Category Archives: Bridges

Parte 6 || Cale

Concluímos esta viagem pelo Itinerário XVI com algumas notas sobre a sua passagem por Cale, estação seguramente associada à travessia do rio Douro, apesar de permanecer a dúvida na sua exacta localização, oscilando entre os dois povoados proto-históricos que dominavam esta passagem, ou seja, o Morro da Pena Ventosa (Sé) e o Castelo de Gaia, dúvida que, no entanto, não afecta a contagem miliária que segundo o Itinerário era a seguinte:

Langobriga
Cale m.p. XIII
Bracara m.p. XXXV

Como referido no artigo anterior, a distância de 13 milhas de Langobriga a Cale é coerente com o percurso entre Vendas Novas (Fiães/Castro Redondo) e o Douro, seguindo paralela ou coincidente com a EN1, que em muitas troços ainda é designada por “Rua da Via Romana”. O trajecto fazia-se (e faz-se) por Vergada, Picoto, Vendas de Grijó (8 m.p.), Carvalhos (6 m.p.), Canelas (4 m.p.), Santo Ovídio (2 m.p.), Jardim de Soares dos Reis (1 m.p.) e finalmente, descendo talvez pela Rua Direita, atingia o cais de Gaia.

Fig. 1 – Via Langobriga – Cale com estação a 8 milhas do Douro

Depois de cruzar o rio, a via dirigia-se para Bracara, seguindo aproximadamente a rota da EN14, percorrendo cerca de 35 milhas, tal como indicado no Itinerário, trajecto já analisado em artigo anterior. A parte inicial do percurso continua em utilização como ruas da cidade. Partindo da Porta do Olival, junto do Jardim da Cordoaria, seguia pela lateral do edifício da Universidade do Porto, antiga «Calçada dos Órfans» e actual Rua Dr. Ferreira da Silva, cortava a Praça dos Leões em direcção ao Largo do Moinho de Vento, continuava pela Rua Mártires da Liberdade até à Praça da República e daqui pela Rua Antero de Quental rumo à travessia do rio Leça na Ponte da Pedra (São Mamede de Infesta). Daqui seguia para a travessia do rio Ave na Trofa, passando em Pinta (Maia) e Forca (8 m.p.), percurso recentemente (re)confirmado pelo descoberta de um miliário numa casa do lugar da Barca, indicando precisamente 27 milhas a Braga, ou seja, oito milhas a Cale.

Fig. 2 – Rede viária a norte do rio Douro com pontos focais Cale e Bracara Augusta.

Do mesmo modo, os trajectos das outras vias que partiam de Cale continuam em utilização pelos séculos seguintes, sendo progressivamente absorvidos pela expansão urbana da cidade. Apesar de estas vias não serem mencionados nos Itinerários de Antonino e da ausência de miliários, não há qualquer dúvida sobre a sua utilização já nesse período (e mesmo em períodos anteriores), formando a rede principal de estradas que partiam de Cale.

Uma destas vias é designada na documentação medieval por «karraria vetera», «via publica» e «estrada mourisca» em diferentes pontos do seu percurso e que hoje está assinalado como «Caminho de Santiago». Partindo do mesmo local da estrada para Braga, Campo do Olival, seguia pela Rua de Cedofeita (antiga «Cacarreira») até ao Padrão da Légua (4 m.p.), e daqui à Ponte Romana de Barreiros sobre o Leça (Maia).

Daqui poderia ligar por uma ramal ao nó viário da Forca (8 m.p.) na via para Bracara (onde apareceu miliário), mas é provável que a «karraria» seguisse para noroeste por Vilar do Pinheiro e pela base do Castro de Boi (15 m.p.), rumo à travessia do rio Ave junto do Castro de Santagões.

Daqui seguia para a Igreja de São Pedro de Rates (23 m.p.), provável estação viária onde a via bifurcava em dois trajectos, um seguindo para noroeste rumo à travessia do rio Cávado na Barca do Lago (ligando a Viana do Castelo), e outro seguia para nordeste rumo à travessia do mesmo rio em Barcelos (o chamado «Caminho de Santiago Central»), continuando depois até Ponte de Lima. (ver https://viasromanas.pt/#porto_barcelos).

Admite-se uma variante a este trajecto mais próxima do litoral, desviando da «karraria vetera» no Padrão da Légua, seguindo na direcção do Castro de São João em Vila do Conde, local de cruzamento do rio Ave. Daqui seguia próximo dos castros de Terroso e Laúndos rumo à travessia do rio Cávado na Barca do Lago, reunindo com a «karraria» cerca de três milhas antes de atingir esta passagem. (ver viasromanas.pt/#porto_caminha).

As restantes vias seguiam na direcção nordeste. A primeira delas partia de Cale rumo a Guimarães, seguindo junto do Castro de Águas Santas (6 m.p.), Castro do Monte Padrão (18 m.p.), Citânia de Sanfins (22 m.p.) e Castro da Polvoreira/ Santo Amaro (30 m.p.). (ver viasromanas.pt/#via_vimaranes).

A segunda via para nordeste, ligava Cale a Tongóbriga, seguindo próximo do Castro de Vandoma (15 m.p.) e do Castro de Quires (26 m.p.), de onde descia à travessia do rio Tâmega, a trinta milhas de Cale. Daqui ascendia por Marco de Canaveses à cidade romana de Tongóbriga, da qual subsistem importantes vestígios, mas como vimos ao longo do Itinerário XVI, assenta ela própria sobre um antigo povoado da Idade do Ferro do qual teria herdado o nome.

A parte inicial do trajecto desta via subsiste ainda hoje, partindo da antiga Porta de Vandoma e seguindo pela Rua Cimo de Vila, percursos que mantém a tipologia antiga, ascendendo a ladeira por patamares suaves até à actual Praça da Batalha. Daqui seguia por St. Ildefonso, Bonfim (1 m.p.), Corujeira/ Campanhã (2 m.p.), São Roque da Lameira (3 m.p.), continuando pelos topónimos viários, Cavada, Ferraria, Carreira e Vale de Ferreiro até Valongo, provável estação viária a oito milhas de Cale, relacionada com a exploração mineira identificada nas proximidades. (ver viasromanas.pt/#porto_freixo)

Notar que esta distância de oito milhas à primeira estação já tinha sido identificada nas outras vias que partiam de Cale, nomeadamente em Vendas de Grijó e Barca, sugerindo que o seu estabelecimento não foi arbitrário. Notar também a grande resiliência destes trajectos apesar das enormes transformações sofridas pela cidade nos últimos séculos.

Fig. 3 – Vias antigas na actual área urbana da cidade do Porto.

Na ausência de factores externos como terramotos ou grandes planos urbanísticos (felizmente) as principais vias que partiam da cidade do Porto acabaram por permanecer em utilização até aos nossos dias. Seria interessante um dia fazer um roteiro destas vias pela cidade.

Com este artigo sobre Cale termina esta série de seis artigos sobre o itinerário de Olisipo a Bracara ou Itinerário XVI. No próximo post será abordada a problemática das alterações da orla costeira e as suas implicações na rede viária antiga.

The crossing of the River Alva at the Mucela Bridge

One of the main itineraries that crossed the portuguese territory had origin in the city of Conímbriga, crossing the «Beira Alta» region towards the river Douro, passing in Bobadela, Celorico da Beira (where it crosses the Mondego River), and through the territory of the Civitas Aravorum (Marialva), linked to important crossings of the Douro, one in Quinta de Vesúvio/Sra. da Ribeira and another on Monte Meão/Foz do Sabor (and not for Salamanca as had been said).

This itinerary has been associated to the so called “Estrada da Beira” (Beira Road) that starts in the city Coimbra and links to Celorico da Beira, but the direction of this route clearly indicates that its origin was in Conímbriga and not in Coimbra. A possible branch connecting to Coimbra, although not impossible, does not seem feasible, since the derivations of the route connect not to Coimbra but to fluvial ports in the Mondego (namely Porto da Raiva and Penacova). Although there are tracks on the other bank, these seem to be heading northwest and not towards Coimbra, which further weakens this hypothesis. Inevitably, these tracks end up crossing the route coming from Viseu towards Coimbra, and thus can follow this way that city, but the various inflections in the way are not consistent with the existence of an independent track linking Coimbra to Bobadela.

If there are doubts about the final destinations of the road, the place where the road crossed the River Alva is unanimous, pointing to the area of «Ponte da Mucela», a traditional crossing point since the Middle Ages. In the book Monarquia Lusitana, Fray Francisco Brandão transcribes an inscription that was placed on the medieval bridge, commemorating its construction in 1295, during the reign of King Dinis. However, the identification of some Roman stones that were reused in the medieval construction supports the hypothesis of an earlier Roman bridge, perhaps further downstream, near the Roman settlement of Moura Morta, where the crossing is much easier.

Changes introduced to the route Via Conímbriga – Bobadela at the crossing of the Alva River (red line), near the Roman settlement of Moura Morta and crossing of «Serra do Bidueiro» near the megalithic «mamoa» of S. Pedro Dias.

The settlement is located on a meander of the River Alva, which surrounds the settlement on all sides but the southern side, from where the site was accessed. However, the strong cliffs on the other bank make it impossible to cross at the base of the settlement. However, between this place and the bridge, there is a more favourable area to cross the river, taking advantage of a hump that exists there to start the ascent of the hillside in gentle steps. In fact, the passage through this area might not even require the construction of a bridge, in which case, the Roman ashlars  could have come from the village of Moura Morta itself, which is only about 1 km from the current bridge.

But independently of the question if the existence of a Roman bridge, everything points for the crossing here of the river for the reasons explained above and also because this tracing is in line with the mile sequence between Conímbriga and Bobadela. In fact, the distance from Conímbriga to the Alva River through the proposed route totals 29 miles (typical value between stages), and the 27th mile points to the top of the mountain gateway of Serra do Bidueiro, next to megalithic monument called «Mamoa of S. Pedro Dias» (a pilgrimage to this site takes place everyear), showing once again the great antiquity of this route, at least as a footpath.

This correction also allows us to match the sequence of miles with the only known station in this route, located in Eira Velha (unfortunately recently destroyed by the construction of the Coimbra-Tomar section of the A13 highway, another avoidable destruction of Roman structures next to the road), which is located 22 miles from Rio Alva and seven miles from Conímbriga. This track continued westwards until the town of Soure (eventually a river port of the Mondego), where a milestone was found.

Regarding milestones, there are only three on this route, all of them found near Seia, at the crossing with another major road, the route from Viseu to São Romão castrum (c. Seia), so we do not know for sure which of the two routes was marked by milestones.

The only one that still keeps part of the inscription is from Imperor Maximiano, indicating XXI miles, a distance compatible with Bobadela and Celorico da Beira, but which seems more appropriate to the latter, in this case marking the distance to the Mondego River. It is currently located in the garden of a rural tourism house in Paços da Serra. Recently, another milestone (anepigraphic) was identified near the Santa Comba cemetery, which is most probably in situ, and is therefore decisive to adjust the milestone sequence. The third one was identified nearby, in the village of Vila Chã, and it was reused as support of a balcony of a house, whose morphology and proximity to Santa Comba supports the hypothesis that it is in fact another milestone of this route.

Returning to the crossing of the Alva river at Mucela, the Moura Morta site does not have any sign of a previous Iron Age occupation, which means that it was established by the romans, eventually to control this passage (possibly a statio). However, until the settlement is excavated, nothing more can be added.

O cruzamento do Rio Alva na Ponte da Mucela

Um dos grandes itinerários que cruzava o nosso território tinha origem em Conímbriga e cruzava a Beira Alta rumo ao Rio Douro, seguindo por Bobadela, Celorico da Beira (onde cruza o Mondego), seguindo depois por Mêda Civitas Aravorum, bifurcando para duas importantes travessias do Douro, na Quinta de Vesúvio/Sra. da Ribeira e Monte Meão/Foz do Sabor ( e não para Salamanca como é comum afirmar-se).

Este itinerário tem sido associado à chamada “Estrada da Beira” que partia de Coimbra rumo a Celorico da Beira, mas directriz deste trajecto aponta claramente para que sua origem estivesse em Conímbriga e não em Coimbra. Um possível ramal ligando a Coimbra, ainda que não impossível, não parece viável, sendo que as derivações da via ligam a portos fluviais no Mondego (nomeadamente Porto da Raiva e Penacova), podendo o restante percurso até Coimbra ser por via fluvial. Ainda que haja caminhos na outra margem, estes parecem dirigir-se para noroeste e não para Coimbra, o que fragiliza ainda mais esta hipótese. Estes acabam inevitavelmente por ter de cruzar a via proveniente de Viseu rumo a Coimbra, podendo seguir por esta até essa cidade, mas as diversas inflexões do percurso não se coadunam com a existência de uma via independente ligando Coimbra a Bobadela.

Se existem dúvidas no destino final da estrada, o local onde estrada cruzava o Rio Alva recolhe unanimidade, apontando para a área da Ponte da Mucela, tradicional ponto de passagem desde a Idade Média. No Monarquia Lusitana, o Fr. Francisco Brandão transcreve uma inscrição que estava colocada na ponte medieval, comemorando a sua construção no ano de 1295, durante o o reinado de D. Dinis. No entanto, a identificação de alguns silhares romanos reutilizados na construção medieval, permitia sustentar a hipótese de uma ponte romana anterior, talvez mais a jusante, próximo do povoado romano da Moura Morta, onde a travessia é bem mais facilitada.

Alterações introduzidas no traçado da Via Conímbriga – Bobadela na travessia do Rio Alva (linha vermelha), junto ao povoado romano de Moura Morta e a Serra do Bidueiro junto da mamoa de S. Pedro Dias.

O povoado assenta num meandro do rio Alva que rodeia o assentamento por todos lados menos do lado sul, por onde se acedia ao local. Contudo, as fortes arribas na outra margem inviabilizam a passagem junto ao assentamento. No entanto, entre este e a ponte, existe uma zona mais favorável ao cruzamento do rio, aproveitando depois uma lombada que ali existe para iniciar a ascensão da encosta em suaves patamares. Aliás a passagem neste local poderia até não exigir a construção de uma ponte, sendo que nesse caso, os silhares romanos poderão ter vindo do próprio povoado de Moura Morta que dista apenas cerca de 1 km da ponte actual.

Mas independentemente da questão se haveria ponte romana ou não, tudo indica que a travessia seria neste local pelas razões apontadas e também porque este traçado vem acertar a marcação miliária entre Conímbriga e Bobadela. De facto, a distância medida de Conímbriga ao Alva pelo percurso proposto totaliza 29 milhas (valor típico entre etapas), sendo que a milha 27 corresponde ao alto da portela da Serra do Bidueiro, onde se regista um monumento megalítico, a mamoa de S. Pedro Dias (local de romaria em torno da capela ali existente), evidenciando mais uma vez a grande antiguidade deste trajecto, pelo menos como caminho de pé-posto.

Esta correção permite também acertar a marcação miliária com a única paragem comprovada arqueologicamente no percurso entre o Alva e Conímbriga, a estação viária romana da Eira Velha (infelizmente recentemente destruída pela construção do troço Coimbra-Tomar da A13, em mais um atentado perfeitamente evitável), localizada a 22 milhas do Rio Alva e a sete milhas de Conímbriga. Esta via continuava para ocidente até Soure (possível cais fluvial do Mondego), onde apareceu um miliário.

A propósito de miliários, nesta via não se contam mais que três marcos, todos identificados nas proximidades de Seia, assinalando, aliás, o cruzamento com outro grande eixo viário, a via oriunda de Viseu que ligava ao Castro de São Romão (c. Seia), criando dúvidas sobre qual destas estradas seria assinalada por estes marcos.

O único que ainda mantém parte da epígrafe é de Maximiano e indicada XXI milhas, distância compatível com Bobadela e, mais ainda, com Celorico da Beira, que nesse caso, indicaria a distância ao Rio Mondego. No entanto, não podemos excluir a hipótese deste marco indicar a outra rota para Viseu, sendo que as 21 milhas são compatíveis com a distância daqui à travessia do Rio Dão na Ponte Romana de Alcafache. Actualmente encontra-se deslocado no jardim de uma casa de turismo rural em Paços da Serra. Recentemente foi identificado uma outro miliário (anepígrafo) junto do cemitério de Santa Comba que estará muito provavelmente in situ pelo que é decisivo par ao acerto da marcação miliária desta via. O terceiro foi identificado ali próximo, em Vila Chã, reutilizado como suporte de uma varanda de uma casa da aldeia, cuja morfologia e proximidade a Santa Comba sustenta a hipótese de se tratar de outro miliário.

Voltando à travessia do Alva na Mucela, o sítio da Moura Morta não apresenta ocupação da Idade do Ferro pelo que se trata de uma estabelecimento de fundação romana para apoio e controlo da via (eventualmente uma statio). No entanto, enquanto não houver um escavação do povoado nada mais se pode acrescentar.

The Bracara-Asturica Itinerary through «Gerês»

This itinerary from Braga to Astorga (Via XVIII of the Itinerary of Antonino) integrates one of the best preserved stretches of the route in Portugal, crossing the Serra do Gerês (where it is called “Geira”), heading towards Galicia through Portela do Homem. The Portuguese part is relatively well studied, with a consolidated route based on the great number of existing milestones, but in the Spanish part there are still great uncertainties, both in the actual route chosen and the location of the intermediate stations. In the attempt to clarify the route to Astorga, and applying the methods developed for the survey of the Portuguese part, we propose the following solution.

Tracing of the XVIII itinerary of Antonino with the respective stopping stations.

The problem is centred in the distances between stages that do not match the distance measured on the ground. Summing all the stages we get 218 miles, however the total distance indicated in the itinerary is 215 miles, a divergence never fully explained and which opens the possibility of errors in the miles indicated in one or more stages. If for Aquis Originis and Aquis Querquennis there seems to be no doubt in their location respectively at Banhos do Rio Caldo and Baños de Bande, from there on the doubts grow. According to the Itinerary, the next station, Geminas, is located 16 miles from
Aquis Querquennis but following the route (confirmed by milestones), this value is insufficient to cover the distance between Baños de Bande and Castrum of Torre de Sandiás, the most likely location of this station. This difference is also confirmed by the milestones found nearby since the milestone of Casasoá indicates 73 miles to Braga, a value in accordance with the milestone count. Thus, we would have to correct the 16 miles indicated for this stage for the 17 measures, making a total of 70 miles to Braga.

The location of the following stations is still under great discussion and no consensual solution is in sight. The proposals of Rodriguez Colmenero (et al. 2004) continue to be the basis of what is written on the subject, maintaining the great confusion installed by launching the theory of different values of mileage that supposedly would be used in different stretches of track, depending on the characteristics of the terrain. This was an attempt to justify the various inconsistencies in the proposals presented, creating a deadlock that remains to this day. Later studies came to dismantle this thesis because the only measure verified on the ground corresponds to the so-called “classic” mile, which is around 1500m.

The clear excess of miles in this itinerary, making it necessary to place two stations very close to each other seemed to make the hypothesis of an error in the miliary counting much more likely.

Continuing the route, Salientibus could be in Vigueira de Abaixo (milestones), 18 miles from Geminas (Torre de Sandiás). Consequently, the next station, Praesidio, would be 18 miles ahead, distance which puts this station in Pobra de Tivres, in a strategic place since it was located between the two main Roman bridges, Ponte Navea and Ponte de Bibei (this one still standing!). After crossing the Bibei river, the route ascended to Larouco and from here, headed to Ponte da Cigarossa (also presenting Roman foundations) where Nemetobriga should be located. The recent discovery in 2022 of a milestone of Nero during works near the bridge, reconfirms the passage of the XVIII Itinerary in this place, which is exactly 120 miles away from Braga (meanwhile the milestone was placed in its probable original location at the bridge entrance).

The main problem lies in the next stage, between Nemetobriga and Foro, for which the Itinerary indicates the distance of 19 miles. However, this value seems too high since adding up all the stages until Bergido (undoubtedly located in Castro Ventosa, west of Cacabelos), we get a total of 50 miles (19+18+13), a value that greatly exceeds the distance between Cigarrosa Bridge and Castro Ventosa which is no more than 39 miles.

This difference of 11 miles must be justified by an error in the Itinerary. Now, analyzing the intermediate distances, everything indicates that this error can only be in the Nemetobriga to Foro leg that should be corrected to 8 miles (possible confusion between the numerals XVIIII and VIII). In this way, we reach the Foro station near the so-called villa of San Salvador in the place of Proba in Barco de Valdeorras. The site was excavated and then reburied, but it was found to be a vicus viarum, located next to the via, where a milestone also appeared. A votive inscription placed by a member of the VII Gemini Legion reinforces the passage of the Roman road here.

The distances to the following stations seem to be correct, with Gemestario located 18 miles from Foro and 13 miles from Bergido, a position which corresponds to the Alto da Portela de Aguiar in a mountain range called Sierra de Encina da Lastra, which defines de geographical border between the provinces of Galicia and Asturias. From here, the route descends to the valley of the river Sil and continues straight up to the Ventosa castrum, where it joins the Lugo-Astorga road. Here it curves eastwards for another twenty miles to Interamnio Fluvio or Intereraconio Flavio (different spellings of the same station), most probably located close to Bembibre, next to the junction of the rivers Noceda and Boeza, a position that fits a name as “Interamnio Fluvio“.

From Bembibre the route follows more 30 miles up to Astorga, passing Ribeira de Folgoso, Torre del Bierzo, San Juan de Montealegre, Manzanal del Puerto and Brimeda, a route marked by several milestones.

Thus, the survey of the route and the milestone sequence points to the following proposal for the location of the stations: Salientibus (Vigueira de Abaixo, XVIII), Praesido (Pobra de Trives, XVIII), Nemetobriga (Ponte da Cigarrosa, XIII, 120 miles to Braga), Foro (VIII, Pobra de Barco), Gemestario (Alto da Portela de Aguiar, XVIII) and Bergido (Castro Ventosa, Cacabelos, XIII), See route description here.

https://viasromanas.pt/#via_nova

O Itinerário Bracara-Asturica pela Serra do Gerês

Este itinerário de Braga a Astorga (Via XVIII do Itinerário de Antonino) integra um dos troços melhor preservados da via em Portugal, cruzando a Serra do Gerês (onde é designada por “Geira”), rumo à Galiza pela Portela do Homem. A parte portuguesa está relativamente bem estudada, com percurso consolidado baseado no grande número de miliários existentes, mas na parte espanhola subsistem ainda grandes incertezas, quer no seu traçado quer na localização das estações intermédias. Na tentativa de aclarar o percurso até Astorga, e aplicando os métodos desenvolvidos para o levantamento da rede na parte portuguesa, propõe-se a seguinte solução.

Traçado do itinerário XVIII de Antonino com as respectivas estações de paragem.

O problema centra-se nas distâncias entre etapas que não casam com a distância medida no terreno. Somando todas as etapas obtemos 218 milhas, no entanto a distância total indicada no itinerário é de 215 milhas, divergência nunca cabalmente explicada e que abre a possibilidade de existirem erros nas milhas indicadas em uma ou mais etapas. Se para Aquis Originis e Aquis Querquennis não parece haver dúvida na sua localização respectivamente a Banhos do Rio Caldo e Baños de Bande, a partir daí as dúvidas crescem. Desde logo, a estação seguinte, Geminas, estaria segundo o Itinerário a 16 milhas, mas fazendo o percurso (confirmado por miliários) verifica-se que esse valor é insuficiente para atingir o Castro de Torre de Sandiás, a sua mais que provável localização. Essa diferença é aliás confirmada pelos miliários encontrados nas proximidades dado que o miliário de Casasoá indica 73 milhas a Braga, valor em conformidade com a contagem miliária. Deste modo, haveria que corrigir as 16 milhas indicadas para esta etapa para as 17 medidas, perfazendo um total de 70 milhas a Braga.

A localização das estações seguintes continua em grande discussão sem vislumbre de consenso. As propostas de Rodriguez Colmenero (et al. 2004) continuam a ser a base do que se escreve sobre o tema, mantendo a grande confusão instalada ao lançar a teoria dos diferentes valores de milha que supostamente seriam utilizadas em diferentes troços da via, em função das características do terreno. Tentava-se assim justificar as várias incoerências nas propostas apresentadas, criando um impasse que permanece até hoje. Estudos posteriores vieram desmontar esta tese porque a única medida verificada no terreno corresponde à milha dita “clássica” que ronda os 1500 m. O claro excesso de milhas neste itinerário (obrigando a colocar duas estações muito próximas um da outra) parecia tornar a hipótese de haver erro na contagem miliária muito mais verosímil.

Continuando a contagem, Salientibus poderia estar em Vigueira de Abaixo onde há miliários e era vencida a milha 18 a Geminas (Torre de Sandiás). Consequentemente, a estação seguinte, Praesidio,  estaria 18 milhas adiante, distância que coloca esta estação próximo de Pobra de Tivres, um local estratégico dado que se encontra entre as grandes pontes de construção romana designadas por Ponte Navea e Ponte de Bibei (esta ainda pé!), a cerca de 3 milhas desta última.

Depois de cruzar o Rio Bibei ascendia a Larouco e daqui seguia em direcção à Ponte da Cigarossa (também com alicerces romanos) onde se deveria localizar Nemetobriga. A recente descoberta em 2022 de um miliário de Nero (?) durante umas obras junto à ponte, vem reconfirmar a passagem do Itinerário XVIII neste local que se encontra a exactamente 120 milhas de Braga (entretanto o marco foi colocado no seu provável local original à entrada da ponte).

O principal problema encontra-se na etapa seguinte, entre Nemetobriga a Foro, para a qual o Itinerário indica a distância de 19 milhas. Ora, este valor parece demasiado elevado dado que somando todas as etapas até Bergido (sem dúvida localizado no Castro Ventosa, a oeste de Cacabelos), obtemos um total de 50 milhas (19+18+13), valor que excede largemente a distância entre a a Ponte da Cigarrosa e o Castro Ventosa que não se contam mais que 39 milhas.

Esta diferença de 11 milhas tem de ser justificada por um erro no Itinerário. Ora, analisando as distâncias intermédias, tudo indica que esse erro só pode estar na etapa de Nemetobriga a Foro que deverá ser corrigida para 8 milhas (ainda que seja difícil explicar a troca do numeral VIII por XVIIII). Deste modo, atingimos a estação de Foro junto da chamada villa de San Salvador no lugar da Proba em Barco de Valdeorras. O sítio foi escavado e logo enterrado novamente, mas apurou-se que se trata de um vicus localizado junto da via, onde aliás apareceu um miliário. Uma inscrição votiva colocada por um membro da VII Legião Gémina reforça o carácter viário do local.

As distâncias das estações seguintes parecem estar correctas, com a Gemestario localizada a 18 milhas de Foro e a 13 milhas de Bergido, posição que corresponde ao Alto da Portela de Aguiar na Serra da Encina da Lastra que serve de divisão geográfica entre as províncias da Galiza e Astúrias. Daqui desce ao vale do rio Sil seguindo reto até ao castro Ventosa, onde entronca na via Lugo-Astorga. Aqui inflectia para leste, seguindo por mais vinte milhas até Interamnio Fluvio ou Intereraconio Flavio (diferentes grafias da mesma estação), possivelmente localizada em Bembibre, junto da confluência dos rios Noceda e Boeza, posição mais adequada ao topónimo Interamnio Fluvio (entre os dois rios).

De Bembibre seguia por mais 30 milhas até Astorga, passando em Ribeira de Folgoso, Torre del Bierzo, São João de Montealegre, Manzanal del Puerto e Brimeda, trajecto que é assinalado por diversos miliários.

Deste modo, o levantamento do percurso e da sequência miliária aponta para a seguinte proposta de localização das estações: Salientibus (Vigueira de Abaixo, XVIII), Praesido (Pobra de Trives, XVIII), Nemetobriga (Ponte da Cigarrosa, XIII, 120 milhas a Braga), Foro (VIII, Pobra de Barco), Gemestario (Alto da Portela de Aguiar, XVIII) e Bergido (Cacabelos, XIII), Ver do percurso aqui.

https://viasromanas.pt/#via_nova

A bridge over the Douro River: a failed project

In 1179, the first king of Portugal, Dom Afonso Henriques, stipulated the delivery of 300 modios morabitinos for the “Ponti Dorii”, launching the project to build a bridge over the River Douro. The remains of this bridge were still visible in the 16th century when Rui Fernandes wrote his manuscript entitled “Descrição do terreno ao redor de Lamego duas léguas [ 1531-1532 ]“, currently in the Municipal Library of Porto, which reads:

Item between this ferryboat of Bernaldo, and that of Porto de Rey are some fine pillars of a bridge that the Queen Donna Mafalda say she ordered to be made, which are two in the middle of the Douro of very great height, and very wide foundation, that the two that are in the river, in this month of May will be ten palms uncovered, and in the summer will be twenty palms and more, and there are two others outside, one on this side, and another on the other side. These pillars have already been doubled in height, and they broke them down and make fishing grounds out of them” (translation of ms. 547, fl 9).

The pillars of the old bridge were therefore still very visible in his time, although they had already been heavily collapsed: “The arch on one side has already collapsed. There is much broken stone on the hill, and you will find on the hills many mason stone tools, and wedges, and levers, which were left there” (fl. 9).

He also calls for taxes to be levied on the neighboring villages in order to complete the work, “because the majority of it has been done” and because there was still a lot of “broken stone” ready to be used to complete the work:

“Our Lord the King could very well order this half bridge to be built with the payment of two reis to each inhabitant twenty leagues around, and in six or seven years, or less, it could be done without oppression, and it would be a very noble thing” (fl. 9).

However, the work would never be finalized and what remains of these pillars were submerged after the construction of the Carrapatelo dam in 1972, but there are reports from that time mentioning the remains of one of the pillars in the riverbed (Resende. 2014: 423).

Moreover, we have precise information from the fifteenth-century author about its location when he writes that “this work is below a place, that they call Barqueiros moreover that they call Barrô” (fl.  9v), about 18 km from Porto Manso (“from Peares to Porto Manço there are three leagues“, fl. 10), which allows us to estimate its approximate location in the meander of the river between Barqueiros and Barrô, where the riverbanks are narrower (see image).

Approximate location of the Dona Mafalda Bridge, between Barqueiros and Barrô, upstream of the Porto de Rei ferry (over Google Earth image)

Although Rui Fernandes alludes to the legend of the death of the queen’s son when trying to cross the bridge, justifying this way the abandonment of its construction, we cannot exclude the hypothesis that it was finished and that its destruction was later, possibly due to a flood of the river, not least because the chosen location does not seem to be the most suitable for the construction of a bridge, the Douro being such a tumultuous river, and even less so the accesses to the bridge that would have to overcome the steep cliffs from this location.

In his “Elucidário…”, Friar Rosa Viterbo seems to follow this line by referring to documents from the Salzedas Monastery of 1205 containing the will of Dona Sancha Bermudes where it says that she had an estate “at the Douro Bridge”, as well as in another document from 1216, where she donates to the Monastery of Paço de Sousa everything she owned in Barrô and “near the Douro Bridge” (Viterbo, 1799: 227). Thus, it is possible that the bridge was still operational in that period, as Viterbo suggests, serving as an alternative to crossing the Douro at Porto de Rei from the road that connected Marco de Canaveses to Lamego (see https://viasromanas.pt/index.html#porto_de_rei_lamego).

The route from Porto de Rei to Lamego (green) and its variant passing on the Dona Mafalda Bridge (blue)

What is certain is that the dream of building a bridge over the Douro River ended in ruin, and until the 19th century all crossings of the river were provided by ferries. The medieval Douro bridge was a failed project whose implications were felt for many years, and even today there is stil no bridge in the stetch of the river between Régua and Resende, and the new Ermida Bridge, near the latter, was only inaugurated in 1998!

_______________________________________

Bibliography
FERNANDES, Rui (1531-1532) – “Descrição do terreno ao redor de Lamego duas léguas [ 1531-1532 ]“. Caleidoscopio, Ed. Amândio Barros (2012).
RESENDE, Nuno (2008) – “Ponte da Veiga: Lousada“. In ROSAS, Lúcia, coord. cient. – Rota do Românico, 2014. Vol. 2, 419-431.
VITERBO, Frei Joaquim de Santa Rosa de (1799) – “Elucidário das Palavras Termos e Frases”(…). Lisboa: Typographia Regia Silviana (1º Edição), vol. 2.

Ponte do Douro: um projecto falhado

Em 1179, o primeiro rei de Portugal, Dom Afonso Henriques estipulou a entrega de “300 modios morabitinos para a ponti Dorii”, lançando o projecto de construção de uma ponte sobre o rio Douro. Os restos dessa ponte eram ainda visíveis no século XVI quando Rui Fernandes elabora o seu manuscrito intitulado “Descrição do terreno ao redor de Lamego duas léguas [ 1531-1532 ]“, actualmente na Biblioteca Municipal do Porto, onde se lê:

Item entre esta barca do Bernaldo, e a de Porto de Rey estão huns fermozos peares de hua ponte que a Rainha Donna Mafalda dizem que mandava fazer os quais sam dois no meyo do Douro de muito grande altura, e mui largo fundamento, que os dous que estão no rio, neste mes de Mayo hirão bem dez palmos descobertos, e no Verão hirão bem vinte palmos e mais, e estão outros dous de fora hum da parte daquem, e outro da parte dalem. Estes poyares foram já de dobrada altura, e os derribarão, e fizerão delles pesqueiras” (ms. 547, fl. 9).

Estes “peares”, ou seja os pilares da antiga ponte estavam portanto ainda bem visíveis no seu tempo, embora já muito derrubados: “O arco da parte daquem volvia já. Esta hi muita pedra quebrada polo monte, que ficou quebrada, e acharão ainda polos montes muitas marras, e cunhas, e lavancas, que por hi ficarão” (fl. 9).

Apela também para que se lance impostos sobre as povoações vizinhas de modo a concluir a obra, “porque a mor parte hé feito” e porque ainda existia ali muita “pedra quebrada” pronta a usar na finalização da obra:

El Rey nosso senhor podia mui bem mandar fazer esta meya ponte que esta por fazer com deitar des reis a cada morador vinte legoas arredor, e em seis, ou sete annos, ou em menos se podia fazer sem opressão, e seria hua couza mui nobre” (fl. 9).

No entanto, a obra jamais sería concluída e o que resta desses pilares ficou submerso após a construção da barragem do Carrapatelo em 1972, mas há relatos dessa época onde se referem os restos de um dos pilares no leito do rio (Resende. 2014: 423).

Apesar disso, temos informações precisas do autor quinhentista sobre a sua localização ao escrever que “esta obra esta abaixo de hum lugar, que chamão Barqueiros aliás que chamão Barrô” (fl. 9v), a cerca de 18 km de Porto Manso (“des os Peares ate Porto Manço que são tres legoas“, fl. 10), o que permite estimar a sua localização aproximada no meandro do rio entre Barqueiros e Barrô, onde a proximidade entre margens é menor (ver imagem).

Localização aproximada da Ponte de Dona Mafalda, entre Barqueiros e Barrô, a montante da Barca de Porto de Rei (sobre imagem Google Earth)

Apesar de Rui Fernandes aludir à lenda da morte do filho da rainha neste mesmo local para justificar o abandono da sua construção, não podemos excluir a hipótese de a mesma ter sido finalizada e que a sua destruição seja posterior, eventualmente devido a uma cheia do rio, até por que o local escolhido não parece ser o mais indicado para a construção de uma ponte, sendo o Douro um rio tão tumultuoso, e menos ainda os acessos à ponte que teriam de vencer as íngremes arribas desde local.

No seu “Elucidário…”, o frei Rosa Viterbo parece seguir esta linha ao referir documentos do Mosteiro de Salzedas do 1205 contendo o testamento de Dona Sancha Bermudes onde diz que esta tinha uma herdade “à Ponte do Douro”, assim como em outro documento de 1216, onde faz a doação ao Mosteiro de Paço de Sousa do tudo o que detinha em Barrô e “junto da Ponte do Douro” (Viterbo, 1799: 227). Deste modo, é possível que a ponte estivesse operacional nesse período, como sugere Viterbo, servindo como alternativa à travessia do Douro em Porto de Rei da estrada que ligava Marco de Canaveses a Lamego (ver https://viasromanas.pt/index.html#porto_de_rei_lamego).

A via de Porto de Rei a Lamego (verde) e a variante pela Ponte de Dona Mafalda (azul)

Certo é que o sonho de construir uma ponte sobre o rio Douro acabou em ruína e até ao século XIX todas as travessias do rio foram asseguradas por barcas de passagem. A ponte medieval do Douro foi um projecto falhado cujas implicações fizeram-se sentir por muitos e longos anos, e ainda hoje não existe qualquer ponte a ligar as duas margens no trecho entre a Régua e Resende, e mesmo a Ponte da Ermida, junto a esta última povoação, apenas foi inaugurada quando decorria já o ano de 1998!

______________________

Bibliografia
FERNANDES, Rui (1531-1532) – “Descrição do terreno ao redor de Lamego duas léguas [ 1531-1532 ]“. Caleidoscopio, Ed. Amândio Barros (2012).
RESENDE, Nuno (2008) – “Ponte da Veiga: Lousada“. In ROSAS, Lúcia, coord. cient. – Rota do Românico, 2014. Vol. 2, 419-431.
VITERBO, Frei Joaquim de Santa Rosa de (1799) – “Elucidário das Palavras Termos e Frases”(…). Lisboa: Typographia Regia Silviana (1º Edição), vol. 2.


Roman bridge in Torre de Dona Chama

An initiative of the “Dona Flâmula”, an association for the protection of the heritage of Torre de Dona Chama, in collaboration with the Freguesia of Torre de Dona Chama and the Municipality of Mirandela, the Roman bridge over the Tuela River has finally now an informative plaque (since June 2020) describing the importance of the almost forgotten National Monument. Here are some photos kindly sent by António Reimão.

This bridge also known as “Ponte da Pedra” is one the best preserved Roman bridges in the Portuguese territory and it still use today by the national road EN 206 (!).

Ficheiro:Ponte Torre Dona Chama Vista jusante margem direita.jpg
View o the arches
The holes to grab and place stones using a forfex.

The Roman bridge of Campelos

(Originally published on January 12, 2015)

The Roman Bridge of Campelos over the Ave River is located northwest of Guimarães and connects the parishes of Vila Nova de Sande and Silvares in Guimarães and was part of the Roman road from Bracara Augusta towards Mérida ignoring Guimarães, since this city was only founded a long time later in the year 950 at the initiative of the Countess D. Mumadona Dias. Despite the successive repairs, the bridge’s structure still shows undoubted Roman characteristics with the typical perfect arched padded apparatus, presenting the typical robustness of the great works of that time; At least the northernmost arc does not look like reconstruction and allows to estimate its original configuration. The Roman road to Mérida certainly passed this crossing of the Ave and not upstream in the bridge of Caldas das Taipas, despite being “converted” into the “Camino de Santiago”; in fact there are clear references to this bridge in a document from the year 957 (PMH DC 71 ) and another from 1059
(PMH DC 420) as the “ponte petrina” (‘stone bridge’), showing that at that time the crossing was made on this bridge. After crossing the river, the road forked in 3 possible routes, the Roman Bridge of Negrelos towards Cale, the Roman Bridge of Arco de Vila Fria towards Tongobriga and the Roman Bridge of Vizela towards Meinedo and from here to the Douro river. The bridge was rehabilitated in 2015 to construct a pedestrian crossing, but its Roman origin remains ignored and so only few people notice that it is one of the best preserved Roman bridges in the entire Minho region and one of most important in Portugal. The bridge remains perfectly functional and still supports heavy road traffic from the industrial periphery of Guimarães, including heavy vehicles. Both the monument and the site deserve further attention. Coordinates: 41.462051, -8.345495
View in Google Street View

vide route here – https://viasromanas.pt/#braga_guimaraes

The Roman bridge of Segura by Duarte d´Armas

(Originally published on January 12, 2015)

In 1509, King Manuel I commissioned his squire Duarte d’Armas to survey the state of 56 border fortifications in the kingdom, a work that was to be completed in 1510 and which resulted in a manuscript known as the “Book of Fortresses” (“Livro das Fortalezas”). This work shows illustrations of the main castles that defended the integrity of the national territory. In the illustration referring to the Castle of Segura, Duarte d’Armas represented the old Roman bridge over the Erges river in detail showing the semi-destroyed central arch, clearly showing that the bridge was unusable in the 16th century. This arch was later repaired and still today we can see a larger central arch much bigger that the rest. It is the oldest known representation of this important Roman work (so forgotten in current tourist itineraries) and therefore a document of the utmost importance. Coordinates: 39.817403, -6.981816

Images from the book “Castelos Templários Raianos: Castelos de Portugal”. Templar Days of Penha Garcia, August 2013. Authoring and Coordination: Colonel Dr. António Pires Nunes.
Edition: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova