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Colóquio Viário do Marão

Povoamento e vias de comunicação ao longo da tempo

No passado dia 17 de Outubro 2020 realizou-se um colóquio sobre a viação romana na Serra do Marão que decorreu no Auditório da Casa do Povo da Campeã (Vila Real). O evento, organizado pela Junta de Freguesia da Campeã e o Instituto Politécnico de Bragança, contou com a participação de sete investigadores que apresentaram diversas perspectivas sobre a antiga rede viária que percorria esta região. Ver programa do evento aqui.  

O evento está disponível online através da plataforma YouTube no seguinte endereço – https://www.youtube.com/watch?v=aVntayn6wpU&t=9209s

Calçada do Arco
Arco Memorial (Medieval) junto da calçada
Visita à Via romana do Arco

Calçada do Arco em Campeã

Este troço lajeado que cruza a aldeia da Campeã em plena Serra do Marão deveria integrar um grande itinerário que ligava Bracara ao Rio Douro. Partindo de Braga, a via seguia inicialmente por São Martinho de Sande, onde apareceu um miliário, cruzava depois o rio Ave na Ponte Romana de Campelos (a sudoeste de Guimarães) e mais adiante cruzava o rio Vizela na Ponte Romana do Arco.

Daqui prosseguia por Pombeiro de Ribavizela e Margaride até ao Alto da Lixa, nó viário de onde derivava uma outra via rumo Tongóbriga e à travessia do Rio Douro em Várzea do Douro. Por sua vez este itinerário seguia para sudoeste rumo à travessia da Serra do Marão. A travessia do rio Tâmega não seria em Amarante como se tem afirmado, mas um pouco a montante da ponte medieval, junto da povoação de Gatão e do povoado proto-histórico do Ladário. Esta povoação poderia ser designada por «Atucauca» na época romana , atendendo à ara votiva dedicada a Júpiter colocada pelos «vicani Atucausensis» encontrada nas proximidades (na Quinta dos Pascoais, a actual casa-museu da família de Teixeira de Pascoais).

Cruzado o rio Tâmega, a via iniciava a difícil ascensão da Serra do Marão seguindo por Vila Chã do Marão, «Estalagem Velha», São Bento e Covelo do Monte até ao Alto de Espinho (e não pela Calçada do Marancinho como se ter afirmado), descendo depois pelos topónimos «Fonte do Ladrão» e «Corredoura» à aldeia da Campeã. Nesta povoação, no lugar das «Vendas», junto da Capela de São Roque, poderá ter existido uma mutatio de apoio à estrada. Logo depois surgem os primeiros metros lajeados da antiga estrada designada localmente por «Caminho Romano” ou «Calçada do Arco».

Troço lajeado, marmoiral medieval (?), esteiros e cruzeiro à margem da Calçada do Arco em Campeã (Fotos de Carlos Balsa).

Sem qualquer tipo de protecção, este troço continua em perigo de ser destruído; por essa razão, a junta de freguesia da Campeã iniciou o processo de pedido de classificação da «Calçada do Arco« com. Mais informação em “Arquivo de Memórias” no seguinte endereço: https://www.facebook.com/ArquivodeMemorias2001/

A parte conservada da calçada com cerca de 200 m continua para nascente, mas não é claro qual a direcção que tomava a partir daí. A continuação para Vila Real será muito posterior dado que esta cidade ainda não tinha sido fundada. Assim é mais provável que daqui a via rumasse para sul rumo à travessia do Rio Douro junto do Peso da Régua, continuando na margem sul por Valdigem e Moimenta da Beira, presumivelmente rumo a Mérida, formando assim um grande itinerário de carácter transregional. Uma outra via que partia do Vale da Campeã (derivando da anterior no sítio da «Estalagem Nova») e seguia pelas aldeias de Cotorinho, Soutelo, Paradela da Serra, Alto do Viso e Fontes, seguindo depois para a travessia do Rio Douro na «Barca de Moledo» e daqui ascendia a Lamego.
vide itinerário aqui – https://viasromanas.pt/#braga_regua

(agradeço a colaboração de Carlos Balsa neste post)