos Castelinho do que com Alenquer. No entanto, é muito provável que a estação viária no período romano tivesse sido estabelecida junto da ribeira de Alenquer, na actual povoação, atendendo aos vários vestígios aí encontrados e à concentração de miliários nesta zona. O outro grande itinerário seguia de Loures para Óbidos e Leiria, ou seja, por Eburobrittium e Collippo. A milha zero corresponde ao largo das Cebolas junto ao Tejo onde estaria o miliário de Probo que apareceu na Casa dos Bicos. Para sul, cruzava o Tejo para Cacilhas e seguia até Coina (Aquabona), onde bifurcava rumo ao porto Setúbal (Caetobriga) (pela Serra da Arrábida) e para Alcácer do Sal (Salacia), passando junto a Palmela.
Artigos: Soutinho, Pedro (2021), "Ad n. 731-733". FE 210, Addenda et corrigenda, 3-5. Publicação no «Ficheiro Epigráfico» 210 de alguns comentários sobre os números FE 731 a 733 (possíveis miliários no concelho de Moimenta a Beira) - ver também Itinerário https://viasromanas.pt/index.html#regua_moimenta.
2021 Janeiro
Item ab
OLISIPONE
EMERITAM
AQUABONA
CATOBRICA
CAECILIANA
MALATECA
SALACIA
EBORA
AD ATRUM
DIPONE
EVANDRIANA
EMERITA
m.p. CLXI
m.p. XII
m.p. XII
m.p. VIII
m.p. XXVI
m.p. XII
m.p. XLIIII
m.p. VIIII
m.p. XII
m.p. XVII
m.p. VIIII
Itinerário
Corrigido
Aquabona
Caetobriga
Caeciliana
Malateca
Salacia
Ebora
Ad Atrum
Dipone
Evandriana
Emerita
m.p. CCXIII
m.p. XII
m.p. XII
m.p. VIII
m.p. VIII*
m.p. XXI*
m.p. XLIIII
m.p. LXX*
m.p. XII
m.p. XVII
m.p. VIIII
Itinerário XII: revisão da problemática localização das estações intermédias entre Setúbal e Alcácer do Sal, nomeadamente Caeciliana e Malateca. Não há qualquer dúvida quanto à existência de erros neste itinerário, dado que as 46 milhas indicadas entre Caetobriga e Salacia ultrapassam em muito a distância real entre Setúbal e Alcácer que rondará no máximo 35 milhas. Anteriormente propusemos uma correcção na sequência de estações e nas distâncias intermédias entre estações (ver a entrada "Itinerário XII" de 2017 Novembro) de forma a justificar as incongruências do itinerário no I.A; então foi proposto uma localização de Caeciliana no sítio da Palma, antiga estação viária mencionada no «Roteiro Terrestre» do MPAM, dado que assim teríamos um acerto com as distâncias indicadas, isto é, 8 milhas a Marateca e 12 milhas a Alcácer do Sal; mas para isso era necessário não só trocar a ordem das estações como corrigir a distância de Setúbal a Marateca para 14 milhas, situação pouco comum nos Itinerários. No entanto, uma análise dos traçados mais prováveis com base me critérios geográficos levaram a uma revisão desta proposta nos moldes que passo a explicar. Para quem vinha de Alcácer do Sal para norte e depois de cruzar a ribeira de Marateca, onde situamos e mantemos a localização de Malateca (no morro adjacente), a via continuava para o Monte da Lentisqueira (@41.5329981,-8.4415129), onde deveria bifurcar, com um ramo mantendo a mesma directriz rumo a Lisboa e outro inflectia para sudoeste rumo ao porto de Caetobriga (Setúbal); ora esta bifurcação era o local ideal para instalar uma mansio; acresce que este ponto está situado precisamente a 8 milhas de Caetobriga tornando esta proposta compatível com o indicado no Itinerário. De facto, o trajecto mais curto para Lisboa seria por Palmela até Aquabona (Coina) e daqui à travessia do rio Tejo em Cacilhas (troço conhecido por «Estrada dos Espanhóis»), evitando assim o grande desvio por Setúbal (mais 4 milhas) e consequentemente evitando também a difícil travessia da Serra do Louro. Assim propomos que estando Caeciliana junto desta bifurcação, então haveria que rever a distância até Alcácer. Assim, a distância até Malateca deve ser corrigida de 26 milhas para 7 enquanto a etapa seguinte passaria das 12 milhas indicadas para 22 milhas; desta forma há acerto total com a realidade geográfica, mantendo a sequência de estações indicada no I.A.; estes erros poderão ter origem numa transcrição errada do texto original visto que os numerais indicados podem ser facilmente confundidos; no primeiro caso o Itinerário indica 26 milhas a Malateca (distância de todo impossível) quando deveria indicar 7, ou seja uma troca entre os numeral «XXVI» e «VII»; no caso da distância de Malateca a Salacia temos 12 milhas quando a distância real é 22 milhas, ou seja uma troca entre os numerais «XII» e «XXII». Em síntese, estou convicto que esta solução andará muito perto da verdade, mas de facto não temos conhecimento de qualquer vestígio romano na área do Monte da Lentisqueira aos quais poderíamos associar um vicus viarum ou mesmo uma simples mutatio, achados esses que poderiam ajudar a resolver a questão.
Aliás o seu desaparecimento da paisagem poderá dever-se à relativa modéstia das suas instalações, não passando eventualmente do edifício da própria albergaria, assim como ao revolvimento de terras devido à actividade agrícola.
Interessante notar que este local ainda hoje é utilizado para separar as freguesias de Palmela e Marateca, um indicador da sua antiguidade e do seu carácter fronteiriço; além disso a distância deste ponto a Coina que ronda as 16 milhas, é um valor típico entre estações viárias e também a dimensão habitual de uma civitas romana na Lusitânia, reforçando assim a nossa proposta.
Ao longo da presumível via romana, actualmente designada por «Estrada dos Espanhóis» (EM533 e CM1040, ligando Palmela a Marateca), subsistem topónimos viários como «Vendas» e «Cabeço da Vigia», mas é precisamente junto deste cruzamento que surge o interessante topónimo «Rua dos Galeanos», eventualmente uma corrupção de Caelianos por Caeliana (?).
Por último, uma nota sobre qual seria o verdadeiro nome desta estação viária. No Itinerário surge como Caeciliana, mas numa fonte mais tardia como é o «Ravennatis», surge simplesmente como «Celiana» (Rav. IV.43).
Por outro lado, Ptolomeu menciona uma Caepiana precisamente nesta área geográfica, sugerindo que poderá haver corrupção do seu nome nas diversas fontes. Corrigindo Caepiana para Caeliana (erro perfeitamente aceitável) e a Caeciliana do Itinerário para Caeliana, obtemos concordância entre as fontes, sugerindo que seria este o seu verdadeiro nome.
Ora, esta bifurcação estrada segue a norte de Palmela rumo a Lisboa, passando na base do Castro de Chibanes (ver itinerário aqui), povoado fortificado indígena onde viria a ser instalada uma guarnição militar no período republicano (Soares et al., 2019: 87), certamente para controlo destas duas estradas que davam acesso aos importantes portos de Setúbal e Lisboa. Deste modo, a relação entre os dois sítios torna-se evidente, com Caepiana/Caeliana/Caeciliana referindo a estação na planície e o Castro de Chibanes o povoado que lhe dei origem (contra Guerra, 2004), podendo nesse caso ser originalmente designado por Caelium ou Caeliobriga (?).
2020 Setembro
Itinerário Chaves - Covelinhas: revisão do traçado entre Panóias e Covelinhas; a via passaria não em Constantim, onde supostamente teria aparecido um miliário, mas a nascente, muito próximo do Santuário Rupestre de Panóias. Daqui a via continuava para sul, mas existiam dúvidas sobre o local de travessia da ribeira de Tanha. A proposta inicial segui junto do Castro de Abaças, cruzando a ribeira na Ponte da Ribeira; no entanto os fortes declives neste trajecto colocam em dúvida esta proposta. De facto, existe um caminho a nascente bem mais de acordo com a tipologia da viação romana, que seguia a leste de Andrães para cruzar a ribeira de Tanha a jusante da Ponte Pedrinha, no sugestivo topónimo «Santiago». Ao longo do seu percurso sucedem-se pequenos santuários com topónimos viários como a Sra. da Guia, Sra. do Bom Caminho e Sra. da Boa Morte, local bifurcava por dois caminhos alternativos rumo a Covelinhas, o principal seguindo por Galafura e um ramal seguindo por Poiares, descendo depois ao rio Douro pela villa ou mutatio da Fonte do Milho (Canelas). Com estes ajustes, finalmente foi obtido um acerto da marcação miliária com os vestígios no terreno, estamos a estação de Panóias a 16 milhas de Jales e a 12 milhas do rio Douro, típicas distâncias intermédias entre estações viárias.
Itinerário Régua - Moimenta da Beira: publicação de uma foto do marco divisório do couto do Mosteiro de Salzedas da autoria de Luis Sebastian e retirada do artigo de Ana Sampaio e Castro "O Couto de Santa Maria de Salzedas: o marco territorial de Cimbres" que integra o catálogo de exposição «Cister no Douro» promovida pelo Museu de Lamego (ver aqui); esta coluna cilíndrica poderá ser um miliário reutilizado da via romana que ligava a travessia do rio Douro na Régua a Moimenta da Beira, eventualmente assinalando a milha 10 ou 11 ao rio Douro.
2020 Julho
Itinerário XIX: Braga - Ponte de Lima: revisão da etapa entre os rios Cávado e Lima com alterações pontuais do percurso; como já se vem dizendo, a travessia do rio Neiva não seria feita na Ponte de Goães (ponte medieval sem sinais de romanidade), mas mais a jusante, talvez entre Monte da Ribeira e Lagoeira; esta solução permite integrar melhor os miliários descobertos na área e alinha o trajecto com a continuação da via na outra margem por Anais. O trajecto a partir da Ponte do Prado sobre o rio Cávado seria por Oleiros, Bouça de Atiães, Mata do Jerónimo, Portela das Cabras, Hospital e Monte da Ribeira. Daqui ao rio Lima fazia-se passar a via pelo actual «Caminho de Santiago», seguindo a proposta de Ferreira de Almeida por Queijada rumo à travessia do rio Trovela na chamada «Ponte Nova», ponte que já existia em 1258 (CAF, Almeida, 1968; CAB Almeida, 1990), continuando por Fornelos onde se achou um miliário; no entanto, sempre houve dúvidas se este seria o percurso romano, podendo ser uma variante medieval entretanto construída como o próprio topónimo parece sugerir. Por outro lado em Souto de Rebordões existe um possível miliário enterrado junto da Quinta das Fontes que caso não esteja deslocado poderia assinalar uma rota alternativa cruzando esta povoação (Colmenero et al., 2004). Uma análise deste trajecto permitiu verificar que de facto esse caminho existe e que é muito antigo, seguindo uma marcação miliária que corresponde à posição do marco e das capelas e alminhas da paróquia, além de um trajecto mais de acordo com a habitual tipologia das vias antigas, evitando por exemplo a travessia da ribeira do Folinho. Outro aspecto muito relevante para validar este percurso são as várias referências a uma «via publica» que cruzava a paróquia nas Inquirições de D. Afonso III em 1258, mostrando que era de facto uma estrada importante; nesse documento é referido uma «Cividade» que indicia a existência de um antigo povoado tipo castro (PMH Inq., fl. III, 347).
Em função destes dados, é praticamente seguro que a via passaria junto a este local, cruzando depois o rio Trovela junto do sítio do «Passo». Daqui seguia por Posa até Ponte de Lima. O traçado destas duas variantes é apresentado neste mapa.
2020 Junho
Mapa de Vias: publicação da versão 3.6 do mapa de vias e sítios com a rectificação dos traçados por Amarante, Serra do Marão (descrita abaixo).
Miliários: publicação de uma foto actual do miliário de Santos Mártires retirada daqui.
Miliários: publicação de um possível miliário inédito reutilizado como suporte de uma varanda de uma casa de Vila Chã (Seia) identificado por Nuno Pinheiro (foto). Tem as seguintes dimensões visíveis (parte está enterrado): 190 cm de altura, 110 cm de diâmetro na base e 104 cm no topo. A proximidade com o marco do cemitério de Santa Comba, recentemente publicado por Vasco Mantas (vide entrada em Fevereiro de 2020), indiciam que pertenceriam à mesma via, ou seja, entre Celorico da Beira e Bobadela; eventualmente este marco estaria também junto do cemitério de Santa Comba, local a 26 milhas de Celorico e a 13 de Bobadela.
Miliários: inclusão de várias colunas anepígrafas encontradas nos concelhos de Moimenta da Beira e Sernancelhe, publicadas no «Ficheiro Epigráfico» (FE 731-733).
- FE 731: "Coluna em Paçô"; possível miliário num muro de propriedade com uma cruz gravada no topo e a data 1848 na lateral.
- FE 732: "Coluna em Cerca"; possível miliário num olival do lugar da Cerca na freguesia de Castelo (Moimenta da Beira).
- FE 733: "Coluna em Charangões"; possível miliário descoberto num muro de propriedade no sítio de Charangões ou Chingalhões, entre Lapa (Sernancelhe) e Mouções (Aguiar da Beira), muito próximo da divisória concelhia. Actualmente encontra-se na Junta de Freguesia de Quintela.
Miliários: publicação de um 'novo' miliário de Conímbriga que apareceu em 2008 durante escavações da chamada "Casa do tridente e da espada" mas que só agora foi publicado (2020; FE 737); para além deste exemplar existem mais 4 miliários encontrados na cidade, actualmente depositados no Museu Monográfico.
Vias - Serra da Estrela: o avanço na georreferenciação dos traçados permitiu clarificar a rede viária que cruzava a Serra da Estrela; este grande obstáculo à circulação até cruzava em várias direcções, mas que aparentemente teria o grande nó viário próximo do Alto dos Carvalhos Juntos e do Casal de Melo. Aqui confluíam três vias que fariam parte de grandes itinerários: o primeiro com origem no litoral Atlântico vinha por Talabriga e Vissaium, subindo a encosta da serra por Folgosinho; a segunda teria origem no rio Douro e seguia por Moimenta da Beira, Aguiar da Beira e Fornos de Algodres, subindo depois à serra por Linhares; a terceira, também com origem no Douro (Vesúvio), passava na sede da Civitas Aravorum em Marialva e ascendia a serra por Lageosa do Mondego. Este local era portanto o local de confluência destes três grandes eixos viários que desciam depois a encosta nascente para cruzar o rio Mondego na Quinta da Taberna, continuando daqui para a estação viária junto do povoado pré-romano de Barrelas (Berecum?) e daqui por «Centum Cellas» e Igaedis rumo a Mérida.
Itinerário Braga - Serra do Marão - Rio Douro: grande revisão do itinerário de Braga à Régua; certamente que existia um itinerário romano ligando Braga a Trás-os-Montes cruzando a Serra do Marão, mas o seu exacto trajecto mantinha-se pouco mais que hipotético; as dúvidas surgem logo na travessia do rio Tâmega em Amarante. A construção da Ponte de São Gonçalo em Amarante parece ser de iniciativa medieval e não há sinais de uma ponte anterior romana; pelo contrário os sinais de povoamento romano surgem mais a montante na área da freguesia de Gatão, onde existe um povoado que poderia designar-se por «Atucausium» com base na ara dedicada a Júpiter pelos Vicani Atucausensis que apareceu na Quinta dos Pascoais (CIL II 6287), actualmente no MSMS, nº 44. Uma outra inscrição, uma ara dedicada a Adus entretanto desaparecida, servia de pia na Igreja de São João Batista (CIL II 2383). Ao colocar a travessia do Tâmega neste local surge uma nova rota mais de acordo com o modelo pré-romano e sem as dificuldades apresentadas pela rota por Amarante. Em particular, a passagem pela chamada «Calçada de Marancinho», troço de via antiga com profundas marcas de rodados que desce pela margem direita da ribeira do Marancinho que deverá ser uma construção (ou reparação) medieval, tal como a
Ponte do Fundo da Rua em Aboadela; a continuação deste trajecto para Campeã revela-se também problemático devido às fortes pendentes dos caminhos que sobrem a encosta da serra. Assim é mais provável que o itinerário romano cruzasse o Tâmega nas proximidades de Gatão, onde existiria uma ponte antiga com possível origem romana visto que é citada em documentação alto-medieval («Demarcação do bispado de Braga» em 572) como «ad antiquam pontem fluminis Tamice (…)» (apud Balsa, 2017). Daqui seguia a sul e a leste de Vila Chã do Marão, onde recebia uma outra via proveniente de Tongobriga por Lomba e Moure (como origem no rio Douro). Seguia depois por «Estalagem Velha», Covelo do Monte, Lameira e Alto de Espinho rumo a Campeã (vide Dias 1987, 1996, 1997 e 1998; A. B. Lopes, 2000, Balsa, 2017). Depois da Campeã seguia talvez até Torgueda onde entronca na via norte-sul proveniente de Chaves e que seguia por Santa Marta de Penaguião para a travessia do rio Douro em Peso da Régua e daqui por Moimenta da Beira rumo a Marialva e a Mérida. Aliás este poderia constituir o itinerário privilegiado para ir de Braga a Mérida, dado ser o trajecto mais curto entre as duas cidades.
2020 Maio
Mapa de Vias: publicação da versão 3.5 do mapa de vias e sítios com a rectificação de traçados introduzidas desde Setembro 2019 (descritas abaixo). Nesta versão foi introduzido o levantamento dos possíveis nós viários identificados através do marcador "mutationes" mesmo não havendo vestígios que o comprovem; o objectivo assinalar os locais de cruzamento. O critério de cores foi também revisto com o objectivo de facilitar a leitura do mapa. Assim, os traçados usam agora apenas 3 cores: amarelo para os traçados principais, verde para as rotas secundárias e o azul para os ramais de interligação entre itinerários principais e suas variantes. Este código de cores visa facilitar a leitura do mapa e não pretende definir como é óbvio uma classificação absoluta do nível de importância da via que em geral é impossível determinar.
Itinerário XVI - Braga: a parte inicial do percurso de Braga ao Porto sempre colocou algumas dificuldades (vide e.g. Ferreira, 2012); o trajecto proposto por diversos autores seguia pela Ponte da Pedrinha, Lomar, Esporões, Trandeiras e Escudeiros, percurso pontuado por vestígios romanos, nomeadamente um miliário de Crispo referido por Argote na "Igreja de Lomar" ("Memórias...", I, 236). A dificuldade em conciliar este percurso com a distância de 35 milhas de Braga ao Porto indicadas no I.A. (distância aliás confirmada por um miliário encontrado em Braga), levou-me a estudar um percurso alternativo mais curto. Desse estudo resultou uma nova proposta de traçado que partindo da saída da cidade pelo Largo de Maximinos, seguia pela rua do Cruzeiro, vencendo a primeira milha no lugar da Gandra, junto de bloco granítico de aparência romana, eventual cipo gromático que hoje está na berma da estrada e que saiu das ruínas da casa pegada (foto); (ver 'street view'). A segunda milha seria atingida na travessia do rio Este na ponte antiga (medieval?) no lugar da Ponte Nova; julgo aliás que o local original do miliário a Crispo referido por Argote não seria a Igreja de São Pedro associada ao antigo mosteiro beneditino como tem sido proposto, mas sim junto da Capela de Lomar situada precisamente defronte da travessia do rio Este. Daqui a via seguiria por Costa e Bemposta até às alminhas de São Miguel onde atingia a terceira milha; daqui seguia para Figueiredo (onde se assinalam vestígios na «Casa da Vila» e um tesouro monetário em Pipe) e São Vicente do Peso, continuando talvez pelas Alminhas do Sr. Padrão rumo ao nó viário da Portela, de onde descia a Vila Nova de Famalicão por São Cosme do Vale.
Itinerário XVI - Rio Ave: a outra correcção efectuada no percurso está relacionada com o local de travessia do rio Ave, tradicionalmente colocada na Ponte da Lagoncinha; no entanto, esta ponte é uma construção medieval sem qualquer vestígio romano pelo que a travessia em período romano poderia ser noutro local mais a jusante.
Assim, é possível que a via continuasse por Montezelo (mantendo a mesma directriz) passando na Igreja Paroquial de Lousado onde aliás apareceu um miliário de Magnêncio, seguindo depois para a travessia do rio Ave na «Barca da Esprela», num percurso mais directo e mais curto rumo à Trofa. Deste modo evita-se o duvidoso percurso pela margem esquerda do Ave entre a Ponte de Lagoncinha e a Trofa que foge aos padrões habituais na viação antiga. Com esto acerto a distância total do percurso proposto aproxima-se das 35 milhas mas ainda resta uma diferença significativa que só pode ser explicada por um trajecto mais directo em alguns pontos do percurso.
2020 Abril
Itinerário XV - Monte da Pedra: revisão do traçado do Itinerário XV de Santarém a Mérida na área de Monte da Pedra, presumível localização de Fraxinum. São pequenos ajustes que no entanto têm grande impacto no nível de acerto da marcação miliária pois vem confirmar a distância indicada no I.A. de 64 milhas a Santarém. a alteração mais significativa foi operada na passagem pelos vincados vales antes de atingir Monte da Pedra. Assim, o percurso anterior que passava no Alto dos Carris passou a adoptar um trajecto mais a sul por São Bartolomeu, Margem e Polvorosas, encurtando o percurso em cerca de 2 milhas. De facto, os vestígios de uma via antiga que se observam no Alto dos Carris pertencem na realidade à via proveniente da travessia do rio Tejo junto a Aritium que ligava a Fraxinum, subindo a encosta pelo caminho de festo que separa as ribeiras da Lampreia e do Carregal, cujo início é aliás assinalado pelo miliário de Monte Galego, ainda hoje na berma da estrada. A via seguia então por Lamerancha e Alto do Vale da Vinha rumo ao Monte da Machouqueira, onde cruzava a ribeira da Margem, continuando depois até às Polvorosas, onde conflui no Itinerário XV. A via principal funcionava como um tronco comum de onde partiam as diversas ligações ao rio Tejo que foram também revistas. Para quem vinha de Mérida estes itinerários permitiam uma passagem sem grandes dificuldades em altura, descendo depois pelas linhas de festo aos diversos pontos de travessia do rio Tejo, sendo que em dois desses locais foram identificados miliários, nomeadamente o referido marco de Monte Galego e o miliário do Crucifixo perto de Tramagal. O traçado proposto para Santarém seguia por Bemposta até ao nó viário das Mestas, onde cruza o itinerário XIV, descendo depois a Santarém pelo caminho de festo que passa no Alto da Perna Seca.
Itinerário XIV - rio Tejo: para quem vinha de Mértola, chegando à «Encruzilhada das Mestas» poderia optar por descer a Santarém como referido no ponto anterior, mas a directriz do Itinerário XIV que seguia por Alter do Chão e Ponte de Sor mostra claramente que esta teria continuação para poente rumo à rio Tejo (Golegã), com diversos miliários ao longo do seu trajecto (Tamazim e Lagoa Grande) e uma estação viária na Galega Nova, onde um outro ramal descia à travessia do rio Tejo em Tancos Seilium (Tomar). Assim, esta constituía uma via independente que integrava o Itinerário XIV mas que não se dirigia a Santarém mas à travessia do rio Tejo nas proximidades da Golegã; a continuação da via na outra margem aponta na direcção de Collippo (próximo de Leiria), seguindo pelas estações viárias de Moitas Venda e Covão da Carvalha. Deste modo, o Itinerário XIV utiliza parte de um grande itinerário ainda mais antigo que ligava presumivelmente a meseta espanhola ao Atlântico. Possivelmente este terá perdido a sua unicidade à medida que Santarém assume o papel de sede administrativa no período romano. Mais uma vez se prova que os «Itinerários de Antonino» utilizam por norma troços de vias independentes, isto é, vias cuja marcação miliária identifica claramente um ponto inicial para contagem das milhas, um «caput viarum», e indirectamente um destino final. Assim se explica por que o I.A. apresenta dois itinerários entre Santarém e Mérida praticamente paralelos que bifurcariam na «Encruzilhada das Mestas», o XV num percurso mais próximo do Tejo sem no entanto o tocar enquanto o Itinerário XIV seguia uma rota mais directa rumo a Mérida passando por Alter do Chão (Abelterium), num percurso mais curto e menos acidentado que a variante norte, sendo aliás a única que apresenta marcação miliária e obras monumentais como a Ponte da Vila Formosa ao longo do seu trajecto. A configuração da rede viária nesta área parece estar finalmente clarificada, no entanto subiste o problema da localização das estações viárias referidas no I.A., Aritium Praetorium e Tubucci. As distâncias indicadas no I.A. colocam a primeira na área da Herdade de Água de Cima e a segunda na área da «Encruzilhada das Mestas», portanto próximo do local onde os dois Itinerários se reuniam e desciam a Santarém, num percurso que rondaria as 30 milhas até ao local de travessia do rio Tejo. O I.A. indica 32 milhas (cerca de 48 km) de Tubucci a Santarém, ou seja 2 milhas a norte das Mestas, o que coloca esta estação junto do Monte da Valeira Alta. Esta posição é também compatível com as 32 milhas indicadas no I.A. daqui à estação seguinte, Fraxinum, dado que pelo percurso proposto estes pontos estão separados por cerca de 48 Km. Em suma, o avanço do estudo tem reforçado esta solução, sabendo porém que a discussão está longe de encerrada.
Travessias do rio Tejo: a identificação dos diversos pontos de travessia do rio Tejo segundo um critério arqueológico e geográfico permitiu uma revisão da rede viária na margem oposta, em particular nas vias que seguiam para noroeste para Conimbriga e Seilium cruzando o rio Zêzere. Formaram-se assim grandes itinerários ligando esses oppida a Mérida, apesar dos seus traçados continuarem obscuros em alguns pontos, numa área tão acidentada como é região delimitada pelos rios Tejo, Zêzere e Ocreza (ver aqui).
Itinerários de Collippo: em consequência do anterior os itinerários que ligam Collippo a Scallabis e a Eburobrittium foram revistos com melhor identificação das estações e revisão de alguns pontos do traçado (ver aqui). Entre estas duas rotas existia um outra que ligava Aljubarrota à Ota, estrada referida no «Roteiro Terrestre» com estações em Palhota e Tagarro; a sua utilização já no período romano parece segura interligando Collippo a Ierabriga (ver aqui).
2020 Março
Itinerário de Eburobrittium a Olisipo: as incertezas no traçado continuam, mas é mais plausível que a antiga estrada seguisse o percurso da «Estrada Real» referida nos «Roteiro Terrestre», passando por São Gião e Ramalhal em vez do percurso pelo vale de Cadaval anteriormente proposto (ver aqui). Na área de Torres Vedras continuam as dúvidas quanto ao local de travessia do rio Sizandro; daqui a Loures, o percurso não tem sofrido grandes alterações.
Itinerários - Cadaval: a rota referida acima que partia de Óbidos para sudeste pelo Cadaval não rumaria portanto a Óbidos, mas dirigia-se antes para o Castro de Pragança, importante povoado de longa diacronia situado no acesso à portela da Serra de Montejunto (ver Itinerário de Óbidos a Pragança); aqui entroncava numa outra via na direcção SO-NE com possível origem no litoral Atlântico que seguia por São Gião (onde cruza a via Óbidos-Lisboa), Outeiro da Cabeça, Vilar e Castro de Pragança, cruzando depois a Serra de Montejunto para o Castro de São Salvador e daqui à estação viária de Tagarro (onde cruza a Via Collippo - Ierabriga). Este itinerário está descrito no Itinerário de São Gião a Tagarro por Pragança).
Itinerário de Coimbra a Tancos: este novo itinerário segue sensivelmente paralelo ao Itinerário XVI no troço entre Conímbriga e Tomar aproveitando um corredor natural que passa por Eira Velha, Penela, Ansião, Gaita, Arneiro, Rio de Couros, Chão de Maçãs e São Lourenço até Paialvo, onde cruza o Itinerário XVI, continuando depois por Curvaceiras rumo à travessia do rio Tejo em Tancos; daqui subia ao nó viário da Galega Nova onde conflui na estrada para Mérida. Este tramo final do percurso entre Paialvo e Galega Nova segue o percurso da antiga «Estrada Real» que corria por Rio de Couros e Chão de Maçãs (ver itinerário Aeminium - Tubucci).
2020 Fevereiro
- Miliário de Santa Comba (Seia): a publicação de um miliário inédito identificado por Vasco Mantas perto do cemitério de Santa Comba, Seia (Mantas, 2019). Pertenceria certamente à via entre Celorico da Beira e Bobadela. Este achado veio finalmente esclarecer o verdadeiro traçado da via dado que o outro miliário conhecido desta via, apesar de indicar a respectiva milha (21) apareceu deslocado numa casa em Paços da Serra. Ao fazer passar o trajecto da via por Santa Comba é possível delinear um percurso menos acidentado que segue por Lagarinhos, Pinhanços e Santa Comba rumo à travessia do rio Seia na velha Ponte de Folgosa; daqui seguia a sul de Carrozela rumo a Bobadela. O traçado agora proposto coloca Santa Comba a 25 milhas de Celorico (e da travessia do rio Mondego) pelo que o miliário de Paços estaria originalmente 2 milhas antes, o que coloca este marco junto da travessia da ribeira das Aldeias na chamada «Ponte Pedrinha» em Lagarinhos. O acerto da marcação miliária vem assim reforçar este traçado como o mais provável. Esta via integrava um grande itinerário com origem na travessia do rio Douro no Vesúvio (proveniente de Chaves) que seguia por Mêda e a poente de Marialva até Celorico da Beira, continuando depois por Bobadela rumo a Conímbriga (vide Chaves - Celorico da Beira, Celorico da Beira - Bobadela e Bobadela - Conímbriga).
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Nó viário de Santa Comba: a existência de um miliário neste local indicia um possível cruzamento com uma via NO-SE proveniente talvez de Mangualde que seguia por Seia rumo ao Castro de São Romão (ver aqui).
2019 Dezembro
- Miliários: publicação da foto de um provável miliário convertido em cruzeiro, actualmente junto da Capela de São Domingos em Prados de Cima (Rua, Moimenta da Beira) originalmente publicada em FE 717; este marco pertenceria ao Itinerário Viseu - Moimenta da Beira.
- Miliários: publicação de uma foto do miliário que se encontra numa casa particular do lugar da Raposeira (Faia, Moimenta da Beira) originalmente publicada em FE 712; este marco pertenceria ao Itinerário Régua - Marialva.
- Miliários: publicação de uma foto do possível miliário numa casa da aldeia de Carapito, próximo da rua da Lameira, originalmente publicada em FE 725.
- Itinerário Berecum - Centum Cellas: o percurso da via entre o povoado de Barrelas (Berecum) em Famalicão da Serra e a torre romana de Centum Cellas tinha duas possibilidades, uma por Gonçalo e outra por Valhelhas; o miliário que existe nesta última povoação apontava para a segunda opção; no entanto segundo informações de Fernando Patrício Curado e Vasco Mantas, parece que o miliário inédito que hoje está a servir de ombreira de uma casa particular em Belmonte (foto) afinal provém do sítio do Castelão na freguesia de Gonçalo. Deste modo, o trajecto da via romana seria por este local, evitando o cavado vale de Valhelhas (ver Itinerário Viseu - Belmonte). O miliário de Valhelhas poderá ter sido deslodado desta via, mas a verdade é que foi encontrado na margem oposta do Zêzere no lugar do «Garrido», podendo por isso indicar uma outra via que seguia para a Covilhã passando por Orjais, troço incluído no grande Itinerário de Tomar a Belmonte.
- Itinerário XVI: o trajecto de Conímbriga a Lisboa passando por Leiria (Collippo) e Óbidos (Eburobrittium) continha algumas incertezas que estão agora esclarecidas. A alternativa pelas pontes da Redinha e Pombal foi descartada pois este trajecto surge apenas século XVIII com alteração do traçado da «Estrada Real». Deste modo, confirma-se que antigo percurso da via seria por Soure onde apareceu o único miliário desta via. Aqui, cruzava o rio Arunca e seguia pelo antigo trajecto da «Estrada Real» que passava a poente de Pombal rumo a Leiria pelo Alto dos Crespos e Barracão, onde reunia com a EN1. O percurso está registado no «Mappa topographico do Quartel em Leiria de 16 de Abril de 1796» (Charters d'Azevedo, 2015).
2019 Setembro
- Mapa de Vias: publicação da versão 3.4 do mapa de vias e sítios com pequenas correcções do Itinerário XVII na zona de Vieira do Minho e do Itinerário XVI na zona de Alenquer; inclusão do Itinerário Conímbriga - Bobadela e consequente reorganização dos itinerários de e para a Bobadela (ver detalhes baixo).
- Itinerário XVII de Braga a Chaves: pequenos ajustes no trajecto da via de Braga a Vieira do Minho; antes fazia-se passar a via pelo «Caminho de Pousadouros» até à Cruz do Real para daqui rumar a nascente para Vieira do Minho. No entanto, este caminho obriga a cruzar o a ribeira de Tabuaças quando existe um trajecto viável mais a sul para Vieira do Minho com o seguinte percurso: partindo do lugar de Pardieiros, a via ruma a nascente, seguindo aproximadamente paralela à EN103 pelo actual caminho de terra por Lameiros e a zona industrial, desviando logo depois por Pepim e Sanguinhedo, chegando a Vieira depois de ultrapassar a elevação designada por «Outeiro Alto». O «Castro de Vieira do Minho» deverá corresponder à estação de Salacia mencionada no Itinerário XVII a 20 milhas de Braga. Neste momento, já existe acerto na contagem miliária em todo o trajecto de Braga a Chaves, perfazendo um total de 77 milhas conforme indicado no Itinerário, correspondendo em definitivo na nossa opinião ao percurso mais a norte que vai por Ciada e a sul de Vilar de Perdizes. Este é portanto o trajecto indicado no Itinerário. No entanto, não há qualquer dúvida de que existia um outro trajecto sensivelmente mais curto e que corria mais a sul. A bifurcação nas duas variantes fazia-se no centro da aldeia de Travassos de Chã, junto da actual Associação, e enquanto uma continuava para norte, a outra rumava a nascente cruzando o rio Rabagão e seguindo depois um trajecto pontuado por miliários por Gralhós, Cortiço, Arcos e Serra do Pindo rumo a Chaves.
Mais uma vez o itinerário não apresenta necessariamente o caminho principal entre pontos, mas descreve rotas de carácter mais territorial em função de interesses específicos, como um porto importante ou uma zona mineira, como parece ser este o caso da área de Vilar de Perdizes. Nesta fase, o percurso apresenta-se bastante estabilizado e já próximo de uma versão final, mas subsistem dúvidas importantes quanto ao exacto traçado da via. Ver descrição do trajecto aqui.
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Lisboa-Alenquer: o percurso que traçamos no mapa coloca a milha 30 na base do Povoado do Monte dos Castelinhos e junto da margem direita do rio Tejo. Aqui deveria ser Ierabriga e não em Alenquer como é geralmente aceite. Esta localização já tinha sido proposta por João Pimenta e Henrique Mendes (Pimenta & Mendes, 2012: 54-59), agora reforçada pela concordância com a distância de 30 milhas indicadas no I.A.; a terminação «briga» está mais de acordo com as características do povoado que tinha assim uma relação directa com o eixo comercial pelo Tejo acima.
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Alenquer-Santarém: o trajecto deste troço do Itinerário XVI de Braga a Lisboa suscitava muitas dúvidas na passagem do rio Ota. Vasco Mantas faz passar a via por Casal do Alvarinho, onde apareceu um tesouro, cortando depois o extremo sul da pista da Base Aérea, cruzando depois o rio Ota em Pontes de São Bartolomeu. No entanto toda esta zona estaria alagada em tempos romanos pelo que o trajecto da via seria contornar a zona baixa seguindo a rota da EN1 até à povoação da Ota (na base de um importante povoado calcolítico), rumando depois para nordeste rumo a Aveiras de Cima. Esta correcção tornou o percurso de acordo com a distância de 32 milhas (cerca de 48 km) indicadas no I.A. para este troço.
- Coimbra-Bobadela: Revisão do Itinerário de Coimbra a Bobadela pela «Estrada da Beira». Antes fazia-se passar este itinerário por Carvalho em direcção a Poiares rumo à Ponte Romana da Mucela. No entanto a estrada de Coimbra a Poiares não parece recuar aos tempos romanos pois não há evidências de um trajecto antigo e a zona tem a passagem muito dificultada. A estrada para a Bobadela seria antes por Santa Comba Dão e Póvoa de Midões, cruzando respectivamente os rios Dão e Mondego nesses pontos. A via que passava na Ponte da Mucela rumo a Bobadela teria origem não em Coimbra, mas em Conímbriga, atendendo ao vicus viarum recentemente identificado no sítio da Eira Velha
2019 Agosto
- Reabertura do blog "Vias Romanas": reabertura do blogue "Vias Romanas" originalmente publicado em ''viaromanas.blog.pt" entre 2007 e 2016, entretanto interrompido devido à descontinuação deste serviço de alojamento. O 'novo' blog passa a estar disponível no domínio viasromanas.pt e será escrito em inglês para atingir um público mais vasto. Os posts antigos mais relevantes foram republicados para estarem novamente disponíveis online. O blog pode ser acedido directamente em viasromanas.pt/blog
- Miliários: publicação de uma foto do miliário inédito, actualmente no cruzamento entre as ruas Hortinha e Caldeireiros na Vidigueira. Ver Itinerário de Alcácer do Sal a Sobral de Adiça por Vidigueira.
2019 Junho
- Itinerário de Évora por Vila Viçosa: este itinerário seguia por uma via assinalada por dois miliários (em Barrosinha e Aldeia) por São Miguel de Machede, ligando Évora às pedreiras de mármore de Bencatel e Vila Viçosa (vide Bilou, 2000a e a descrição do percurso aqui). No entanto a sua continuação para Elvas (antes apresentada como uma variante sul do Itinerário XII que seguia por Estremoz) revela-se problemática devido ao acidentado do terreno. Deste modo é mais provável que as vias principais desta região tivessem uma orientação grosso-modo norte-sul rumo aos diversos pontos de travessia do rio Guadiana. Estas vias passaram a integrar um grupo designado por "Derivações do Itinerário XIV" onde se descrevem os vários itinerários que cruzavam transversalmente os eixos viário W-E rumo a Mérida. Ver descrição dos percursos aqui.
- Itinerário de Alter do Chão a Elvas por Monforte: este itinerário seguia uma proposta praticamente unânime que fazia passar a via por Monforte e Monte das Esquilas com base na ara aos deuses viários descoberta por Mário Saa neste último local, tendo alguns autores considerado ser este o traçado do Itinerário XIV para Mérida o que levou à localização da mansio de Matusaro nesta estação viária do Monte das Esquilas (vide Carneiro, 2004, 2008 e 2011). No entanto, após uma análise mais cuidada do terreno, ponderamos a hipótese de a via não cruzar a ribeira grande junto da vila de Monforte (com uma ponte medieval, mas sem indícios romanos), mas sim mais a jusante, na base do fortim romano dos Beiçudos, seguindo não para as Esquilas, mas em direcção do miliário do Monte da Torre do Curvo, entroncando noutra via que seguia para a travessia do rio Guadiana em Juromenha. De facto, a orientação que a via traz de Alter do Chão, passando na base do povoado indígena do Cabeço de Vaiamonte e a poente da villa da Torre de Palma segue em direcção aos Beiçudos e não a Monforte. A ser assim, cai por terra a proposta de situar a mansio de Matusaro no Monte das Esquilas com base no argumento da distância a Alter do Chão ser cerca de 24 milhas como é indicado no Itinerário para a etapa entre Abelterium e Matusaro (vide Encarnação, 1995; Mantas, 2010), proposta que na verdade nunca foi muito convincente porque obrigava a várias inflexões pouco lógicas do trajecto e tornava o percurso muito mais longo, tornando-o incompatível com as distâncias indicadas no Itinerário. Ver a descrição do percurso no Itinerário de Alter do Chão a Juromenha.
2019 Março
- Fotos: publicação de fotos da calçada e ponte romana (?) junto da Quinta de Santo António em Gateiras (Torres Novas), presumivelmente integrada na via romana entre Tomar e Santarém, gentilmente cedidas por David Gaspar.
2018 Dezembro
- Miliários: publicação de uma foto do miliário que apareceu na mutatio da Fonte da Cruz em Ponte de Sor, actualmente numa casa particular (FE 667).
- Miliários: publicação de uma foto do fragmento de miliário onde apenas se lêem as letras MAX que apareceu na Casa de Alvalade, actualmente nas reservas da Câmara Municipal de Alter do Chão (FE 664).
- Itinerários de Antonino: revisão dos Itinerários de Antonino apresentados na página «Informação» corrigindo e anotando várias alterações nas estações e na marcação miliária face aos novos desenvolvimentos na sua interpretação.
2018 Agosto
- Itinerário XIII: a marcação miliária da via litoral do Algarve excluiu a hipótese de situar a Salacia deste itinerário no vicus portuário do Cerro da Vila (junto da actual marina de Vilamoura). O caminho entre Faro e Almansil é inferior a 16 milhas, deitando por terra esta hipótese. Dessa forma, a única proposta plausível é interpretar este itinerário como uma ligação entre dois eixos viários, ou seja entre a via Salacia - Ebora e a via Ebora - Ossonoba, indicando a distância que ia do ponto de derivação do Itinerário XII até ao Torrão. A ser assim, o Itinerário XIII indicaria a distância entre o nó viário do Porto da Lama e o Torrão, percurso com cerca de 16 milhas conforme é indicado neste singular itinerário.
2018 Julho
- Itinerário Braga - Mérida: revisão do trajecto entre São Tomé de Abação e a Ponte do Arco de Vila Fria; antes fazia-se passar a via por Gémeos, marginando o Castro da Boavista, mas as fortes pendentes até Vila Fria tornam mais provável uma rota por Venda da Serra, onde existia uma estalagem medieval.
- Itinerário Porto - Marco de Canaveses: revisão deste itinerário no troço entre o Castro de Quires e a Ponte do Tâmega; antes fazia-se passar a via por Bidebasta, Boriz, Pedras, Arvio, Torre, Avessada, Penides e São Pedro, segundo proposta de Tavares Dias (Dias, 1997), no entanto, as fortes pendentes deste trajecto sinuoso são evitáveis com um trajecto alternativo por Gaia, Quatro Irmãos, onde havia uma estação viária medieval, sem grandes obstáculos e mais curto até à Ponte sobre o rio Tâmega.
2018 Junho
- Mapa de Vias: publicação da versão 2.2 do mapa de vias romanas.
- Itinerário Picôto - Feira - Oliveira de Azeméis: esta estrada designada na Idade Média como «stratam mouriscam» (Livro Baio Ferrado, fl. 99) mas que já seria utilizada na época romana desviava no Alto do Picôto (EN1, Argoncilhe) do itinerário principal para Olisipo e seguia sensivelmente paralela a este por Moselos, Santa Maria da Feira e Mosteiró até reencontrar o itinerário principal nas proximidades de Oliveira de Azeméis. Foi Melhor definição da parte final deste itinerário com a identificação de troços lajeados em Felgueira e Madaíl rumo à travessia do rio Úl na Ponte Medieval do Manica e daqui a Oliveira de Azeméis. Ver descrição do itinerário aqui.
- Miliários: publicação de uma foto do miliário dedicado a Tácito encontrado no adro da igreja de Vouzela indicando 18 milhas retirado daqui.
2018 Maio
- Itinerário Braga-Monção: melhor definição deste itinerário medieval muito provavelmente já utilizado na época romana, em particular no troço entre Vila Verde e Portela do Extremo; ao longo do seu percurso surgem várias pontes medievais como a Ponte da Agrela, Ponte de Permedelos, Ponte de Oleiros (junto a Ponte da Barca), Ponte de Ázere e Ponte de Vilela. Apesar da ausência de miliários (seria uma via secundária alternativa e paralela ao Itinerário XIX para Valença), verifica-se um acerto da marcação miliária com a intersecção da via com as linhas divisórias entre freguesias. A Ponte de Ázere poderá ter origem romana atendendo à reutilização de silhares almofadados com marcas de fórfex, mas não é seguro que existisse ponte romana neste local. Ver descrição do itinerário aqui e o percurso cartografado aqui.
2018 Fevereiro
- Itinerário XV: alteração radical deste problemático itinerário para Mérida com nova proposta de percurso descartando a sua passagem pelo Vale do Tejo por Tramagal e Aritium Vetus (Alvega); anteriormente o percurso seguia no essencial as propostas dos vários autores que faziam passar a via pelo Vale do rio Tejo, passando nas proximidades de Tramagal e Alvega, dado que aqui apareceram miliários. No entanto esta solução nunca convenceu dada a necessidade de a via ultrapassar os profundos vales cavados pelos afluentes do rio Tejo, nada condizente com a norma da viação romana; sendo assim, a existência destes miliários deverá associar-se antes às travessias do rio Tejo que aí existiam, ligando depois pelas linhas de festo à via romana que passava em altitude pelo planalto alentejano no sentido oeste-este que formava assim uma espinha dorsal que articulava todo o tráfego nestas paragens. O percurso agora proposto segue o Itinerário XIV até ao planalto das Mestas, importante nó viário onde se deverá localizar a primeira estação, Tubucci, que seria assim comum aos dois itinerários para Mérida. A partir daqui os itinerários divergem até se reencontrarem nas proximidades de Ad Septem Aras, presumivelmente localizada em Ns. da Graça dos Degolados. De forma a acondicionar o percurso mais longo em 10 milhas do Itinerário XV optou-se por um traçado em altitude que segue por Bemposta e Cruz das Cabeças rumo a Monte da Pedra, seguindo uma linha de festo que evita a travessia de linhas de água e que ainda hoje serve de linha divisória entre concelhos; junto do Monte da Pedra estaria a mansio de Fraxinum associada à travessia da ribeira de Sor no Porto Manejo. Daqui rumava a Montobriga que poderia situar-se nas proximidades de Arronches, seguindo por Vale do Peso e Fortios, ou por Crato e Assumar. Esta nova proposta acerta a marcação miliária com as distâncias indicadas no I.A. e permite reformular toda a rede viária da região de forma mais coerente. Temos assim claramente para quem vinha de Mérida um eixo principal que corresponde ao Itinerário XIV que corria por Assumar, Alter do Chão e Ponte de Sor até ao planalto das Mestas, onde se dividia em dois trajectos principais que desciam ao rio tejo, um rumo a Lisboa por Santarém (por Perna Seca) e outro rumo a Tomar por Tancos (por Lagoa Grande) e uma variante secundária sensivelmente paralela que corria mais a norte, correspondendo ao Itinerário XV e que divergia do trajecto principal logo após a estação de Ad Septem Aras, seguindo depois pelas arribas da margem sul do Tejo até se reunirem no nó viário das Mestas e do qual partiam ligações perpendiculares na direcção S-N descendo pelas linhas de festo às várias travessias do rio Tejo (Amieira, Alvega, Abrantes, Tramagal), articulando assim os eixos Lisboa-Mérida com a rede viária a norte do rio Tejo. Apesar de algumas dificuldades no terreno, como seja a passagem por Bemposta, o seu percurso é bastante linear e com poucas variações de altitude, além de acertar com as distância entre estações indicadas no I.A.; talvez o maior dúvida desta solução seja o de termos duas mansiones muito próximas, Tubucci e Aritium Praetorio, separadas apenas por 6 milhas uma da outra, o que poderá ser explicado pelo facto do I.A. apresentar itinerários formados pela interligação de várias vias romanas independentes.
2018 Janeiro
- Miliários: foto do miliário da Quinta de Santa Teresa em Alenquer retirado deste artigo de Vasco Mantas na Revista Cira Arqueologia nº 5: «O Miliário da Quinta de Santa Teresa (Alenquer) e outros problemas viários associados»; este apresenta uma fractura que afecta as primeiras letras da indicação miliária sendo apenas legível o numeral «XV», ou seja 15 milhas, valor manifestamente insuficiente para a distância entre Lisboa e Alenquer. Vasco Mantas corrige esse valor para 35 milhas (ou seja de XV para XXXV). Este autor estranha o facto de um miliário de Alenquer indicar 35 milhas em vez de 30, ou seja, bastante afastado do local do seu achamento, levando este autor a equacionar a possibilidade deste marco pertencer a uma outra via. No entanto, na nossa opinião este marco integrava mesmo esta via porque as 30 milhas não eram vencidas em Alenquer mas sim um pouco antes, na base do Monte dos Castelinhos, pelo que o valor de 35 milhas coloca este marco muito próximo de Alenquer (a cerca de 2 km) como seria expectável.
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Miliários: afinal o miliário referido por Moreira de Figueiredo (Figueiredo, 1953) no «Quintal da Estalagem» de Fataúnços (Viseu) da via romana Talabriga a Vissaium parece corresponder à coluna, actualmente no jardim da moradia particular defronte da «Casa da Estalagem» (ver foto retirada do Google Street View).
2017 Dezembro
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Itinerário XIV: a revisão da marcação miliária no Itinerário XIV de Antonino de Lisboa a Mérida por Ponte de Sor e Alter do Chão, permitiu uma melhor definição do percurso, resolvendo muitas da dúvidas que ainda permaneciam e levando a nova proposta para a localização das estações intermédias mais problemáticas; as principais alterações estão nos extremos da via, ou seja, alterando o percurso inicial de Santarém a Ponte de Sor e a parte final, propondo-se uma nova localização para a mansio Budua um pouco antes da travessia rio Xévora, no sítio romano à margem da via designado por «Casarões da Misericórdia», hoje praticamente destruído, dado que este local está a 110 milhas de Santarém conforme indicado pelo Itinerário.
- Troço de Scallabis (Santarém) a Aritium Praetorio (Água Branca): a contagem miliária tem início em Almeirim seguindo depois junto de Alpiarça para tomar o caminho de festo que segue pelo nó viário de Perna Seca e não pela Lagoa Grande que corresponde a uma via proveniente de Seilium (Tomar) que cruzava o rio Tejo em Tancos e seguia até à encruzilhada das Mestas onde reunia com a via proveniente de Santarém. Deste modo foi anulado o hipotético traçado pela margem esquerda do Tejo rumo ao Tramagal pouco consonante com a viação romana. A partir da Venda das Mestas, a «Encruzilhada das Mestas» referida por André de Resende no século XVI, a via segue pela Herdade de Água Branca de Cima onde vencia as 38 milhas indicadas no Itinerário para a mansio Aritium Praetorio apesar do local exacto da estação viária ser desconhecido. Aliás este foi o percurso efectuado em 1533 por Claude de Bronseval que escreveu: «per desertam regionem cum immoderatissimo imbre usque ad mediam diem venimus semper incedentes usque ad unicamdomum in deserto vocatam As Mester» (BRONSEVAL, 1970: I, 317; MANTAS, 1996: 516).
Seguem algumas notas sobre estas alterações.
- Troço de Aritium Praetorio (Água Branca) a Abelterium (Alter do Chão): a via continuava por Ponte de Sor rumo a Abelterium a 66 milhas de Santarém, definitivamente localizada em Alter do Chão pelo que este local serve de ponto de referência para as outras estações quer em direcção a Mérida quer a Santarém; pequenas correcções no trajecto da via de Ponte de Sor à provável mutatio da Fonte da Cruz (onde apareceram diversos miliários) permitiu acertar a distância de Ponte de Sor a Alter do Chão com o valor indicado no Itinerário.
- Troço de Abelterium (Alter do Chão) a Ad Septem Aras (Aldeia de Degolados): a partir de Alter do Chão a via percorre 32 milhas até à estação de Ad Septem Aras num local a norte da aldeia de Ns. da Graça dos Degolados, um nó viário designado por «Posto Fiscal de Azeiteiros» como já tinha sido sugerido por André Carneiro. Pelo meio existia a estação de Matusaro que pela contagem miliária deveria situar-se ligeiramente a sul de Arronches, próximo da antiga travessia do rio Caia num local designado por «Porto do Caia» ou «Porto das Escarninhas» que dista precisamente 90 milhas de Santarém e a 8 de Degolados como indica o Itinerário (Carneiro, 2004, 2011). A hipótese de o Itinerário indicar o percurso alternativo por Monforte e Barbacena pressupõem um percurso ilógico e mais longo até Campo Maior, sendo mais provável que esta importante via romana ligasse Alter do Chão a Elvas (Atalaia dos Sapateiros), ou seja interligando o Itinerário XIV e o Itinerário XII que seguia a sul por Évora e Elvas rumo também a Mérida.
- Troço de Ad Septem Aras (Aldeia de Degolados) a Emerita (Mérida): a partir daqui a via inflectia para sudeste rumo a Campo Maior, onde existiria uma mutatio associada ao vicus viário de São Pedro, continuando depois rumo à travessia do rio Xévora no «Rincón de Gila» defronte do sítio romano junto da Ermida de Bótoa. Pouco antes a via vencia a milha 12 desde Ad Septem Aras, indiciando que a mansio de Budua estará localizada no sítio romano dos Casarões da Misericórdia, um local de ampla visibilidade sobre esta travessia e por isso o local ideal para instalar uma statio de controle da via; notar que este local é hoje a fronteira entre Portugal e Espanha, reforçando o papel de término da mansio.
O percurso até à estação seguinte, Plagiaria num total de 8 milhas coloca esta mansio nas proximidades de Novelda del Guadiana, perfazendo um total de 20 milhas entre as estações de Ad Septem Aras e Plagiaria, aliás tal como é indicado também no outro Itinerário para Mérida, o XV de Antonino.
- Miliários de Campo Maior: o vicus viário situado em Campo Maior já deveria integrar território Emeritense dado que os dois miliários conhecidos provenientes deste local apresentam a distância a Mérida; num deles lê-se apenas a palavra Emerita enquanto no miliário de Severo Alexandre actualmente desaparecido (FE 115), leu-se 53 milhas a Mérida; no entanto, atendendo a que distância entre Campo Maior e Mérida ronda as 43 milhas, é muito provável que a transcrição que chegou até nós esteja errada, tendo omitindo o numeral «X» inicial que daria «XLIII» milhas e não as «LIII» milhas então lidas.
- Ponte Romana da Ns. da Enxara: os vestígios ainda remanescentes sugerem que se tratava de uma ponte imponente sobre o rio Xévora, sugerindo portanto que por aqui passava uma outra via importante, vinda de Ad Septem Aras ao Xévora (sem passar por Campo Maior), podendo depois descer a Budua num percurso ligeiramente mais longo; no entanto a orientação da via torna mais provável a sua continuação para nordeste rumo talvez a Cáceres (Carneiro, 2004, 2011).
2017 Novembro
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Itinerário XIX: o acerto da marcação miliária na via romana entre Braga e Tui obrigou a algumas correcções do percurso que em alguns pontos se afasta no caminho actualmente assinalado com placas «VIA XIX» que não é mais que mais um caminho "inventado" recentemente ao estilo dos actuais «Caminhos de Santiago». Em particular na chegada a Ponte de Lima é claro que a via segue por Posa onde havia miliário e não pelo monte do Castro de Sta. Maria Madalena, seguindo uma sugestão de Rodriguez Colmenero que situou a mansio de Limia nesse povoado. A milha XX era atingida junto da ponte romana pelo que a mansio teria de estar um pouco antes na m.p. XIX, possivelmente nas imediações de São Lourenço. Outras alterações pontuais do percurso foram: saída de Braga pela Calçada de Cones e não pela rua da Boavista; revisão do percurso na travessia de rio Neiva, fixando o local de passagem do rio entre o Monte da Ribeira e Lagoeira, única solução que alinha os desviados percursos pela ulterior Ponte de Goães; adiante de Ponte de Lima, há alteração do percurso na zona do Rubiães pois a via não segue o caminho de Santiago após da Ponte Medieval da Peorada, antes subindo pela vertente nascente do monte do Castro do Coussorado e finalmente alteração da rota entre a Portela de Fontoura e a Ponte da Pedreira, seguindo a via romana por rio Torto e Capela de São Bento. Estes pequenos acertos permitiram acertar a marcação miliária.
- Itinerário XII: Não havia dúvidas que existem erros neste itinerário dado que as 46 milhas indicadas entre Caetobriga e Salacia ultrapassam em muito a distância real entre estas cidades que ronda as 35 milhas, tornando problemática a localização das estações intermédias Malateca e Caeciliana.
Uma possível solução seria corrigir a sequência das estações para Caetobriga - Malateca - Caeciliana - Salacia, com Malateca situada junto da travessia da ribeira de Marateca, a 14 milhas de Setúbal, em vez das 26 milhas indicadas no I.A. que corresponde à distância de Marateca a Coina, e Caeciliana localizada junto da povoação de Palma que dista 8 milhas da ribeira de Marateca e 12 milhas de Alcácer do Sal e portanto de acordo com os valores indicados no I.A. (ver aqui). (ver nova solução em Janeiro 2021).
2017 Outubro
- Itinerário XXI: a via romana entre Évora e o Torrão, anteriormente apresentada como uma variante da Via Alcácer do Sal - Évora passando por Alcáçovas, passou a integrar um grande itinerário que partindo de Évora se dirigia ao Algarve passando por Alcáçovas e Torrão, onde conflui com a via proveniente de Alcácer do Sal, seguindo depois por Alvalade e Garvão rumo ao Algarve. (ver aqui).
2017 Agosto
- Miliários: fuste de um possível miliário anepígrafo reaproveitado numa parede de uma casa da aldeia de Benquerença, junto da casa paroquial na rua da Praça (vide Ferro, Sara (2017) - «Contribuição para a Carta Arqueológica de Penamacor - sítios inéditos»). Admitindo que não se trata apenas uma coluna proveniente de alguma villa próxima, este marco teria sido deslocado da via romana que passava a cerca de 2 km para noroeste, junto do antigo Convento de Anascer, percorrendo a margem direita da ribeira de Meimoa, trajecto atestado pelo miliário de Coito de Cima, seguindo depois pela Serra da Opa até ao Sabugal (ver percurso aqui).
2017 Junho
- Miliários: fotos de dois possíveis miliários anepígrafos suportando o alpendre da Capela de Sta. Eulália, onde apareceram também 4 inscrições votivas actualmente no Museu Grão Vasco, sendo uma delas dedicada à divindade Albucelainco Efficaci; seria um santuário junto da Via Coimbra - Viseu? (Peixoto, 1952; Vaz, 1997).
- Itinerário XVI - Águeda: revisão da rota entre Cale e Aeminium do Itinerário XVI na travessia do rio Antuã em Úl (Oliveira de Azeméis). Anteriormente o itinerário proposto cruzava o rio na base do Castro de Úl onde hoje está uma ponte em betão, continuando por Damonde e Figueiredo até Pinheiro da Bemposta, seguindo proposta de Seabra Lopes (Seabra Lopes, 2000a), mas a cartografia da via com o acerto da marcação miliária aponta para um trajecto mais a nascente pela antiga Estrada Real, passando por Besteiros, Caniços e Bemposta até Bemposta, num percurso menos acidentado e que evita vários cursos de água, seguindo a proposta de Vasco Mantas (Mantas, 1996:821). Assim, é possível que a travessia do rio Úl fosse um pouco a montante da Ponte do Castro, eventualmente no sítio da actual Ponte da Anjeirinha (?).
- Itinerário XVII: revisão do trajecto da via romana junto da mansio de Pinetum, actual aldeia de Vale de Telhas; a actual travessia do rio Rabaçal na ponte medieval, embora reutilize elementos construtivos romanos como silhares com marcas de fórfex, é uma construção claramente já do período Medieval, sendo que o local de travessia no período romano estaria um pouco a jusante no lugar da Barca, onde aliás apareceram os cinco miliários entretanto dispersos. Assim, refez-se o trajecto nesta área, subindo do rio Rabaçal directamente ao castro por um caminho que ostenta profundos cortes na rocha base. A hipótese da mansio se situar junto do Parque de Campismo, onde existem vestígios romanos, foi assim descartada e muito provavelmente a mansio estaria no próprio castro. A via continua depois não pela actual aldeia de Vale de Telhas como proposto anteriormente, mas pelo Alto da Estrada rumo ao cruzamento da Bouça, onde apareceu um miliário indicando a milha XXII, acertando assim com a distância medida no terreno; continuava depois pela aldeia de Fradizela até à Ponte Romana de Torre de D. Chama sobre o rio Tuela (vide Itinerário). Mais uma vez se prova a exactidão das distâncias apresentadas no I.A. contra todas as correcções e conjecturas feitas para adequar o itinerário a traçados mais ou menos especulativos.
- Itinerário XVII: revisão do trajecto da via entre Agrochão e Gostei; na anterior proposta, a via de Chaves a Bragança passava na aldeia de Carrazedo, dado existir referência a um miliário de Caro. No entanto, parece haver neste caso uma confusão com outro miliário na povoação homónima mas no concelho de Amares que actualmente serve de cruzeiro na aldeia do Pilar. Assim é mais provável que a via seguisse directa ao Alto da Ferradosa e daí descia a Formil, onde apareceu um miliário de Maximiano, actualmente no Museu Abade de Baçal em Bragança (nº 1580) e uma inscrição honorífica a Cláudio embutida na parede (CIL II 6217; Lopo, 1900a).
- Itinerário XVII: os sucessivos ajustes da proposta de traçado do Itinerário XVII vieram confirmar a localização da mansio Roboretum na Torre Velha de Castro de Avelãs, a 56 milhas de Chaves. Sendo assim, a estação seguinte Compleutica, a 29 milhas, estaria não em Babe como proposto anteriormente, mas já em território espanhol, possivelmente junto de Figueruela de Arriba, no ponto onde a via inicia a travessia da Serra da Culebra. As estações seguintes até Astorga também parecem acertar com as distâncias do I.A., visto que as 46 milhas indicadas para o trajecto de Chaves à mansio de Petavonium, corresponde ao acampamento romano a oeste de Rosinos de Vidriales enquanto a última estação antes de Astorga, Argentiolum, estaria 15 milhas depois, no sítio romano do «Campo del Medio» em Villamontán de la Valduerna. Daqui até Astorga há cópias do I.A. que indicam 24 milhas enquanto outras indicam 14 milhas, sendo este o valor medido no terreno. Aliás é esse o valor que aparece num dos códices mais antigos, o chamado «Manuscrito de Viena» datado do século VIII (Vindobonensis 181).
2017 Maio
- Rota: a via norte-sul que partindo de Chaves se dirigia para a travessia do rio Douro em Covelinhas, passando na região mineira de Tresminas não seguia de Chaves a Samaiões e daí ao alto da Serra da Padrela, como se propunha anteriormente, antes desviando do Itinerário XVII logo após a aldeia de São Julião de Montenegro evitando assim a íngreme subida à serra por Samaiões. Desta forma esta via percorre as alturas da serra sempre por um traçado rectilíneo que percorre a linha de festo, evitando assim a travessia dos múltiplos ribeiros (vide Itinerário Chaves - Moimenta da Beira).
- Rotas: o traçado da via norte-sul ligando Chaves a Lamego seguindo pela depressão Verín - Régua por Vila Pouca de Aguiar (passando por Pedras Salgadas, Soutelo de Aguiar, Telões e Vilarinho de Samardã) não é seguramente de origem romana dado exigir a travessia de inúmeros rios e respectivos afluentes; será certamente uma construção já em período medieval relacionada com a fundação da cidade de Vila Real na Baixa Idade Média; as três pontes dadas como «romanas» neste percurso (a Ponte sobre a ribeira de Oura em Vidago e as duas pontes sobre o rio Avelames, a Ponte das Águas Romanas em Pedras Salgadas e a Ponte de Cidadelha em Vila Pouca de Aguiar) não apresentam qualquer sinal de romanidade e a sua construção dever-se-á ao estabelecimento desta rota na Idade Média. O traçado romano corresponde ao percurso pelas cumeadas da Serra do Alvão (como é norma na viação romana), seguindo uma rota paralela ao traçado medieval mas em altitude, passando nas aldeias de Bragado, Cabanas (onde existiria uma mutatio), Afonsim, Paredes do Alvão, Gouvães da Serra e Minas da Seara, descendo depois ao Vale da Campeã. Os diversos achados de tesouros monetários nas villae do vale ao longo desta rota indiciam a passagem desta importante via que continuava para sul para cruzar o rio Douro no Peso da Régua. Assim a antiga proposta por Vila Pouca de Aguiar foi removida e a via romana passou a ser descrita no Itinerário Chaves - Régua.
- Rotas: Uma das principais rotas medievais ligando Lamego a Trancoso pela Ponte de Ucanha não seria o traçado romano dado o acidentado do seu percurso; assim, este troço, que estava inserido no Itinerário Lamego - Marialva, foi anulado, passando o ponto de partida para Peso da Régua pois daqui parte uma estrada com um traçado mais de acordo com a tipologia da viação romana evitando grandes variações de cota e as difíceis travessias dos rios da região subindo ao Alto do «Monte Raso» onde se regista a referência à «strada mourisca» que servia de limite norte do Couto do Mosteiro de Salzedas (LDMS 61; vide post de Maio 2015 sobre este documento). Consequentemente os itinerários entre Lamego e Viseu foram revistos face a esta importante alteração.
- Inscrições viárias: foto de uma ara votiva aos lares viales achada na aldeia de Agrochão (Vinhais), certamente relacionada com a passagem da Iter. XVII neste local.
2017 Abril
- Geo: fortes avanços na longa tarefa de cartografar as vias utilizando a ferramenta Google Earth. Os percursos estão a ser elaborados com base nos itinerários aqui propostos que por sua vez são o resultado de um trabalho de compilação de estudos e informação arqueológica actualmente disponíveis sobre a viação romana. Verifica-se no entanto que muito dos percursos propostos anteriormente não são viáveis ou estão inseridos no itinerário errado, levando a uma profunda remodelação da articulação da rede. Seguindo determinados critérios geográficos como por exemplo evitar sempre que possível a travessia de rios, minimizar as variações de altitude e procurar o caminho mais curto, entre outros factores, é hoje possível acertar muitos troços e acima de tudo perceber melhor a rede de longa distância utilizada durante a época romana. Os resultados estão a ser muito positivos porque das duas uma, ou o itinerário proposto encaixa na perfeição com o critério geográfico, reforçando assim o itinerário proposto, ou a via diverge noutra direcção completamente diferente do itinerário até agora proposto levando à redefinição da rede, produzindo resultados inéditos que vou tentando manter actualizados aqui neste «histórico» e no Blog. Não há dúvida que esta rede tem origem muito anterior à época romana, privilegiando os traçados em altitude (a que poderíamos chamar "passagens aéreas") a fim de evitar a travessia de cursos fluviais e a consequente construção de pontes, praticamente inexistentes até à romanização. Mas o facto de esta rede continuar a ser usada em período romano reforça a hipótese de que o número de pontes efectivamente construídas em época romana ser muito menor do que se pensava, o que em parte explicaria a ausência de vestígios de romanidade na maioria das pontes antigas espalhadas por todo o país. Com a excepção dos grandes itinerários, onde se observam pontes romanas sobre os grandes rios, como é o caso das notáveis pontes romanas de Chaves, Marco de Canaveses, Torre de D. Chama, Vila Formosa e Segura, norma na viação secundária romana parece ser a travessia dos grandes rios por barca e os pequenos ribeiros possivelmente com pequenas pontes de madeira, mas das quais não subsiste qualquer vestígio. A explosão da construção de pontes dar-se-á já em período medieval, tentando reerguer uma rede de grandes percursos entretanto abandonados em consequência da queda do domínio romano.
- Rotas: redefinição do traçado da via norte-sul que cruzava o rio Zêzere junto a Pedrogão Grande. A vaga tradição da existência de uma ponte romana neste local levou a que muitos autores propusessem uma cronologia romana à chamada "Ponte do Cabril" da qual restam os respectivos arranques localizados a cerca de 50 m a jusante da Ponte Filipina. No entanto esta proposta levantou sempre muitas dúvidas porque nem a ponte apresenta sinais de romanidade nem o local de passagem se coaduna com as práticas romanas, ao construir esta travessia no fundo do grande desfiladeiro cavado pelo rio. Por outro lado não se percebia por que razão o único vestígio da via, um troço de calçada junto do cemitério de Pedrogão Pequeno ter uma direcção diferente do acesso à Ponte do Cabril, tendo-se proposto como um diverticulum de acesso ao Castro da Ns. da Confiança. No entanto, tal como já apontara Mário Saa, é mais plausível que a travessia fosse mais a montante junto da povoação de Vale da Barca, local mais favorável a essa travessia e cujo topónimo aponta para uma travessia por barca. Esta solução permite enquadrar a referida calçada como fazendo parte desta estrada que vinda do Zêzere marginava pela base o referido castro e que seguia junto do cemitério rumo à Sertã. Por outro lado esta nova orientação da via torna claro que esta via não teria origem em Conímbriga como propôs Carlos Batata (Batata, 2006) (derivando algures da Via VXI, mas cujo traçado nunca descortinou), mas sim vinda do norte talvez de Bobadela por Arganil e pela cumeada da Serra da Lousã. Foi assim criado um grande itinerário entre Bobadela e o rio Tejo com passagem do Zêzere em Pedrogão Grande.
- Rotas: redefinição do traçado do Itinerário XVI na zona de Conimbriga; a rota anteriormente proposta entre Coimbra e Conímbriga passava por Venda do Cego, Adro Velho e Condeixa-a-Nova num trajecto aproximado da EN1, mas uma análise mais pormenorizada do terreno revelou a existência de um caminho alternativo a nascente mais de acordo com a tipologia romana, seguindo um traçado muito mais recto e menos acidentado derivando da EN1 na Cruz de Morouços e seguindo por Pousadas rumo a Alcabideque, nó viário associado a Conímbriga; desta forma o acesso a Conímbriga fazia-se por um diverticulum a partir deste nó viário a pouco mais de uma milha da cidade; da mesma forma a continuação da via para sul rumo a Tomar fazia-se também a partir de Alcabideque rumo ao Algar da Janeia, onde deveria existir uma mutatio associada à milha III. Fica assim descartada a ligação a Conimbriga pela Mata da Bufarda.
- Rotas: a descoberta em 2011 do vicus da Eira Velha (freguesia de Lamas, Miranda do Corvo) durante a construção da A13 e logo destruída, indicia a existência de uma estação viária neste local, no cruzamento da via proveniente de Conímbriga seguindo por Miranda do Corvo e Foz de Arouce rumo à Bobadela com uma ainda hipotética via no sentido norte-sul proveniente de Coimbra rumo a Tomar (Ramos e Simão, 2012); deste modo foi criada uma nova rota de Conímbriga à Bobadela e elaboradas propostas para outras hipotéticas vias com base na antiga rede de «Estradas Reais», embora estas rotas possam ter origem medieval. Assim quem vinha de Lisboa por Tomar e Conímbriga pelo Itinerário XVI, ao atingir a mutatio de Freiria/Venda das Figueiras desviava para nordeste rumo à civitas de Bobadela passando por Miranda do Corvo e Foz de Arouce onde cruza o rio Alva, evitando assim a passagem por Coimbra. Estes dados reforçam a zona da Freiria/Venda das Figueiras como nó viário a cerca de XV milhas de Conímbriga.
2017 Março
- Rotas: revisão do Itinerário Conimbriga - Collippo - Eburobrittium - Olisipo com melhor definição dos locais de passagem da via e restruturação das várias variantes e vias secundárias. A difícil orografia e a multiplicidade de caminhos antigos criaram (e criam) imensas dificuldades aos investigadores para definir os traçados romanos de forma minimamente sustentada. Este itinerário aliás não deverá corresponder a uma via estruturada entre Conimbriga e Olisipo mas a um conjunto de vias de carácter regional que interligavam importantes centros urbanos como Scallabis, Collippo e Eburobrittium associadas ao comércio por marítimo. O povoamento romano dá indicações sobre a passagem da via, mas nem sempre é fácil traçar um itinerário que cumpra com os requisitos romanos. Deveriam existir muito menos pontes romanas do que se pensava antes e os percursos mais favoráveis tentam evitar travessias de cursos de água. Na ausência de miliários ou outros vestígios seguros da passagem da via (muitas da dita «calçada romana» é na realidade já do período medieval) adoptou-se um critério geográfico em vez da simples interpolação dos vestígios arqueológicos romanos interligando-os com segmentos de recta com o intuito de definir a rota da via, método que levou à criação de percursos na maioria das vezes inviáveis ou pelo menos muito acidentados. Assim enumera-se as principais alterações:
- Leiria: a via cruzava o rio Liz em Leiria, cujo crescimento se deve ao controlo desta importante travessia, continuando depois pelo vale do rio Lena por Golpilheira e Castros, povoado pré-romano e villa romana, eventualmente uma mutatio na base do oppidum de Collippo situado no alto do monte em São Sebastião do Freixo.
- Porto de Mós: de Collippo, a via seguia até Porto de Mós, importante nó viário onde se dividia em 3 direcções: rumo ao Vale do Tejo (aos portos fluviais de Chões de Alpompé e Santarém) uma seguindo para leste pela depressão de Alvados e outra seguindo para sul pela serra por Serro Ventoso e Mendiga. Por outro lado, o troço de calçada em Alqueidão da Serra não parece integrar a via principal sendo antes um atalho para quem vinha de Collippo evitando passar por Porto de Mós.
- Alcobaça: a via poderia seguir pela chamada «Carreira Velha» que corre paralela e abaixo da EN8, podendo bifurcar no importante sítio romano de Carvalheiras, seguindo um ramo para Alcobaça, onde cruzava o rio Alcoa rumo a Alfeizerão, e o outro mantinha a direcção sul ao longo do vale da vertente oeste da Serra dos Candeeiros, seguindo por Évora de Alcobaça, Turquel e Benedita, onde volta a bifurcar, seguindo uma ramo por Alto da Serra e Rio Maior rumo a Santarém enquanto a outra rota continuava por Zambujeira rumo a Cadaval (?).
- Alfeizerão: a descoberta do miliário de Adriano e outros vestígios no sítio das Ramalheiras junto a Alfeizerão, indiciam a existência de um vicus portuário integrável na civitas de Eburobrittium; este miliário poderia indicar a distância deste porto a Eburobrittium.
- Óbidos: depois de servir a cidade romana, a via continuava para sul rumo a Torres Vedras, mas ainda não há um traçado seguro; Vasco Mantas sugeriu uma rota por Cadaval e São Tomás de Lamas, onde abundam os vestígios romanos, mas este trajecto que contorna a serra obriga a muitas cruzamentos de rios e ribeiras, pouco consonante com a viação romana; em alternativa a via poderia cruzar a serra por Outeiro da Cabeça.
- Torres Vedras: a via cruzava o rio Sizandro próximo de Torres Vedras e seguia junto do Povoado da Serra do Socorro até Pêro Negro e não passaria por Dois Portos como era sugerido antes; este local estará antes associado a uma via que seguia para Alenquer. Daqui a Lisboa, a via acompanha a rota da ER374 por Milharado e Cabeço de Montachique até Loures, onde aflui também a Iter. XVI.
- Via Leiria - Tomar: a via entre Collippo a Seilium
deverá seguir por Cortes, Arrabal, Olival, Caxarias e Carregueiros, traçado que minimiza a oscilações de altitude e as travessias de ribeiras, sendo pontuado por diversos vestígios romanos incluindo um vicus em Casais da Abadia (Caxarias). A variante por Ourém pelo contrário apresenta-se pouco viável e é por isso muito duvidosa, e foi retirada até novos dados.
- Troço do Itinerário XVI entre Tomar e Torres Novas: a referência a miliários em Delongo levou a traçar uma rota por Lamarosa e Árgea, mas é mais provável que de Paialvo a via seguisse por Soudos, Pé de Cão, Quinta de St. António e Gateiras.
2017 Janeiro
- Miliários: Em 2016 André Tomé Ribeiro publicou um artigo na «Revista da Maia» (Nova Série, 1) sobre a descoberta de um miliário inédito identificado em Novembro de 2015 numa casa particular na freguesia da Barca (Maia); este miliário que indica XXVII milhas a Bracara bem reconfirmar a passagem da via romana Bracara - Cale no centro da Maia e permitiu ao autor elaborar uma proposta de reorganização da marcação das milhas nesta zona do Itinerário XVI de Antonino, de acordo com o anteriormente proposto neste site. vide «O Marco Miliário de Barca, concelho da Maia - Contributo
para o estudo da rede viária de época romana».
2016 Novembro
- Geo: o trabalho de georreferenciação dos traçados romanos permite agora estruturar vários troços isolados que agora ficam devidamente integrados nos grandes eixos viários romanos. Na verdade à medida que os diversos troços vão sendo representados num mapa, passa a ser possível identificar os grandes itinerários nos quais estariam integrados, o que originou significativas alterações. Em geral trata-se de pequenos ajustes e correcções do percurso, mas no caso da região do Douro e Beiras as alterações vão muito para além do pormenor e constituem uma completa reestruturação dos eixos viários principais, "despindo-os" da matriz medieval sempre tão presente e das múltiplas vias vicinales e privatae que cobrem a região, em particular nas proximidades dos grandes acidentes naturais que são a Serra da Estrela e o rio Douro. Regra geral, os percursos romanos tendem a seguir pelas cumeadas das serras, seguindo o alinhamento das lombadas dos montes, sempre na tentativa de evitar o cruzamento de rios importantes (e a necessidade de construção de pontes), procurando nas alturas por planaltos viáveis (as chamadas «naves»!) permitindo fazer grandes distâncias num terreno muito favorável à viação. Obviamente que esta inteligente estratégia era interrompida pelas abruptas descidas às travessias dos grandes rios como o Douro e o Mondego, mas para além destes grandes obstáculos, a via segue em geral pelas serranias por vezes com grandes rectas interrompidas por mudanças bruscas de direcção sempre na procura do caminho mais plano e directo possível. Claramente muita destas rotas são já reparações romanas de antigos caminhos pré-romanos que interligavam as muitas "brigas" celtas entretanto romanizadas. A matriz medieval por outro lado opta por interligar os diversos povoados pelo caminho mais curto sem preocupação de criar grandes itinerários (veja-se o actual proliferar dos chamados «Caminhos de Santiago», seguindo improváveis percursos para Santiago pela velha rede medieval). Esta diferente estratégia levou à construção de novos caminhos cruzando os ricos vales agrícolas, obrigando em geral à construção de uma ponte sobre o rio que corria no fundo do vale. A construção de pontes viria a tornar-se da maior relevância na época medieval, pulverizando a nossa paisagem das ditas pontes «romanas» que são na verdade um resultado de um esforço medieval notável de recuperar o sistema produtivo agrário destas serranias.
- Rotas: algumas notas sobre as muitas alterações na organização dos itinerários em resultado dos avanços na georreferenciação dos traçados:
- A hipotética via entre Mangualde e Celorico da Beira por Fornos de Algodres não é viável e foi removida; nesta zona, os dois grandes eixos viários romanos correm na direcção norte-sul provenientes do rio Douro para cruzar o rio Mondego uma em Fornos de Algodres e outra em Celorico da Beira, seguindo a primeira por Linhares rumo ao nó viário da Serra da Estrela em Carvalhos Juntos enquanto a segunda seguia a vertente ocidental da Serra da Estrela rumo a Bobadela e Coimbra. Os muitos troços dispersos estão agora integrados nestes dois eixos viários e seus diverticula: Chaves - Celorico da Beira, Chaves - Moimenta da Beira e
Moimenta-Linhares.
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Criação do Itinerário Moimenta-Mangualde, ramal do itinerário norte-sul Chaves-Viseu que partia do nó viário de Moimenta da Beira rumo a Mangualde por Penalva de Castelo (vicus da Murqueira), tendo continuidade para Bobadela pelo itinerário Mangualde-Bobadela, formando assim um outro grande eixo viário do Douro rumo a Coimbra e o litoral.
2016 Maio
- Rotas: inclusão do novo itinerário rumo a Santa Maria da Feira, desviando da via principal no Alto do Picôto (EN1/Argoncilhe) e seguindo a cumeada do monte junto da Igreja Paroquial de Mozelos, do Castro de Sagitela ou do Coteiro e de Santa Maria de Lamas. Este eixo viário que assumiu grande importância na época medieval já estaria em uso durante a época romana atendendo a alguns indícios de povoamento castrejo e romano ao longo do seu percurso (poderá ser mesmo uma rota mais antiga), funcionando assim como um diverticulum da via principal Cale - Olisipo para ligação à Vila Feira, aproveitando o percurso em altitude ou meia-encosta que se desenvolve para sudoeste a partir do nó viário do Alto do Picôto; um documento medieval do ano 1079 parece referir esta estrada na passagem «subtus monte saitella discurrente strata ad portum asinarium riuulo maior» (vide PMH DC 867), ou seja a estrada cruzava a ribeira de Rio Maior na base do actual Monte do Coteiro. Na Vila da Feira, a via cruzava o rio Cáster e subia a Mosteirô, onde ainda subsiste um extenso troço lajeado desta via que pela sua orientação deveria seguir por alturas de Fermil e Picôto, troço que parece corresponder à referência medieval onde se lê «in villa dicta azeuedo subtus illam stratam mouriscam» (Livro Baio Ferrado, fl. 99), ou seja a via seguia em altitude a nascente do actual lugar de Azevedo (S. Vicente de Pereira, Ovar) seguindo provavelmente depois na direcção da Ponte da Pica e/ou continuar por Cucujães até ao Castro de Úl, reunindo nos dois casos com o Iter. XVI.
- Rotas: revisão da via proveniente de Cale (Porto) rumo a sul que seguia ao longo do litoral rumo ao rio Vouga; de norte para sul temos: alteração do trajecto na zona da Madalena, deixando o trajecto de passar na necrópole do Sameiro (junto da Cerâmica de Valadares) o que obrigaria a cruzar terreno bastante acidentado da zona de Aguim e passando a rota a passar em Gramoinhos rumo ao centro de Valadares, zona hoje muito alterada pela construção da EN109/A44; introdução da travessia da ribeira do Mocho em Congosta/Carreira do Pereiro em alternativa à actual travessia na Ponte de Anta, atendendo aos vestígios aí existentes de uma ponte em pedra e aos topónimos viários Pedra, Carreiro e Congosta, seguindo depois pela rua da Congosta e rua do Porto para Silvalde; o cruzamento do rio Maior seria nas proximidades do Castro de Ovil, mas o ponto preciso de travessia permanece duvidoso, tal como na travessia seguinte, a ribeira de Lourido; já em Arada, a via parece seguir a linha divisória entre os concelhos da Feira e Ovar, ao longo dos sugestivos topónimos de Carrascal, Estrada e Lameiro para cruzar o rio Cáster nas proximidades da Sra. da Guia em Tarei (Souto), onde surgem topónimos como Alminhas da Calçada e Alcapedrinha; a continuação da via é incerta, seguindo talvez algures por Válega e Avanca rumo à travessia do rio Antuã nas proximidades dos povoados proto-históricos de Santiais e Salreu, podendo daqui ligar ao Itinerário XVI, próximo do vicus de Cristelo, ou continuar pela antiga linha de costa até ao rio Vouga (?).
2016 Abril
- Biblio: Inventário dos sítios arqueológicos no concelho de Marco de Canaveses por António Lima no âmbito da recente revisão do Plano Director Municipal (PDM), em grande parte baseado no trabalho prévio de Lino Tavares Dias. Vide documentos aqui (Abrir "Elementos Complementares" -> "Plantas de Salvaguarda Patrimonial" -> "Fichas 2015").
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Rotas: revisão da rede viária no concelho de Arouca; definição do percurso da rota este-oeste que ligava Arouca ao litoral, cruzando a via Porto-Viseu em Escariz. Anteriormente propunha-se o lugar de Cabeçais (a cerca de 1 milha) para este cruzamento, mas Escariz parece ser o local para onde as vias convergem; o itinerário proposto inicia na Vila da Feira, seguindo depois por Arrifana (estação viária da estrada romana Porto-Lisboa), continuando próximo do Castro da Portela até Escariz, onde toma a chamada «Estrada Velha de Ver» para Mansores rumo à travessia do Arda (no Fontão Longo?), continuando por Tropeço até à base Castro do Monte Valinhas em Arouca. (vide Itinerário Feira-Arouca).
- Rotas: Via Porto-Viseu: publicação de uma foto da chamada «Estrada do Cruzeiro» em Escariz, extenso troço lajeado que começa no Largo do Cruzeiro em Escariz e segue depois para Gestosa através do lugar do Viso.
- Rotas: a presumível via romana que ligava o Castro do Monte Valinhas em Arouca ao rio Douro, a norte, seguia pela cumeada da serra passando no Alto do Cerro do Cão rumo à travessia do rio Douro Castelo de Fornos/Várzea do Douro em Castelo de Paiva, evitando assim a difícil travessia do rio Paiva em Espiunca como propôs António Lima para a época medieval (Lima, 2004, 2008), (vide itinerário Arouca-Douro). No seu percurso há evidentes sinais de povoamento romano como a necrópole de Alvariça (na encosta virada a Espiunca), a necrópole de São Pedro de Felgueiras e o povoado romanizado do Castelo de Fornos (Castelo de Paiva), dominando a travessia do Douro. A referência a uma «via maurisca» entre Eiriz e Figueiredo, servindo de limite de propriedade da vila Romarici num documento de 1085 ( in PMH DC 614) indicia uma continuação desta via para sul, dado que esta vila medieval Romarici corresponde ao actual lugar de Romariz, situado já na margem esquerda do rio Arda, a sul de Arouca; erradamente indicou-se que Romariz mencionado no documento PMH DC 614 correspondia à freguesia homónima situada no concelho vizinho de Santa Maria da Feira, agora corrigido.
2016 Março
- Miliários: o Museu de Penamacor tem em exposição um cipo proveniente do sítio da Líria em Pedrogão de São Pedro que seria muito provavelmente um miliário da via romana para Mérida que passava nas proximidades. O miliário seria anepígrafo ou a inscrição original poderá ter sido apagada num fenómeno tão comum de «cristianização» dos antigos miliários como indiciam os dois cruciformes gravados no topo e na lateral (vide foto).
- Foto: publicação de uma gravura de Coimbra do séc. XVI onde é visível a ponte manuelina sobre o rio Mondego construída sobre a antiga ponte medieval erigida em 1131 por ordem de D. Afonso Henriques, possivelmente sobre uma anterior romana ("Illustris ciuitatis Conimbriae in Lusitania // ad flumen Mundam effigies”, de G. Braun e F. Hogenberg, de C. 1598).
2016 Janeiro
- Rotas: a variante do Itinerário XVI Lisboa-Braga por Sacavém seguindo paralela à margem direita do rio Tejo foi revista, suprimindo a alternativa pelo Vale de Xabregas e privilegiando a rota pela Estrada de Chelas que passa junto do Convento São Félix onde existia um miliário (entretanto desaparecido) apesar das dúvidas sobre a proveniência deste testemunho; (vide Mantas, 2012).
- Biblio: ALMEIDA, CAB; ALMEIDA, P. M. D. Brochado de; GONÇALVES, M. C. Sousa
(2008) - Caminhos Antigos e de Peregrinação em Penafiel.
2015 Dezembro
- Georreferenciação: o processo de georreferenciação dos itinerários romanos continua. Em 2010 ficou disponível um
ficheiro kmz com os principais vestígios associados à viação romana que podia ser visualizado em qualquer dispositivo móvel via Google Maps. Lamentavelmente, a partir de Fevereiro de 2015 a empresa decidiu bloquear esta funcionalidade, "obrigando" os utilizadores a migrarem para o MyMaps passando a informação a estar disponível neste link. Além da localização das estações viárias, miliários, pontes e povoados (agora numa versão mais completa e actualizada), deu-se início à publicação de troços das vias já cartografadas, num processo lento mas contínuo de reconstituição da rede viária romana.
- Miliários: publicação de fotos de alguns miliários associados à Via Nova na sua passagem pelo concelho de Amares: os três fragmentos da Quinta do Agrolongo e o fragmento da Quinta da Pena, em Barreiros; o fragmento, actualmente reutilizado num canteiro do Lugar de Passos e o miliário anepígrafo, actualmente tombado junto da via antes de chegar a Santa Cruz. As fotos pertencem ao inventário publicado em 2010 no âmbito da «Carta Arqueológica do Concelho de Amares».
2015 Novembro
2015 Setembro
- Itinerários: revisão dos Itinerários XIV e XV entre Lisboa e Mérida com uma proposta de resolução da muito discutida localização das estações viárias intermédias que se distribuem ao longo destes dois itinerários que rumavam a Mérida; admitindo o início da contagem das milhas logo a após a travessia do Tejo (entre Santarém e Almeirim), e fixando a mansio de Abelterio em definitivo em Alter do Chão, foi possível desenvolver traçados que acertam com as distâncias indicadas no I.A. enquanto posicionam as mansiones intermédias em sítios romanos bem conhecidos mas que dificilmente se podem classificar como vici e menos ainda como oppida, dado que na sua maioria não aparentam mais do que uma simples villa agrícola; no entanto, essa poderia ser a realidade na época romana, ou seja estas mansiones poderiam aproximar-se a albergues relativamente isolados, afastados de povoados importantes, com o único intuito de servir a via, recorrendo por isso a alguma particularidade geográfica para a sua designação como seja a travessia de um rio como por exemplo a mansio Ad Atrum Flumen na Iter. XIV (literalmente «junto do rio Atro»), ou assinalando um santuário de carácter viário como se depreende da designação da mansio Ad Septem Aras («junto das Sete Aras») estação situada junto do cruzamento dos itinerários XIV e XV a caminho de Mérida.
Itinerário XV
TUBUCCI
FRAXINUM
MONTOBRIGA
AD SEPTEM ARAS
XXXII
XXX
XIIII
XX
Mestas?
Monte da Pedra?
Falagueirinha?
Argamassas?
Itinerário XIV
ARITIO PRAETORIO
ABELTERIO
MATUSARO
AD SEPTEM ARAS
XXXVIII
XXVIII
XXIIII
VIII
Água Branca
Alter do Chão
Safra
Barragem do Caia
Mais detalhes aqui.
2015 Agosto
- Miliários: publicação do marco miliário descoberto em Julho de 2015 numa casa do lugar de Vila da Cal em Currelos (Carregal do Sal). A notícia e foto foram retiradas deste site: www.faroldanossaterra.net. Apesar de anepígrafo, este marco vem confirmar a passagem de uma via romana neste local juntando-se aos exemplares de Vale de Touro e Quinta da Sobreira.
2015 Maio
- Itinerários: com base no artigo "Vias Medievais nos Coutos monásticos de São João de Tarouca e Sta. Maria de Salzelas" de Ana Sampaio e Castro (2013) foi acrescentado um itinerário com presumível origem romana que partindo da travessia do rio Douro em Peso da Régua, ascendia por Valdigem, Figueira e Queimadela ao Monte Raso onde se documenta uma "estrada mourisca". De facto, na Carta de Doação de D. Afonso Henriques a Teresa Afonso de 13 de Abril de 1152 (conhecida apenas através da transcrição de Baltazar Reis no seu "Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria de Salzeda" visto que o original desapareceu num incêndio ocorrido em 1841) aquando da definição dos limites do couto, refere que o limite norte seguia "per illa strada mourisca et dividit per Cemada" que deverá corresponder ao estradão que percorre o planalto do Monte Raso e que divide com a actual freguesia de Queimada. Ainda existem 5 dos marcos que delimitavam o couto do mosteiro a norte e pelo menos um deles, o marco na encruzilhada do Padrão, poderá ser um reaproveitamento de um miliário romano (vide Itinerário Peso da Régua - Marialva).
2015 Abril
- Miliários: afinal miliário de Adães que apareceu junto da Igreja da Ns. das Febres em Adães não está desaparecido mas sim depositado na Casa Paroquial de Úl.
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Biblio: LEITE, Joana, BEITES, Alexandre, COELHO, Armando (2013) -
Um marco miliário de Caracalla, em Vila Nova de Gaia, no contexto do noroeste peninsular (Rev, Oppidum nr. 6). Artigo sobre o marco miliário encontrado no ano 2000 no sítio de Tartomil (Praia de Valadares) certamente deslocado do seu local original que tanto poderia ser um ponto do percurso da via principal para Olisipo, o Itinerário XVI que seguia por Santo Ovídeo e Canelas, como a uma hipotética via secundária per loca maritima que partindo de Cale seguia mais próximo da linha de costa rumo ao rio Vouga na base de Talabriga, tocando na sua passagem vários povoados fortificados (ver aqui o Itinerário).
2015 Janeiro
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Após 10 anos de desenvolvimento deste site, os itinerários tendem a solidificar-se num corpo coerente e mais alicerçado em evidências, apesar das muitas dúvidas e incertezas que ainda povoam o estudo da viação romana, na maioria das vezes assente em deduções arriscadas que muito distorcem os verdadeiros contornos que esta infra-estrutura teve na antiguidade e de como ela marcou de forma indelével o futuro da viabilidade deste território periférico da "velha" Europa, criando e moldando um modelo de governação e desenvolvimento centrado na exploração dos recursos endógenos oferecidos pelo território, ainda hoje, tantas vezes esquecidos e desvalorizados. Em complementaridade com uma rede bem distribuída de portos em sentido lato, temos criadas as condições para dotar essa força motriz de uma forte pendente exportadora, afinal o modelo de que hoje tanto se procura. Claro que hoje também comercializamos conhecimento, além dos tradicionais produtos, mas no essencial é esta visão para o território a que estamos condenados, mas que em última análise nos tem viabilizado como país independente; e ainda com uma ou duas coisas para trazer ao mundo, continua a ser escrita a "História do Futuro" preconizada por Vieira. Bom Ano de 2015!
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Site: criação do domínio viasromanas.pt para alojamento do site; ficam assim resolvidos em definitivo os problemas de espaço e acesso dos alojamentos grátis em viasromanas.planetaclix.pt que foi eliminado.
2014 Dezembro
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Miliários: fotos dos "novos" miliários de Loures provenientes do vicus viário de Almoínhas, hoje em exposição no Museu Municipal do Conventinho na mesma cidade; ambos têm vestígios de inscrição, um é do tempo do Imperador Licínio e indica aparentemente a milha X a Lisboa, embora a sua leitura continue em estudo por Amílcar Guerra. Com estes miliários fica comprovada a existência de uma estação viária em Almoínhas, provavelmente no ponto onde a via romana proveniente de Lisboa se dividia, seguindo uma via para noroeste rumo a Conimbriga, passando em Eburobrittium (Óbidos) e Collippo (Leiria), hoje A8, enquanto o outro ramo seguia para nordeste rumo a Scallabis (Santarém) por Vialonga; subsiste a dúvida se esta era a rota principal da Iter. XVI em alternativa ao caminho pela margem direita do Tejo.
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Miliários: foto do miliário de Alenquer encontrado na Quinta do Bravo em Paredes; este miliário comprova a passagem da Iter. XVI junto a Alenquer, provavelmente um aglomerado secundário tipo vicus viário junto do principal eixo entre Olisipo e Bracara.
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Miliários: publicação de foto do miliário dedicado a Carino, actualmente na Capela de Santa Marta em Vila Verde da Raia, Chaves. Este marco assinalava uma das vias que partia de Chave rumo a norte (ver aqui itinerário).
2014 Outubro
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Términos: inclusão do terminus augustalis transcrito por André de Resende que a terá visto «in colle sinistrorsum, iuxta semidirutum oppidum Aureolam», ou seja «numa colina à esquerda, junto do arruinado opido de Aureola» (Resende, 1593, p. 158) que deverá corresponder ao presumível vicus identificado nas proximidades da Igreja de Ns. da Assunção de Bonalbergue, 1 milha a sul de Oriola (Feio, 2010); Trata-se de um marco fronteiriço delimitando os territórios Eborense e Pacense colocada pelo governador provincial P. Damatio e dedicada aos imperadores Diocleciano e Maximiano pelo que andará em torno do ano 300 d.C.; Hübner viria a incluir a versão de Resende no CIL II com o n.º 17 apesar de a considerar forjada pelo erudito renascentista (e por isso esquecida); no entanto alguns autores têm defendido a sua autenticidade (IRCP278; Canto, 2004), justificando a sua inclusão na lista de términos augustais.
- Miliários: nova interpretação de um dos miliários transcritos no séc. XVI por André de Resende que estavam «in agro Stermotiensi, non procul a pago Borbacena», ou seja «na região de Estremoz, não longe de Barbacena», designadamente o miliário de Heliogábalo (IRCP 663) onde leu na última linha «[Eb]ora m. p. XXII», ou seja 22 milhas a Évora; como esta distância nunca poderia ser relativa a Évora dado que esta cidade fica bem mais distante, podemos colocar a hipótese de um outro ponto inicial para contagem das milhas, possivelmente na mansio junto do rio Atrus (hoje rio Xévora) que fica a cerca de 22 milhas de Barbacena; deste modo a contagem das milhas seria feita no sentido Mérida-Évora, aliás tal como se verifica no miliário achado na Herdade de Alcobaça que indica 65 milhas a Mérida; seguindo este raciocínio, este miliário estaria então a 60 milhas de Mérida e a cinco milhas do miliário de Alcobaça, o que corresponde à passagem da via na Atalaia dos Sapateiros, a sul de Vila Fernando; a ser assim, é possível que o rio Atrus servisse de linha divisória entre os territórios Eborense e Emeritense (Resende, 1593:154-155; Almeida MJ, 2000, 2011; Carneiro, 2004, 2008 e 2011).
2014 Setembro
2014 Agosto
- Site: recuperação do antigo site sobre a Geira Romana ou Via Nova que esteve alojado no endereço "geira.cm-terrasdebouro.pt". O site foi criado no âmbito do projecto "A Geira na Serra do Gerês", financiado pelo Programa Interreg III, tendo sido inexplicavelmente desactivado poucos anos depois do seu arranque. Dada a qualidade da informação nele contida, com o contributo entre outros do Prof. Sande Lemos, grande estudioso da Geira, decidi disponibilizar o que ainda resta do site a partir das cópias no "Wayback Machine" no site http://archive.org e publicá-lo novamente online. Apenas não foi possível recuperar algumas fotos por não estarem arquivadas, o texto referente à mansio Aquis Querquennis e as versões em inglês, castelhano e francês. O site está novamente online no seguinte endereço: https://viasromanas.pt/geira.
- Site: tradução e publicação do artigo de Michele Matteazzi "Costruire strade in epoca romana: tecniche e morfologie. Il caso dell´Italia settentrionale"; neste artigo são abordados os diversos métodos construtivos utilizados no norte de Itália, evidenciando uma vez mais a não utilização de pavimento lajeado nos troços da via fora dos centros urbanos; importa fazer um paralelo com o caso nacional, em particular com as planícies do sul do país, onde as vias deveriam seguir um processo construtivo similar, ou seja a deposição de várias camadas de substrato utilizando os materiais disponíveis nas proximidades da via como cascalho, areia, fragmentos de cerâmica e seixos rolados, com a superfície de rodagem formada por uma mistura de cascalho e areia ("glareate" no original) que providenciava uma superfície de rolamento adequada aos carros romanos; a versão em Português e o original italiano podem ser lidas em ceer/ceer.html.
2014 Julho
- Rotas: melhor definição dos percursos a sul do Douro na região de Cinfães e Resende; a via que parte de Porto Antigo para Viseu foi revista, deixando de dirigir-se às Portas de Montemuro o que obrigaria a um percurso muito acidentado, seguindo antes para a Lagoa de D. João, nó viário no alto da serra próximo da aldeia de Panchorra, onde reunia com a via proveniente de Caldas de Aregos por Cárquere, seguindo depois para Viseu por Castro Daire (ver aqui itinerário).
2014 Maio
- Biblio: FREITAS, Bruno B. de (2013) - Aplicação dos SIG na análise da dinâmica viária: estudo da Carta Militar de Portugal nº 250; neste artigo é proposta uma alternativa ao caminho entre Conímbriga e Soure por Ega proposto por Vasco Mantas em 1996, troço integrado na Via Conimbriga-Collippo, fazendo-a passar por Alencarce de Baixo.
- Biblio: HENRIQUES, Francisco; et alii (2013) - A Calçada e a Barca da Telhada (Perais, Vila Velha de Ródão). Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT). Interessante descrição da via romana que fazia a travessia do rio Tejo na Barca da Telhada num projecto de valorização turística através da criação de um percurso pedestre; esta travessia está inserida no Itinerário entre Igaedis e Ammaia.
2014 Abril
- Itinerários: da leitura da dissertação de doutoramento de André Carneiro (ver abaixo), resultaram múltiplos ajustes dos vários itinerários do Alto Alentejo, nomeadamente com um maior detalhe do percurso da Iter. XII entre Evoramonte e Estremoz (com passagem no sítio romano de São Marcos e no vicus da Sra. dos Mártires na parte sul de Estremoz) e uma reorganização dos restantes itinerários para Mérida, na região de Monforte e Campo Maior; no entanto, apesar de existirem novos dados, continua a ser problemática a localização da mansio de Ad Septem Aras com influência directa na definição dos itinerários das viae XIV e XV na sua aproximação à actual fronteira luso-espanhola.
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Biblio: CARNEIRO, André (2011) - Povoamento rural no Alto Alentejo em época romana. Vectores estruturantes durante o Império e Antiguidade Tardia. Diss. de Doutoramento; Univ. de Évora.
2014 Março
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Itinerários: O Itinerário Astorga - Barca Dalva - Almofala foi revisto após uma releitura mais atenta do artigo publicado em 1915 na revista «O Arqueólogo Português» pelo Pe. Francisco Manuel Alves intitulado «Estudos arqueológicos do Major Celestino Beça - A estrada militar romana de Braga a Astorga por Bragança com várias notícias de antiguidades referentes a esta região», onde se descreve os sítios de passagem do «Carril Mourisco» por terras de Miranda do Douro e Torre de Moncorvo, embora muitos destes topónimos sejam hoje de difícil localização no terreno. A via continuava por para Freixo de Espada-à-Cinta rumo a Barca D'Alva, onde fazia a travessia do Rio Douro, e daqui à sede da Civitas Cobelcorum enquanto o outro ramo seguia algures por Torre de Moncorvo até à Foz do Sabor, ligando assim ao Vale da Vilariça, território dos Baniensis, ou descia à Barca do Pocinho, de onde acedia ao Castelo de Calábria por Vila Nova de Foz Côa.
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Miliários: o miliário de Constante encontrado algures em Areal de Baixo até agora integrado na Iter. XVII, seguindo a proposta de Colmenero, passou a integrar a VIA NOVA dado que o local do seu achamento (hoje integrado no centro urbano de Braga) está mais alinhado com percurso desta via rumo à travessia do rio Cávado; assinalaria muito provavelmente a milha I e hoje pertence à colecção epigráfica do Museu Soares dos Reis no Porto, fechada ao público! (Colmenero et alii, 2004).
- Biblio: MANTAS, Vasco Gil (2012) - Os miliários como fontes históricas e arqueológicas. in Humanitas Nº. 64, p. 139-170
2014 Fevereiro
- Rotas: alteração do itinerário da Iter. XVI, no troço entre o Castro de Úl e Pinheiro da Bemposta, indicando os dois traçados possíveis até ao cruzeiro de Pinheiro da Bemposta; Mantas faz coincidir a via romana com a estrada real, passando por Besteiros, Caniços e Bemposta, evitando assim vários cursos de água, enquanto Seabra Lopes propõe uma rota por Relva, Figueiredo de Cima e de Baixo, visto que aqui existiu um «paço de pernoita da família real» até ao séc. XII.
- Biblio: José d'Encarnação acaba de publicar no 'Ficheiro Epigráfico' uma interpretação do miliário dedicado a Teodósio, actualmente na Capela da Ns. da Ribeira em Coja (Arganil); é retomada a questão da viação romana secundária na região sem acrescentar novos dados; ENCARNAÇÃO, José d'; LOPES M. Conceição (2014) - Marco de Teodósio em Coja (Arganil) (Conventus Scallabitanus). Coimbra: Ficheiro Epigráfico,115 (492).
2013 Dezembro
- Biblio: Sousa, Luís (2013) - "Rede Viária Romana em Lousada - A ponte de Barrimau em Aveleda e vias confluentes"; neste artigo, Luís Sousa recolhe diversas provas que atestam a origem romana da Ponte de Barrimau, nomeadamente duas fotografias tiradas aquando da sua "remodelação" (barra destruição) que mostram o aparelho romano ainda visível no intradorso do pilar direito da Ponte de Barrimau; resolvida a dúvida quanto à sua origem é certo que por aqui passavam vias romanas secundárias conforme refere o autor, mas ainda não foi possível inseri-las nos itinerários do site por obriga a uma grande revisão das vias na região.
2013 Outubro
- Povoados: em 1982, durante umas obras realizadas no adro da Igreja Matriz de Pombal (Carrazeda de Ansiães), apareceu uma ara dedicada a Júpiter pelos habitantes de um vicus até então desconhecido; em 1988, no «Roman Portugal» de Jorge de Alarcão (Alarcão, 1988a, II, p. 44), surge pela primeira vez a referência a esta epígrafe com a leitura vicani Labr(...); posteriormente a leitura foi corrigida por José Manuel Garcia para Iovi / O(ptimo) M(aximo) / vicani / Cabr(...) (Garcia, 1991, p. 402-3) com base nesta foto, onde se vê nitidamente a curvatura do «C» inicial, propondo ainda a leitura Cabr(icenses?); no entanto, este investigador deu-a erradamente como proveniente da capela de Fornelo (Soutelo, Vieira do Minho), levando Jorge de Alarcão a considera-la como inédita e a relaciona-la com a vizinha Serra da Cabreira, propondo ainda como nomes possíveis Cabrariume ou Cabrianum (Alarcão, 2004b, p. 205). Este erro foi entretanto propagado em muitos escritos (como neste site) e só em 2007, Amílcar Guerra clarifica a situação (Guerra, 2007, p. 125-9), propondo ainda a leitura de Vicani Cabr(uagenici?) com base na famosa inscrição conhecida como «Pacto dos Zoelae» (CIL II, 2651). Desfeito o equívoco, há que procurar este vicus na zona de Pombal, e se Sande Lemos propôs o lugar da Costa em Mós, onde há vestígios significativos, Amílcar Guerra por outro lado, propõe o sítio de Curral dos Moiros em Paradela, na mesma freguesia, com vestígios que se estendem por 6 ha. Permanece a dúvida.
2013 Setembro
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Rotas: eliminação da rota entre Valença e Melgaço; este itinerário era apresentado como uma derivação da Iter. XIX em Valença, seguindo ao longo da margem esquerda do rio Minho até Monção e daqui a Melgaço. Uma antiga referência a um miliário que terá aparecido entre Ganfei e Verdoejo, do qual se perdeu o rasto, foi associado a esta rota, no entanto é mais provável que este miliário, caso tenha existido, tenha sido deslocado da Itinerário XIX que não passa muito longe. Alguns autores propuseram que este miliário foi reutilizado no fuste do pelourinho de Telheira, junto da capela de Ns. dos Passos (EN101), mas o excessivo diâmetro deste, torna inviável esta associação. Deste modo este itinerário perdeu consistência e foi retirado do site pelo, passando os troços da antiga rota para variantes do eixo norte-sul que ligava Itinerário Braga - Monção, nomeadamente este hipotético troço para Valença e a ligação a Melgaço. Por outro lado é muito provável que existisse uma rota fluvial pelo Minho acima, pois Estrabão afirma no seu Geographia que este rio era navegável até 800 estádios, ou seja cerca de 147 km, bem acima de Orense!
2013 Agosto
- Rotas: revisão das vias em torno de Faro com base neste post de Luís Fraga da Silva e no artigo de João Pedro Bernardes, «A Cidade de Ossónoba e o Seu Território»; melhor definição da via litoral de Balsa a Ossonoba e desta ao porto marítimo em Cerro da Vila (Vilamoura); esta última servia as villae e complexos industriais situadas ao longo da costa, como em Quinta do Lago e Loulé Velho, explorando os recursos marinhos e agrícolas que ambos os sítios proporcionam; os vestígios são significativos, mas em risco de desaparecer; a via passava a norte pela Fonte Santa, outrora fonte medicinal e hoje num estado lastimável.
- Biblio: BERNARDES, João Pedro (2011) - A Cidade de Ossónoba e o Seu Território. Anais do Município de Faro.
2013 Maio
- Biblio: MARQUES, António C. do Nascimento (2011) - A Ocupação Romana na Bacia de Celorico. Dissertação de Mestrado FLUC
Este trabalho publica fotos de dois possíveis miliários, um na Igreja de Muxagata (Celorico da Beira) e o outro no planalto da Serra de Soida em Vale de Estrada (Prados, Celorico da Beira) que foram incluídos nos Itinerário em torno de Celorico da Beira.
- Biblio: PONTE, Teresa R. N. da (2012) - Em Torno às Ocupações Antigas de Garvão. Tese de Mestrado que faz uma revisão do estudo dos vestígios romanos no Garvão, reforçando a sua importância viária na época romana como estação relacionada com a travessia da Serra do Caldeirão e retoma a discussão sobre a localização neste local da mansio de Arannis referida no Itinerário de Antonino entre Ossonoba e Salacia.
- Miliários: foto do miliário do Monte da Chilra, Serpa (freguesia de São Salvador) retirada do artigo de José d'Encarnação «Arqueologia do Concelho de Serpa - Epigrafia».
- Biblio: LEMOS, F. Sande, MARTINS, C. Braz (2011) - Explorações auríferas no Alto Douro Português (entre a foz do rio Tua e Barca de Alva); contém uma breve descrição das vias que cruzavam o Douro no sentido norte-Sul; com base neste texto com criado um novo itinerário que liga Chaves à travessia do rio Douro junto de Tiria/Liria, vicus mineiro na Quinta da Sra. da Ribeira, passando por Tresminas/Serra da Padrela, Alto do Pópulo, Castelo do Carlão e pelo planalto de Carrazeda de Ansiães; daqui resulta uma integração numa rota de grande distância de vários troços anteriormente dispersos, como a calçada do aeródromo de Chã em Alijó que antes estava integrada numa derivação no Alto do Pópulo da Via Vila Real - Mirandela. Da mesma forma, a via proveniente de Marialva que ia cruzar o rio Douro na Barca Velha do Pocinho e seguia pelo Vale da Vilariça, passa a ter continuação para norte até Torre de Dona Chama, ligando assim à Iter. XVII.
- Biblio: LEMOS, F. Sande, MARTINS, C. Braz (2010) - Povoamento e rede viária no território de influência de Aquae Flaviae.
2013 Abril
- Miliários: correcção da localização de um miliário convertido em peso de lagar na aldeia de Nozelos em Macedo de Cavaleiros e não na aldeia homónima pertencente ao concelho de Valpaços como se indicava anteriormente; deste modo o miliário teria sido deslocado da Iter. XVII no troço entre Torre de D. Chama e Lamalonga.
- Miliários: fotos dos miliários em exposição no Museu Arqueológico José Monteiro no Fundão: miliário dedicado a Maximiano que apareceu junto do vicus da Torre dos Namorados (Quintas da Torre, Vale de Prazeres) e o miliário dedicado a Licínio achado em Vale do Canto (Salgueiro); o museu tem um acervo deveras interessante, em particular uma excelente colecção de epigrafia romana da região na sua maioria recolhido pelo Dr. José Monteiro.
2013 Março
- Biblio: Miliário de Cabida (Monte das Flores), Évora, Ficheiro Epigráfico 469. Este miliário identificado por Francisco Bilou pertencia à Via Salacia-Ebora na sua variante por Tourega; a leitura da inscrição suscita dúvidas, mas seria provavelmente dos finais do século III e deveria assinalar a milha VI a Évora; hoje está no Convento dos Remédios em Évora.
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Rotas: a saída de Conímbriga rumo a Tomar, troço inserido no Itinerário Braga-Lisboa, deixa de contemplar uma variante passando por Poço e Fonte Coberta porque esta rota obrigaria a dupla travessia do rio de Mouros o que é improvável. Por outro lado, um erro de localização da Ponte da Sancha sobre o Rio de Mouros (só vestígios) levou a inseri-la nesta rota quando na realidade esta ponte serviria a saída de Conímbriga rumo a Collippo (Leiria).
2013 Fevereiro
2013 Janeiro
- Biblio: FONTES, Luís; RORIZ, Ana (2012) - Inventário de Sítios e Achados Arqueológicos do Concelho de Vieira do Minho. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 22, 2012.
- Biblio: FONTES, Luís; ANDRADE, Francisco (2012) - O traçado da via romana Bracara-Asturica, por Aquae Flaviae, no concelho de Boticas. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 24, 2012.
- Biblio: FONTES, Luís; RORIZ, Ana (2012) - O traçado da via romana Bracara-Asturica, por Aquae Flaviae, no concelho de Vieira do Minho. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 21, 2012.
- Miliários: novas fotos dos miliários de Vila Nova de Famalicão: o miliário da Quinta do Vinhal (visível da estrada, junto da estação ferroviária) e do miliário da Quinta da Devesa, espaço hoje convertido em parque da cidade e o miliário está no exterior cravado num penedo com cimento (!); estes miliários teriam sido ambos deslocados da Via Braga-Lisboa que passava a meia-encosta por Santiago de Antas. Deste local, foi ainda incluída uma foto do possível fragmento de um miliário que integra o muro oeste do Seminário Camboniano; Colmenero sugere que este miliário possa ser o miliário a Caracala identificado por Argote, CIL II 4741, servindo de base de um cruzeiro que ali existia e hoje dado como desaparecido.
2012 Dezembro
2012 Novembro
- Rotas: a saída de Guimarães rumo a Vizela foi alterada na tentativa de traçar um caminho alternativo à EN106, interligando os vários vestígios romanos ao longo desta rota. Passaria talvez na Bouça da Quinta, na base do povoado do Monte da Polvoreira/Monte de Lijó, seguindo depois por Infias, onde há o topónimo Quinta da Carreira, seguindo depois a meia encosta pelas ruas do Carvalhal, das Veigas, do Bacelo e da Vinha atendendo à inscrição votiva ao Genius Laquiniensis que apareceu na Rua do Aidro junto do lugar Sub Carreira, topónimo viário que denuncia a passagem da via na base da Igreja de São Miguel, seguindo junto do cemitério até desembocar na zona urbana de Vizela.
2012 Outubro
- Estações: a chamada «Teoría de los Empalmes» foi inicialmente formulada por Gonzalo Arias a partir das diferenças gramaticais nas designações das estações viárias do Itinerário de Antonino (primeiro em 1963 na revista «El Miliário Extravagante» n. 2 e reproduzido em 1987 em «Repertorio de caminos de la Hispania romana», p. 85-103), postulando que as estações do Itinerário que aparecem no acusativo (em vez do ablativo) estarem situadas não dentro do oppidum mas na sua periferia, junto da via. Assim, as milhas indicadas no I.A., não indicavam a distância ao povoado, mas ao ponto de onde partia o diverticulum para esse povoado. A teoria seria aplicável no caso nacional aos casos de Scallabis e Calem, indiciando portanto que estas estações viárias estariam um pouco afastadas do respectivo oppidum, o que não parece ser o caso dado que as vias quando muito passariam na sua base como verificado em muitas outras estações do Itinerário.
2012 Setembro
2012 Agosto
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Rotas: a rota mais curta entre a cidade dos Tapori, no aro de Castelo Branco, e a capital da Civitas Igaeditanorum em Idanha-a-Velha, obriga à travessia do rio Pônsul que é habitualmente colocada no mesmo sítio da actual EN240, ou seja, na Ponte da Munheca, mas a identificação mais a jusante do sítio romano da Granja dos Belgaios, sustenta uma possível travessia do rio neste ponto na época romana, provavelmente fazendo também de fronteira entre o território dos Tapori e dos Igaeditani (Encarnação et alii, 2011; Alarcão, 2001) (ver aqui o itinerário).
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Biblio: Encarnação, José d'; Chambino, Mário; Henriques, Francisco (2011) - Duas novas epígrafes do concelho de Idanha-a-Nova.
2012 Julho
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Biblio: publicação das Atas da mesa redonda "De Olisipo a Ierabriga" (Revista Online Cira Arqueologia, nº 1); as apresentações e a mesa redonda fizeram um ponto de situação do estudo da rede viária romana entre Lisboa e Santarém.
- Rotas: a recente descoberta de uma necrópole junto do rio Seco (Faro) vem reforçar a passagem da via neste local, provavelmente debaixo da actual EN125.
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Rotas: a propósito do estudo do altar votivo a Banda Brialeacus, José d'Encarnação e Vasco Rodrigues fazem uma síntese do povoamento romano na cidade da Guarda, mais propriamente a villa ou vicus em torno da actual capela da Sra. do Mileu e no castro adjacente dos Castelos Velhos também intensamente romanizado, mas infelizmente já 'engolido' pela cidade. Seria aqui o oppidum dos Lancienses Transcudani referidos na famosa inscrição da Ponte de Alcântara? E havendo em Orjais o mesmo culto a Brialeacus não seria aqui a oppidum dos Lancienses Ocelenses? É certo que a alternativa em Sabugal tem a favor a inscrição encontrada no vicus da Quinta de São Domingos em Pousafoles do Bispo, onde se lê «Vicani · / Ocel[o]n[e]/nses», mas a distância entre o Sabugal e o Santuário do Cabeço das Fráguas não é muito diferente deste a Orjais pelo que a dúvida subsiste. Seja como for, a relevância dos vestígios romanos no planalto da Guarda num local estratégico que funcionava como nó rodoviário articulando as vias provenientes da Civitas Aravorum (Marialva) e da Civitas Cobelcorum (Torre de Almofala) com os grandes eixos viários a sul, podendo seguir até «Centum Cellas» (Belmonte), provável mansio da Via Braga-Mérida, mas também rumo à região do Sabugal de encontro à via proveniente do rio Tejo em direcção a Salamanca; ver no Itinerário Civitas Cobelcorum - Mileu e Vias a sul a Mileu.
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Biblio: ENCARNAÇÃO, José d', RODRIGUES, A. V. (2009) - Altar votivo a Banda Brialeacus, do Castro dos Castelos Velhos (Guarda).
2012 Junho
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Rotas: revisão das vias a norte de Castelo de Vide com base no artigo de Mário Monteiro sobre a villa romana dos Mosteiros em Castelo de Vide. Segundo este autor, além da já conhecida via norte-sul que ligaria Igaedis a Ammaia atravessando o Tejo próximo de Vila Velha de Rodão e seguindo por Mosteiros, Alpalhão e Castelo de Vide, existiria uma outra via no sentido oeste-este que ligaria a travessia do Tejo na Barca da Amieira (com origem em Conimbriga) e que seguia por Valencia de Alcántara até Norba Caesarina, hoje Cáceres (ver o Itinerário Igaedis- Ammaia e o Itinerário Conimbriga-Ammaia).
- Biblio: MONTEIRO, Mário (2011) - "A Villa romana dos Mosteiros (Castelo de Vide)". Vila Velha de Rodão: Rev. Online Açafa nº 4.
2012 Maio
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Rotas: a provável mutatio de Vila Nova de Poiares servindo a Via Coimbra-Bobadela que ia pela Ponte da Mucela, estaria no cruzamento com uma outra via que seguia para a Barca de Penacova, onde atravessava o Mondego, continuando depois pelo Carrale que é referido num documento do ano 998 (DC doc. 179). No outro sentido, esta via poderia seguir para Serpins onde atravessava o Rio Ceira e dava acesso à região mineira da Serra da Lousã. A povoação de Serpins aparece referida como uilla serpinis num documento do ano 961 (PMH, DC, nº 83) que poderá corresponder aos vestígios do povoado romano do Cabeço da Igreja nessa localidade.
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Rotas: Os vestígios da calçada da via Cale - Aeminium em Branca não estariam na Barroca, mas ao longo da rua que liga Coches a Lajinhas que assentará assim sobre a via romana (Sousa, 1960). Aqui deveria existir uma mutatio a 12 milhas de Talabrica, no entanto o vicus romano ficaria 1 milha a poente, na actual aldeia de Cristelo, onde há vestígios romanos (Alarcão, 2004a).
- Biblio: SOUSA, Arlindo de (1960) - "Toponímia arqueológica de Entre-Douro e Vouga (Distrito de Aveiro)".
- Biblio: OLIVEIRA, Padre Miguel de (1943) - "De Talábriga a Lancóbriga pela Via Militar Romana".
- Miliários: foto do Miliário de Adães (Oliveira de Azeméis) que deveria pertencer à Via Braga-Lisboa que passava ali em próximo junto do Castro de Úl. Desconheço o paradeiro deste marco e a foto foi retirada de um
artigo de Fernando de Almeida publicado em 1956 na Revista «O Arqueólogo Português» intitulado "Marcos miliários da via romana Aeminium-Cale".
- Pontes: foto da Ponte de Guifões (Matosinhos) sobre o rio Leça proveniente daqui; esta ponte de cariz medieval ruiu em 1979 durante uma cheia poderia ter origem romana atendendo a que fica situada junto do
Castro romanizado de Guifões na base do Monte Castelo, provável porto romano (ânforas) no estuário do rio Leça (ver itinerários nas vias que partiam do Porto).
- Pontes: foto da Ponte da Calçada em Troporiz (Monção). Esta ponte tem pedras almofadadas no seu arco embora haja dúvidas quanto à sua cronologia; uma Ponte Medieval um pouco a montante adensa ainda mais a dúvida sobre o verdadeiro ponto de travessia na era romana (ver aqui Itinerário Braga-Monção).
- Rotas: revisão do Itinerário Braga-Monção; a via não terminava em Monção, mas um pouco a jusante em Cortes, provável localização do antigo povoado de Monção, atendendo à grande necrópole aí existente. Aqui podia atravessar o rio Minho no sítio do Vau ou da Barca e seguir para Espanha. (Brochado de Almeida, 2005; Marques, 1984).
- Rotas: revisão do Itinerário Barcelos-Ponte de Lima pelo Vale da Facha com base em Cláudio Brochado e Brochado de Almeida. Maior detalhe do percurso com a divisão da aproximação ao rio Lima em dois ramos distintos que bifurcavam no sítio da Maria Velha, local propício à instalação de uma mutatio como sugerem os vestígios ali encontrados de um casal romano. A via principal deveria seguir para a Ponte Romana do Lima, passando por Facha e Correlhã, enquanto o outro ramo seguia junto do Castro de St. Estevão na Sra. Rocha em direcção à Corredoura e Vitorino das Donas, onde poderia atravessar o Lima (Almeida, 1990, 1996, 2003; Brochado, 2004). Vários sítios romanos bordejam a via, mas o destaque vai para a Villa do Prazil que fica a cerca de 1500 m da Mutatio em Maria Velha, sugerindo que aí era vencida a milha seguinte, a 5 milhas de Ponte de Lima.
- Biblio: BROCHADO, Cláudio (2004) - Povoamento Tardo-Romano e Altimedieval na Bacia Terminal do Rio Lima (Séculos IV-XI).
- Site: reestruturação do site removendo a área de «Troços Dispersos»; estes troços dispersos foram progressivamente integrados em itinerários de grande distância pelo que deixou de fazer sentido esta divisão; pouco a pouco o puzzle vai sendo resolvido, facilitando a interpretação do site.
2012 Abril
- Miliários: fotos dos miliários anepígrafos do sítio do Vale do Touro integrados num muro rural de Vila Meã (Oliveira do Conde) (Pinto, 2001). Poderiam assinalar a via entre Carregal do Sal e Bobadela, cruzando o Mondego na Quinta da Barca, onde há vestígios de ponte (ver Itinerário).
- Miliários: foto do miliário dedicado a Adriano de São Paio de Merelim que foi descoberto por Rosa de Araújo em 1981 num muro junto ao lavadouro da EN201 e hoje pertence à colecção do Museu Pio XII em Braga, mas infelizmente não exposto ao público (a foto foi gentilmente cedida pelo museu). Este marco pertencia sem dúvida à Iter. XIX de Braga a Astorga que vinda de Braga seguia para a Ponte do Prado, mas não é certo que a via passasse mesmo junto ao tanque da EN201 pois o miliário foi reutilizado e por isso poderá ter sido deslocado de algum lugar próximo. Seja como for, estando a cerca de uma milha da Ponte do Prado (sem dúvida a milha IV desde Braga) é muito provável que este miliário marcasse a milha III. (Araújo, 1982, Colmenero, 2004).
2012 Março
- Miliários: inclusão de uma foto do miliário a Constâncio Cloro encontrado em 2005 numa casa particular da Rua de São Brás em Alter do Chão (ver interpretação em Ficheiro Epigráfico nº 374). Este miliário vem reconfirmar a passagem da Iter. XIV em Alter do Chão e reforçar a localização da mansio Abelterio nesta povoação, possivelmente na villa romana de Ferragial d'El Rei.
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Inscrições rupestres: inclusão em «Outros marcos territoriais» de uma inscrição rupestre feita num rochedo no sítio conhecido por Volta, junto do lugar de Pindelo, freguesia de Nespereira, concelho de Cinfães; a interpretação do texto suscita ainda muitas dúvidas, mas a referência ao povo PAESURI e ao povo SEARAS neste local levanta a hipótese de que aqui seria a divisão territorial entre estes povos, ficando os Paesuri a norte com possível capital em Cárquere e os Searas a sul, confrontando com o território da civitas de Vissaium (Viseu); notar que o povo Searas aparece em duas outras inscrições rupestres, a inscrição do Cabeço Letreiro em Tondela e a inscrição de Carvalhal de Vermilhas em Vouzela; ver estudo epigráfico de José d'Encarnação e Luís Pinho em Ficheiro Epigráfico nº 299.
2012 Fevereiro
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Biblio: SILVA, Joaquim Candeias da (2006) - Mais um miliário de Constantino Magno na área limítrofe de Abrantes. Coimbra: 'Ficheiro Epigráfico' nº 63. Este miliário foi encontrado no lugar do Crucifixo, freguesia do Tramagal e vem confirmar a passagem da via na Rua da Tapada da Moura, cruzando aqui com um caminho de terra proveniente da Herdade do Carvalhal, onde se localiza a estação romana de Alcolobre.
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Biblio: SOUSA, Luís (2012) - Eixo viário romano Oculis - Tongobriga: sua presença no concelho de Lousada. Rev. Municipal de Lousada, Suplemento de Arqueologia, 13 nº 94.
Graças ao trabalho de Luís Sousa, arqueólogo da CM de Lousada, começa a fazer-se luz sobre o povoamento romano deste concelho e em particular sobre a sua rede viária. Neste caso o autor debruça-se sobre uma das possíveis variantes do Itinerário Braga-Mérida que ligava Caldas de Vizela (Oculis) a Meinedo (Magnetum) com provável continuação quer para Freixo (Tongobriga) quer para o Monte Mozinho, ambas ligando depois ao rio Douro.
Da sua leitura resultaram ajustes neste itinerário, descrito como Via Guimarães-Meinedo e a ligação a Tongobriga passa a estar na continuação desta, portanto no sentido norte-sul (antes estava em «Vias em torno de Tongobriga»).
- Biblio: FONTES, Luís; RORIZ, Ana (2004) - O traçado da via romana Bracara-Asturica, por Aquae Flaviae, no concelho de Vieira do Minho. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 21, 2012; o relatório resulta do projecto «VIAS AUGVSTAS» e descreve o Itinerário da Iter. XVII no troço entre Cruz de Real e Ponte do Arco, propondo como itinerário principal da via a variante norte que acompanha a EN103, relegando assim a variante por Vieira do Minho para funções secundárias; esta opção é justificada pelo número de vestígios romanos num e noutro caso que sendo um racional correcto não permite desde já uma conclusão definitiva pois poderá dever-se a um menor estudo da zona atravessada pela variante sul como prova a recente descoberta de um edifício romano e provável vicus no Campo da Igreja Velha em Cantelães; esta localização junto à via e próximo do Castro romanizado de Vieira levanta a hipótese de se tratar da própria mansio Salacia referida no Itinerário de Antonino pois este ponto fica a 20 milhas de Braga conforme é indicado no itinerário. Assim, a discussão sobre este troço da via continua. Foram feitas pequenas correcções nos dois itinerários possíveis deste troço da Iter. XVII entre Braga e Venda Nova.
- Biblio: FONTES, Luís; ANDRADE, Francisco (2005) - O traçado da via romana Bracara-Asturica, por Aquae Flaviae, no concelho de Boticas. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 24, 2012;
Da sua leitura resultaram uns pequenos ajustes do Itinerário da Iter. XVII no troço entre Arcos e Chaves reafirmando as duas variantes a partir do Alto da Serra do Pindo, uma seguindo por Ardões e Seara Velha e a outra seguindo mais a sul por Sapelos. No entanto estes traçados não podem ser dados como definitivos devido ao desconhecimento localização original dos marcos em ambas as variantes, o miliário a Trajano da Serra da Pastoria que indica 5 milhas a Chaves e o miliário a Augusto de Sapelos (chamado de «Pedra de Caixão»).
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Rotas: o interessante blog «Por terras do rei Wamba» de Joaquim Baptista publicou fotos de um possível miliário junto da Ermida da Sra. da Granja (próximo da Aldeia de Santa Margarida, mas já na freguesia de Proença-a-Velha), sítio romano de onde são provenientes várias inscrições votivas, nomeadamente uma ara dedicada a Júpiter e um fragmento de outra onde apenas se lê o nome do dedicante, um tal «Materno, filho de Tôngio» pelo que aqui poderia existir um templo romano; a sua classificação como miliário ainda não é segura, mas essa é uma possibilidade credível atendendo às suas dimensões e à presença de vestígios romanos nas proximidades. Mas nesse caso a que via pertenceria? Uma hipótese é ter sido deslocado da Via Braga-Mérida que passava um pouco mais a norte por Quintas da Torre, Pedrogão, Bemposta e Medelim, mas atendendo à importância do sítio da Sra. da Granja, é possível que integrasse uma via secundária como origem da Bobadela e que percorria o actual concelho do Fundão em direcção a Igaedis.
2012 Janeiro
- Itinerários: O miliário de Cidadelhe (Mesão Frio), apesar de desaparecido, permanece no epicentro da discussão sobre a rede viária romana em torno do rio Douro. A provável via romana que partia de Aquae Flaviae (Chaves) em direcção ao rio Douro poderia ter dois ramos, um dirigindo-se por Panóias rumo à travessia do rio Douro em Covelinhas enquanto o outro ramo seguia por alturas da Serra do Alvão rumo a Peso da Régua. Uma outra travessia do rio Douro estaria a oeste na «Barca de Moledo», próximo das Caldas de Moledo, onde há vestígios romanos e que deverá corresponder ao «portu de aliovirio» citado num documento do ano 922 (in PMH, DC 25) (Lima, 2008).
- Biblio: LIMA, António M. C. (2008) - Povoamento e Organização do Território do Baixo Douro na Época da Monarquia Asturiana. Porto: Portvgalia, Nova Série, Vol. 31-32, FLUP, 2010-2011, p. 83-114. Segundo Lima, o principal nó rodoviário para a travessia da Serra do Montemuro localizava-se na Lagoa de São João, em Cotelo. A via proveniente de Viseu deveria bifurcar neste local, seguindo um ramo pela vertente ocidental da serra em direcção à travessia do rio Douro em Porto Manso e o outro ramo seguia pela vertente oriental em direcção à travessia do rio Douro em Caldas de Aregos (ver aqui itinerário).
- Biblio: ALMEIDA, M. J. et alii (2011) - De Augusta Emerita a Olisipo: proposta de traçado para o primeiro troço da Iter. XII do Itinerário de Antonino; in Arqueologia do norte alentejano: comunicações das 3as Jornadas, Lisboa: Colibri; Câmara Municipal de Fronteira, p. 193-201.
- Biblio: CARVALHO, Pedro C., (2009) - Há 2000 Anos em Celorico da Beira, Entre as Encostas da Estrela e o Vale do Mondego ao Tempo dos Romanos. CM de Celorico da Beira/FLUC p. 33-49. Revisão da rede viária em torno de Celorico da Beira com base em novos dados e achados (Carvalho, 2009), dando continuidade à Via Viseu-Mangualde-Celorico da Beira pela vertente norte da Serra da Estrela. No entanto os traçados continuam inseguros.
2011 Dezembro
- Cidades: Vissaium; finalmente existe uma proposta fundamentada para o nome romano do oppidum que existia na actual cidade de Viseu com a descoberta em 2009 de uma ara votiva junto da Sé de Viseu. A inscrição é dedicada a um deus local designado por Vissaieigo. José d'Encarnação propôs que o nome da cidade poderia ser Vissaium que teria evoluído no século VI para nome Viseo conforme aparece no Paroquial Suevo que era até então a mais antiga referência conhecida da cidade (Fernandes et alii, 2009; Encarnação, 2010).
- Biblio: FERNANDES, Luís da Silva, CARVALHO, P. São e FIGUEIRA, N. (2009) - Uma nova ara votiva de Viseu (Beira Alta, Portugal). Sylloge epigraphica Barcinonensis, 6, p. 185-189.
- Miliários: inclusão de uma foto do miliário dedicado talvez a Tibério que hoje está no interior da capela de St. Antão em Famalicão da Serra (Guarda). Junto da capela passava a via romana que descia a vertente nascente da Serra da Estrela em direcção a Belmonte, troço integrado o grande itinerário de Braga a Mérida.
- Inscrições rupestres: inclusão das inscrições rupestres em Fornelos do Monte e Carvalhal de Vermilhas (Vouzela) em Outros Marcos Territoriais.
- Rotas: revisão do Itinerário Coimbra-Leiria incluindo definitivamente o miliário de Soure neste percurso em vez de uma hipotética via que vinha do Mondego para Soure pois não há vestígios que sustentem esta hipótese que assim desaparece.
- Rotas: revisão do Itinerário Coimbra-Viseu com uma definição mais detalhada do percurso e transferindo a travessia da Serra do Buçaco da Portela da Oliveira para a Portela de St. António do Cântaro de modo a fazer passar a via por Galhano por onde seguia a Estrada Real para Viseu.
Novembro de 2011
- Rotas: revisão dos itinerários entre os rios Cávado e Lima, estruturando melhor a rota Famalicão-Barcelos com passagem por St. Eulália do Rio Covo,
a rota Barcelos-Ponte de Lima passando na Ponte das Tábuas sobre o rio Neiva e seguindo depois pelo Vale da Facha até Ponte de Lima, a alternativa Areias de Vilar-Ponte de Lima que atravessa o rio Neiva na Ponte do Anhel; todos estes itinerários estão agrupados no Itinerário Braga-Astorga per loca maritima para facilitar a leitura, embora nenhum deles deva pertencer a esta via pois esta deveria seguir para a Galiza por via fluvial e marítima.
- Miliários: inclusão de uma foto do miliário de Paços da Serra dedicado ao imperador Maximiano que hoje está na Casa Grande, unidade de turismo rural. Este miliário integrava com a toda a probabilidade a via romana que percorria a vertente ocidental da Serra da Estrela, ligando Marialva a Bobadela por Celorico da Beira. A foto agora publicada foi gentilmente cedida por
Luís Aguiar.
- PMH: inclusão das referências a vias antigas no Portugaliae Monumenta Historica, compilação de documentos medievais publicados entre 1856 e 1888, listando as referências e a sua via a que estariam associadas.
- Ferramentas: Georreferenciação dos vestígios viários romanos; actualização do ficheiro com povoados romanos em relação directa com as vias que passavam próximo.
- Lares Viales: inclusão da ara votiva aos Lares Viales na igreja paroquial de Castelo do Neiva (Viana do Castelo) certamente relacionada com a via romana que seguia pelo litoral entre Porto e Caminha, a chamada per loca maritima que atravessava o rio Neiva junto do Castro de Moldes ou Castelo do Neiva. (vide Almeida CAB, 1986, 78-79)
- Itinerários: revisão das vias em torno de Alenquer com base em Costa, 2010, com a redefinição da via entre Torres-Vedras-Alenquer-Escaroupim (rio Tejo) e da «Variante de Óbidos a Lisboa pelo litoral» que passa a estar dividida em dois troços, de Óbidos a Torres Vedras pelo litoral e de Torres Vedras a Lisboa por São Miguel de Odrinhas.
- Biblio: COSTA, Miguel Cipriano E. (2010) - "Redes viárias de Alenquer e suas dinâmicas. Um estudo de arqueogeografia". Coimbra: Diss. de Mestrado FLUC.
2011 Outubro
- Itinerários: revisão das vias em torno de Marialva, reforçando a continuação da via W-E que passava na importante villa de Vale de Mouro (Coriscada) com possíveis ligações a Torre de Almofala (a Civitas Cobelcorum), e a Póvoa do Mileu (provável capital dos Lancienses Transcudani).
- Povoados: a correspondência de Longroiva (Mêda) a Langobriga é baseada numa inscrição que hoje está na Capela da Ns. do Torrão onde se lê LANGOBRICV; trata-se de um altar colocado por Quintus Iulius, soldado da Legião Equestre VII Gémina aos Bandi Longobricu (FE 44).
- Biblio: COIXÃO, António Sá; CRUZ, Ana B.; SIMÃO, Paulo Vaz (2009) - "Carta Arqueológica do Concelho de Mêda". Mêda: CM de Mêda.
- Itinerários: revisão das vias em torno de Óbidos com base em MOREIRA, José Beleza (2002) - "A cidade romana de Eburobrittium: Óbidos". Porto: Ed. Mimesis Multimédia.
-
Itinerários: revisão das vias em torno de Leiria com base em: BERNARDES, João Pedro (2007) - A ocupação romana na Região de Leiria - João Pedro Bernardes. Faro: Univ. do Algarve.
- Pontes: foto da inscrição a Tito no muro de uma casa em Póvoa de Midões referindo possivelmente a construção de uma ponte sobre o rio Mondego: Imp(eratore) Tito · VIII · co(n)s(ule) / pontem · aedificavit / Severus · Vituli · f(ilius)
- Miliários: foto do miliário da Quinta Pomar em Casal, (Silvã de Cima, Sátão). Este miliário deveria pertencer ao Itinerário Viseu-Aguiar da Beira
- Miliários: marcos no Museu da Guarda:
Miliário a Tácito e Miliário a Constantino, ambos provenientes do lugar de Barrelas em Famalicão da Serra.
2011 Setembro
- Itinerários: correcção do Itinerário Évora-Moura por gentil contributo de Jorge Feio, alertando que a descida ao Guadiana não se fazia por Alqueva, mas por Vera Cruz, onde existem importantes vestígios romanos e depois seguia por Marmelar para a travessia do rio Guadiana no Cais do Fragal/Moinho da Barca, a jusante da foz do rio Ardila, seguindo depois pelo Monte do Ameixial até Moura. Deste modo foi retirada a anterior proposta de travessia no Porto de Évora.
- Itinerários: revisão das prováveis travessias do rio Tejo a jusante de Santarém por amável contributo de Vasco Loubet, reforçando a ideia de que existiria uma travessia no Porto do Sabugueiro/Porto de Muge e que este porto romano estaria no limite navegável da via fluvial que subia o Tejo, obrigando a partir daqui a seguir uma rota terrestre.
- Miliários: inclusão de fotos e descrição dos miliários achados dentro da cidade ou nas suas proximidades de Conímbriga que hoje estão no Museu Monográfico:
dois a Constâncio Cloro, um a Tácito e outro a Galério Maximiano.
- Itinerários: revisão dos itinerários na região de Fundão, Penamacor e Sabugal, colocando a rota da Via Alvega-Salamanca a passar por Valverde (Fundão) e Capinha, onde cruzava com a Via Braga-Mérida, seguindo depois ao longo da ribeira de Meimoa para Sabugal, atendendo a que o miliário a Licínio foi encontrado segundo Fernando Curado no sítio de Coito de Cima que fica junto da ribeira (Curado, 1982). No caso da Via Braga-Mérida foi anulada a variante por Meimoa pela dificuldade em definir um percurso viável entre Caria e Meimoa. A parte desta variante entre Meimoa e Idanha-a-Velha foi integrada na hipotética via entre a capital da Civitas Cobelcorum em Almofala e Igaedis em Idanha-a-Velha no sentido N-S.
- Miliários: Miliário dedicado a Probo que apareceu na alcáçova de Santarém.
- Miliários: Miliário da Quinta da Agra em Correlhã (Ponte de Lima) da Iter. XIX, hoje no acervo do Museu Nacional de Arqueologia partido em dois.
- Miliários: Miliário de Silveirona, Estremoz, dedicado a Crispo, Licínio Júnior e Constantino II (IRCP673) que hoje está no Museu Nacional de Arqueologia.
- Miliários: marcos do Museu Arqueológico de Vila Viçosa: Miliário dedicado a Constante (IRCP 676) achado no aro da cidade e o Miliário dedicado a Marco Aurélio proveniente da Herdade de Alcobaça, Vila Fernando (Elvas).
- Miliários: Miliário a Probo de Ponte de Sor hoje no acervo do Museu Nacional de Arqueologia.
2011 Agosto
- Miliários: Correcção dos dados relativos aos miliários recolhidos por Mário Saa e hoje expostos na Fundação Arquivo Paes Teles no Ervedal (Avis).
Afinal, além do já mencionado miliário a Constantino I ou Magno recolhido por Mário Saa no Casal da Pocariça em Lagoa Grande, também está aqui o miliário a Tácito que ele achou na Capela da Ns. dos Prazeres em Ponte de Sor. Esta imprecisão levou à troca da foto publicada do miliário da Pocariça, agora corrigido. Publica-se também uma foto do miliário a Tácito. Estes miliários assinalavam a via romana para Mérida.
- Lares Viales: Publicação do Lares Viales de Conímbriga em exposição no Museu Monográfico de Conímbriga (n.º 67381)
- Biblio: MANTAS, Vasco Gil (2010) - Os Lares Viales da Lusitânia - Avis: Rev. Vialibus da Fund. Arq. Paes Teles nº 2, p.13-34.
- Itinerários: na Carta Arqueológica do Alandroal, Calado refere uma possível via pela azinhaga que corre junto da villa de Vilares em Alandroal; esta via norte-sul poderia seguir para o vicus de Bencatel e seria proveniente da travessia da ribeira de Lucefecit junto do Fortim Romano do Outeiro dos Castelinhos e que passava pelo Rosário.
- Biblio: CALADO, Manuel (1993) - Carta Arqueológica do Alandroal. CM de Alandroal.
- Miliários: Remoção das referências a miliários em Almeirim e Alpiarça. De facto, André de Resende e posteriormente Hübner referem vários miliários na ribeira de Alpiarça, hoje ribeira de Ulme, mas estes estariam muito mais adiante entre Tamazim e Venda das Mestas. Partindo da referência de Resende aos miliários que ele viu na Venda das Mestas, local conhecido com exactidão, foi-se recuando na contagem das milhas e colocando esses marcos no local onde estariam implantados. Para as milhas indicadas partiu-se do princípio de que a mansio de Aritium Praetorium, a 38 milhas de Almeirim, ficaria
não em Tamazim (no Poiso como sugeriu Jorge Alarcão) mas junto da Herdade da Água Branca de Cima, pois esta está precisamente a 38 milhas de Almeirim e a 28 milhas de Alter do Chão, a mansio seguinte como é referido no Itinerário de Antonino.
- Itinerários: revisão do sistema viário em torno do Castro de Alvarelhos, introduzindo uma possível ligação à «Karraria Antiqua», a via proveniente do Porto e que ia atravessar o rio Ave junto da Ponte de D. Zameiro. O castro seria assim um vicus viário estrategicamente situado sobre o vale da ribeira da Aldeia por onde passava a via romana XVI e no ponto de cruzamento desta com as vias secundárias que se dirigiam para poente.
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Itinerários: revisão do itinerário entre Porto e Guimarães com base na
Dissertação de Mestrado de Jorge Pinho. Maior detalhe do provável percurso e introdução de um possível miliário achado em Casais/Lajedos perto de Monte Córdova (Pinho, 2009).
-
Biblio: BARROCA, Mário Jorge (2006) - A Cruz do Lugar das Marcas e o Couto do Mosteiro de St. Tirso. Porto: Universidade do Porto. Faculdade de Letras.
- Itinerários: remoção da alternativa de travessia do rio Úl na Ponte do Salgueiro em Cucujães, na Iter. XVI entre Braga e Porto, colocando em definitivo a sua travessia na Ponte da Pica como a rota mais provável.
2011 Julho
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Itinerários: revisão das vias em torno de Monção com base em: ALMEIDA, Carlos Brochado de (2005) - Sinais de Romanização na Torre de Lapela - Monção. Porto: Rev. Portugália, Nova Série, Vol. XXVI, reforçando a existência da via Braga-Monção.
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Itinerários: revisão das vias no concelho de Tabuaço com base no livro Tabuaço - Um Passado Presente, editado pela C.M. em 1999. As alterações são mínimas e pretendem reforçar o vicus de Fontelo em Sendim como nó rodoviário da região; assim, para além da via romana proveniente do rio Douro por Goujoim, Granja do Tedo, Longa e Arcos, também chegaria a Sendim o caminho alternativo que vinha por Adrião e Tabuaço, integrando várias calçadas com possível origem romana. De Sendim, a via deveria continuar para Marialva depois de atravessar o rio Távora em Riodades por Penedono e Mêda até Marialva, ou continuar para sul rumo a Viseu.
2011 Junho
2011 Maio
2011 Abril
- Itinerários: ajuste da Via Braga-Lisboa no troço entre Conímbriga e Tomar depois de passar em Rabaçal;
anteriormente fez-se passar a via principal por Santiago da Guarda atendendo aos vestígios aí existentes, mas esta solução
afasta o seu percurso do miliário de Tamazinhos e de Freixial, onde se pensa ter existido uma mutatio, e da provável continuação da via por Avelar e Chão de Couce numa rota rectilínea; assim, colocou-se Santiago da Guarda como
mutatio de uma via secundária que se dirige ao vicus de Campodónio que poderia seguir até Leiria, embora esta rota
seja para já apenas hipotética. Esta via também poderia ligar a Ansião onde os vestígios romanos são significativos. (Alarcão, 2004c).
- Itinerários: ajuste das entradas em Lisboa; inclusão de uma variante da via Braga-Lisboa que passaria no Convento de Chelas,
onde há vestígios de uma villa e próximo da necrópole de Poço de Cortes, seguindo aproximadamente
a Estrada de Chelas até confluir com a via que seguia junto ao Tejo na Calçada da Cruz de Pedra.
2011 Março
2011 Fevereiro
- Itinerários: revisão das VIAE XII, XIV e XV, as 3 vias que ligavam Lisboa a Mérida, na região de Campo Maior e Elvas com base na dissertação de mestrado
em Arqueologia Romana apresentada à FLUC por Maria José de Melo Henriques de Almeida (2000) intitulada
«Ocupação rural romana no actual concelho de Elvas» e no artigo «Nuevo miliario de Magnencio hallado en la villa romana de Torre Águila» de Jean-Gérard Gorges et Germán Rodríguez Martín (vide bibliografia).
Grande remodelação das rotas e relocalização dos miliários e mansiones na aproximação das 3 vias a Mérida.
O miliário da Herdade de Alcobaça que foi associada a Terrugem (no Endovélico) seria antes
proveniente do monte com o mesmo nome localizado em Vila Fernando, e deveria pertencer à Iter. XII, colocando assim a via a norte da actual EN4.
- Miliários: foto do miliário de Gévora, Badajoz,
publicado por Ramírez Sádaba (1993)
- Miliários: foto do miliário de Campo Maior inserido no Itinerário XIV entre Lisboa e Mérida;
- Miliários: foto do miliário a Probo que apareceu na Casa dos Bicos em Lisboa.
- Miliários: foto de dois marcos de Possacos, Valpaços, ambos pertencentes ao Itinerário XVII de Antonino:
o miliário a Dalmácio
que hoje está no MNA em Lisboa e o miliário a Magnêncio
que apareceu junto à Igreja, mas que hoje está numa casa particular em Carlão, Alijó.
- Inscrições rupestres: inclusão da inscrição rupestre do Lugar do Regueiral, (Sanfins, Valpaços) em Outros Marcos Territoriais,
(TERMIN TREB OBILI) interpretada por Rodriguez Colmenero como um
terminus que delimitava os povos Treburi e Obili (Termin(us) Treb(ilium) / T(erminus) / Obili(um)).
2011 Janeiro
- Itinerários: revisão do itinerário da Iter. XIX entre a travessia do Rio Neiva na Ponte do Prado até à travessia do Rio Neiva na Ponte de Goães, fazendo passar a rota romana mais
a poente da rota anteriormente definida de modo a incluir os miliários existentes e fazendo um percurso menos acidentado com base em Colmenero (2004) e no
recente trabalho de Armandino Cunha no âmbito do projecto Vias Atlânticas intitulado A Via Romana XIX.
- Miliários: Inclusão de fotos dos miliários referentes à Iter. XIX entre Braga e Tui: Monte dos Cones, Quinta do Outeiro, Tourido, Oleiros, Atiães, Arcozelo, Souto de Rebordões, Fornelos e o miliário a Augusto da milha zero em Braga que indica a distância total para Tui, ou seja 43 milhas. As fotos a preto-e-branco provêem de Colmenero (2004) e as fotos a cores
provêem do Museu D. Diogo de Sousa em Braga.
- Miliários: Foto do miliário que hoje está na Casa de Pielas, Painzela, Cabeceiras de Basto, mas que será originário da antiga Quinta das Goladas situada na rua Padre Manuel Alaio em Braga, pelo que pertence à Iter. XVII entre Braga e Astorga (Colmenero et alii, 2004).
- Miliários: O miliário do Vale do Canto (Salgueiro, Fundão) afinal está hoje no Museu Arqueológico do Fundão.
- Itinerários: renovação das rotas romanas na região do Alvito com base num gentil contributo de Jorge Feio que tem estuda a região.
2010 Dezembro
- Ferramentas: Georreferenciação dos vestígios viários romanos no Google Maps, Google Earth e Google Apps para dispositivos móveis.
- Lares Viales: Foto e localização da Ara do Monte das Esquilas por gentil indicação de Vasco Mantas.
- Itinerários: Inclusão da calçada da Herdade da Torre do Lobo na via Évora-Portel-Moura; a via passa nos limites da herdade a 4km da torre, onde recentemente foram identificados dois
possíveis miliários deslocados.
2010 Outubro
2010 Setembro
2010 Maio
- Remodelação da VIA ROMANA XVII, entre Braga e Astorga com base em Colmenero (2004).
- Tentativa de definir um itinerário transversal à Iter. XVII no sentido NE-SO integrando uma série de
vestígios viários da região de Valpaços que anteriormente estavam associados à Iter. XVII. Esta via proveniente pelo menos da zona de Lebução, segue em direcção das minas romanas de Tresminas em Vila Pouca de Aguiar pelo que variante por Tresminas que estava inserida no itinerário Chaves-Douro, passa a constar como continuação desta via transversal. (Colmenero, 2004)
- Anulação da chamada "Variante Sul" por Alturas do Barroso e Boticas.
- Revisão dos miliários
- Reorganização da localização das mansiones.
2010 Abril
2010 Março
2009 Dezembro
- Reparação de todos os links para a Base de Dados Endovélico
que deixaram de funcionar após a extinção do sítio do IPA.
- Itinerários: revisão da rota entre Braga e Porto com diversas correcções
sobre os miliários existentes; daqui resulta a definitiva localização da travessia do rio Ave na
Ponte da Lagoncinha que apesar de ser uma construção medieval fica no alinhamento da rota romana que vinha pela Trofa Velha.
Ficou assim descartada a travessia mais a jusante no sítio da Barca junto à actual Ponte da Trofa.
2009 Outubro
- Informação: introdução das fotos dos Terminus Augustales de Goujoim e Peroviseu.
- O miliário encontrado no Monte da Gândara, Sapardos, e o miliário anepígrafo de Arinhos em Valença dados como desaparecidos, estão afinal nos jardins da antiga JAE em Viana do Castelo.
- O miliário de São Julião do Freixo, Valença, está hoje no adro da Igreja de Terceiros em Ponte de Lima.
- O possível miliário em Candemil é muito duvidoso por estar muito afastado da Iter. XIX de Braga a Valença.
2009 Julho
- Miliários: publicação de fotos do miliário da aldeia do Freixo em Marco de Canaveses, a antiga cidade de Tongobriga, e do miliário de Soalhães também território desta civitas.
- Miliários: publicação de uma foto do possível miliário de Vila Marim, aldeia a noroeste de Vila Real, retirada do corpus de Colmenero (Colmenero et alii, 2004). Este possível miliário anepígrafo apareceu «tombado junto à capela da Ns. da Paz» já bastante danificado, mas ainda apresentava a sua base quadrangular (Colmenero et al., 2004); actualmente desconhece-se o seu paradeiro. Em Vila Marim existe um povoado romano com relativa importância no Outeiro das Pombas, próximo do qual se encontrou o suposto miliário. No entanto a via romana principal não passava por aqui, mas por alturas da Serra do Alvão, pelo que o miliário poderá ter sido deslocado (?).
- Biblio: PONTE, Salete (1995) - Achegas para a Carta Arqueológica - Tomar.
- Itinerários: revisão das vias em torno de Alcácer do Sal na Iter. XII entre Lisboa e Évora;
na variante pelo Torrão foi abandonada a rota pela margem direita do rio Sado que se baseava nos imensos vestígios romanos ao longo das suas margens,
passando estes a estar relacionados com a via fluvial que ligava o porto de Alcácer ao hinterland alentejano. Assim,
as duas variantes passam a ter um trajecto comum até Santa Catarina de Sítimos, continuando a via principal em direcção a Valverde, Montemor-o-Novo, e
enquanto a variante pelo Torrão atravessava aí a ribeira de Sítimos, assinalada pelo miliário do Porto da Lama, rumando a sul até ao Torrão,
correspondendo à via romana que seguia para Beja e Faro.
- Biblio: CARVALHO, António Rafael (2009) - Torrão: Arqueologia, História e Património Vol. 1;
- Rotas: fotos enviadas por Paulo Manços referentes à Iter. XII entre Lisboa e Évora: Porto da Calçadinha, Miliário da N. Sra. de Tourega, Calçada junto à Pedra da Pinha.
- Itinerários: revisão dos itinerários entre Lisboa e Mérida com base na recentemente publicada
Carta Arqueológica do Concelho de Abrantes,
com novas introduções aos Itinerário XV e Itinerário XIV.
Acerto da localização da estação Aritium Praetorium no Poiso/Venda das Mestas, supondo que as 38 milhas indicadas seriam contadas a partir de Santarém em vez de Lisboa e novas fotos de miliários nesta zona de Monte Galego, de Vale da Lama, das Tojeiras de Cima, de Aranhas e da Foz.
2009 Junho
- Itinerários: revisão do Itinerário XXI com uma nova introdução à via e acerto das milhas no troço entre Faro e Alcácer do Sal com a inclusão da estação Sarapia no itinerário e
redefinição das prováveis localizações das estações Serpa, Fines e Arucci entre Évora e Beja.
- Itinerários: Nova introdução para o Itinerário XIII.
- Itinerários: revisão das rotas em torno da Bobadela, Oliveira do Hospital, anulando a hipotética via pela margem esquerda do Alva.
2009 Maio
- Itinerários: revisão do itinerário entre Chaves e o rio Douro.
- Itinerários: revisão dos miliários da Via Braga-Lisboa no troço entre Bracara e Cale:
com actualização da localização e paradeiro dos miliários da Trofa. O miliário que estava na berma da EM14 junto à capela de Ferronho está hoje exposto no Museu da Maia.
2009 Abril
2009 Março
2009 Fevereiro
- Bibliografia: CURADO, Fernando Patrício (1987) - Marco miliário de Alagoas (Sabugal). Ficheiro Epigráfico, Coimbra, 22 (102).
- Bibliografia: RODRIGUEZ COLMENERO, Antonio; FERRER SIERRA, Santiago; ÁLVAREZ ASOREY, Rubén D. (2004) - Miliarios e outras inscricións viarias romanas no noroeste hispánico. (fazer download aqui - 22 Mb)
- Bibliografia: MORENO GALLO, Isaac (2004) - Vias Romanas. Ingenieria y Técnica Constructiva. (fazer download aqui - 13 Mb)
2009 Janeiro
2008 Dezembro
2008 Outubro
2008 Setembro
2008 Agosto
2008 Julho
- Miliários: foto do miliário da milha XV na Geira Romana da Serra do Gerês, integrado no itinerário Braga-Astorga.
- Itinerários: a antiga rota Viseu-Linhares foi renomeada para Viseu-Famalicão da Serra integrando assim a travessia da Serra da Estrela por Folgosinho.
- Itinerários: a rota entre Viseu e Seia/Gouveia equacionada por Mário Saa foi eliminada, com o troço entre Viseu e a Ponte de Alcafache a ser integrada na rota Viseu-Bobadela, seguindo para sul por Canas de Senhorim.
- Itinerários: a ligação da Ponte de Alcafache a Gouveia por Espinho dá lugar a uma nova rota no sentido norte-Sul entre Mangualde e Bobadela integrando os miliários da zona de Espinho.
- Itinerários: novas notas introdutórias aos itinerários entre Lisboa e Mérida.
- Itinerários: revisão do itinerário da Braga-Mérida na travessia do Douro e na região de Penamacor.
- Itinerários: revisão dos caminhos que partem de Marialva.
2008 Junho
- Itinerários: revisão do itinerário da Via VXI - Braga-Lisboa na região de Vila Franca de Xira
com base no trabalho de João Pimenta e Henrique Mendes publicado no volume 10, nº 2 da Revista Portuguesa de Arqueologia com o título
A escavação de um troço da via romana "Olisipo-Scallabis" (em Vila Franca de Xira).
- Miliários: publicação de foto do miliário de Bias do Sul, o único miliário do Algarve.
2008 Maio
- Miliários: fotos dos miliários de Viade e Currais, Montalegre, na
Iter. XVII - Braga-Chaves.
- Itinerários: o itinerário hipotético entre Lamego e Castelo de Paiva não parece um trajecto romano; assim, foi retirado e os vestígios identificados foram integrados nas diversas travessias do rio Douro, Escamarão em Castelo de Paiva, Porto Antigo em Cinfães e Porto de Rei em Resende.
2008 Abril
2007 Julho
- Itinerários: revisão da estrada Porto-Viseu a seguir a Manhouce, desviando à esquerda em Sequeiro e seguindo em calçada por Gandras e Castanheiros, em vez de ir até Maroiço na Sarnadinha. A estrada continua por Bostarenga onde também há um troço de calçada.
2007 Junho
2007 Maio
- Informação: nova tabela com a listagem dos Terminus Augustales encontrados em território nacional.
2007 Fevereiro
- Itinerários: actualização dos links para o novo site da Direcção Geral dos Monumentos Nacionais.
2006 Novembro
2006 Março
2006 Janeiro
2005 Outubro
- Itinerários: nova introdução ao Itinerário Braga - Mérida.
- Miliários: lista dos miliários existentes nos museus de Lisboa.
- Bibliografia: "Inscrições Lusitano-Romanas do Museu do Carmo" por Justino Mendes de Almeida.
2005 Julho
2005 Junho
- Bibliografia: "Epigrafia Romana na região de Bragança" de Armando Redentor.
- Bibliografia: "Povoamento Romano no actual Concelho de Fronteira" de André Carneiro.
Reformulação das vias na região.
- Notícias: «Percurso "Vias Augustas" inaugurado».
2005 Maio
- Itinerários: alteração da travessia do rio Douro da zona da Régua para Covelinhas/Folgosa, passando a rota Chaves-Lamego para Chaves-Rio Douro, deslocação das rotas adjacentes para esta travessia e continuação pela região de Armamar que antes era um troço disperso.
- Notícias: «Calçada antiga ao abandono».
2005 Abril
2004 Dezembro
- Primeira versão considerada "definitiva" (nenhuma versão é definitiva com o assunto em constante evolução).
2004 Julho
- Primeira versão sem a etiqueta 'em construção'.
2004 Abril
- Muito trabalho de levantamento da informação.
- Arranque do site.
Entre 2002 e 2004
- Objectivo: viagens pelo Portugal romano...
- Constatação 1: falta de informação existente sobre os itinerários romanos.
- Constatação 2: o estado de abandono a que está votado o património viário em Portugal.
- Ideia: fazer na web uma ferramenta de protecção do património através da divulgação e discussão
da maior obra de engenharia da antiguidade que existe em Portugal.