Um «histórico» deste site?
O histórico permite acompanhar as principais alterações produzidas neste site desde o seu arranque em 2004. Os itinerários romanos têm sofrido uma constante evolução à medida que novos dados são descobertos e novos estudos publicados. A descoberta de um miliário ou de um novo troço de calçada pode provocar grandes alterações nos percursos, levando por vezes a uma modificação total da rota nessa zona como um puzzle que se vai encaixando progressivamente. A identificação dos percursos utilizados no período romano é uma tarefa ingrata pois os dados escasseiam enquanto proliferam as suposições, conjecturas e efabulações sem aderência à realidade geográfica e arqueológica. Apesar destas dificuldades, o esforço contínuo de correcção, revisão e actualização do site tem elevado o grau de confiabilidade, sendo cada vez mais usada em trabalhos de carácter arqueológico ou patrimonial. Dos itinerários por pontos aos mapas cartografados vai um longo percurso que é registado aqui-
NOVO!: lista de
referências ao site em artigos científicos, teses e outras publicações.
Alterações do site por ordem cronológica
2021 Fevereiro
Artigos: Soutinho, Pedro (2021), "Ad n. 731-733". FE 210, Addenda et corrigenda, 3-5. Publicação no «Ficheiro Epigráfico» 210 de alguns comentários sobre os números FE 731 a 733 (possíveis miliários no concelho de Moimenta a Beira) - ver também Itinerário https://viasromanas.pt/index.html#regua_moimenta.
2021 Janeiro
Item ab OLISIPONE
EMERITAM
AQUABONA
CATOBRICA
CAECILIANA
MALATECA
SALACIA
EBORA
AD ATRUM FLUMEM
DIPONE
EVANDRIANA
EMERITA
m.p. CLXI
m.p. XII
m.p. XII
m.p. VIII
m.p. XXVI
m.p. XII
m.p. XLIIII
m.p. VIIII
m.p. XII
m.p. XVII
m.p. VIIII
Itinerário
Corrigido
Aquabona
Caetobriga
Caeciliana
Malateca
Salacia
Ebora
Ad Atrum
Dipone
Evandriana
Emerita
m.p. CCXIII
m.p. XII
m.p. XII
m.p. VIII
m.p. VIII*
m.p. XXI*
m.p. XLIIII
m.p. LXX*
m.p. XII
m.p. XVII
m.p. VIIII
Itinerário XII: revisão da problemática localização das estações intermédias entre Setúbal e Alcácer do Sal, nomeadamente Caeciliana e Malateca. Não há qualquer dúvida quanto à existência de erros neste itinerário, dado que as 46 milhas indicadas entre Caetobriga e Salacia ultrapassam em muito a distância real entre Setúbal e Alcácer que rondará no máximo 35 milhas. Anteriormente propusemos uma correcção na sequência de estações e nas distâncias intermédias entre estações (ver a entrada "Itinerário XII" de 2017 Novembro) de forma a justificar as incongruências do itinerário no I.A; então foi proposto uma localização de Caeciliana no sítio da Palma, antiga estação viária mencionada no «Roteiro Terrestre» do MPAM, dado que assim teríamos um acerto com as distâncias indicadas, isto é, 8 milhas a Marateca e 12 milhas a Alcácer do Sal; mas para isso era necessário não só trocar a ordem das estações como corrigir a distância de Setúbal a Marateca para 14 milhas, situação pouco comum nos Itinerários. No entanto, uma análise dos traçados mais prováveis com base me critérios geográficos levaram a uma revisão desta proposta nos moldes que passo a explicar. Para quem vinha de Alcácer do Sal para norte e depois de cruzar a ribeira de Marateca, onde situamos e mantemos a localização de Malateca (no morro adjacente), a via continuava para o Monte da Lentisqueira (@41.5329981,-8.4415129), onde deveria bifurcar, com um ramo mantendo a mesma directriz rumo a Lisboa e outro inflectia para sudoeste rumo ao porto de Caetobriga (Setúbal); ora esta bifurcação era o local ideal para instalar uma mansio; acresce que este ponto está situado precisamente a 8 milhas de Caetobriga tornando esta proposta compatível com o indicado no Itinerário. De facto o trajecto mais curto para Lisboa seria seguir por Palmela até Aquabona (Coina) e depois cruzar aí o rio Tejo (conhecida por «Estrada dos Espanhóis»), evitando assim o grande desvio por Setúbal (mais 4 milhas Lisboa) e consequentemente evitando também a difícil travessia da Serra do Louro. Assim propomos que estando Caeciliana junto desta bifurcação teremos de rever as distância até Alcácer. Assim, a distância até Malateca deve ser corrigida de 26 milhas para 7 enquanto a etapa seguinte passaria das 12 milhas indicadas para 22 milhas; desta forma há acerto total com a realidade geográfica, mantendo a sequência de estações indicada no I.A.; estes erros poderão ter origem numa transcrição errada do texto original visto que os numerais indicados podem ser facilmente confundidos; no primeiro caso o Itinerário indica 26 milhas a Malateca (distância de todo impossível) quando deveria indicar 7, ou seja uma troca entre os numeral «XXVI» e «VII»; no caso da distância de Malateca a Salacia temos 12 milhas quando a distância real é 22 milhas, ou seja uma troca entre os numerais «XII» e «XXII». Em síntese, estou convicto que esta solução andará muito perto da verdade, mas de facto não temos conhecimento de qualquer vestígio romano na área do Monte da Lentisqueira aos quais poderíamos associar um vicus viarium ou mesmo uma simples mutatio, achados esses que poderiam ajudar a resolver a questão.
Aliás o seu desaparecimento da paisagem poderá dever-se à relativa modéstia das suas instalações, não passando eventualmente do edifício da própria albergaria, assim como ao revolvimento de terras devido à actividade agrícola.
Interessante notar que este local ainda hoje é utilizado para separar as freguesias de Palmela e Marateca, um indicador da sua antiguidade e do seu carácter fronteiriço; além disso a distância deste ponto a Coina que ronda as 16 milhas, é um valor típico entre estações viárias e também a dimensão habitual de uma civitas romana na Lusitânia, reforçando assim a nossa proposta.
Ao longo da presumível via romana, actualmente designada por «Estrada dos Espanhóis» (EM533 e CM1040, ligando Palmela a Marateca), subsistem topónimos viários como «Vendas» e «Cabeço da Vigia», mas é precisamente junto deste cruzamento que surge o interessante topónimo «Rua dos Galeanos», eventualmente uma corrupção de Caelianos por Caeliana (?).
Por último, uma nota sobre qual seria o verdadeiro nome desta estação viária. No Itinerário surge como Caeciliana, mas numa fonte mais tardia como é o «Ravennatis», surge simplesmente como «Celiana» (Rav. IV.43).
Por outro lado, Ptolomeu menciona uma Caepiana precisamente nesta área geográfica, sugerindo que poderá haver corrupção do seu nome nas diversas fontes. Corrigindo Caepiana para Caeliana (erro perfeitamente aceitável) e a Caeciliana do Itinerário para Caeliana, obtemos concordância entre as fontes, sugerindo que seria este o seu verdadeiro nome.
Deste local Ora, esta bifurcação estrada segue a norte de Palmela rumo a Lisboa, passando na base do Castro de Chibanes (ver itinerário aqui), povoado fortificado indígena onde viria a ser instalada uma guarnição militar no período republicano (Soares et al., 2019: 87), certamente para controlo destas duas estradas que davam acesso aos importantes portos de Setúbal e Lisboa. Deste modo, a relação entre os dois sítios torna-se evidente, com Caepiana/Caeliana/Caeciliana referindo a estação na planície e o Castro de Chibanes o povoado que lhe dei origem (contra Guerra, 2004), podendo nesse caso ser originalmente designado por Caelium ou Caeliobriga (?).
2020 Setembro
Itinerário Chaves - Covelinhas: revisão do traçado entre Panóias e Covelinhas; a via passaria não em Constantim, onde supostamente teria aparecido um miliário, mas a nascente, muito próximo do Santuário Rupestre de Panóias. Daqui a via continuava para sul, mas existiam dúvidas sobre o local de travessia da ribeira de Tanha. A proposta inicial segui junto do Castro de Abaças, cruzando a ribeira na Ponte da Ribeira; no entanto os fortes declives neste trajecto punha em dúvida esta proposta; e de facto, existe uma caminho mais a nascente, bem mais de acordo com a tipologia da viação romana, que seguia a leste de Andrães para cruzar a ribeira de Tanha a jusante da Ponte Pedrinha, no sugestivo topónimo «Santiago». Ao longo do seu percurso sucedem-se pequenos santuários com topónimos viários como a Sra. da Guia, Sra. do Bom Caminho e Sra. da Boa Morte, local bifurcava por dois caminhos alternativos rumo a Covelinhas, o principal seguindo por Galafura e um ramal seguindo por Poiares, descendo depois ao rio Douro pela villa ou mutatio da Fonte do Milho (Canelas). Com estes ajustes, finalmente foi obtido um acerto da marcação miliária com os vestígios no terreno, estamos a estação de Panóias a 16 milhas de Jales e a 12 milhas do rio Douro, típicas distâncias intermédias entre estações viárias.
Itinerário Régua - Moimenta da Beira: publicação de uma foto do marco divisório do couto do Mosteiro de Salzedas da autoria de Luis Sebastian e retirada do artigo de Ana Sampaio e Castro "O Couto de Santa Maria de Salzedas: o marco territorial de Cimbres" que integra o catálogo de exposição «Cister no Douro» promovida pelo Museu de Lamego (ver aqui); esta coluna cilíndrica poderá ser um miliário reutilizado da via romana que ligava a travessia do rio Douro na Régua a Moimenta da Beira, eventualmente assinalando a milha 10 ou 11 ao rio Douro.
2020 Julho
Itinerário XIX: Braga - Ponte de Lima: revisão da etapa entre os rios Cávado e Lima com alterações pontuais do percurso; como já se vem dizendo, a travessia do rio Neiva não seria feita na Ponte de Goães (ponte medieval sem sinais de romanidade), mas mais a jusante, talvez entre Monte da Ribeira e Lagoeira; esta solução permite integrar melhor os miliários descobertos na área e alinha o trajecto com a continuação da via na outra margem por Anais. O trajecto a partir da Ponte do Prado sobre o rio Cávado seria por Oleiros, Bouça de Atiães, Mata do Jerónimo, Portela das Cabras, Hospital e Monte da Ribeira. Daqui ao rio Lima fazia-se passar a via pelo actual «Caminho de Santiago», seguindo a proposta de Ferreira de Almeida por Queijada rumo à travessia do rio Trovela na chamada «Ponte Nova», ponte que já existia em 1258 (CAF, Almeida, 1968; CAB Almeida, 1990), continuando por Fornelos onde se achou um miliário; no entanto, sempre houve dúvidas se este seria o percurso romano, podendo ser uma variante medieval entretanto construída como o próprio topónimo parece sugerir. Por outro lado em Souto de Rebordões existe um possível miliário enterrado junto da Quinta das Fontes que caso não esteja deslocado poderia assinalar uma rota alternativa cruzando esta povoação (Colmenero et al., 2004). Uma análise deste trajecto permitiu verificar que de facto esse caminho existe e que é muito antigo, seguindo uma marcação miliária que corresponde à posição do marco e das capelas e alminhas da paróquia, além de um trajecto mais de acordo com a habitual tipologia das vias antigas, evitando por exemplo a travessia da ribeira do Folinho. Outro aspecto muito relevante para validar este percurso são as várias referências a uma «via publica» que cruzava a paróquia nas Inquirições de D. Afonso III em 1258, mostrando que era de facto uma estrada importante; nesse documento é referido uma «Cividade» que indicia a existência de um antigo povoado tipo castro (PMH Inq., fl. III, 347).
Em função deste dados não restam dúvidas que a via passaria por aqui, cruzando o rio Trovela junto do sítio do «Passo». Daqui seguia por Posa até Ponte de Lima. O traçado destas duas variantes é apresentado neste mapa.
2020 Junho
Mapas: publicação da versão 3.6 do mapa de vias e sítios com a rectificação dos traçados por Amarante, Serra do Marão (descrita abaixo). Para reportar erros, pf enviar para psoutinho@gmx.net. O mapa pode ser consultado aqui.
Miliários: publicação de uma foto actual do miliário de Santos Mártires retirada daqui.
Miliários: publicação de um possível miliário inédito reutilizado como suporte de uma varanda de uma casa de Vila Chã (Seia) identificado por Nuno Pinheiro (foto). Tem as seguintes dimensões visíveis (parte está enterrado): 190 cm de altura, 110 cm de diâmetro na base e 104 cm no topo. A proximidade com o marco do cemitério de Santa Comba, recentemente publicado por Vasco Mantas (vide entrada em Fevereiro de 2020), indiciam que pertenceriam à mesma via, ou seja, entre Celorico da Beira e Bobadela; eventualmente este marco estaria também junto do cemitério de Santa Comba, local a 26 milhas de Celorico e a 13 de Bobadela.
Miliários: inclusão de várias colunas anepígrafas encontradas nos concelhos de Moimenta da Beira e Sernancelhe, publicadas no «Ficheiro Epigráfico» (FE 731-733).
- FE 731: "Coluna em Paçô"; possível miliário num muro de propriedade com uma cruz gravada no topo e a data 1848 na lateral.
- FE 732: "Coluna em Cerca"; possível miliário num olival do lugar da Cerca na freguesia de Castelo (Moimenta da Beira). Admitindo a sua função viária poderia nesse caso assinalar uma via entre o Castro de Goujoim e Moimenta da Beira passando por Castelo.
- FE 733: "Coluna em Paçô"; possível miliário descoberto num muro de propriedade no sítio de Charangões ou Chingalhões, entre Lapa (Sernancelhe) e Mouções (Aguiar da Beira), muito próximo da divisória concelhia. Admitindo a sua função viária poderia nesse caso assinalar a via romana entre Moimenta da Beira e Aguiar da Beira. Actualmente encontra-se na Junta de Freguesia de Quintela.
Miliários: publicação de um 'novo' miliário de Conímbriga que apareceu em 2008 durante escavações da chamada "Casa do tridente e da espada" mas que só agora foi publicado (2020; FE 737); para além deste exemplar existem mais 4 miliários encontrados na cidade, actualmente depositados no Museu Monográfico.
Vias - Serra da Estrela: o avanço na georreferenciação dos traçados permitiu clarificar a rede viária que cruzava a Serra da Estrela; este grande obstáculo à circulação até cruzava em várias direcções, mas que aparentemente teria o grande nó viário no Alto dos Carvalhos Juntos. Aqui confluíam três vias que fariam parte de grandes itinerários: o primeiro com origem no litoral Atlântico vinha por Talabriga e Vissaium, subindo a encosta da serra por Folgosinho; a segunda teria origem no rio Douro e seguia por Moimenta da Beira, Aguiar da Beira e Fornos de Algodres, subindo depois à serra por Linhares; a terceira, também com origem no Douro (Vesúvio), passava na sede da civitas Aravorum em Marialva e ascendia a serra por Lageosa do Mondego. Este local era portanto o local de confluência destes três grandes eixos viários que desciam depois a encosta nascente para cruzar o rio Mondego na Quinta da Taberna, continuando daqui para a estação viária junto do povoado pré-romano de Barrelas (Berecum?) e daqui por «Centum Cellas» e Igaedis rumo a Mérida.
Itinerário Braga - Serra do Marão - Rio Douro: grande revisão do itinerário de Braga à Régua; certamente que existia um itinerário romano ligando Braga a Trás-os-Montes cruzando a Serra do Marão, mas o seu exacto trajecto mantinha-se pouco mais que hipotético; as dúvidas surgem logo na travessia do rio Tâmega em Amarante; de facto, a construção da Ponte de São Gonçalo em Amarante é uma iniciativa medieval e não há sinais de uma anterior romana; pelo contrário os sinais de povoamento romano surgem mais a montante na área da freguesia de Gatão, onde existe um povoado que poderia designar-se por «vicus Atucausis» com base na ara dedicada a Júpiter pelos Vicani Atucausensis que apareceu na Quinta dos Pascoais (CIL II 6287), actualmente no MSMS, nº 44. Uma outra inscrição, uma ara dedicada a Adus entretanto desaparecida, servia de pia na Igreja de S. João Batista (CIL II 2383). Ao colocar a travessia do Tâmega neste local surge um nova rota mais de acordo com o modelo pré-romano e sem as dificuldades apresentadas pelo rota por Amarante. Em particular, a passagem pela chamada «Calçada de Marancinho», troço de via antiga com profundas marcas de rodados que desce pela margem direita da ribeira do Marancinho que deverá ser uma construção (ou reparação) medieval, tal como a
Ponte do Fundo da Rua em Aboadela; a continuação deste trajecto para Campeã revela-se também problemático devido às fortes pendentes dos caminhos que sobrem a encosta da serra. Assim é mais provável que o itinerário romano cruzasse o Tâmega nas proximidades de Gatão, onde existiria uma ponte antiga com possível origem romana visto que é citada em documentação alto-medieval («Demarcação do bispado de Braga» em 572) como «ad antiquam pontem fluminis Tamice (…)» (apud Balsa, 2017). Daqui seguia a sul e a leste de Vila Chã do Marão, onde recebia uma outra via proveniente de Tongobriga por Lomba e Moure (como origem no rio Douro). Seguia depois por «Estalagem Velha», Covelo do Monte, Lameira e Alto de Espinho rumo a Campeã (vide Dias 1987, 1996, 1997 e 1998; A. B. Lopes, 2000, Balsa, 2017). Depois da Campeã seguia talvez até Torgueda onde entronca na via N-S proveniente de Chaves e que seguia por Santa Marta de Penaguião para a travessia do rio Douro em Peso da Régua e daqui por Moimenta da Beira rumo a Marialva e a Mérida. Aliás este poderia constituir o itinerário privilegiado para ir de Braga a Mérida, utilizando os seguintes troços.
2020 Maio
Mapas: publicação da versão 3.5 do mapa de vias e sítios com a rectificação de traçados introduzidas desde Setembro 2019 (descritas abaixo). Nesta versão foi introduzido o levantamento dos possíveis nós viários identificados através do marcador "mutationes" mesmo não havendo vestígios que o comprovem; o objectivo assinalar os locais de cruzamento. O critério de cores foi também revisto com o objectivo de facilitar a leitura do mapa. Assim, os traçados usam agora apenas 3 cores: amarelo para os traçados principais, verde para as rotas secundárias e o azul para os ramais de interligação entre itinerários principais e suas variantes. Este código de cores visa facilitar a leitura do mapa e não pretende definir como é óbvio uma classificação absoluta do nível de importância da via que em geral é impossível determinar. Para reportar erros, pf enviar para psoutinho@gmx.net. O mapa pode ser consultado aqui.
Itinerário XVI - Braga: a parte inicial do percurso de Braga ao Porto sempre colocou algumas dificuldades (vide e.g. Ferreira, 2012); o trajecto proposto por diversos autores seguia pela Ponte da Pedrinha, Lomar, Esporões, Trandeiras e Escudeiros, percurso pontuado por vestígios romanos, nomeadamente um miliário de Crispo referido por Argote na "Igreja de Lomar" ("Memórias...", I, 236). A dificuldade em conciliar este percurso com a distância de 35 milhas de Braga ao Porto indicadas no I.A. (distância aliás confirmada por um miliário encontrado em Braga), levou-me a estudar um percurso alternativo mais curto. Desse estudo resultou uma nova proposta de traçado que partindo da saída da cidade pelo Largo de Maximinos, seguia pela rua do Cruzeiro, vencendo a primeira milha no lugar da Gandra, junto de bloco granítico de aparência romana, eventual cipo gromático que hoje está na berma da estrada e que saiu das ruínas da casa pegada (foto); (ver no street view). A segunda milha seria atingida na travessia do rio Este na ponte antiga (medieval?) no lugar da Ponte Nova; julgo aliás que o local original do miliário a Crispo referido por Argote não seria a Igreja de São Pedro associada ao antigo mosteiro beneditino como tem sido proposto, mas sim junto da Capela de Lomar situada precisamente defronte da travessia do rio Este. Daqui a via seguiria por Costa e Bemposta até às alminhas de São Miguel onde atingia a terceira milha; daqui seguia para Figueiredo (onde se assinalam vestígios na «Casa da Vila» e um tesouro monetário em Pipe) e São Vicente do Peso, continuando talvez pelas Alminhas do Sr. Padrão rumo ao nó viário da Portela, de onde descia a Vila Nova de Famalicão por São Cosme do Vale.
Itinerário XVI - Rio Ave: a outra correcção efectuada no percurso está relacionado com o local de travessia do rio Ave, tradicionalmente colocada na Ponte da Lagoncinha; no entanto, esta ponte é uma construção medieval sem qualquer vestígio romano pelo que a travessia em período romano poderia ser noutro local mais a jusante.
Assim, é possível que a via continuasse por Montezelo passando na Igreja Paroquial de Lousado onde aliás apareceu um miliário de Magnêncio. Mantendo a mesma directriz. é muito provável que a via se dirigisse à travessia do rio Ave na «Barca da Esprela», num percurso mais directo e mais curto rumo à Trofa. Deste modo evita-se o duvidoso percurso pela margem esquerda do Ave entre a Ponte de Lagoncinha e a Trofa que foge aos padrões habituais na viação antiga. Com esto acerto a distância total do percurso proposto aproxima-se das 35 milhas mas ainda resta uma diferença significativa que só pode ser explicada por um trajecto mais directo em alguns pontos do percurso.
2020 Abril
Itinerário XV - Monte da Pedra: revisão do traçado do Itinerário XV de Santarém a Mérida na área de Monte da Pedra, presumível localização de Fraxinum. São pequenos ajustes que no entanto têm grande impacto no nível de acerto da marcação miliária pois vem confirmar a distância indicada no I.A. de 64 milhas a Santarém. a alteração mais significativa foi operada na passagem pelos vincados vales antes de atingir Monte da Pedra. Assim, o percurso anterior que passava no Alto dos Carris passou a adoptar um trajecto mais a sul por São Bartolomeu, Margem e Polvorosas, encurtando o percurso em cerca de 2 milhas. De facto, os vestígios de uma via antiga que se observam no Alto dos Carris pertencem na realidade à via proveniente da travessia do rio Tejo junto a Aritium que ligava a Fraxinum, subindo a encosta pelo caminho de festo que separa as ribeiras da Lampreia e do Carregal, cujo início é aliás assinalado pelo miliário de Monte Galego, ainda hoje na berma da estrada. A via seguia então por Lamerancha e Alto do Vale da Vinha rumo ao Monte da Machouqueira, onde cruzava a ribeira da Margem, continuando depois até às Polvorosas, onde conflui no Itinerário XV. A via principal funcionava como um tronco comum de onde partiam as diversas ligações ao rio Tejo que foram também revistas. Para quem vinha de Mérida estes itinerários permitiam uma passagem sem grande dificuldades em altitude, descendo depois pelas linhas de festo aos diversos pontos de travessia do rio Tejo, sendo que em dois desses locais foram identificados miliários, nomeadamente o referido marco de Monte Galego e o miliário do Crucifixo perto de Tramagal. O traçado proposto para Santarém seguia por Bemposta até ao nó viário das Mestas, onde cruza o itinerário XIV, descendo depois a Santarém pelo caminho de festo que passa no Alto da Perna Seca.
Itinerário XIV - rio Tejo: para quem vinha de Mértola, chegando à «Encruzilhada das Mestas» poderia optar por descer a Santarém como referido no ponto anterior, mas a directriz do Itinerário XIV que seguia por Alter do Chão e Ponte de Sor mostra claramente que esta teria continuação para poente rumo à rio Tejo (Golegã), com diversos miliários ao longo do seu trajecto (Tamazim e Lagoa Grande) e uma estação viária na Galega Nova, onde um outro ramal descia à travessia do rio Tejo em Tancos Seilium (Tomar). Assim, esta constituía uma via independente que integrava o Itinerário XIV mas que não se dirigia a Santarém mas à travessia do rio Tejo nas proximidades da Golegã; a continuação da via na outra margem aponta na direcção de Collippo (próximo de Leiria), seguindo pelas estações viárias de Moitas Venda e Covão da Carvalha. Deste modo, o Itinerário XIV utiliza parte de uma grande itinerário ainda mais antigo que ligava presumivelmente a meseta Espanhola ao Atlântico. Possivelmente este terá perdido a sua unicidade à medida que Santarém assume o papel de sede administrativa no período romano. Mais uma vez se prova que os «Itinerários de Antonino» utilizam por norma troços de vias independentes, isto é, vias cuja marcação miliária identifica claramente um ponto inicial para contagem das milhas, um «caput viarium», e indirectamente um destino final. Assim se explica porque o I.A. apresenta dois itinerários entre Santarém e Mérida praticamente paralelos que bifurcariam na «Encruzilhada das Mestas», o XV num percurso mais próximo do Tejo sem no entanto o tocar enquanto o Itinerário XIV seguia uma rota mais directa rumo a Mérida passando por Alter do Chão (Abelterium), num percurso mais curto e menos acidentado que a variante norte, sendo aliás a única que apresenta marcação miliária e obras monumentais como a Ponte da Vila Formosa ao longo do seu trajecto. A configuração da rede viária nesta área parece estar finalmente clarificada, no entanto subiste o problema da localização das estações viárias referidas no I.A., Aritium Praetorium e Tubucci. As distância indicadas no I.A. colocam a primeira na área da Herdade de Água de Cima e a segunda na área da «Encruzilhada das Mestas», portanto próximo do local onde os dois Itinerários se reuniam e desciam a Santarém, num percurso que rondaria as 30 milhas até ao local de travessia do rio Tejo. O I.A. indica 32 milhas (cerca de 48 km) de Tubucci a Santarém, ou seja 2 milhas a norte das Mestas, o que coloca esta estação junto do Monte da Valeira Alta. Esta posição é também compatível com as 32 milhas indicadas no I.A. daqui à estação seguinte, Fraxinum, dado que pelo percurso proposto estes pontos estão separados por cerca de 48 Km. Em suma, o avanço do estudo tem reforçado esta solução, sabendo porém que a discussão está longe de encerrada.
Travessias do rio Tejo: a identificação dos diversos pontos de travessia do rio Tejo segundo um critério arqueológico e geográfico permitiu uma revisão da rede viária na margem oposta, em particular nas vias que seguiam para noroeste para Conimbriga e Seilium cruzando o rio Zêzere. Formaram-se assim grandes itinerários ligando esses oppida a Mérida, apesar dos seus traçados continuarem obscuros em alguns pontos, numa área tão acidentada como é região delimitada pelos rios Tejo, Zêzere e Ocreza (ver aqui).
Itinerários de Collippo: em consequência do anterior os itinerários que ligam Collippo a Scallabis e a Eburobrittium foram revistos com melhor identificação das estações e revisão de alguns pontos do traçado (ver aqui). Entre estas duas rotas existia um outra que ligava Aljubarrota à Ota, estrada referida no «Roteiro Terrestre» com estações em Palhota e Tagarro; a sua utilização já no período romano parece segura interligando Collippo a Ierabriga (ver aqui).
2020 Março
Itinerário de Eburobrittium a Olisipo: as incertezas no traçado continuam, mas é mais plausível que a antiga estrada seguisse o percurso da «Estrada Real» referida nos «Roteiro Terrestre», passando por São Gião e Ramalhal em vez do percurso pelo vale de Cadaval anteriormente proposto (ver aqui). Na área de Torres Vedras continuam as dúvidas quanto ao local de travessia do rio Sizandro; daqui a Loures, o percurso não tem sofrido grandes alterações.
Itinerários - Cadaval: a rota referida acima que partia de Óbidos para sudeste pelo Cadaval não rumaria portanto a Óbidos, mas dirigia-se antes para o Castro de Pragança, importante povoado de longa diacronia situado no acesso à portela da Serra de Montejunto (ver Itinerário de Óbidos a Pragança); aqui entroncava numa outra via na direcção SO-NE com possível origem no litoral Atlântico que seguia por São Gião (onde cruza a via Óbidos-Lisboa), Outeiro da Cabeça, Vilar e Castro de Pragança, cruzando depois a Serra de Montejunto para o Castro de São Salvador e daqui à estação viária de Tagarro (onde cruza a Via Collippo - Ierabriga). Este itinerário está descrito no Itinerário de São Gião a Tagarro por Pragança).
Itinerário de Conímbriga a Paialvo: este novo itinerário segue sensivelmente paralelo ao Itinerário XVI no troço entre Conímbriga e Tomar aproveitando um corredor natural que passa por Santiago da Guarda, Ansião, Gaita, Arneiro, Rio de Couros, Chão de Maçãs e São Lourenço até Paialvo, onde cruza o Itinerário XVI, continuando depois por Curvaceiras rumo à travessia do rio Tejo em Tancos; daqui subia ao nó viário da Galega Nova onde conflui na estrada para Mérida. Esta parte final do percurso de Paialvo a Galega Nova estava antes integrado no itinerário de Tomar a Mérida, mas a directriz da estrada mostra que este troço integrava este grande itinerário agora introduzido; a parte inicial segue o percurso da antiga «Estrada Real» que corria por Rio de Couros e Chão de Maçãs (ver aqui).
2020 Fevereiro
- Miliário de Santa Comba (Seia): a publicação de um miliário inédito identificado por Vasco Mantas perto do cemitério de Santa Comba, Seia (Mantas, 2019). Pertenceria certamente à via entre Celorico da Beira e Bobadela. Este achado veio finalmente esclarecer o verdadeiro traçado da via dado que o outro miliário conhecido desta via, apesar de indicar a respectiva milha (21) apareceu deslocado numa casa em Paços da Serra. Ao fazer passar o trajecto da via por Santa Comba é possível delinear um percurso menos acidentado que segue por Lagarinhos, Pinhanços e Santa Comba rumo à travessia do rio Seia na velha Ponte de Folgosa; daqui seguia a sul de Carrozela rumo a Bobadela. O traçado agora proposto coloca Santa Comba a 25 milhas de Celorico (e da travessia do rio Mondego) pelo que o miliário de Paços estaria originalmente 2 milhas antes, o que coloca este marco junto da travessia da ribeira das Aldeias na chamada «Ponte Pedrinha» em Lagarinhos. O acerto da marcação miliária vem assim reforçar este traçado como o mais provável. Esta via integrava um grande itinerário com origem na travessia do rio Douro no Vesúvio (proveniente de Chaves) que seguia por Mêda e a poente de Marialva até Celorico da Beira, continuando depois por Bobadela rumo a Conímbriga (vide Chaves - Celorico da Beira, Celorico da Beira - Bobadela e Bobadela - Conímbriga).
-
Nó viário de Santa Comba: a existência de um miliário neste local indicia um possível cruzamento com uma via NO-SE proveniente talvez de Mangualde que seguia por Seia rumo ao Castro de São Romão (ver aqui).
2019 Dezembro
- Miliários: publicação da foto de um provável miliário convertido em cruzeiro que está junto da Capela de S. Domingos em Prados de Cima (Rua, Moimenta da Beira) originalmente publicada em FE 717; este marco pertenceria ao Itinerário Viseu - Moimenta da Beira.
- Miliários: publicação de uma foto do miliário que se encontra numa casa particular do lugar da Raposeira (Faia, Moimenta da Beira) originalmente publicada em FE 712; este marco pertenceria ao Itinerário Régua - Marialva.
- Miliários: publicação de uma foto do possível miliário numa casa da aldeia de Carapito, próximo da rua da Lameira, originalmente publicada em FE 725; este marco poderia assinalar assim passagem da via próximo da aldeia, integrando o Itinerário de Moimenta da Beira a Fornos de Algodres.
- Itinerário Berecum - Centum Cellas: o percurso da via entre o povoado de Barrelas (Berecum) em Famalicão da Serra e a torre romana de Centum Cellas tinha duas possibilidades, uma por Gonçalo e outra por Valhelhas; o miliário que existe nesta última povoação apontava para a segunda opção; no entanto segundo informações de Fernando Patrício Curado e Vasco Mantas, parece que o miliário inédito que hoje está a servir de ombreira de uma casa particular em Belmonte (foto) afinal provém do sítio do Castelão na freguesia de Gonçalo. Deste modo, o trajecto da via romana seria por este local, evitando o cavado vale de Valhelhas (ver Itinerário Viseu - Belmonte). O miliário de Valhelhas poderá ter sido deslodado desta via, mas a verdade é que foi encontrado na margem oposta do Zêzere no lugar do «Garrido», podendo por isso indicar uma outra via que seguia para a Covilhã passando por Orjais, troço incluído no grande Itinerário de Tomar a Belmonte.
- Itinerário XVI: o trajecto de Conímbriga a Lisboa passando por Leiria (Collippo) e Óbidos (Eburobrittium) continha algumas incertezas que estão agora esclarecidas. A alternativa pelas pontes da Redinha e Pombal foi descartada pois este trajecto surge apenas século XVIII com alteração do traçado da «Estrada Real». Deste modo, confirma-se que antigo percurso da via seria por Soure onde apareceu o único miliário desta via. Aqui, cruzava o rio Arunca e seguia pelo antigo trajecto da «Estrada Real» que passava a poente de Pombal rumo a Leiria pelo Alto dos Crespos e Barracão, onde reunia com a EN1. O percurso está registado no «Mappa topographico do Quartel em Leiria de 16 de Abril de 1796» (Charters d'Azevedo, 2015).
2019 Setembro
- Mapas: publicação da versão 3.4 do mapa de vias e sítios com pequenas correcções do Itinerário XVII na zona de Vieira do Minho e do Itinerário XVI na zona de Alenquer; inclusão do Itinerário Conímbriga - Bobadela e consequente reorganização dos itinerários de e para a Bobadela (ver detalhes baixo). O mapa pode ser consultado aqui.
- Itinerário XVII de Braga a Chaves: pequenos ajustes no trajecto da via de Braga a Vieira do Minho; antes fazia-se passar a via pelo «Caminho de Pousadouros» até à Cruz do Real para daqui rumar a nascente para Vieira do Minho. No entanto, este caminho obriga a cruzar o a ribeira de Tabuaças quando existe um trajecto viável mais a sul para Vieira do Minho com o seguinte percurso: partindo do lugar de Pardieiros, a via ruma a nascente, seguindo aproximadamente paralela à EN103 pelo actual caminho de terra por Lameiros e a zona industrial, desviando logo depois por Pepim e Sanguinhedo, chegando a Vieira depois de ultrapassar a elevação designada por «Outeiro Alto». O «Castro de Vieira do Minho» deverá corresponder à estação de Salacia mencionada no Itinerário XVII a 20 milhas de Braga. Neste momento, já existe acerto na contagem miliária em todo o trajecto de Braga a Chaves, perfazendo um total de 80 milhas conforme indicado no Itinerário, correspondendo em definitivo na nossa opinião ao percurso mais a norte que vai por Ciada e Vilar de Perdizes. Este é portanto o trajecto indicado no Itinerário. No entanto, não há qualquer dúvida que existia uma outro trajecto mais a sul, sensivelmente mais curto. Este seria mesmo o trajecto principal, dado o elevado número de miliários encontrados ao longo do seu percurso (ao contrário do que se passa na variante norte). A bifurcação nas duas variantes fazia-se no centro da aldeia de Travassos de Chã, junto da actual Associação, e enquanto uma continuava para norte, a outra rumava a nascente cruzando o rio Rabagão e seguindo depois um trajecto pontuado por miliários por Gralhós, Cortiço, Arcos e Serra do Pindo rumo a Chaves.
Mais uma vez o itinerário não apresenta necessariamente o caminho principal entre pontos, mas descreve rotas de carácter mais territorial em função de interesses específicos, como um porto importante ou uma zona mineira, como parece ser este o caso em Vilar de Perdizes. Nesta fase, o percurso apresenta-se bastante estabilizado e já próximo de uma versão final. Ver descrição do trajecto aqui.
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Lisboa-Alenquer: o percurso que traçamos no mapa coloca a milha 30 na base do Povoado do Monte dos Castelinhos e junto da margem direita do rio Tejo. Aqui deveria ser Ierabriga e não em Alenquer como é geralmente aceite. Esta localização já tinha sido proposta por João Pimenta e Henrique Mendes (Pimenta & Mendes, 2012: 54-59), agora reforçada pela concordância com a distância de 30 milhas indicadas no I.A.; a terminação «briga» está mais de acordo com as características do povoado que tinha assim uma relação directa com o eixo comercial pelo Tejo acima .
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Alenquer-Santarém: o trajecto deste troço do Itinerário XVI de Braga a Lisboa suscitava muitas dúvidas na passagem do rio Ota. Vasco Mantas faz passar a via por Casal do Alvarinho, onde apareceu um tesouro, cortando depois o extremo sul da pista da Base Aérea, cruzando depois o rio Ota em Pontes de S. Bartolomeu. No entanto toda esta zona estaria alagada em tempos romanos pelo que o trajecto da via seria contornar a zona baixa seguindo a rota da EN1 até à povoação da Ota (na base de um importante povoado calcolítico), rumando depois para nordeste rumo a Aveiras de Cima. Esta correcção tornou o percurso de acordo com a distância de 32 milhas (cerca de 48 km) indicadas no I.A. para este troço.
- Coimbra-Bobadela: Revisão do Itinerário de Coimbra a Bobadela pela «Estrada da Beira». Antes fazia-se passar este itinerário por Carvalho em direcção a Poiares rumo à Ponte Romana da Mucela. No entanto a estrada de Coimbra a Poiares não parece recuar aos tempos romanos pois não há evidências de um trajecto antigo e a zona tem a passagem muito dificultada. A estrada para a Bobadela seria antes por Santa Comba Dão e Póvoa de Midões, cruzando respectivamente os rios Dão e Mondego nesses pontos. A via que passava na Ponte da Mucela rumo a Bobadela teria origem não em Coimbra, mas em Conímbriga, atendendo ao vicus viarum recentemente identificado no sítio da Eira Velha
2019 Agosto
- Reabertura do blog "Vias Romanas": reabertura do blogue "Vias Romanas" originalmente publicado em ''viaromanas.blog.pt" entre 2007 e 2016, entretanto suspenso porque este serviço foi descontinuado. O 'novo' blog passa a estar disponível no domínio viasromanas.pt e será escrito em Inglês para atingir um público mais vasto. Os posts antigos mais relevantes foram republicados para estarem novamente disponíveis online. O blog pode ser acedido directamente em viasromanas.pt/blog
- Miliários: publicação de uma foto do miliário inédito que está no cruzamento entre as ruas Hortinha e Caldeireiros na Vidigueira. Ver Itinerário de Alcácer do Sal a Sobral de Adiça por Vidigueira.
2019 Junho
- Itinerário de Évora por Vila Viçosa: este itinerário seguia por uma via assinalada por dois miliários (em Barrosinha e Aldeia) por S. Miguel de Machede, ligando Évora às pedreiras de mármore de Bencatel e Vila Viçosa (vide Bilou, 2000a e a descrição do percurso aqui). No entanto a sua continuação para Elvas (antes apresentada como uma variante sul do Itinerário XII que seguia por Estremoz) revela-se problemática devido ao acidentado do terreno. Deste modo é mais provável que as vias principais desta região tivessem uma orientação grosso-modo N-S rumo às diversos pontos de travessia do rio Guadiana. Estas vias passaram a integrar um grupo designado por "Derivações do Itinerário XIV" onde se descrevem os vários itinerários que cruzavam transversalmente os eixos viário W-E rumo a Mérida. Ver descrição dos percursos aqui.
- Itinerário de Alter do Chão a Elvas por Monforte: este itinerário seguia uma proposta praticamente unânime que fazia passar a via por Monforte e Monte das Esquilas com base na ara aos deuses viários descoberta por Mário Saa neste último local, tendo alguns autores considerado ser este o traçado do Itinerário XIV para Mérida o que levou à localização da mansio de Matusaro nesta estação viária do Monte das Esquilas (vide Carneiro, 2004, 2008 e 2011). No entanto, após uma análise mais cuidada do terreno, ponderamos a hipótese de a via não cruzar a ribeira grande junto da vila de Monforte (com uma ponte medieval, mas sem indícios romanos), mas sim mais a jusante, na base do fortim romano dos Beiçudos, seguindo não para as Esquilas, mas em direcção do miliário do Monte da Torre do Curvo, entroncando noutra via que seguia para a travessia do rio Guadiana em Juromenha. De facto a orientação que a via trás de Alter do Chão, passando na base do povoado indígena do Cabeço de Vaiamonte e a poente da villa da Torre de Palma segue em direcção aos Beiçudos e não a Monforte. A ser assim, cai por terra a proposta de situar a mansio de Matusaro no Monte das Esquilas com base no argumento da distância a Alter do Chão ser cerca de 24 milhas como é indicado no Itinerário para a etapa entre Abelterium e Matusaro (vide Encarnação, 1995; Mantas, 2010), proposta que na verdade nunca foi muito convincente porque obrigava a várias inflexões pouco lógicas do trajecto e tornava o percurso muito mais longo, tornando-o incompatível com as distâncias indicadas no Itinerário. Ver a descrição do percurso no Itinerário de Alter do Chão a Juromenha.
2019 Março
- Fotos: publicação de fotos da calçada e ponte romana (?) junto da Quinta de Santo António em Gateiras (Torres Novas), presumivelmente integrada na via romana entre Tomar e Santarém, gentilmente cedidas por David Gaspar.
2018 Dezembro
- Miliários: publicação de uma foto do miliário que apareceu na mutatio da Fonte da Cruz em Ponte de Sor, actualmente numa casa particular (FE 667).
- Miliários: publicação de uma foto do fragmento de miliário onde apenas se lêem as letras MAX que apareceu na Casa de Alvalade, actualmente nas reservas da Câmara Municipal de Alter do Chão (FE 664).
- Itinerários de Antonino: revisão dos Itinerários de Antonino apresentados na página «Informação» corrigindo e anotando várias alterações nas estações e na marcação miliária face aos novos desenvolvimentos na sua interpretação.
2018 Agosto
- Itinerário XIII: a marcação miliária da via litoral do Algarve excluiu a hipótese de situar a Salacia deste itinerário no vicus portuário do Cerro da Vila (junto da actual marina de Vilamoura). O caminho entre Faro e Almansil é inferior a 16 milhas, deitando por terra esta hipótese. Dessa forma, a única proposta plausível é interpretar este itinerário como uma ligação entre dois eixos viários, ou seja entre a via Salacia - Ebora e a via Ebora - Ossonoba, indicando a distância que ia do ponto de derivação do Itinerário XII até ao Torrão. A ser assim, o Itinerário XIII indicaria a distância entre o nó viário do Porto da Lama e o Torrão, percurso com cerca de 16 milhas conforme é indicado neste singular itinerário.
2018 Julho
- Itinerário Braga - Mérida: revisão do trajecto entre S. Tomé de Abação e a Ponte do Arco de Vila Fria; antes fazia-se passar a via por Gémeos, marginando o Castro da Boavista, mas as fortes pendentes até Vila Fria tornam mais provável uma rota por Venda da Serra, onde existia uma estalagem medieval.
- Itinerário Porto - Marco de Canaveses: revisão deste itinerário no troço entre o Castro de Quires e a Ponte do Tâmega; antes fazia-se passar a via por Bidebasta, Boriz, Pedras, Arvio, Torre, Avessada, Penides e S. Pedro, segundo proposta de Tavares Dias (Dias, 1997), no entanto, as fortes pendentes deste trajecto sinuoso são evitáveis com um trajecto alternativo por Gaia, Quatro Irmãos, onde havia uma estação viária medieval, sem grandes obstáculos e mais curto até à Ponte sobre o rio Tâmega.
2018 Junho
- Mapas: publicação da versão 2.2 do mapa de vias romanas.
- Itinerário Picôto - Feira - Oliveira de Azeméis: esta estrada designada na Idade Média como «stratam mouriscam» (Livro Baio Ferrado, fl. 99) mas que já seria utilizada na época romana desviava no Alto do Picôto (EN1, Argoncilhe) do itinerário principal para Olisipo e seguia sensivelmente paralela a este por Moselos, Santa Maria da Feira e Mosteiró até reencontrar o itinerário principal nas proximidades de Oliveira de Azeméis. Foi Melhor definição da parte final deste itinerário com a identificação de troços lajeados em Felgueira e Madaíl rumo à travessia do rio Úl na Ponte Medieval do Manica e daqui a Oliveira de Azeméis. Ver descrição do itinerário aqui.
- Miliários: publicação de uma foto do miliário dedicado a Tácito encontrado no adro da igreja de Vouzela indicando 18 milhas retirado daqui.
2018 Maio
- Itinerário Braga-Monção: melhor definição deste itinerário medieval muito provavelmente já utilizado na época romana, em particular no troço entre Vila Verde e Portela do Extremo; ao longo do seu percurso surgem várias pontes medievais como a Ponte da Agrela, Ponte de Permedelos, Ponte de Oleiros (junto a Ponte da Barca), Ponte de Ázere e Ponte de Vilela. Apesar da ausência de miliários (seria uma via secundária alternativa e paralela ao Itinerário XIX para Valença), existe um acerto da marcação miliária na intersecção com as linhas divisórias entre freguesias, indiciando a sua utilização já em época romana; por outro lado os silhares almofadados da Ponte de Ázere e da Ponte da Calçada, habitualmente um sinal de romanidade, poderão ter sido executados em épocas posteriores, se bem que na primeira há notícia da existência de marcas de fórfex pelo que a questão mantém-se em aberto. Ver descrição do itinerário aqui e o percurso cartografado aqui.
2018 Fevereiro
- Itinerário XV: alteração radical deste problemático itinerário para Mérida com nova proposta de percurso descartando a sua passagem pelo Vale do Tejo por Tramagal e Aritium Vetus (Alvega); anteriormente o percurso seguia no essencial as propostas dos vários autores que faziam passar a via pelo Vale do rio Tejo, passando nas proximidades de Tramagal e Alvega, dado que aqui apareceram miliários. No entanto esta solução nunca convenceu dada a necessidade da via ultrapassar os profundos vales cavados pelos afluentes do rio Tejo, nada condizente com a norma da viação romana; sendo assim, a existência destes miliários deverá associar-se antes às travessias do rio Tejo que aí existiam, ligando depois pelas linhas de festo à via romana que passava em altitude pelo planalto Alentejano no sentido O-E que formava assim uma espinha dorsal que articulava todo o tráfego nestas paragens. O percurso agora proposto segue o Itinerário XIV até ao planalto das Mestas, importante nó viário onde se deverá localizar a primeira estação, Tubucci, que seria assim comum aos dois itinerários para Mérida. A partir daqui os itinerários divergem até se reencontrarem nas proximidades de Ad Septem Aras, presumivelmente localizada em Ns. da Graça dos Degolados. De forma a acondicionar o percurso mais longo em 10 milhas do Itinerário XV optou-se por um traçado em altitude que segue por Bemposta e Cruz das Cabeças rumo a Monte da Pedra, seguindo uma linha de festo que evita a travessia de linhas de água e que ainda hoje serve de linha divisória entre concelhos; junto do Monte da Pedra estaria a mansio de Fraxinum associada à travessia da ribeira de Sor no Porto Manejo. Daqui rumava a Montobriga que poderia situar-se nas proximidades de Arronches, seguindo por Vale do Peso e Fortios, ou por Crato e Assumar. Esta nova proposta acerta a marcação miliária com as distâncias indicadas no I.A. e permite reformular toda a rede viária da região de forma mais coerente. Temos assim claramente para quem vinha de Mérida um eixo principal que corresponde ao Itinerário XIV que corria por Assumar, Alter do Chão e Ponte de Sor até ao planalto das Mestas, onde se dividia em dois trajectos principais que desciam ao rio tejo, um rumo a Lisboa por Santarém (por Perna Seca) e outro rumo a Tomar por Tancos (por Lagoa Grande) e uma variante secundária sensivelmente paralela que corria mais a norte, correspondendo ao Itinerário XV e que divergia do trajecto principal logo após a estação de Ad Septem Aras, seguindo depois pelas arribas da margem sul do Tejo até se reunirem no nó viário das Mestas e do qual partiam ligações perpendiculares na direcção S-N descendo pelas linhas de festo às várias travessias do rio Tejo (Amieira, Alvega, Abrantes, Tramagal), articulando assim os eixos Lisboa-Mérida com a rede viária a norte do rio Tejo. Apesar de algumas dificuldades no terreno, como seja a passagem por Bemposta, o seu percurso é bastante linear e com poucas variações de altitude, além de acertar com as distância entre estações indicadas no I.A.; talvez o maior dúvida desta solução seja o de termos duas mansiones muito próximas, Tubucci e Aritium Praetorio, separadas apenas por 6 milhas uma da outra, o que poderá ser explicado pelo facto do I.A. apresentar itinerários formados pela interligação de várias vias romanas independentes. A versão revista dos itinerários pode ser vista aqui.
2018 Janeiro
- Miliários: foto do miliário da Quinta de Santa Teresa em Alenquer retirado deste artigo de Vasco Mantas na Revista Cira Arqueologia nº 5: «O Miliário da Quinta de Santa Teresa (Alenquer) e outros problemas viários associados»; este apresenta uma fractura que afecta as primeiras letras da indicação miliária sendo apenas legível o numeral «XV», ou seja 15 milhas, valor manifestamente insuficiente para a distância entre Lisboa e Alenquer. Vasco Mantas corrige esse valor para 35 milhas (ou seja de XV para XXXV) . Este autor estranha o facto de um miliário de Alenquer indicar 35 milhas em vez de 30, ou seja, bastante afastado do local do seu achamento, levando este autor a equacionar a possibilidade deste marco pertencer a uma outra via. No entanto, na nossa opinião este marco integrava mesmo esta via porque as 30 milhas não eram vencidas em Alenquer mas sim um pouco antes, na base do Monte dos Castelinhos, pelo que o valor de 35 milhas coloca-o muito perto de Alenquer (a cerca de 2 km) como seria expectável.
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Miliários: afinal o miliário referido por Moreira de Figueiredo (Figueiredo, 1953) no «Quintal da Estalagem» de Fataúnços (Viseu) da via romana Talabriga a Vissaium parece corresponder à coluna que está hoje no jardim da moradia particular defronte da «Casa da Estalagem» (ver foto retirada do Google Street View).
2017 Dezembro
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Itinerário XIV: a revisão da marcação miliária no Itinerário XIV de Antonino de Lisboa a Mérida por Ponte de Sor e Alter do Chão, permitiu uma melhor definição do percurso, resolvendo muitas da dúvidas que ainda permaneciam e levando a nova proposta para a localização das estações intermédias mais problemáticas; as principais alterações estão nos extremos da via, ou seja, alterando o percurso inicial de Santarém a Ponte de Sor e a parte final, propondo-se uma nova localização para a mansio Budua um pouco antes da travessia rio Xévora, no sítio romano à margem da via designado por «Casarões da Misericórdia», hoje praticamente destruído, dado que este local está a 110 milhas de Santarém conforme indicado pelo Itinerário.
- Troço de Scallabis (Santarém) a Aritium Praetorio (Água Branca): a contagem miliária tem início em Almeirim seguindo depois junto de Alpiarça para tomar o caminho de festo que segue pelo nó viário de Perna Seca e não pela Lagoa Grande que corresponde a uma via proveniente de Seilium (Tomar) que cruzava o rio Tejo em Tancos e seguia até à encruzilhada das Mestas onde reunia com a via proveniente de Santarém. Deste modo foi anulado o hipotético traçado pela margem esquerda do Tejo rumo ao Tramagal pouco consonante com a viação romana. A partir da Venda das Mestas, a «Encruzilhada das Mestas» referida por André de Resende no século XVI, a via segue pela Herdade de Água Branca de Cima onde vencia as 38 milhas indicadas no Itinerário para a mansio Aritium Praetorio apesar do local exacto da estação viária ser desconhecido. Aliás este foi o percurso efectuado em 1533 por Claude de Bronseval que escreveu: «per desertam regionem cum immoderatissimo imbre usque ad mediam diem venimus semper incedentes usque ad unicamdomum in deserto vocatam As Mester» (BRONSEVAL, 1970: I, 317; MANTAS, 1996: 516; ).
Seguem algumas notas sobre estas alterações.
- Troço de Aritium Praetorio (Água Branca) a Abelterium (Alter do Chão): a via continuava por Ponte de Sor rumo a Abelterium a 66 milhas de Santarém, definitivamente localizada em Alter do Chão pelo que este local serve de ponto de referência para as outras estações quer em direcção a Mérida quer a Santarém; pequenas correcções no trajecto da via de Ponte de Sor à provável mutatio da Fonte da Cruz (onde apareceram diversos miliários) permitiu acertar a distância de Ponte de Sor a Alter do Chão com o valor indicado no Itinerário.
- Troço de Abelterium (Alter do Chão) a Ad Septem Aras (Aldeia de Degolados): a partir de Alter do Chão a via percorre 32 milhas até à estação de Ad Septem Aras num local a norte da aldeia de Ns. da Graça dos Degolados, um nó viário designado por «Posto Fiscal de Azeiteiros» como já tinha sido sugerido por André Carneiro. Pelo meio existia a estação de Matusaro que pela contagem miliária deveria situar-se ligeiramente a sul de Arronches, próximo da antiga travessia do rio Caia num local designado por «Porto do Caia» ou «Porto das Escarninhas» que dista precisamente 90 milhas de Santarém e a 8 de Degolados como indica o Itinerário (Carneiro, 2004, 2011). A hipótese do Itinerário indicar o percurso alternativo por Monforte e Barbacena pressupõem um percurso ilógico e mais longo até Campo Maior, sendo mais provável que esta importante via romana ligasse Alter do Chão a Elvas (Atalaia dos Sapateiros), ou seja interligando o Itinerário XIV e o Itinerário XII que seguia a sul por Évora e Elvas rumo também a Mérida.
- Troço de Ad Septem Aras (Aldeia de Degolados) a Emerita (Mérida): a partir daqui a via inflectia para sudeste rumo a Campo Maior, onde existiria uma mutatio associada ao vicus viário de S. Pedro, continuando depois rumo à travessia do rio Xévora no «Rincón de Gila» defronte do sítio romano junto da Ermida de Bótoa. Pouco antes a via vencia a milha 12 desde Ad Septem Aras, indiciando que a mansio de Budua estará localizada no sítio romano dos Casarões da Misericórdia, um local de ampla visibilidade sobre esta travessia e por isso o local ideal para instalar uma statione de controle da via; notar que este local é hoje a fronteira entre Portugal e Espanha, reforçando o papel de término da mansio.
O percurso até à estação seguinte, Plagiaria num total de 8 milhas coloca esta mansio nas proximidades de Novelda del Guadiana, perfazendo um total de 20 milhas entre as estações de Ad Septem Aras e Plagiaria, aliás tal como é indicado também no outro Itinerário para Mérida, o XV de Antonino.
- Miliários de Campo Maior: o vicus viário situado em Campo Maior já deveria integrar território Emeritense dado que os dois miliários conhecidos provenientes deste local apresentam a distância a Mérida; num deles lê-se apenas a palavra Emerita enquanto no miliário de Severo Alexandre actualmente desaparecido (FE 115), leu-se 53 milhas a Mérida; no entanto, atendendo a que distância entre Campo Maior e Mérida ronda as 43 milhas, é muito provável que a transcrição que chegou até nós esteja errada, tendo omitindo o numeral «X» inicial que daria «XLIII» milhas e não as «LIII» milhas então lidas.
- Ponte Romana da Ns. da Enxara: os vestígios desta imponente ponte romana sobre o rio Xévora indicia uma outra via importante seguindo directamente de Ad Septem Aras ao rio Xévora sem passar por Campo Maior, podendo depois descer a Budua num percurso ligeiramente mais longo; no entanto a orientação da via torna mais provável a sua continuação para nordeste rumo talvez a Cáceres (Carneiro, 2004, 2011).
2017 Novembro
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Itinerário XIX: o acerto da marcação miliária na via romana entre Braga e Tui obrigou a algumas correcções do percurso que em alguns pontos se afasta no caminho actualmente assinalado com placas «VIA XIX» que não é mais que mais um caminho "inventado" recentemente ao estilo dos actuais «Caminhos de Santiago». Em particular na chegada a Ponte de Lima é claro que a via segue por Posa onde havia miliário e não pelo monte do Castro de Sta. Maria Madalena, onde Rodriguez Colmenero situou Limia; a milha XX era atingida junto da ponte romana pelo que a mansio teria de estar um pouco antes na m.p. XIX, possivelmente nas imediações de S. Lourenço. Outras alterações pontuais do percurso foram: saída de Braga pela Calçada de Cones e não pela rua da Boavista; revisão do percurso na travessia de rio Neiva, fixando o local de passagem do rio entre o Monte da Ribeira e Lagoeira, única solução que alinha os desviados percursos pela ulterior Ponte de Goães; adiante de Ponte de Lima, há alteração do percurso na zona do Rubiães pois a via não segue o caminho de Santiago após da Ponte Medieval da Peorada, antes subindo pela vertente nascente do monte do Castro do Coussorado e finalmente alteração da rota entre a Portela de Fontoura e a Ponte da Pedreira, seguindo a via romana por rio Torto e Capela de S. Bento. Estes pequenos acertos permitiram acertar a marcação miliária.
- Itinerário XII:
uma nova interpretação deste itinerário no troço entre Setúbal e Alcácer do Sal permitiu acertar a marcação miliária desta via. Não havia dúvidas que existiam erros neste itinerário dado que as 46 milhas indicadas entre Caetobriga e Salacia ultrapassam em muito a distância real entre estas cidades que ronda as 35 milhas, tornando problemática a localização das estações intermédias Malateca e Caeciliana.
A solução para este problema está numa diferente interpretação do itinerário, corrigindo a sequência das estações para Caetobriga - Malateca - Caeciliana - Salacia, com Malateca situada junto da travessia da ribeira de Marateca, a 14 milhas de Setúbal, em vez das 26 milhas indicadas no I.A. que corresponde à distância de Marateca a Coina, e Caeciliana localizada junto da povoação de Palma que dista 8 milhas da ribeira de Marateca e 12 milhas de Alcácer do Sal e portanto de acordo com os valores indicados no I.A. (ver aqui). (outdated see entry January 2021).
2017 Outubro
- Itinerário XXI: a via romana entre Évora e o Torrão, anteriormente apresentada como uma variante da Via Alcácer do Sal - Évora passando por Alcáçovas, passou a integrar um grande itinerário que partindo de Évora se dirigia ao Algarve passando por Alcáçovas e Torrão, onde conflui com a via proveniente de Alcácer do Sal, seguindo depois por Alvalade e Garvão rumo ao Algarve. (ver aqui).
2017 Agosto
- Miliários: fuste de um possível miliário anepígrafo reaproveitado numa parede de uma casa da aldeia de Benquerença, junto da casa paroquial na rua da Praça (vide Ferro, Sara (2017) - «Contribuição para a Carta Arqueológica de Penamacor - sítios inéditos»). Admitindo que não se trata apenas uma coluna proveniente de alguma villa próxima, este possível miliário teria deslocado da via romana que passava a cerca de 2 km para noroeste, junto do antigo Convento de Anascer, percorrendo a margem direita da ribeira de Meimoa, trajecto atestado pelo miliário de Coito de Cima e que seguia a rumo a Sabugal pela Serra da Opa (ver percurso aqui).
2017 Junho
- Miliários: fotos de dois possíveis miliários anepígrafos suportando o alpendre da Capela de Sta. Eulália, onde apareceram também 4 inscrições votivas actualmente no Museu Grão Vasco, sendo uma delas dedicada à divindade Albucelainco Efficaci; seria um santuário junto da Via Coimbra - Viseu? (Peixoto, 1952; Vaz, 1997).
- Itinerário XVI - Águeda: revisão da rota entre Cale e Aeminium do Itinerário XVI na travessia do rio Antuã em Úl (Oliveira de Azeméis). Anteriormente o itinerário proposto cruzava o rio na base do Castro de Úl onde hoje está uma ponte em betão, continuando por Damonde e Figueiredo até Pinheiro da Bemposta, seguindo proposta de Seabra Lopes (Seabra Lopes, 2000a), mas a cartografia da via com o acerto da marcação miliária aponta para um trajecto mais a nascente pela antiga Estrada Real, passando por Besteiros, Caniços e Bemposta até Bemposta, num percurso menos acidentado e que evita vários cursos de água, seguindo a proposta de Vasco Mantas (Mantas, 1996:821). Assim, é possível que a travessia do rio Úl fosse um pouco a montante da Ponte do Castro, eventualmente no sítio da actual Ponte da Anjeirinha (?).
- Itinerário XVII: revisão do trajecto da via romana junto da mansio de Pinetum, actual aldeia de Vale de Telhas; a actual travessia do rio Rabaçal na ponte medieval, embora reutilize elementos construtivos romanos como silhares com marcas de fórfex, é uma construção claramente já do período Medieval, sendo que o local de travesia no período romano estaria um pouco a jusante no lugar da Barca, onde aliás apareceram os 5 miliários entretanto dispersos. Assim, refez-se o trajecto nesta área, subindo do rio Rabaçal directamente ao castro por um caminho que ostenta profundos cortes na rocha base. A hipótese da mansio se situar junto do Parque de Campismo, onde existem vestígios romanos, foi assim descartada e muito provavelmente a mansio estaria no próprio castro. A via continua depois não pela actual aldeia de Vale de Telhas como proposto anteriormente, mas pelo Alto da Estrada rumo ao cruzamento da Bouça, onde apareceu um miliário indicando a milha XXII, acertando assim com a distância medida no terreno; continuava depois pela aldeia de Fradizela até à Ponte Romana de Torre de D. Chama sobre o rio Tuela (vide Itinerário). Mais uma vez se prova a exactidão das distâncias apresentadas no I.A. contra todas as correcções e conjecturas feitas para adequar o itinerário a traçados mais ou menos especulativos.
- Itinerário XVII: revisão do trajecto da via entre Agrochão e Gostei; na anterior proposta, a via de Chaves a Bragança passava na aldeia de Carrazedo, dado existir referência a um miliário de Caro; no entanto, parece haver nesta caso uma confusão com outro miliário na povoação homónima de Carrazedo no concelho de Amares, servindo de cruzeiro na aldeia do Pilar; assim é mais provável que a via seguisse directa ao Alto da Ferradosa e daí descia a Formil, onde aliás apareceu outro miliário.
- Itinerário XVII: os sucessivos ajustes da proposta de traçado do Itinerário XVII vieram confirmar a localização da mansio Roboretum na Torre Velha de Castro de Avelãs, a 56 milhas de Chaves. Sendo assim, a estação seguinte Compleutica, a 29 milhas, estaria não em Babe como proposto anteriormente, mas já em território Espanhol, possivelmente junto de Figueruela de Arriba, no ponto onde a via inicia a travessia da Serra da Culebra. As estações seguintes até Astorga também parecem acertar com as distâncias do I.A., visto que as 46 milhas indicadas para o trajecto de Chaves à mansio de Petavonium, corresponde ao acampamento romano a oeste de Rosinos de Vidriales enquanto a última estação antes de Astorga, Argentiolum, estaria 15 milhas depois, no sítio romano do «Campo del Medio» em Villamontán de la Valduerna. Daqui até Astorga há cópias do I.A. que indicam 24 milhas enquanto outras indicam 14 milhas, sendo este o valor medido no terreno. Aliás é esse o valor que aparece num dos códices mais antigos, o chamado «Manuscrito de Viena» datado do século VIII (Vindobonensis 181).
2017 Maio
- Rota: a via N-S que partindo de Chaves se dirigia para a travessia do rio Douro em Covelinhas, passando na região mineira de Três Minas não seguia de Chaves a Samaiões e daí ao alto da Serra da Padrela, como se propunha anteriormente, antes desviando do Itinerário XVII logo após a aldeia de S. Julião de Montenegro evitando assim a íngreme subida à serra por Samaiões. Desta forma esta via percorre as alturas da serra sempre por um traçado rectilíneo que percorre a linha de festo, evitando assim a travessia dos múltiplos ribeiros (vide Itinerário Chaves - Moimenta da Beira).
- Rotas: o traçado da via N-S ligando Chaves a Lamego seguindo pela depressão Verín - Régua por Vila Pouca de Aguiar (passando por Pedras Salgadas, Soutelo de Aguiar, Telões e Vilarinho de Samardã) não é seguramente de origem romana dado exigir a travessia de inúmeros rios e respectivos afluentes; será certamente uma construção já em período medieval relacionada com a fundação da cidade de Vila Real na Baixa Idade Média; as três pontes dadas como «romanas» neste percurso (a Ponte sobre a ribeira de Oura em Vidago e as duas pontes sobre o rio Avelames, a Ponte das Águas Romanas em Pedras Salgadas e a Ponte de Cidadelha em Vila Pouca de Aguiar) não apresentam qualquer sinal de romanidade e a sua construção dever-se-á ao estabelecimento desta rota na Idade Média. O traçado romano corresponde ao percurso pelas cumeadas da Serra do Alvão (como é norma na viação romana), seguindo uma rota paralela ao traçado medieval mas em altitude, passando nas aldeias de Bragado, Cabanas (onde existiria uma mutatio), Afonsim, Paredes do Alvão, Gouvães da Serra e Minas da Seara, descendo depois ao Vale da Campeã. Os diversos achados de tesouros monetários nas villae do vale ao longo desta rota indiciam a passagem desta importante via que continuava para sul para cruzar o rio Douro no Peso da Régua. Assim a antiga proposta por Vila Pouca de Aguiar foi removida e a via romana passou a ser descrita no Itinerário Chaves - Régua.
- Rotas: Uma das principais rotas medievais ligando Lamego a Trancoso pela Ponte de Ucanha não seria o traçado romano dado o acidentado do seu percurso; assim, este troço, que estava inserido no Itinerário Lamego - Marialva, foi anulado, passando o ponto de partida para Peso da Régua pois daqui parte uma estrada com um traçado mais de acordo com a tipologia da viação romana evitando grandes variações de cota e as difíceis travessias dos rios da região subindo ao Alto do «Monte Raso» onde se regista a referência à «strada mourisca» que servia de limite norte do Couto do Mosteiro de Salzedas (LDMS 61; vide post de Maio 2015 sobre este documento). Consequentemente os itinerários entre Lamego e Viseu foram revistos face a esta importante alteração.
- Inscrições viárias: foto de uma ara votiva aos lares viales achada na aldeia de Agrochão (Vinhais), certamente relacionada com a passagem da Iter. XVII neste local.
2017 Abril
- Geo: fortes avanços na longa tarefa de cartografar as vias utilizando a ferramenta Google Earth. Os percursos estão a ser elaborados com base nos itinerários aqui propostos que por sua vez são o resultado de um trabalho de compilação de estudos e informação arqueológica actualmente disponíveis sobre a viação romana. Verifica-se no entanto que muito dos percursos propostos anteriormente não são viáveis ou estão inseridos no itinerário errado, levando a uma profunda remodelação da articulação da rede. Seguindo determinados critérios geográficos como por exemplo evitar sempre que possível a travessia de rios, minimizar as variações de altitude e procurar o caminho mais curto, entre outros factores, é hoje possível acertar muitos troços e acima de tudo perceber melhor a rede de longa distância utilizada durante a época romana. Os resultados estão a ser muito positivos porque das duas uma, ou o itinerário proposto encaixa na perfeição com o critério geográfico, reforçando assim o itinerário proposto, ou a via diverge noutra direcção completamente diferente do itinerário até agora proposto levando à redefinição da rede, produzindo resultados inéditos que vou tentando manter actualizados aqui neste «histórico» e no Blog. Não há dúvida que esta rede tem origem muito anterior à época romana, privilegiando os traçados em altitude (a que poderíamos chamar "passagens aéreas") a fim de evitar a travessia de cursos fluviais e a consequente construção de pontes, praticamente inexistentes até à romanização. Mas o facto de esta rede continuar a ser usada em período romano reforça a hipótese de que o número de pontes efectivamente construídas em época romana ser muito menor do que se pensava, o que em parte explicaria a ausência de vestígios de romanidade na maioria das pontes antigas espalhadas por todo o país. Com a excepção dos grandes itinerários, onde se observam pontes romanas sobre os grandes rios, como é o caso das notáveis pontes romanas de Chaves, Marco de Canaveses, Torre de D. Chama, Vila Formosa e Segura, norma na viação secundária romana parece ser a travessia dos grandes rios por barca e os pequenos ribeiros possivelmente com pequenas pontes de madeira, mas das quais não subsiste qualquer vestígio. A explosão da construção de pontes dar-se-á já em período medieval, tentando reerguer uma rede de grandes percursos entretanto abandonados em consequência da queda do domínio romano.
- Rotas: redefinição do traçado da via N-S que cruzava o rio Zêzere junto a Pedrogão Grande. A vaga tradição da existência de uma ponte romana neste local levou a que muitos autores propusessem uma cronologia romana à chamada "Ponte do Cabril" da qual restam os respectivos arranques localizados a cerca de 50 m a jusante da Ponte Filipina. No entanto esta proposta levantou sempre muitas dúvidas porque nem a ponte apresenta sinais de romanidade nem o local de passagem se coaduna com as práticas romanas, ao construir esta travessia no fundo do grande desfiladeiro cavado pelo rio. Por outro lado não se percebia porque razão o único vestígio da via, um troço de calçada junto do cemitério de Pedrogão Pequeno ter uma direcção diferente do acesso à Ponte do Cabril, tendo-se proposto como um diverticulum de acesso ao Castro da Ns. da Confiança. No entanto, tal como já apontara Mário Saa, é mais plausível que a travessia fosse mais a montante junto da povoação de Vale da Barca, local mais favorável a essa travessia e cujo topónimo aponta para uma travessia por barca. Esta solução permite enquadrar a referida calçada como fazendo parte desta estrada que vinda do Zêzere marginava pela base o referido castro e que seguia junto do cemitério rumo à Sertã. Por outro lado esta nova orientação da via torna claro que esta via não teria origem em Conímbriga como propôs Carlos Batata (Batata, 2006) (derivando algures da Via VXI, mas cujo traçado nunca descortinou), mas sim vinda do norte talvez de Bobadela por Arganil e pela cumeada da Serra da Lousã. Dessa forma criou-se um novo itinerário entre Bobadela e o rio Tejo com passagem do Zêzere em Pedrogão Grande.
- Rotas: redefinição do traçado do Itinerário XVI na zona de Conimbriga; a rota anteriormente proposta entre Coimbra e Conímbriga passava por Venda do Cego, Adro Velho e Condeixa-a-Nova num trajecto aproximado da EN1, mas uma análise mais pormenorizada do terreno revelou a existência de um caminho alternativo a nascente mais de acordo com a tipologia romana, seguindo um traçado muito mais recto e menos acidentado derivando da EN1 na Cruz de Morouços e seguindo por Pousadas rumo a Alcabideque, nó viário associado a Conímbriga; desta forma o acesso a Conímbriga fazia-se por um diverticulum a partir deste nó viário a pouco mais de uma milha da cidade; da mesma forma a continuação da via para sul rumo a Tomar fazia-se também a partir de Alcabideque rumo ao Algar da Janeia, onde deveria existir uma mutatio associada à milha III. Fica assim descartada a ligação a Conimbriga pela Mata da Bufarda.
- Rotas: a descoberta em 2011 do vicus da Eira Velha (freguesia de Lamas, Miranda do Corvo) durante a construção da A13 e logo destruída, indicia a existência de uma estação viária neste local, no cruzamento da via proveniente de Conímbriga seguindo por Miranda do Corvo e Foz de Arouce rumo à Bobadela com uma ainda hipotética via no sentido N-S proveniente de Coimbra rumo a Tomar (Ramos e Simão, 2012); deste modo foi criada uma nova rota de Conímbriga à Bobadela e elaboradas propostas para outras hipotéticas vias com base na antiga rede de «Estradas Reais», embora estas rotas possam ter origem medieval. Assim quem vinha de Lisboa por Tomar e Conímbriga pelo Itinerário XVI, ao atingir a mutatio de Freiria/Venda das Figueiras desviava para nordeste rumo à civitas de Bobadela passando por Miranda do Corvo e Foz de Arouce onde cruza o rio Alva, evitando assim a passagem por Coimbra. Estes dados reforçam a zona da Freiria/Venda das Figueiras como nó viário a cerca de XV milhas de Conímbriga.
2017 Março
- Rotas: revisão do Itinerário Conimbriga - Collippo - Eburobrittium - Olisipo com melhor definição dos locais de passagem da via e restruturação das várias variantes e vias secundárias. A difícil orografia e a multiplicidade de caminhos antigos criaram (e criam) imensas dificuldades aos investigadores para definir os traçados romanos de forma minimamente sustentada. Este itinerário aliás não deverá corresponder a uma via estruturada entre Conimbriga e Olisipo mas a um conjunto de vias de carácter regional que interligavam importantes centros urbanos como Scallabis, Collippo e Eburobrittium associadas ao comércio por marítimo. O povoamento romano dá indicações sobre a passagem da via, mas nem sempre é fácil traçar um itinerário que cumpra com os requisitos romanos. Deveriam existir muito menos pontes romanas do que se pensava antes e os percursos mais favoráveis tentam evitar travessias de cursos de água. Na ausência de miliários ou outros vestígios seguros da passagem da via (muitas da dita «calçada romana» é na realidade já do período medieval) adoptou-se um critério geográfico em vez da simples interpolação dos vestígios arqueológicos romanos interligando-os com segmentos de recta com o intuito de definir a rota da via, método que levou à criação de percursos na maioria das vezes inviáveis ou pelo menos muito acidentados. Assim enumera-se as principais alterações:
- Leiria: a via cruzava o rio Liz em Leiria, cujo crescimento se deve ao controlo desta importante travessia, continuando depois pelo vale do rio Lena por Golpilheira e Castros, povoado pré-romano e villa romana, eventualmente uma mutatio na base do oppidum de Collippo situado no alto do monte em S. Sebastião do Freixo.
- Porto de Mós: de Collippo, a via seguia até Porto de Mós, importante nó viário onde se dividia em 3 direcções: rumo ao Vale do Tejo (aos portos fluviais de Chões de Alpompé e Santarém) uma seguindo para leste pela depressão de Alvados e outra seguindo para sul pela serra por Serro Ventoso e Mendiga. Por outro lado, o troço de calçada em Alqueidão da Serra não parece integrar a via principal sendo antes uma atalho para quem vinha de Collippo evitando passar por Porto de Mós.
- Alcobaça: a via poderia seguir pela chamada «Carreira Velha» que corre paralela e abaixo da EN8, podendo bifurcar no importante sítio romano de Carvalheiras, seguindo um ramo para Alcobaça, onde cruzava o rio Alcoa rumo a Alfeizerão, e o outro mantinha a direcção sul ao longo do vale da vertente oeste da Serra dos Candeeiros, seguindo por Évora de Alcobaça, Turquel e Benedita, onde volta a bifurcar, seguindo uma ramo por Alto da Serra e Rio Maior rumo a Santarém enquanto a outra rota continuava por Zambujeira rumo a Cadaval (?).
- Alfeizerão: a descoberta do miliário de Adriano e outros vestígios no sítio das Ramalheiras junto a Alfeizerão, indiciam a existência de um vicus portuário integrável na civitas de Eburobrittium; este miliário poderia indicar a distância deste porto a Eburobrittium.
- Óbidos: depois de servir a cidade romana, a via continuava para sul rumo a Torres Vedras, mas ainda não há um traçado seguro; Vasco Mantas sugeriu uma rota por Cadaval e S. Tomás de Lamas, onde abundam os vestígios romanos, mas este trajecto que contorna a serra obriga a muitas cruzamentos de rios e ribeiras, pouco consonante com a viação romana; em alternativa a via poderia cruzar a serra por Outeiro da Cabeça.
- Torres Vedras: a via cruzava o rio Sizandro próximo de Torres Vedras e seguia junto do Povoado da Serra do Socorro até Pero Negro e não passaria por Dois Portos como era sugerido antes; este local estará antes associado a uma via que seguia para Alenquer. Daqui a Lisboa, a via acompanha a rota da ER374 por Milharado e Cabeço de Montachique até Loures, onde aflui também a Iter. XVI.
- Via Leiria - Tomar: a via entre Collippo a Seilium
deverá seguir por Cortes, Arrabal, Olival, Caxarias e Carregueiros, traçado que minimiza a oscilações de altitude e as travessias de ribeiras, sendo pontuado por diversos vestígios romanos incluindo um vicus em Casais da Abadia (Caxarias). A variante por Ourém pelo contrário apresenta-se pouco viável e é por isso muito duvidosa, e foi retirada até novos dados.
- Troço do Itinerário XVI entre Tomar e Torres Novas: a referência a miliários em Delongo levou a traçar uma rota por Lamarosa e Árgea, mas é mais provável que de Paialvo a via seguisse por Soudos, Pé de Cão, Quinta de St. António e Gateiras.
2017 Janeiro
- Miliários: André Tomé Ribeiro publicou um artigo na «Revista da Maia» (Nova Série, Nr. 1) sobre a descoberta de um miliário inédito identificado em Novembro de 2015 numa casa do lugar da Rapozeira, freguesia da Barca (Maia); este miliário que indica XXVII milhas a Bracara bem reconfirmar a passagem da via romana Bracara - Cale no centro da Maia e permitiu ao autor elaborar uma proposta de reorganização da marcação das milhas nesta zona do Itinerário XVI de Antonino que está de acordo com o anteriormente proposto neste site. vide «O Marco Miliário de Barca, concelho da Maia - Contributo
para o estudo da rede viária de época romana».
2016 Novembro
- Geo: o trabalho de georreferenciação dos traçados romanos permite agora estruturar vários troços isolados que agora ficam devidamente integrados nos grandes eixos viários romanos. Na verdade à medida que a rede surge estruturada num mapa fica claro a que grande itinerário pertenceriam e por isso levou a muitas alterações no alinhamento das diversas vias e seus cruzamentos. Em geral trata-se de pequenos ajustes e correcções do percurso, mas no caso da região do Douro e Beiras as alterações vão muito para além do pormenor e constituem um completa reestruturação dos eixos viários principais, "despindo-os" da matriz medieval sempre tão presente e das múltiplas vias vicinales e privatae que cobrem a região, em particular nas proximidades dos grandes acidentes naturais que são a Serra da Estrela e o rio Douro. Regra geral, os percursos romanos tendem a seguir pelas cumeadas das serras, seguindo o alinhamento das lombadas dos montes, sempre na tentativa de evitar o cruzamento de rios importantes (e a necessidade de construção de pontes), procurando nas alturas por planaltos viáveis (as chamadas «naves»!) permitindo fazer grandes distâncias num terreno muito favorável à viação. Obviamente que esta inteligente estratégia era interrompida pelas abruptas descidas às travessias dos grandes rios como o Douro e o Mondego, mas para além destes grandes obstáculos, a via segue em geral pelas serranias por vezes com grandes rectas interrompidas por mudanças bruscas de direcção sempre na procura do caminho mais plano e directo possível. Claramente muita destas rotas são já reparações romanas de antigos caminhos pré-romanos que interligavam as muitas "brigas" celtas entretanto romanizadas. A matriz medieval por outro lado opta por interligar os diversos povoados pelo caminho mais curto sem preocupação de criar grandes itinerários (veja-se o actual proliferar dos chamados «Caminhos de Santiago», seguindo improváveis percursos para Santiago pela velha rede medieval). Esta diferente estratégia levou à construção de novos caminhos cruzando os ricos vales agrícolas, obrigando em geral à construção de uma ponte sobre o rio que corria no fundo do vale. A construção de pontes viria a tornar-se da maior relevância na época medieval, pulverizando a nossa paisagem das ditas pontes «romanas» que são na verdade um resultado de um esforço medieval notável de recuperar o sistema produtivo agrário destas serranias.
- Rotas: algumas notas sobre as muitas alterações na organização dos itinerários em resultado dos avanços na georreferenciação dos traçados:
- A hipotética via entre Mangualde e Celorico da Beira por Fornos de Algodres não é viável e foi retirada; nesta zona, os dois grandes eixos viários romanos correm na direcção N-S provenientes do rio Douro para cruzar o rio Mondego uma em Fornos de Algodres e outra em Celorico da Beira, seguindo a primeira por Linhares rumo ao nó viário da Serra da Estrela em Carvalhos Juntos enquanto a segunda seguia a vertente ocidental da Serra da Estrela rumo a Bobadela e Coimbra. Os muitos troços dispersos estão agora integrados nestes dois eixos viários e seus diverticula: Chaves - Celorico da Beira, Chaves - Moimenta da Beira e
Moimenta-Linhares.
-
Criação do Itinerário Moimenta-Mangualde, ramal do itinerário N-S Chaves-Viseu que partia do nó viário de Moimenta da Beira rumo a Mangualde por Penalva de Castelo (vicus da Murqueira), tendo continuidade para Bobadela pelo itinerário Mangualde-Bobadela, formando assim um outro grande eixo viário do Douro rumo a Coimbra e o litoral.
2016 Maio
- Rotas: inclusão do novo itinerário rumo a Santa Maria da Feira, desviando da via principal no Alto do Picôto (EN1/Argoncilhe) e seguindo a cumeada do monte junto da Igreja Paroquial de Mozelos, do Castro de Sagitela ou do Coteiro e de Santa Maria de Lamas. Este eixo viário que assumiu grande importância na época medieval já estaria em uso durante a época romana atendendo a alguns indícios de povoamento castrejo e romano ao longo do seu percurso (poderá ser mesmo uma rota mais antiga), funcionando assim como um diverticulum da via principal Cale - Olisipo para ligação à Vila Feira, aproveitando o percurso em altitude ou meia-encosta que se desenvolve para sudoeste a partir do nó viário do Alto do Picôto; um documento medieval do ano 1079 parece referir esta estrada na passagem «subtus monte saitella discurrente strata ad portum asinarium riuulo maior» (vide PMH DC 867), ou seja a estrada cruzava a ribeira de Rio Maior na base do actual Monte do Coteiro. Na Vila da Feira, a via cruzava o rio Cáster e subia a Mosteirô, onde ainda subsiste um extenso troço lajeado desta via que pela sua orientação deveria seguir por alturas de Fermil e Picôto, troço que parece corresponder à referência medieval onde se lê «in villa dicta azeuedo subtus illam stratam mouriscam» (Livro Baio Ferrado, fl. 99), ou seja a via seguia em altitude a nascente do actual lugar de Azevedo (S. Vicente de Pereira, Ovar) seguindo provavelmente depois na direcção da Ponte da Pica e/ou continuar por Cucujães até ao Castro de Úl, reunindo nos dois casos com o Iter. XVI.
- Rotas: revisão da via proveniente de Cale (Porto) rumo a sul que seguia ao longo do litoral rumo ao rio Vouga; de norte para sul temos: alteração do trajecto na zona da Madalena, deixando o trajecto de passar na necrópole do Sameiro (junto da Cerâmica de Valadares) o que obrigaria a cruzar terreno bastante acidentado da zona de Aguim e passando a rota a passar em Gramoinhos rumo ao centro de Valadares, zona hoje muito alterada pela construção da EN109/A44; introdução da travessia da ribeira do Mocho em Congosta/Carreira do Pereiro em alternativa à actual travessia na Ponte de Anta, atendendo aos vestígios aí existentes de uma ponte em pedra e aos topónimos viários Pedra, Carreiro e Congosta, seguindo depois pela rua da Congosta e rua do Porto para Silvalde; o cruzamento do rio Maior seria nas proximidades do Castro de Ovil, mas o ponto preciso de travessia permanece duvidoso, tal como na travessia seguinte, a ribeira de Lourido; já em Arada, a via parece seguir a linha divisória entre os concelhos da Feira e Ovar, ao longo dos sugestivos topónimos de Carrascal, Estrada e Lameiro para cruzar o rio Cáster nas proximidades da Sra. da Guia em Tarei (Souto), onde surgem topónimos como Alminhas da Calçada e Alcapedrinha; a continuação da via é incerta, seguindo talvez algures por Válega e Avanca rumo à travessia do rio Antuã nas proximidades dos povoados proto-históricos de Santiais e Salreu, podendo daqui ligar ao Itinerário XVI, próximo do vicus de Cristelo, ou continuar pela antiga linha de costa até ao rio Vouga (?).
2016 Abril
- Biblio: Inventário dos sítios arqueológicos no concelho de Marco de Canaveses por António Lima no âmbito da recente revisão do Plano Director Municipal (PDM), em grande parte baseado no trabalho prévio de Lino Tavares Dias. Vide documentos aqui (Abrir "Elementos Complementares" -> "Plantas de Salvaguarda Patrimonial" -> "Fichas 2015").
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Rotas: revisão da rede viária no concelho de Arouca; definição do percurso da rota este-oeste que ligava Arouca ao litoral, cruzando a via Porto-Viseu em Escariz. Anteriormente propunha-se o lugar de Cabeçais (a cerca de 1 milha) para este cruzamento, mas Escariz parece ser o local para onde as vias convergem; o itinerário proposto inicia na Vila da Feira, seguindo depois por Arrifana (estação viária da estrada romana Porto-Lisboa), continuando próximo do Castro da Portela até Escariz, onde toma a chamada «Estrada Velha de Ver» para Mansores rumo à travessia do Arda (no Fontão Longo?), continuando por Tropeço até à base Castro do Monte Valinhas em Arouca. (vide Itinerário Feira-Arouca).
- Rotas: Via Porto-Viseu: publicação de uma foto da chamada «Estrada do Cruzeiro» em Escariz, extenso troço lajeado que começa no Largo do Cruzeiro em Escariz e segue depois para Gestosa através do lugar do Viso.
- Rotas: a presumível via romana que ligava o Castro do Monte Valinhas em Arouca ao rio Douro, a norte, seguia pela cumeada da serra passando no Alto do Cerro do Cão rumo à travessia do rio Douro Castelo de Fornos/Várzea do Douro em Castelo de Paiva, evitando assim a difícil travessia do rio Paiva em Espiunca como propôs António Lima para a época medieval (Lima, 2004, 2008), (vide itinerário Arouca-Douro). No seu percurso há evidentes sinais de povoamento romano como a necrópole de Alvariça (na encosta virada a Espiunca), a necrópole de S. Pedro de Felgueiras e o povoado romanizado do Castelo de Fornos (Castelo de Paiva), dominando a travessia do Douro. A referência a uma «via maurisca» entre Eiriz e Figueiredo, servindo de limite de propriedade da vila Romarici num documento de 1085 ( in PMH DC 614) indicia uma continuação desta via para sul, dado que esta vila medieval Romarici corresponde ao actual lugar de Romariz, situado já na margem esquerda do rio Arda, a sul de Arouca; erradamente indicou-se que Romariz mencionado no documento PMH DC 614 correspondia à freguesia homónima situada no concelho vizinho de Santa Maria da Feira, agora corrigido.
2016 Março
- Miliários: o Museu de Penamacor tem em exposição um cipo proveniente do sítio da Líria em Pedrogão de São Pedro que seria muito provavelmente um miliário da via romana para Mérida que passava nas proximidades. O miliário seria anepígrafo ou a inscrição original poderá ter sido apagada num fenómeno tão comum de «cristianização» dos antigos miliários como indiciam os dois cruciformes gravados no topo e na lateral (vide foto).
- Foto: publicação de uma gravura de Coimbra do séc. XVI onde é visível a ponte manuelina sobre o rio Mondego construída sobre a antiga ponte medieval erigida em 1131 por ordem de D. Afonso Henriques, possivelmente sobre uma anterior romana ("Illustris ciuitatis Conimbriae in Lusitania // ad flumen Mundam effigies”, de G. Braun e F. Hogenberg, de C. 1598).
2016 Janeiro
- Rotas: a variante do Itinerário XVI Lisboa-Braga por Sacavém seguindo paralela à margem direita do rio Tejo foi revista, suprimindo a alternativa pelo Vale de Xabregas e privilegiando a rota pela Estrada de Chelas que passa junto do Convento S. Félix onde existia um miliário (entretanto desaparecido) apesar das dúvidas sobre a proveniência deste testemunho; (vide Mantas, 2012).
- Biblio: ALMEIDA, CAB; ALMEIDA, P. M. D. Brochado de; GONÇALVES, M. C. Sousa
(2008) - Caminhos Antigos e de Peregrinação em Penafiel.
2015 Dezembro
- Georreferenciação: o processo de georreferenciação dos itinerários romanos continua. Em 2010 ficou disponível um
ficheiro kmz com os principais vestígios associados à viação romana que podia ser visualizado em qualquer dispositivo móvel via Google Maps. Lamentavelmente, a partir de Fevereiro de 2015 a empresa decidiu bloquear esta funcionalidade, "obrigando" os utilizadores a migrarem para o MyMaps passando a informação a estar disponível neste link. Além da localização das estações viárias, miliários, pontes e povoados (agora numa versão mais completa e actualizada), deu-se início à publicação de troços das vias já cartografadas, num processo lento mas contínuo de reconstituição da rede viária romana.
- Miliários: publicação de fotos de alguns miliários associados à Via Nova na sua passagem pelo concelho de Amares: os três fragmentos da Quinta do Agrolongo e o fragmento da Quinta da Pena, em Barreiros; o fragmento que está reutilizado num canteiro do Lugar de Passos e o miliário anepígrafo que está tombado junto da via antes de chegar a Santa Cruz. As fotos pertencem ao inventário publicado em 2010 no âmbito da «Carta Arqueológica do Concelho de Amares».
2015 Novembro
2015 Setembro
- Itinerários: revisão dos Itinerários XIV e XV entre Lisboa e Mérida com uma proposta de resolução da muito discutida localização das estações viárias intermédias que se distribuem ao longo destes dois itinerários que rumavam a Mérida; admitindo o início da contagem das milhas logo a após a travessia do Tejo (entre Santarém e Almeirim), e fixando a mansio de Abelterio em definitivo em Alter do Chão, foi possível desenvolver traçados que acertam com as distâncias indicadas no I.A. enquanto posicionam as mansiones intermédias em sítios romanos bem conhecidos mas que dificilmente se podem classificar como vici e menos ainda como oppida, dado que na sua maioria não aparentam mais do que uma simples villa agrícola; no entanto, essa poderia ser a realidade na época romana, ou seja estas mansiones poderiam aproximar-se a albergues relativamente isolados, afastados de povoados importantes, com o único intuito de servir a via, recorrendo por isso a alguma particularidade geográfica para a sua designação como seja a travessia de um rio como por exemplo a mansio Ad Atrum Flumen na Iter. XIV (literalmente «junto do rio Atro»), ou assinalando um santuário de carácter viário como se depreende da designação da mansio Ad Septem Aras («junto das Sete Aras») estação situada junto do cruzamento dos itinerários XIV e XV a caminho de Mérida.
Itinerário XV
TUBUCCI
FRAXINUM
MONTOBRIGA
AD SEPTEM ARAS
XXXII
XXX
XIIII
XX
Alcolobre
Monte da Pedra
Falagueirinha
Barragem do Caia
Itinerário XIV
ARITIO PRAETORIO
ABELTERIO
MATUSARO
AD SEPTEM ARAS
XXXVIII
XXVIII
XXIIII
VIII
Água Branca
Alter do Chão
Safra
Barragem do Caia
Mais detalhes aqui.
2015 Agosto
- Miliários: publicação do marco miliário (re)descoberto em Julho de 2015 numa casa do lugar de Vila da Cal em Currelos (Carregal do Sal). A notícia e foto foram retiradas deste site: www.faroldanossaterra.net. Apesar de anepígrafo, este marco vem confirmar a passagem de uma via romana neste local juntando-se aos exemplares de Vale de Touro e Quinta da Sobreira, o que sugere uma alinhamento da via por Azenha, Vila Meã e Currelos rumo a Sta. Comba Dão e Coimbra com uma derivação para Bobadela atravessando o Mondego para Midões (ver aqui itinerário).
2015 Maio
- Itinerários: com base no artigo "Vias Medievais nos Coutos monásticos de S. João de Tarouca e Sta. Maria de Salzelas" de Ana Sampaio e Castro (2013) foi acrescentado um itinerário com presumível origem romana que partindo da travessia do rio Douro em Peso da Régua, ascendia por Valdigem, Figueira e Queimadela ao Monte Raso onde se documenta uma "estrada mourisca". De facto na Carta de Doação de D. Afonso Henriques a Teresa Afonso de 13 de Abril de 1152 (conhecida apenas através da transcrição de Baltazar Reis no seu "Breve relação da fundação e antiguidade do Mosteiro de Santa Maria de Salzeda" visto que o original desapareceu num incêndio ocorrido em 1841) aquando da definição dos limites do couto, refere que o limite norte seguia "per illa strada mourisca et dividit per Cemada" que deverá corresponder ao estradão que percorre o planalto do Monte Raso e que divide com a actual freguesia de Queimada. Ainda existem 5 dos marcos que delimitavam o couto do mosteiro a norte e pelo menos um deles, o marco que está na encruzilhada do Padrão, poderá ser um reaproveitamento de um miliário romano (vide Itinerário Peso da Régua - Marialva).
2015 Abril
- Miliários: afinal miliário de Adães que apareceu junto da Igreja da Ns. das Febres em Adães não está desaparecido mas sim depositado na Casa Paroquial de Úl.
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Biblio: LEITE, Joana, BEITES, Alexandre, COELHO, Armando (2013) -
Um marco miliário de Caracalla, em Vila Nova de Gaia, no contexto do noroeste peninsular (Rev, Oppidum nr. 6). Artigo sobre o marco miliário encontrado no ano 2000 no sítio de Tartomil (Praia de Valadares) certamente deslocado do seu local original que tanto poderia ser um ponto do percurso da via principal para Olisipo, o Itinerário XVI que seguia por Santo Ovídeo e Canelas, como a uma hipotética via secundária per loca maritima que partindo de Cale seguia mais próximo da linha de costa rumo à ponte sobre o rio Vouga na base de Talabriga, tocando na sua passagem vários povoados fortificados (ver aqui o Itinerário).
2015 Janeiro
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Após 10 anos de desenvolvimento deste site, os itinerários tendem a solidificar-se num corpo coerente e mais alicerçado em evidências, apesar das muitas dúvidas e incertezas que ainda povoam o estudo da viação romana, na maioria das vezes assente em deduções arriscadas que muito distorcem os verdadeiros contornos que esta infra-estrutura teve na antiguidade e de como ela marcou de forma indelével o futuro da viabilidade deste território periférico da "velha" Europa, criando e moldando um modelo de governação e desenvolvimento centrado na exploração dos recursos endógenos oferecidos pelo território, ainda hoje, tantas vezes esquecidos e desvalorizados. Em complementaridade com uma rede bem distribuída de portos em sentido lato, temos criadas as condições para dotar essa força motriz de uma forte pendente exportadora, afinal o modelo de que hoje tanto se procura. Claro que hoje também comercializamos conhecimento, além dos tradicionais produtos, mas no essencial é esta visão para o território a que estamos condenados, mas que em última análise nos tem viabilizado como país independente; e ainda com uma ou duas coisas para trazer ao mundo, continua a ser escrita a "História do Futuro" preconizada por Vieira. Bom Ano de 2015!
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Site: criação do domínio viasromanas.pt para alojamento do site; ficam assim resolvidos em definitivo os problemas de espaço e acesso dos alojamentos grátis em viasromanas.planetaclix.pt e viasromanas.zxq.net, tendo este último sido eliminado.
2014 Dezembro
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Miliários: fotos dos "novos" miliários de Loures provenientes do vicus viário de Almoínhas, hoje em exposição no Museu Municipal do Conventinho na mesma cidade; ambos têm vestígios de inscrição, um é do tempo do Imperador Licínio e indica aparentemente a milha X a Lisboa, embora a sua leitura continue em estudo por Amílcar Guerra. Com estes miliários fica comprovada a existência de uma estação viária em Almoínhas, provavelmente no ponto onde a via romana proveniente de Lisboa se dividia, seguindo uma via para noroeste rumo a Conimbriga, passando em Eburobrittium (Óbidos) e Collippo (Leiria), hoje A8, enquanto o outro ramo seguia para nordeste rumo a Scallabis (Santarém) por Vialonga; subsiste a dúvida se esta era a rota principal da Iter. XVI em alternativa ao caminho pela margem direita do Tejo.
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Miliários: foto do miliário de Alenquer encontrado na Quinta do Bravo em Paredes; este miliário comprova a passagem da Iter. XVI junto a Alenquer, provavelmente um aglomerado secundário tipo vicus viário junto do principal eixo entre Olisipo e Bracara.
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Miliários: publicação de foto do miliário dedicado a Carino que está na Capela de Santa Marta em Vila Verde da Raia, Chaves. Este marco assinalava uma das vias que partia de Chave rumo a norte (ver aqui itinerário).
2014 Outubro
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Términos: inclusão do terminus augustalis transcrito por André de Resende que a terá visto «in colle sinistrorsum, iuxta semidirutum oppidum Aureolam», ou seja «numa colina à esquerda, junto do arruinado opido de Aureola» (Resende, 1593, p. 158) que deverá corresponder ao presumível vicus identificado nas proximidades da Igreja de Ns. da Assunção de Bonalbergue, 1 milha a sul de Oriola (Feio, 2010); Trata-se de um marco fronteiriço delimitando os territórios Eborense e Pacense colocada pelo governador provincial P. Damatio e dedicada aos imperadores Diocleciano e Maximiano pelo que andará em torno do ano 300 d.C.; Hübner viria a incluir a versão de Resende no CIL II com o n.º 17 apesar de a considerar forjada pelo erudito renascentista (e por isso esquecida); no entanto alguns autores têm defendido a sua autenticidade (IRCP278; Canto, 2004), justificando a sua inclusão na lista de términos augustais.
- Miliários: nova interpretação de um dos miliários transcritos no séc. XVI por André de Resende que estavam «in agro Stermotiensi, non procul a pago Borbacena», ou seja «na região de Estremoz, não longe de Barbacena», designadamente o miliário de Heliogábalo (IRCP 663) onde leu na última linha «[Eb]ora m. p. XXII», ou seja 22 milhas a Évora; como esta distância nunca poderia ser relativa a Évora dado que esta cidade fica bem mais distante, podemos colocar a hipótese de um outro ponto inicial para contagem das milhas, possivelmente na mansio junto do rio Atrus (hoje rio Xévora) que fica a cerca de 22 milhas de Barbacena; deste modo a contagem das milhas seria feita no sentido Mérida-Évora, aliás tal como se verifica no miliário achado na Herdade de Alcobaça que indica 65 milhas a Mérida; seguindo este raciocínio, este miliário estaria então a 60 milhas de Mérida e a cinco milhas do miliário de Alcobaça, o que corresponde à passagem da via na Atalaia dos Sapateiros, a sul de Vila Fernando; a ser assim, é possível que o rio Atrus servisse de linha divisória entre os territórios Eborense e Emeritense (Resende, 1593:154-155; Almeida MJ, 2000, 2011; Carneiro, 2004, 2008 e 2011).
2014 Setembro
2014 Agosto
- Site: recuperação do antigo site sobre a Geira Romana ou Via Nova que esteve alojado no endereço "geira.cm-terrasdebouro.pt". O site foi criado no âmbito do projecto "A Geira na Serra do Gerês", financiado pelo Programa Interreg III, tendo sido inexplicavelmente desactivado poucos anos depois do seu arranque. Dada a qualidade da informação nele contida, com o contributo entre outros do Prof. Sande Lemos, grande estudioso da Geira, decidi disponibilizar o que ainda resta do site a partir das cópias no "Wayback Machine" no site http://archive.org e publicá-lo novamente online. Apenas não foi possível recuperar algumas fotos por não estarem arquivadas assim como o texto referente à mansio Aquis Querquennis e as versões em Inglês, Castelhano e Francês. O site está novamente online no seguinte endereço: geira/.
- Site: tradução e publicação do artigo de Michele Matteazzi "Costruire strade in epoca romana: tecniche e morfologie. Il caso dell´Italia settentrionale"; neste artigo são abordados os diversos métodos construtivos utilizados no norte de Itália, evidenciando uma vez mais a não utilização de pavimento lajeado nos troços da via fora dos centros urbanos; importa fazer um paralelo com o caso nacional, em particular com as planícies do sul do país, onde as vias deveriam seguir um processo construtivo similar, ou seja a deposição de várias camadas de substrato utilizando os materiais disponíveis nas proximidades da via como cascalho, areia, fragmentos de cerâmica e seixos rolados, com a superfície de rodagem formada por uma mistura de cascalho e areia ("glareate" no original) que providenciava uma superfície de rolamento adequada aos carros romanos; a versão em Português e o original italiano podem ser lidas em ceer/ceer.html.
2014 Julho
- Rotas: melhor definição dos percursos a sul do Douro na região de Cinfães e Resende; a via que parte de Porto Antigo para Viseu foi revista, deixando de dirigir-se às Portas de Montemuro o que obrigaria a um percurso muito acidentado, seguindo antes para a Lagoa de D. João, nó viário no alto da serra próximo da aldeia de Panchorra, onde reunia com a via proveniente de Caldas de Aregos por Cárquere, seguindo depois para Viseu por Castro Daire (ver aqui itinerário).
2014 Maio
- Biblio: FREITAS, Bruno B. de (2013) - Aplicação dos SIG na análise da dinâmica viária: estudo da Carta Militar de Portugal nº 250; neste artigo é proposta uma alternativa ao caminho entre Conímbriga e Soure por Ega proposto por Vasco Mantas em 1996, troço integrado na Via Conimbriga-Collippo, fazendo-a passar por Alencarce de Baixo.
- Biblio: HENRIQUES, Francisco; et alii (2013) - A Calçada e a Barca da Telhada (Perais, Vila Velha de Ródão). Associação de Estudos do Alto Tejo (AEAT). Interessante descrição da via romana que fazia a travessia do rio Tejo na Barca da Telhada num projecto de valorização turística através da criação de um percurso pedestre; esta travessia está inserida no Itinerário entre Igaedis e Ammaia.
2014 Abril
- Itinerários: da leitura da dissertação de doutoramento de André Carneiro (ver abaixo), resultaram múltiplos ajustes dos vários itinerários do Alto Alentejo, nomeadamente com um maior detalhe do percurso da Iter. XII entre Évoramonte e Estremoz (com passagem no sítio romano de S. Marcos e no vicus da Sra. dos Mártires na parte sul de Estremoz) e uma reorganização dos restantes itinerários para Mérida, na região de Monforte e Campo Maior; no entanto, apesar de existirem novos dados, continua a ser problemática a localização da mansio de Ad Septem Aras com influência directa na definição dos itinerários das viae XIV e XV na sua aproximação à actual fronteira luso-espanhola.
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Biblio: CARNEIRO, André (2011) - Povoamento rural no Alto Alentejo em época romana. Vectores estruturantes durante o Império e Antiguidade Tardia. Diss. de Doutoramento; Univ. de Évora.
2014 Março
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Itinerários: O Itinerário Astorga - Torre de Moncorvo - Vale da Vilariça foi revisto após uma leitura atenta do artigo publicado em 1915 na revista «O Arqueólogo Português» pelo Pe. Francisco Manuel Alves intitulado «Estudos arqueológicos do Major Celestino Beça - A estrada militar romana de Braga a Astorga por Bragança com várias notícias de antiguidades referentes a esta região», onde se descreve os sítios de passagem do «Carril Mourisco» por terras de Miranda do Douro e Torre de Moncorvo, embora muitos destes topónimos sejam hoje de difícil localização no terreno; a maior alteração no itinerário foi avançar o local onde a via bifurcava de Brunhosinho para a Lomba do Carvalhão, nó rodoviário no cruzamento da EN220 e EN221; o diverticulum para Freixo de Espada-à-Cinta seguia rumo a Barca D'Alva, onde fazia a travessia do Rio Douro enquanto o «Carril Mourisco» continua algures por Torre de Moncorvo até ao Vale da Vilariça, território dos Baniensis ou descia ao Pocinho, atravessava o Rio Douro e seguia para Foz Côa.
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Miliários: o miliário de Constante encontrado algures em Areal de Baixo até agora integrado na Iter. XVII, seguindo a proposta de Colmenero, passou a integrar a VIA NOVA dado que o local do seu achamento (hoje integrado no centro urbano de Braga) está mais alinhado com percurso desta via rumo à travessia do rio Cávado; assinalaria muito provavelmente a milha I e hoje pertence à colecção epigráfica do Museu Soares dos Reis no Porto, fechada ao público! (Colmenero et alii, 2004).
- Biblio: MANTAS, Vasco Gil (2012) - Os miliários como fontes históricas e arqueológicas. in Humanitas Nº. 64, p. 139-170
2014 Fevereiro
- Rotas: alteração do itinerário da Iter. XVI, no troço entre o Castro de Úl e Pinheiro da Bemposta, indicando os dois traçados possíveis até ao cruzeiro de Pinheiro da Bemposta; Mantas faz coincidir a via romana com a estrada real, passando por Besteiros, Caniços e Bemposta, evitando assim vários cursos de água, enquanto Seabra Lopes propõe uma rota por Relva, Figueiredo de Cima e de Baixo, visto que aqui existiu um «paço de pernoita da família real» até ao séc. XII.
- Biblio: José d'Encarnação acaba de publicar no 'Ficheiro Epigráfico' uma interpretação do miliário dedicado a Teodósio que está na Capela da Ns. da Ribeira em Coja (Arganil); é retomada a questão da viação romana secundária na região sem acrescentar novos dados; ENCARNAÇÃO, José d'; LOPES M. Conceição (2014) - Marco de Teodósio em Coja (Arganil) (Conventus Scallabitanus). Coimbra: Ficheiro Epigráfico,115 (492).
2013 Dezembro
- Biblio: Sousa, Luís (2013) - "Rede Viária Romana em Lousada - A ponte de Barrimau em Aveleda e vias confluentes"; neste artigo, Luís Sousa recolhe diversas provas que atestam a origem romana da Ponte de Barrimau, nomeadamente duas fotografias tiradas aquando da sua "remodelação" (barra destruição) que mostram o aparelho romano ainda visível no intradorso do pilar direito da Ponte de Barrimau; resolvida a dúvida quanto à sua origem é certo que por aqui passavam vias romanas secundárias conforme refere o autor, mas ainda não foi possível inseri-las nos itinerários do site por obriga a uma grande revisão das vias na região.
2013 Outubro
- Povoados: em 1982, durante umas obras realizadas no adro da Igreja Matriz de Pombal (Carrazeda de Ansiães), apareceu uma ara dedicada a Júpiter pelos habitantes de um vicus até então desconhecido; em 1988, no «Roman Portugal» de Jorge de Alarcão (Alarcão, 1988a, II, p. 44), surge pela primeira vez a referência a esta epígrafe com a leitura vicani Labr(...); posteriormente a leitura foi corrigida por José Manuel Garcia para Iovi / O(ptimo) M(aximo) / vicani / Cabr(...) (Garcia, 1991, p. 402-3) com base nesta foto, onde se vê nitidamente a curvatura do «C» inicial, propondo ainda a leitura Cabr(icenses?); no entanto, este investigador deu-a erradamente como proveniente da capela de Fornelo (Soutelo, Vieira do Minho), levando Jorge de Alarcão a considera-la como inédita e a relaciona-la com a vizinha Serra da Cabreira, propondo ainda como nomes possíveis Cabrariume ou Cabrianum (Alarcão, 2004b, p. 205). Este erro foi entretanto propagado em muitos escritos (como neste site) e só em 2007, Amílcar Guerra clarifica a situação (Guerra, 2007, p. 125-9), propondo ainda a leitura de Vicani Cabr(uagenici?) com base na famosa inscrição conhecida como «Pacto dos Zoelae» (CIL II, 2651). Desfeito o equívoco, há que procurar este vicus na zona de Pombal, e se Sande Lemos propôs o lugar da Costa em Mós, onde há vestígios significativos, Amílcar Guerra por outro lado, propõe o sítio de Curral dos Moiros em Paradela, na mesma freguesia, com vestígios que se estendem por 6 ha. Permanece a dúvida.
2013 Setembro
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Rotas: eliminação da rota entre Valença e Melgaço; este itinerário era apresentado como uma derivação da Iter. XIX em Valença, seguindo ao longo da margem esquerda do rio Minho até Monção e daqui a Melgaço. Uma antiga referência a um miliário que terá aparecido entre Ganfei e Verdoejo do qual se perdeu o rasto foi associado a esta rota, no entanto é mais provável que este miliário tenha sido deslocado da Iter. XIX que não passa longe. Alguns autores associaram este miliário ao fuste do pelourinho de Telheira, junto da capela de Ns. dos Passos (EN101), mas o excessivo diâmetro deste e ausência de outros sinais de romanidade, torna inviável esta proposta. Deste modo este itinerário perdeu consistência e foi retirado do site pelo, passando os troços da antiga rota para variantes do eixo N-S que ligava Itinerário Braga - Monção, nomeadamente este hipotético troço para Valença e a ligação a Melgaço. Por outro lado é muito provável que existisse uma rota fluvial pelo Minho acima, pois Estrabão afirma no seu Geographia que este rio era navegável até 800 estádios, ou seja cerca de 147 km, bem acima de Orense!
2013 Agosto
- Rotas: revisão das vias em torno de Faro com base neste post de Luís Fraga da Silva e no artigo de João Pedro Bernardes, «A Cidade de Ossónoba e o Seu Território»; melhor definição da via litoral de Balsa a Ossonoba e desta ao porto marítimo em Cerro da Vila (Vilamoura); esta última servia as villae e complexos industriais situadas ao longo da costa, como em Quinta do Lago e Loulé Velho, explorando os recursos marinhos e agrícolas que ambos os sítios proporcionam; os vestígios são significativos, mas em risco de desaparecer; a via passava a norte pela Fonte Santa, outrora fonte medicinal e hoje num estado lastimável.
- Biblio: BERNARDES, João Pedro (2011) - A Cidade de Ossónoba e o Seu Território. Anais do Município de Faro.
2013 Maio
- Biblio: MARQUES, António C. do Nascimento (2011) - A Ocupação Romana na Bacia de Celorico. Dissertação de Mestrado FLUC
Este trabalho publica fotos de dois possíveis miliários, um na Igreja de Muxagata (Celorico da Beira) e o outro no planalto da Serra de Soida em Vale de Estrada (Prados, Celorico da Beira) que foram incluídos nos Itinerário em torno de Celorico da Beira.
- Biblio: PONTE, Teresa R. N. da (2012) - Em Torno às Ocupações Antigas de Garvão. Tese de Mestrado que faz uma revisão do estudo dos vestígios romanos no Garvão, reforçando a sua importância viária na época romana como estação relacionada com a travessia da Serra do Caldeirão e retoma a discussão sobre a localização neste local da mansio de Arannis referida no Itinerário de Antonino entre Ossonoba e Salacia.
- Miliários: foto do miliário do Monte da Chilra, Serpa (freguesia de S. Salvador) retirada do artigo de José d'Encarnação «Arqueologia do Concelho de Serpa - Epigrafia».
- Biblio: LEMOS, F. Sande, MARTINS, C. Braz (2011) - Explorações auríferas no Alto Douro Português (entre a foz do rio Tua e Barca de Alva); contém uma breve descrição das vias que cruzavam o Douro no sentido norte-Sul; com base neste texto com criado um novo itinerário que liga Chaves à travessia do rio Douro junto de Tiria/Liria, vicus mineiro na Quinta da Sra. da Ribeira, passando por Trêsminas/Serra da Padrela, Alto do Pópulo, Castelo do Carlão e pelo planalto de Carrazeda de Ansiães; daqui resulta uma integração numa rota de grande distância de vários troços anteriormente dispersos, como a calçada do aeródromo de Chã em Alijó que antes estava integrada numa derivação no Alto do Pópulo da Via Vila Real - Mirandela. Da mesma forma, a via proveniente de Marialva que ia cruzar o rio Douro na Barca Velha do Pocinho e seguia pelo Vale da Vilariça, passa a ter continuação para norte até Torre de Dona Chama, ligando assim à Iter. XVII.
- Biblio: LEMOS, F. Sande, MARTINS, C. Braz (2010) - Povoamento e rede viária no território de influência de Aquae Flaviae.
2013 Abril
- Miliários: correcção da localização de um miliário convertido em peso de lagar que está na aldeia de Nozelos em Macedo de Cavaleiros e não na aldeia homónima pertencente ao concelho de Valpaços como se indicava anteriormente; deste modo o miliário teria sido deslocado da Iter. XVII no troço entre Torre de D. Chama e Lamalonga.
- Miliários: fotos dos miliários em exposição no Museu Arqueológico José Monteiro no Fundão: miliário dedicado a Maximiano que apareceu junto do vicus da Torre dos Namorados (Quintas da Torre, Vale de Prazeres) e o miliário dedicado a Licínio achado em Vale do Canto (Salgueiro); o museu tem um acervo deveras interessante, em particular uma excelente colecção de epigrafia romana da região na sua maioria recolhido pelo Dr. José Monteiro.
2013 Março
- Biblio: Miliário de Cabida (Monte das Flores), Évora, Ficheiro Epigráfico 469. Este miliário identificado por Francisco Bilou pertencia à Via Salacia-Ebora na sua variante por Tourega; a leitura da inscrição suscita dúvidas, mas seria provavelmente dos finais do século III e deveria assinalar a milha VI a Évora; hoje está no Convento dos Remédios em Évora.
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Rotas: a saída de Conímbriga rumo a Tomar, troço inserido no Itinerário Braga-Lisboa, deixa de contemplar uma variante passando por Poço e Fonte Coberta porque esta rota obrigaria a dupla travessia do rio de Mouros o que é improvável. Por outro lado, um erro de localização da Ponte da Sancha sobre o Rio de Mouros (só vestígios) levou a inseri-la nesta rota quando na realidade esta ponte serviria a saída de Conímbriga rumo a Collippo (Leiria).
2013 Fevereiro
2013 Janeiro
- Biblio: FONTES, Luís; RORIZ, Ana (2012) - Inventário de Sítios e Achados Arqueológicos do Concelho de Vieira do Minho. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 22, 2012.
- Biblio: FONTES, Luís; ANDRADE, Francisco (2012) - O traçado da via romana Bracara-Asturica, por Aquae Flaviae, no concelho de Boticas. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 24, 2012.
- Biblio: FONTES, Luís; RORIZ, Ana (2012) - O traçado da via romana Bracara-Asturica, por Aquae Flaviae, no concelho de Vieira do Minho. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 21, 2012.
- Miliários: novas fotos dos miliários de Vila Nova de Famalicão: o miliário da Quinta do Vinhal (visível da estrada, junto da estação ferroviária) e do miliário da Quinta da Devesa, espaço hoje convertido em parque da cidade e o miliário está no exterior cravado num penedo com cimento (!); estes miliários teriam sido ambos deslocados da Via Braga-Lisboa que passava a meia-encosta por Santiago de Antas. Deste local, foi ainda incluída uma foto do possível fragmento de um miliário que integra o muro oeste do Seminário Camboniano; Colmenero sugere que este miliário possa ser o miliário a Caracala identificado por Argote, CIL II 4741, servindo de base de um cruzeiro que ali existia e hoje dado como desaparecido.
2012 Dezembro
2012 Novembro
- Rotas: a saída de Guimarães rumo a Vizela foi alterada na tentativa de traçar um caminho alternativo à EN106, interligando os vários vestígios romanos ao longo desta rota. Passaria talvez na Bouça da Quinta, na base do povoado do Mte. da Polvoreira/Mte. de Lijó, seguindo depois por Infias, onde há o topónimo Quinta da Carreira, seguindo depois a meia encosta pelas ruas do Carvalhal, das Veigas, do Bacelo e da Vinha atendendo à inscrição votiva ao Genius Laquiniensis que apareceu na Rua do Aidro junto do lugar Sub Carreira, topónimo viário que denuncia a passagem da via na base da Igreja de S. Miguel, seguindo junto do cemitério até desembocar na zona urbana de Vizela.
2012 Outubro
- Info: a Teoría de los Empalmes foi inicialmente formulada por Gonzalo Arias a partir das diferenças gramaticais nas designações das estações viárias do Itinerário de Antonino (primeiro em 1963 na revista «El Miliário Extravagante» n. 2 e reproduzido em 1987 em «Repertorio de caminos de la Hispania romana», p. 85-103), postulando que as estações do Itinerário que aparecem no acusativo (em vez do ablativo) estarem situadas não dentro do oppidum mas na sua periferia, junto da via. Assim, as milhas indicadas no I.A., não indicavam a distância ao povoado, mas ao ponto de onde partia o diverticulum para esse povoado. A teoria seria aplicável no caso nacional aos casos de Scallabin e Calem, indiciando portanto que estas estações viárias estariam um pouco afastadas do respectivo oppidum, o que não parece ser o caso dado que as vias quando muito passariam na sua base como verificado em muitas outras estações do Itinerário.
2012 Setembro
2012 Agosto
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Rotas: a rota mais curta entre a cidade dos Tapori, no aro de Castelo Branco, e a capital da Civitas Igaeditanorum em Idanha-a-Velha, obriga à travessia do rio Pônsul que é habitualmente colocada no mesmo sítio da actual EN240, ou seja, na Ponte da Munheca, mas a identificação mais a jusante do sítio romano da Granja dos Belgaios, sustenta uma possível travessia do rio neste ponto na época romana, provavelmente fazendo também de fronteira entre o território dos Tapori e dos Igaeditani (Encarnação et alii, 2011; Alarcão, 2001) (ver aqui o itinerário).
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Biblio: Encarnação, José d'; Chambino, Mário; Henriques, Francisco (2011) - Duas novas epígrafes do concelho de Idanha-a-Nova.
2012 Julho
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Biblio: publicação das Atas da mesa redonda "De Olisipo a Ierabriga" (Revista Online Cira Arqueologia, nº 1); as apresentações e a mesa redonda fizeram um ponto de situação do estudo da rede viária romana entre Lisboa e Santarém.
- Rotas: a recente descoberta de uma necrópole junto do rio Seco (Faro) vem reforçar a passagem da via neste local, provavelmente debaixo da actual EN125.
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Rotas: a propósito do estudo do altar votivo a Banda Brialeacus, José d'Encarnação e Vasco Rodrigues fazem uma síntese do povoamento romano na cidade da Guarda, mais propriamente a villa ou vicus em torno da actual capela da Sra. do Mileu e no castro adjacente dos Castelos Velhos também intensamente romanizado mas infelizmente já 'engolido' pela cidade. Seria aqui o oppidum dos Lancienses Transcudani referidos na famosa inscrição da Ponte de Alcântara? E havendo em Orjais o mesmo culto a Brialeacus não seria aqui a oppidum dos Lancienses Ocelenses? É certo que a alternativa em Sabugal tem a favor a inscrição encontrada no vicus da Quinta de S. Domingos em Pousafoles do Bispo, onde se lê «Vicani · / Ocel[o]n[e]/nses», mas a distância entre o Sabugal e o Santuário do Cabeço das Fráguas não é muito diferente deste a Orjais pelo que a dúvida subsiste. Seja como for, a relevância dos vestígios romanos no planalto da Guarda num local estratégico que funcionava como nó rodoviário articulando as vias provenientes da Civitas Aravorum (Marialva) e da Civitas Cobelcorum (Torre de Almofala) com os grandes eixos viários a sul, podendo seguir até «Centum Cellas» (Belmonte), provável mansio da Via Braga-Mérida, mas também rumo à região do Sabugal de encontro à via proveniente do rio Tejo em direcção a Salamanca; ver no Itinerário Civitas Cobelcorum - Mileu e Vias a sul a Mileu.
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Biblio: ENCARNAÇÃO, José d', RODRIGUES, A. V. (2009) - Altar votivo a Banda Brialeacus, do Castro dos Castelos Velhos (Guarda).
2012 Junho
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Rotas: revisão das vias a norte de Castelo de Vide com base no artigo de Mário Monteiro sobre a villa romana dos Mosteiros em Castelo de Vide. Segundo este autor, além da já conhecida via N-S que ligaria Igaedis a Ammaia atravessando o Tejo próximo de Vila Velha de Rodão e seguindo por Mosteiros, Alpalhão e Castelo de Vide, existiria uma outra via no sentido O-E que ligaria a travessia do Tejo na Barca da Amieira (com origem em Conimbriga) e que seguia por Valencia de Alcántara até Norba Caesarina, hoje Cáceres (ver o Itinerário Igaedis- Ammaia e o Itinerário Conimbriga-Ammaia).
- Biblio: MONTEIRO, Mário (2011) - "A Villa romana dos Mosteiros (Castelo de Vide)". Vila Velha de Rodão: Rev. Online Açafa nº 4.
2012 Maio
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Rotas: a provável mutatio de Vila Nova de Poiares servindo a Via Coimbra-Bobadela que ia pela Ponte da Mucela, estaria no cruzamento com uma outra via que seguia para a Barca de Penacova, onde atravessava o Mondego, continuando depois pelo Carrale que é referido num documento do ano 998 (DC doc. 179). No outro sentido, esta via poderia seguir para Serpins onde atravessava o Rio Ceira e dava acesso à região mineira da Serra da Lousã. A povoação de Serpins aparece referida como uilla serpinis num documento do ano 961 (PMH, DC, nº 83) que poderá corresponder aos vestígios do povoado romano do Cabeço da Igreja nessa localidade.
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Rotas: Os vestígios da calçada da via Cale - Aeminium em Branca não estariam na Barroca, mas ao longo da rua que liga Coches a Lajinhas que assentará assim sobre a via romana (Sousa, 1960). Aqui deveria existir uma mutatio a 12 milhas de Talabrica, no entanto o vicus romano ficaria 1 milha a poente, na actual aldeia de Cristelo, onde há vestígios romanos (Alarcão, 2004a).
- Biblio: SOUSA, Arlindo de (1960) - "Toponímia arqueológica de Entre-Douro e Vouga (Distrito de Aveiro)".
- Biblio: OLIVEIRA, Padre Miguel de (1943) - "De Talábriga a Lancóbriga pela Via Militar Romana".
- Miliários: foto do Miliário de Adães (Oliveira de Azeméis) que deveria pertencer à Via Braga-Lisboa que passava ali em próximo junto do Castro de Úl. Desconheço o paradeiro deste marco e a foto foi retirada de um
artigo de Fernando de Almeida publicado em 1956 na Revista «O Arqueólogo Português» intitulado "Marcos miliários da via romana Aeminium-Cale".
- Pontes: foto da Ponte de Guifões (Matosinhos) sobre o rio Leça proveniente daqui; esta ponte de cariz medieval ruiu em 1979 durante uma cheia poderia ter origem romana atendendo a que fica situada junto do
Castro romanizado de Guifões na base do Monte Castelo, provável porto romano (ânforas) no estuário do rio Leça (ver itinerários nas vias que partiam do Porto).
- Pontes: foto da Ponte da Calçada em Troporiz (Monção). Esta ponte tem pedras almofadadas no seu arco embora haja dúvidas quanto à sua cronologia; uma Ponte Medieval um pouco a montante adensa ainda mais a dúvida sobre o verdadeiro ponto de travessia na era romana (ver aqui Itinerário Braga-Monção).
- Rotas: revisão do Itinerário Braga-Monção; a via não terminava em Monção, mas um pouco a jusante em Cortes, provável localização do antigo povoado de Monção, atendendo à grande necrópole aí existente. Aqui podia atravessar o rio Minho no sítio do Vau ou da Barca e seguir para Espanha. (Brochado de Almeida, 2005; Marques, 1984).
- Rotas: revisão do Itinerário Barcelos-Ponte de Lima pelo Vale da Facha com base em Cláudio Brochado e Brochado de Almeida. Maior detalhe do percurso com a divisão da aproximação ao rio Lima em dois ramos distintos que bifurcavam no sítio da Maria Velha, local propício à instalação de uma mutatio como sugerem os vestígios ali encontrados de um casal romano. A via principal deveria seguir para a Ponte Romana do Lima, passando por Facha e Correlhã, enquanto o outro ramo seguia junto do Castro de St. Estevão na Sra. Rocha em direcção à Corredoura e Vitorino das Donas, onde poderia atravessar o Lima (Almeida, 1990, 1996, 2003; Brochado, 2004). Vários sítios romanos bordejam a via, mas o destaque vai para a Villa do Prazil que fica a cerca de 1500 m da Mutatio em Maria Velha, sugerindo que aí era vencida a milha seguinte, a 5 milhas de Ponte de Lima.
- Biblio: BROCHADO, Cláudio (2004) - Povoamento Tardo-Romano e Altimedieval na Bacia Terminal do Rio Lima (Séculos IV-XI) .
- Site: reestruturação do site removendo a área de «Troços Dispersos»; estes troços dispersos foram progressivamente integrados em itinerários de grande distância pelo que deixou de fazer sentido esta divisão; pouco a pouco o puzzle vai sendo resolvido, facilitando a interpretação do site.
2012 Abril
- Miliários: fotos dos miliários anepígrafos do sítio do Vale do Touro integrados num muro rural de Vila Meã (Oliveira do Conde) (Pinto, 2001). Estes miliários são decisivos para atestar a passagem de uma via romana no sentido NE-SW proveniente de Viseu que passava por aqui em direcção a Azenha, onde bifurcava, seguindo um ramo para Coimbra (por Sta. Comba Dão e Mortágua) e outro ramo em direcção a Bobadela obrigando a uma travessia do Mondego em Póvoa de Midões (ver Itinerários Viseu-Bobadela).
- Miliários: foto do miliário dedicado a Adriano de São Paio de Merelim que foi descoberto por Rosa de Araújo em 1981 num muro junto ao lavadouro da EN201 e hoje pertence à colecção do Museu Pio XII em Braga, mas infelizmente não exposto ao público (a foto foi gentilmente cedida pelo museu). Este marco pertencia sem dúvida à Iter. XIX de Braga a Astorga que vinda de Braga seguia para a Ponte do Prado, mas não é certo que a via passasse mesmo junto ao tanque da EN201 pois o miliário foi reutilizado e por isso poderá ter sido deslocado de algum lugar próximo. Seja como for, estando a cerca de uma milha da Ponte do Prado (sem dúvida a milha IV desde Braga) é muito provável que este miliário marcasse a milha III. (Araújo, 1982, Colmenero, 2004).
2012 Março
- Miliários: inclusão de uma foto do miliário a Constâncio Cloro encontrado em 2005 numa casa particular da Rua de S. Brás em Alter do Chão (ver interpretação em Ficheiro Epigráfico nº 374). Este miliário vem reconfirmar a passagem da Iter. XIV em Alter do Chão e reforçar a localização da mansio Abelterio nesta povoação, possivelmente na villa romana de Ferragial d'El Rei.
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Info: inclusão em «Outros marcos territoriais» de uma inscrição rupestre feita num rochedo no sítio conhecido por Volta, junto do lugar de Pindelo, freguesia de Nespereira, concelho de Cinfães; a interpretação do texto suscita ainda muitas dúvidas, mas a referência ao povo PAESURI e ao povo SEARAS neste local levanta a hipótese de que aqui seria a divisão territorial entre estes povos, ficando os Paesuri a norte com possível capital em Cárquere e os Searas a sul, confrontando com o território da civitas de Vissaium (Viseu); notar que o povo Searas aparece em duas outras inscrições rupestres, a inscrição do Cabeço Letreiro em Tondela e a inscrição de Carvalhal de Vermilhas em Vouzela; ver estudo epigráfico de José d'Encarnação e Luís Pinho em Ficheiro Epigráfico nº 299.
2012 Fevereiro
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Biblio: SILVA, Joaquim Candeias da (2006) - Mais um miliário de Constantino Magno na área limítrofe de Abrantes. Coimbra: 'Ficheiro Epigráfico' nº 63. Este miliário foi encontrado no lugar do Crucifixo, freguesia do Tramagal e vem confirmar a passagem da via na Rua da Tapada da Moura, cruzando aqui com um caminho de terra proveniente da Herdade do Carvalhal, onde se localiza a estação romana de Alcolobre, possível localização de Tubucci.
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Biblio: SOUSA, Luís (2012) - Eixo viário romano Oculis - Tongobriga: sua presença no concelho de Lousada. Rev. Municipal de Lousada, Suplemento de Arqueologia, 13 nº 94.
Graças ao trabalho de Luís Sousa, arqueólogo da CM de Lousada, começa a fazer-se luz sobre o povoamento romano deste concelho e em particular sobre a sua rede viária. Neste caso o autor debruça-se sobre uma das possíveis variantes do Itinerário Braga-Mérida que ligava Caldas de Vizela (Oculis) a Meinedo (Magnetum) com provável continuação quer para Freixo (Tongobriga) quer para o Monte Mozinho, ambas ligando depois ao rio Douro.
Da sua leitura resultaram ajustes neste itinerário que está descrito como Via Guimarães-Meinedo e a ligação a Tongobriga passa a estar na continuação desta, portanto no sentido N-S (antes estava em «Vias em torno de Tongobriga»).
- Biblio: FONTES, Luís; RORIZ, Ana (2004) - O traçado da via romana Bracara-Asturica, por Aquae Flaviae, no concelho de Vieira do Minho. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 21, 2012; o relatório resulta do projecto «VIAS AUGVSTAS» e descreve o Itinerário da Iter. XVII no troço entre Cruz de Real e Ponte do Arco, propondo como itinerário principal da via a variante norte que acompanha a EN103, relegando assim a variante por Vieira do Minho para funções secundárias; esta opção é justificada pelo número de vestígios romanos num e noutro caso que sendo um racional correcto não permite desde já uma conclusão definitiva pois poderá dever-se a um menor estudo da zona atravessada pela variante sul como prova a recente descoberta de um edifício romano e provável vicus no Campo da Igreja Velha em Cantelães; esta localização junto à via e próximo do Castro romanizado de Vieira levanta a hipótese de se tratar da própria mansio Salacia referida no Itinerário de Antonino pois este ponto fica a 20 milhas de Braga conforme é indicado no itinerário. Assim, a discussão sobre este troço da via continua. Foram feitas pequenas correcções nos dois itinerários possíveis deste troço da Iter. XVII entre Braga e Venda Nova.
- Biblio: FONTES, Luís; ANDRADE, Francisco (2005) - O traçado da via romana Bracara-Asturica, por Aquae Flaviae, no concelho de Boticas. Braga: Trabalhos Arqueológicos da U.A.U.M., Memórias nº 24, 2012;
Da sua leitura resultaram uns pequenos ajustes do Itinerário da Iter. XVII no troço entre Arcos e Chaves reafirmando as duas variantes a partir do Alto da Serra do Pindo, uma seguindo por Ardões e Seara Velha e a outra seguindo mais a sul por Sapelos. No entanto estes traçados não podem ser dados como definitivos devido ao desconhecimento localização original dos marcos em ambas as variantes, o miliário a Trajano da Serra da Pastoria que indica 5 milhas a Chaves e o miliário a Augusto de Sapelos (chamado de «Pedra de Caixão»).
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Rotas: o interessante blog «Por terras do rei Wamba» de Joaquim Baptista publicou fotos de um possível miliário junto da Ermida da Sra. da Granja (próximo da Aldeia de Santa Margarida, mas já na freguesia de Proença-a-Velha), sítio romano de onde são provenientes várias inscrições votivas, nomeadamente uma ara dedicada a Júpiter e um fragmento de outra onde apenas se lê o nome do dedicante, um tal «Materno, filho de Tôngio» pelo que aqui poderia existir um templo romano; a sua classificação como miliário ainda não é segura, mas essa é uma possibilidade credível atendendo às suas dimensões e à presença de vestígios romanos nas proximidades. Mas nesse caso a que via pertenceria? Uma hipótese é ter sido deslocado da Via Braga-Mérida que passava um pouco mais a norte por Quintas da Torre, Pedrogão, Bemposta e Medelim, mas atendendo à importância do sítio da Sra. da Granja, é possível que integrasse uma via secundária como origem da Bobadela e que percorria o actual concelho do Fundão em direcção a Igaedis.
2012 Janeiro
- Itinerários: O miliário de Cidadelhe (Mesão Frio), apesar de desaparecido, permanece no epicentro da discussão sobre a rede viária romana em torno do rio Douro. A provável via romana que partia de Aquae Flaviae (Chaves) em direcção ao rio Douro poderia ter dois ramos, um dirigindo-se por Panóias rumo à travesia do rio Douro em Covelinhas enquanto o outro ramo seguia por alturas da Serra do Alvão rumo a Peso da Régua. Uma outra travessia do rio Douro estaria a oeste na «Barca de Moledo», próximo das Caldas de Moledo, onde há vestígios romanos e que deverá corresponder ao «portu de aliovirio» citado num documento do ano 922 (in PMH, DC 25) (Lima, 2008).
- Biblio: LIMA, António M. C. (2008) - Povoamento e Organização do Território do Baixo Douro na Época da Monarquia Asturiana. Porto: Portvgalia, Nova Série, vol. 31-32, FLUP, 2010-2011, p. 83-114. Segundo Lima, o principal nó rodoviário para a travessia da Serra do Montemuro localizava-se na Lagoa de S. João, em Cotelo. A via proveniente de Viseu deveria bifurcar neste local, seguindo um ramo pela vertente ocidental da serra em direcção à travessia do rio Douro em Porto Manso e o outro ramo seguia pela vertente oriental em direcção à travessia do rio Douro em Caldas de Aregos (ver aqui itinerário).
- Biblio: ALMEIDA, M. J. et alii (2011) - De Augusta Emerita a Olisipo: proposta de traçado para o primeiro troço da Iter. XII do Itinerário de Antonino; in Arqueologia do norte Alentejano: comunicações das 3as Jornadas, Lisboa: Colibri; Câmara Municipal de Fronteira, p. 193-201.
- Biblio: CARVALHO, Pedro C., (2009) - Há 2000 Anos em Celorico da Beira, Entre as Encostas da Estrela e o Vale do Mondego ao Tempo dos Romanos. CM de Celorico da Beira/FLUC p. 33-49. Revisão da rede viária em torno de Celorico da Beira com base em novos dados e achados (Carvalho, 2009), dando continuidade à Via Viseu-Mangualde-Celorico da Beira pela vertente norte da Serra da Estrela. No entanto os traçados continuam inseguros.
2011 Dezembro
- Cidades: Vissaium; finalmente existe uma proposta fundamentada para o nome romano do oppidum que existia na actual cidade de Viseu com a descoberta em 2009 de uma ara votiva junto da Sé de Viseu. A inscrição é dedicada a um deus local designado por Vissaieigo. José d'Encarnação propôs que o nome da cidade poderia ser Vissaium que teria evoluído no século VI para nome Viseo conforme aparece no Paroquial Suevo que era até então a mais antiga referência conhecida da cidade (Fernandes et alii, 2009; Encarnação, 2010).
- Biblio: FERNANDES, Luís da Silva, CARVALHO, P. S. e FIGUEIRA, N. (2009) - Uma nova ara votiva de Viseu (Beira
Alta, Portugal). Sylloge epigraphica Barcinonensis, 6, p. 185-189.
- Miliários: inclusão de uma foto do miliário dedicado talvez a Tibério que hoje está no interior da capela de St. Antão em Famalicão da Serra (Guarda). Junto da capela passava a via romana que descia a vertente nascente da Serra da Estrela em direcção a Belmonte, troço integrado na grande Via romana que ligava Braga a Mérida.
- Info: inclusão das inscrições rupestres em Fornelos do Monte e Carvalhal de Vermilhas (Vouzela) em Outros Marcos Territoriais.
- Rotas: revisão do Itinerário Coimbra-Leiria incluindo definitivamente o miliário de Soure neste percurso em vez de uma hipotética via que vinha do Mondego para Soure pois não há vestígios que sustentem esta hipótese que assim desaparece.
- Rotas: revisão do Itinerário Coimbra-Viseu com uma definição mais detalhada do percurso e transferindo a travessia da Serra do Buçaco da Portela da Oliveira para a Portela de St. António do Cântaro de modo a fazer passar a via por Galhano por onde seguia a Estrada Real para Viseu.
Novembro de 2011
- Rotas: revisão dos itinerários entre os rios Cávado e Lima, estruturando melhor a rota Famalicão-Barcelos com passagem por St. Eulália do Rio Covo,
a rota Barcelos-Ponte de Lima passando na Ponte das Tábuas sobre o rio Neiva e seguindo depois pelo Vale da Facha até Ponte de Lima, a alternativa Areias de Vilar-Ponte de Lima que atravessa o rio Neiva na Ponte do Anhel; todos estes itinerários estão agrupados no Itinerário Braga-Astorga per loca maritima para facilitar a leitura, embora nenhum deles deva pertencer a esta via pois esta deveria seguir para a Galiza por via fluvial e marítima.
- Miliários: inclusão de uma foto do miliário de Paços da Serra dedicado ao imperador Maximiano que hoje está na Casa Grande, unidade de turismo rural. Este miliário integrava com a toda a probabilidade a via romana que percorria a vertente ocidental da Serra da Estrela, ligando Marialva a Bobadela por Celorico da Beira. A foto agora publicada foi gentilmente cedida por
Luís Aguiar.
- Info: inclusão do Portugaliae Monumenta Historica, compilação de documentos medievais publicados entre 1856 e 1888, na parte de «Documentos», nomeadamente com a listagem de referências a vias antigas que aparecem nas «Diplomata et Chartae»; colocação dessas referências numa tabela e no respectivo Itinerário Romano. A localização precisa dos troços da via está em curso, mas é muito dificultada pelas alterações na toponímia local.
- Ferramentas: Georreferenciação dos vestígios viários romanos; actualização do ficheiro com povoados romanos em relação directa com as vias que passavam próximo.
- Info: inclusão da ara votiva aos Lares Viales na igreja paroquial de Castelo do Neiva (Viana do Castelo) certamente relacionada com a via romana que seguia pelo litoral entre Porto e Caminha, a chamada per loca maritima que atravessava o rio Neiva junto do Castro de Moldes ou Castelo do Neiva. (vide Almeida CAB, 1986, 78-79)
- Itinerários: revisão das vias em torno de Alenquer com base em Costa, 2010, com a redefinição da via entre Torres-Vedras-Alenquer-Escaroupim (rio Tejo) e da «Variante de Óbidos a Lisboa pelo litoral» que passa a estar dividida em dois troços, de Óbidos a Torres Vedras pelo litoral e de Torres Vedras a Lisboa por S. Miguel de Odrinhas.
- Biblio: COSTA, Miguel Cipriano E. (2010) - "Redes viárias de Alenquer e suas dinâmicas. Um estudo de arqueogeografia". Coimbra: Diss. de Mestrado FLUC.
2011 Outubro
- Itinerários: revisão das vias em torno de Marialva, reforçando a continuação da via W-E que passava na importante villa de Vale de Mouro (Coriscada) com possíveis ligações a Torre de Almofala (a civitas Cobelcorum), e a Póvoa do Mileu (provável capital dos Lancienses Transcudani).
- Povoados: a correspondência de Longroiva (Mêda) a Langobriga é baseada numa inscrição que hoje está na Capela da Ns. do Torrão onde se lê LANGOBRICV; trata-se de um altar colocado por Quintus Iulius, soldado da Legião Equestre VII Gémina aos Bandi Longobricu (FE 44).
- Biblio: COIXÃO, António Sá; CRUZ, Ana B.; SIMÃO, Paulo Vaz (2009) - "Carta Arqueológica do Concelho de Mêda". Mêda: CM de Mêda.
- Itinerários: revisão das vias em torno de Óbidos com base em MOREIRA, José Beleza (2002) - "A cidade romana de Eburobrittium: Óbidos". Porto: Ed. Mimesis Multimedia.
-
Itinerários: revisão das vias em torno de Leiria com base em: BERNARDES, João Pedro (2007) - A ocupação romana na Região de Leiria - João Pedro Bernardes. Faro: Univ. do Algarve.
- Pontes: foto da inscrição a Tito no muro de uma casa em Póvoa de Midões referindo possivelmente a construção de uma ponte sobre o rio Mondego: Imp(eratore) Tito · VIII · co(n)s(ule) / pontem · aedificavit / Severus · Vituli · f(ilius)
- Miliários: foto do miliário da Quinta Pomar em Casal, (Silvã de Cima, Sátão). Este miliário deveria pertencer ao Itinerário Viseu-Aguiar da Beira
- Miliários: marcos no Museu da Guarda:
Miliário a Tácito e Miliário a Constantino, ambos provenientes do lugar de Barrelas em Famalicão da Serra.
2011 Setembro
- Itinerários: correcção do Itinerário Évora-Moura por gentil contributo de Jorge Feio, alertando que a descida ao Guadiana não se fazia por Alqueva, mas por Vera Cruz, onde existem importantes vestígios romanos e depois seguia por Marmelar para a travessia do rio Guadiana no Cais do Fragal/Moinho da Barca, a jusante da foz do rio Ardila, seguindo depois pelo Mte. do Ameixial até Moura. Deste modo foi retirada a anterior proposta de travessia no Porto de Évora.
- Itinerários: revisão das prováveis travessias do rio Tejo a jusante de Santarém por amável contributo de Vasco Loubet, reforçando a ideia de que existiria uma travessia no Porto do Sabugueiro/Porto de Muge e que este porto romano estaria no limite navegável da via fluvial que subia o Tejo, obrigando a partir daqui a seguir uma rota terrestre.
- Miliários: inclusão de fotos e descrição dos miliários achados dentro da cidade ou nas suas proximidades de Conímbriga que hoje estão no Museu Monográfico:
dois a Constâncio Cloro, um a Tácito e outro a Galério Maximiano.
- Itinerários: revisão dos itinerários na região de Fundão, Penamacor e Sabugal, colocando a rota da Via Alvega-Salamanca a passar por Valverde (Fundão) e Capinha, onde cruzava com a Via Braga-Mérida, seguindo depois ao longo da ribeira de Meimoa para Sabugal, atendendo a que o miliário a Licínio foi encontrado segundo Fernando Curado no sítio de Coito de Cima que fica junto da ribeira (Curado, 1982). No caso da Via Braga-Mérida foi anulada a variante por Meimoa pela dificuldade em definir um percurso viável entre Caria e Meimoa. A parte desta variante entre Meimoa e Idanha-a-Velha foi integrada na hipotética via entre a capital da Civitas Cobelcorum em Almofala e Igaedis em Idanha-a-Velha no sentido N-S.
- Miliários: Miliário dedicado a Probo que apareceu na alcáçova de Santarém.
- Miliários: Miliário da Quinta da Agra em Correlhã (Ponte de Lima) da Iter. XIX, hoje no acervo do Museu Nacional de Arqueologia partido em dois.
- Miliários: Miliário de Silveirona, Estremoz, dedicado a Crispo, Licínio Júnior e Constantino II (IRCP673) que hoje está no Museu Nacional de Arqueologia.
- Miliários: marcos do Museu Arqueológico de Vila Viçosa: Miliário dedicado a Constante (IRCP 676) achado no aro da cidade e o Miliário dedicado a Marco Aurélio proveniente da Herdade de Alcobaça, Vila Fernando (Elvas).
- Miliários: Miliário a Probo de Ponte de Sor hoje no acervo do Museu Nacional de Arqueologia.
2011 Agosto
- Miliários: Correcção dos dados relativos aos miliários recolhidos por Mário Saa e hoje expostos na Fundação Arquivo Paes Teles no Ervedal (Avis).
Afinal, além do já mencionado miliário a Constantino I ou Magno recolhido por Mário Saa no Casal da Pocariça em Lagoa Grande, também está aqui o miliário a Tácito que ele achou na Capela da Ns. dos Prazeres em Ponte de Sor. Esta imprecisão levou à troca da foto publicada do miliário da Pocariça, agora corrigido. Publica-se também uma foto do miliário a Tácito. Estes miliários assinalavam a via romana para Mérida.
- Info: Publicação do Lares Viales de Conímbriga em exposição no Museu Monográfico de Conímbriga (n.º 67381)
- Biblio: MANTAS, Vasco Gil (2010) - Os Lares Viales da Lusitânia - Avis: Rev. Vialibus da Fund. Arq. Paes Teles nº 2, p.13-34.
- Itinerários: na Carta Arqueológica do Alandroal, Calado refere uma possível pela azinhaga que corre junto da villa de Vilares em Alandroal; esta via N-S poderia seguir para o vicus de Bencatel e seria proveniente da travessia da ribeira de Lucefecit junto do Fortim Romano do Outeiro dos Castelinhos e que passava pelo Rosário.
- Biblio: CALADO, Manuel (1993) - Carta Arqueológica do Alandroal. CM de Alandroal.
- Miliários: Remoção das referências a miliários em Almeirim e Alpiarça. De facto André de Resende e posteriormente Hübner referem vários miliários na ribeira de Alpiarça, hoje ribeira de Ulme, mas estes estariam muito mais adiante entre Tamazim e Venda das Mestas. Partindo da referência de Resende aos miliários que ele viu na Venda das Mestas, local conhecido com exactidão, foi-se recuando na contagem das milhas e colocando esses marcos no local onde estariam implantados. Para as milhas indicadas partiu-se do princípio que a mansio de Aritium Praetorium, a 38 milhas de Almeirim, ficaria
não em Tamazim (no Poiso como sugeriu Jorge Alarcão) mas junto da Herdade da Água Branca de Cima, pois esta está precisamente a 38 milhas de Almeirim e a 28 milhas de Alter do Chão, a mansio seguinte como é referido no Itinerário de Antonino.
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Itinerários: revisão do sistema viário em torno do Castro de Alvarelhos, introduzindo uma possível ligação à «Karraria Antiqua», a via proveniente do Porto e que ia atravessar o rio Ave junto da Ponte de D. Zameiro. O castro seria assim um vicus viário estrategicamente situado sobre o vale da ribeira da Aldeia por onde passava a via romana XVI e no ponto de cruzamento desta com as vias secundárias que se dirigiam para poente.
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Itinerários: revisão do itinerário entre Porto e Guimarães com base na
Dissertação de Mestrado de Jorge Pinho. Maior detalhe do provável percurso e introdução de um possível miliário achado em Casais/Lajedos perto de Monte Córdova (Pinho, 2009).
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Biblio: BARROCA, Mário Jorge (2006) - A Cruz do Lugar das Marcas e o Couto do Mosteiro de St. Tirso. Porto: Universidade do Porto. Faculdade de Letras.
- Itinerários: remoção da alternativa de travessia do rio Úl na Ponte do Salgueiro em Cucujães, na Iter. XVI entre Braga e Porto, colocando em definitivo a sua travessia na Ponte da Pica como a rota mais provável.
2011 Julho
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Itinerários: revisão das vias em torno de Monção com base em: ALMEIDA, Carlos Brochado de (2005) - Sinais de Romanização na Torre de Lapela - Monção. Porto: Rev. Portugália, Nova Série, Vol. XXVI, reforçando a existência da via Braga-Monção.
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Itinerários: revisão das vias no concelho de Tabuaço com base no livro Tabuaço - Um Passado Presente, editado pela C.M. em 1999. As alterações são mínimas e pretendem reforçar o vicus de Fontelo em Sendim como nó rodoviário da região; assim, para além da via romana proveniente do rio Douro por Goujoim, Granja do Tedo, Longa e Arcos, também chegaria a Sendim o caminho alternativo que vinha por Adrião e Tabuaço, integrando várias calçadas com possível origem romana. De Sendim, a via deveria continuar para Marialva depois de atravessar o rio Távora em Riodades por Penedono e Mêda até Marialva, ou continuar para sul rumo a Viseu.
2011 Junho
2011 Maio
2011 Abril
- Itinerários: ajuste da Via Braga-Lisboa no troço entre Conímbriga e Tomar depois de passar em Rabaçal;
anteriormente fez-se passar a via principal por Santiago da Guarda atendendo aos vestígios aí existentes, mas esta solução
afasta o seu percurso do miliário de Tamazinhos e de Freixial, onde se pensa ter existido uma mutatio, e da provável continuação da via por Avelar e Chão de Couce numa rota rectilínea; assim, colocou-se Santiago da Guarda como
mutatio de uma via secundária que se dirige ao vicus de Campodónio que poderia seguir até Leiria, embora esta rota
seja para já apenas hipotética. Esta via também poderia ligar a Ansião onde os vestígios romanos são significativos. (Alarcão, 2004c).
- Itinerários: ajuste das entradas em Lisboa; inclusão de uma variante da via Braga-Lisboa que passaria no Convento de Chelas,
onde há vestígios de uma villa e próximo da necrópole de Poço de Cortes, seguindo aproximadamente
a Estrada de Chelas até confluir com a via que seguia junto ao Tejo na Calçada da Cruz de Pedra.
2011 Março
2011 Fevereiro
- Itinerários: revisão das VIAE XII, XIV e XV, as 3 vias que ligavam Lisboa a Mérida, na região de Campo Maior e Elvas com base na dissertação de mestrado
em Arqueologia Romana apresentada à FLUC por Maria José de Melo Henriques de Almeida (2000) intitulada
«Ocupação rural romana no actual concelho de Elvas» e no artigo «Nuevo miliario de Magnencio hallado en la villa romana de Torre Águila» de Jean-Gérard Gorges et Germán Rodríguez Martín (vide bibliografia).
Grande remodelação das rotas e relocalização dos miliários e mansiones na aproximação das 3 vias a Mérida.
O miliário da Herdade de Alcobaça que foi associada a Terrugem (no Endovélico) seria antes
proveniente do monte com o mesmo nome localizado em Vila Fernando, e deveria pertencer à Iter. XII, colocando assim a via a norte da actual EN4.
- Miliários: foto do miliário de Gévora, Badajoz,
publicado por Ramírez Sádaba (1993)
- Miliários: foto do miliário de Campo Maior inserido no Itinerário XIV entre Lisboa e Mérida;
- Miliários: foto do miliário a Probo que apareceu na Casa dos Bicos em Lisboa.
- Miliários: foto de dois marcos de Possacos, Valpaços, ambos pertencentes ao Itinerário XVII de Antonino:
o miliário a Dalmácio
que hoje está no MNA em Lisboa e o miliário a Magnêncio
que apareceu junto à Igreja, mas que hoje está numa casa particular em Carlão, Alijó.
- Info: inclusão da inscrição rupestre do Lugar do Regueiral, (Sanfins, Valpaços) em Outros Marcos Territoriais,
(TERMIN TREB OBILI) interpretada por Rodriguez Colmenero como um
terminus que delimitava os povos Treburi e Obili (Termin(us) Treb(ilium) / T(erminus) / Obili(um)).
2011 Janeiro
- Itinerários: revisão do itinerário da Iter. XIX entre a travessia do Rio Neiva na Ponte do Prado até à travessia do Rio Neiva na Ponte de Goães, fazendo passar a rota romana mais
a poente da rota anteriormente definida de modo a incluir os miliários existentes e fazendo um percurso menos acidentado com base em Colmenero (2004) e no
recente trabalho de Armandino Cunha no âmbito do projecto Vias Atlânticas intitulado A Via Romana XIX.
- Miliários: Inclusão de fotos dos miliários referentes à Iter. XIX entre Braga e Tui: Monte dos Cones, Quinta do Outeiro, Tourido, Oleiros, Atiães, Arcozelo, Souto de Rebordões, Fornelos e o miliário a Augusto da milha zero em Braga que indica a distância total para Tui, ou seja 43 milhas. As fotos a preto-e-branco provêem de Colmenero (2004) e as fotos a cores
provêem do Museu D. Diogo de Sousa em Braga.
- Miliários: Foto do miliário que hoje está na Casa de Pielas, Painzela, Cabeceiras de Basto, mas que será originário da antiga Quinta das Goladas situada na rua Padre Manuel Alaio em Braga, pelo que pertence à Iter. XVII entre Braga e Astorga (Colmenero et alii, 2004).
- Miliários: O miliário do Vale do Canto (Salgueiro, Fundão) afinal está hoje no Museu Arqueológico do Fundão.
- Itinerários: renovação das rotas romanas na região do Alvito com base num gentil contributo de Jorge Feio que tem estuda a região.
2010 Dezembro
- Ferramentas: Georreferenciação dos vestígios viários romanos no Google Maps, Google Earth e Google Apps para dispositivos móveis.
- Site: Renovação visual para facilitar a leitura em dispositivos móveis como smart phones e tablets;
- Info: Foto e localização da Ara do Monte das Esquilas por gentil indicação de Vasco Mantas.
- Itinerários: Inclusão da calçada da Herdade da Torre do Lobo na via Évora-Portel-Moura;
a via passa nos limites da herdade a 4km da torre, onde recentemente foram identificados dois
possíveis miliários deslocados.
2010 Outubro
2010 Setembro
2010 Maio
- Remodelação da VIA ROMANA XVII, entre Braga e Astorga com base em Colmenero (2004).
- Tentativa de definir um itinerário transversal à Iter. XVII no sentido NE-SO integrando uma série de
vestígios viários da região de Valpaços que anteriormente estavam associados à Iter. XVII. Esta via proveniente pelo menos da zona de Lebução, segue em direcção das minas romanas de Três Minas em Vila Pouca de Aguiar pelo que variante por Três Minas que estava inserida no itinerário Chaves-Douro, passa a constar como continuação desta via transversal. (Colmenero, 2004)
- Anulação da chamada "Variante Sul" por Alturas do Barroso e Boticas.
- Revisão dos miliários
- Reorganização da localização das mansiones.
2010 Abril
2010 Março
2009 Dezembro
- Reparação de todos os links para a Base de Dados Endovélico
que deixaram de funcionar após a extinção do sítio do IPA.
- Itinerários: revisão da rota entre Braga e Porto com diversas correcções
sobre os miliários existentes; daqui resulta a definitiva localização da travessia do rio Ave na
Ponte da Lagoncinha que apesar de ser uma construção medieval fica no alinhamento da rota romana que vinha pela Trofa Velha.
Ficou assim descartada a travessia mais a jusante no sítio da Barca junto à actual Ponte da Trofa.
2009 Outubro
- Informação: introdução das fotos dos Terminus Augustales de Goujoim e Peroviseu.
- O miliário encontrado no Monte da Gândara, Sapardos, e o miliário anepígrafo de Arinhos em Valença dados como desaparecidos, estão afinal nos jardins da antiga JAE em Viana do Castelo.
- O miliário de São Julião do Freixo, Valença, está hoje no adro da Igreja de Terceiros em Ponte de Lima.
- O possível miliário em Candemil é muito duvidoso por estar muito afastado da Iter. XIX de Braga a Valença.
2009 Agosto
- O troço de Moura a Serpa passou a integrar a ligação de Moura a Mértola; Arouche foi corrigido para castelhano, ou seja Aroche em referência à mansio da Iter. XXI situada no povoado romano de Arucci, um pouco a norte da actual povoação.
2009 Julho
- Miliários: publicação de fotos do miliário da aldeia do Freixo em Marco de Canaveses, a antiga cidade de Tongobriga, e do miliário de Soalhães também território desta civitas.
- Miliários: publicação de uma foto do possível miliário de Vila Marim, aldeia a noroeste de Vila Real, retirada do corpus de Colmenero (Colmenero et alii, 2004). Este possível miliário anepígrafo apareceu «tombado junto à capela da Ns. da Paz» já bastante danificado mas ainda apresentava a sua base quadrangular (Colmenero et al., 2004); actualmente desconhece-se o seu paradeiro. Em Vila Marim existe um povoado romano com relativa importância no Outeiro das Pombas, próximo do qual se encontrou o suposto miliário. No entanto a via romana principal não passava por aqui, mas por alturas da Serra do Alvão, pelo que o miliário poder+a ter sido deslocado (?).
- Biblio: PONTE, Salete (1995) - Achegas para a Carta Arqueológica - Tomar.
- Itinerários: revisão das vias em torno de Alcácer do Sal na Iter. XII entre Lisboa e Évora;
na variante pelo Torrão foi abandonada a rota pela margem direita do rio Sado que se baseava nos imensos vestígios romanos ao longo das suas margens,
passando estes a estar relacionados com a via fluvial que ligava o porto de Alcácer ao hinterland alentejano. Assim,
as duas variantes passam a ter um trajecto comum até Santa Catarina de Sítimos, continuando a via principal em direcção a Valverde, Montemor-o-Novo, e
enquanto a variante pelo Torrão atravessava aí a ribeira de Sítimos, assinalada pelo miliário do Porto da Lama, rumando a sul até ao Torrão,
correspondendo à via romana que seguia para Beja e Faro.
- Biblio: CARVALHO, António Rafael (2009) - Torrão: Arqueologia, História e Património Vol 1;
- Rotas: fotos enviadas por Paulo Manços referentes à Iter. XII entre Lisboa e Évora: Porto da Calçadinha, Miliário da N. Sra. de Tourega, Calçada junto à Pedra da Pinha.
- Itinerários: revisão dos itinerários entre Lisboa e Mérida com base na recentemente publicada
Carta Arqueológica do Concelho de Abrantes,
com novas introduções aos Itinerário XV e Itinerário XIV.
Acerto da localização da estação Aritium Praetorium no Poiso/Venda das Mestas, supondo que as 38 milhas indicadas seriam contadas a partir de Santarém em vez de Lisboa e novas fotos de miliários nesta zona de Monte Galego, de Vale da Lama, das Tojeiras de Cima, de Aranhas e da Foz.
2009 Junho
- Itinerários: revisão do Itinerário XXI com uma nova introdução à via e acerto das milhas no troço entre Faro e Alcácer do Sal com a inclusão da estação Sarapia no itinerário e
redefinição das prováveis localizações das estações Serpa, Fines e Arucci entre Évora e Beja.
- Itinerários: Nova introdução para o Itinerário XIII.
- Itinerários: revisão das rotas em torno da Bobadela, Oliveira do Hospital, anulando a hipotética via pela margem esquerda do Alva.
2009 Maio
- Itinerários: revisão do itinerário entre Chaves e o rio Douro.
- Itinerários: revisão dos miliários da Via Braga-Lisboa no troço entre Bracara e Cale:
com actualização da localização e paradeiro dos miliários da Trofa. O miliário que estava na berma da EM14 junto à capela de Ferronho está hoje exposto no Museu da Maia.
2009 Abril
2009 Março
2009 Fevereiro
- Bibliografia: CURADO, Fernando Patrício (1987) - Marco miliário de Alagoas (Sabugal). Ficheiro Epigráfico, Coimbra, 22 (102).
- Bibliografia: RODRIGUEZ COLMENERO, Antonio; FERRER SIERRA, Santiago; ÁLVAREZ ASOREY, Rubén D. (2004) - Miliarios e outras inscricións viarias romanas no noroeste hispánico. (fazer download aqui - 22 Mb)
- Bibliografia: MORENO GALLO, Isaac (2004) - Vias Romanas. Ingenieria y Técnica Constructiva. (fazer download aqui - 13 Mb)
2009 Janeiro
2008 Dezembro
2008 Outubro
2008 Setembro
2008 Agosto
2008 Julho
- Miliários: foto do miliário da milha XV na Geira Romana da Serra do Gerês, integrado no itinerário Braga-Astorga.
- Itinerários: a antiga rota Viseu-Linhares foi renomeada para Viseu-Famalicão da Serra integrando assim a travessia da Serra da Estrela por Folgosinho.
- Itinerários: a rota entre Viseu e Seia/Gouveia equacionada por Mário Saa foi eliminada, com o troço entre Viseu e a Ponte de Alcafache a ser integrada na rota Viseu-Bobadela, seguindo para sul por Canas de Senhorim.
- Itinerários: a ligação da Ponte de Alcafache a Gouveia por Espinho dá lugar a uma nova rota no sentido norte-Sul entre Mangualde e Bobadela integrando os miliários da zona de Espinho.
- Itinerários: novas notas introdutórias aos itinerários entre Lisboa e Mérida.
- Itinerários: revisão do itinerário da Braga-Mérida na travessia do Douro e na região de Penamacor.
- Itinerários: revisão dos caminhos que partem de Marialva.
2008 Junho
- Itinerários: revisão do itinerário da Via VXI - Braga-Lisboa na região de Vila Franca de Xira
com base no trabalho de João Pimenta e Henrique Mendes publicado no volume 10, nº 2 da Revista Portuguesa de Arqueologia com o título
A escavação de um troço da via romana "Olisipo-Scallabis" (em Vila Franca de Xira).
- Miliários: publicação de foto do miliário de Bias do Sul, o único miliário do Algarve.
2008 Maio
- Miliários: fotos dos miliários de Viade e Currais, Montalegre, na
Iter. XVII - Braga-Chaves.
- Itinerários: o itinerário hipotético entre Lamego e Castelo de Paiva não parece um trajecto romano; assim, foi retirado e os vestígios identificados foram integrados nas diversas travessias do rio Douro, Escamarão em Castelo de Paiva, Porto Antigo em Cinfães e Porto de Rei em Resende.
2008 Abril
- Miliários: inclusão de uma foto do miliário da Mitra em Valverde, N. Sra. de Tourega, Évora, integrado na Iter. XII - Lisboa a Évora.
- Itinerários: revisão da rota Astorga a Torre de Moncorvo
- Itinerários: revisão das rotas em torno de Marialva e Freixo do Numão
- Itinerários: revisão da rota Chaves-Douro
a partir de Vila Pouca de Aguiar é provável que a via seguisse pela calçada de Saínça pela margem esquerda do Rio Corgo até Pinhão Cel,
onde conflui com a via de escoamento do minério das minas romanas Jales e Três Minas proveniente de Chaves; daqui seguiria para o Douro por Panoias e não pela medieval Vila Real.
- Bibliografia: O livro Noticias Archeologicas de Portugal publicado por Emil Hübner em 1871 está agora disponível aqui.
2007 Julho
- Itinerários: revisão da estrada Porto-Viseu a seguir a Manhouce, desviando à esquerda em Sequeiro e seguindo em calçada por Gandras e Castanheiros, em vez de ir até Maroiço na Sarnadinha. A estrada continua por Bostarenga onde também há um troço de calçada.
2007 Junho
2007 Maio
- Informação: nova tabela com a listagem dos Terminus Augustales encontrados em território nacional.
2007 Fevereiro
- Itinerários: actualização dos links para o novo site da Direcção Geral dos Monumentos Nacionais.
2006 Novembro
2006 Março
2006 Janeiro
2005 Outubro
- Itinerários: nova introdução ao Itinerário Braga - Mérida.
- Miliários: lista dos miliários existentes nos museus de Lisboa.
- Bibliografia: "Inscrições Lusitano-Romanas do Museu do Carmo" por Justino Mendes de Almeida.
2005 Julho
2005 Junho
- Bibliografia: "Epigrafia Romana na região de Bragança" de Armando Redentor.
- Bibliografia: "Povoamento Romano no actual Concelho de Fronteira" de André Carneiro.
Reformulação das vias na região.
- Notícias: «Percurso "Vias Augustas" inaugurado».
2005 Maio
- Itinerários: alteração da travessia do rio Douro da zona da Régua para Covelinhas/Folgosa, passando a rota Chaves-Lamego para Chaves-Rio Douro, deslocação das rotas adjacentes para esta travessia e continuação pela região de Armamar que antes era um troço disperso.
- Notícias: «Calçada antiga ao abandono».
2005 Abril
2004 Dezembro
- Primeira versão considerada "definitiva" (nenhuma versão é definitiva com o assunto em constante evolução).
2004 Julho
- Primeira versão sem a etiqueta 'em construção'.
2004 Abril
- Muito trabalho de levantamento da informação.
- Arranque do site.
Entre 2002 e 2004
- Objectivo: viagens pelo Portugal romano...
- Constatação 1: falta de informação existente sobre os itinerários romanos.
- Constatação 2: o estado de abandono a que está votado o património viário em Portugal.
- Ideia: fazer na web uma ferramenta de protecção do património através da divulgação e discussão
da maior obra de engenharia da antiguidade que existe em Portugal.