A via antiga da Lomba do Mouro

A propósito da escavação em curso no acampamento militar romano da Lomba do Mouro (Castro Laboreiro), cujos resultados preliminares apontam para o período inicial da conquista do noroeste peninsular (video), tentei identificar o possível traçado da via que cruzava o acampamento romano, situado nas alturas da Serra de Laboreiro, actual fronteira Galiza/Portugal (aparentemente ausente da literatura científica). De facto, se perlongarmos a via para sul percorrendo a linha de festo da serra vamos de encontro à via nova, cruzando o rio Lima próximo da povoação de Torno (Lóbios). Este trajecto seria assim uma derivação para norte da via nova entre Bracara e Asturica, cruzando o Lima num meandro do rio designado por Retorta que dista cerca de 45 milhas de Braga. Ascendia depois a encosta até à Ermida de San Benito (talvez por Lama e Ferreiros), continuando depois por alturas da Serra de Laboreiro até ao acampamento romano, perfazendo 13 milhas desde o Lima, distância habitual entre estações viárias.

Fig. 1 – O acampamento da Lomba do Mouro na fronteira luso-espanhola (linha amarela), recinto amuralhado e possível traçado da via (elaborado sobre Google Earth); distâncias ao Rio Minho (São Gregório, a norte) e ao Rio Lima (Retorta, a sul). As áreas claras no interior do recinto correspondem a monumentos funerários megalíticos anteriormente escavados.

O campo ostenta ainda os vestígios da sua muralha com 2,2 m de espessura, cercando uma área com mais de 20 hectares (Costa-García, Fonte e Gago, 2019: 33). A existência deste acampamento implica que a via teria continuação para a Galiza, mas o seu percurso para norte a partir do acampamento não parece ser viável, apresentando um terreno muito acidentado, onde a passagem se apresenta muito dificultada. Deste modo, é mais provável que a via fizesse uma inflexão rumo a Castro Laboreiro (por Alto da Picota, Queimadelo, Falagueiras, Coriscadas e Porto de Carros), para daqui retomar a direcção norte que trazia do rio Lima, seguindo por Porteiro (antigo «Porto de Asnos») e pelo vale do rio Trancoso até São Gregório, onde entrava na Galiza. O seu traçado deverá corresponder ao caminho que passa nos topónimos viários Vido, Portelinha e Porteiro ou Porto de Cavaleiros (antigo «Porto de Asnos»), continuando por Alcobaça, A-da-Velha, Campo do Souto, Sobreira e Cristoval até São Gregório, descendo daqui para cruzar o rio Trancoso na chamada Ponte Velha ou Ponte Barxas, antiga porta de entrada no território Galego. Na continuação, a via poderia seguir junto do topónimo Vendas em direcção à Ermida de San Xusto (Trado), local a cerca de 18 milhas da Lomba do Mouro, possivelmente rumo a Ourense, mas o seu destino final é ainda incerto.

Fig. 2 – O acampamento romano da Lomba do Mouro (in García, Fonte e Gago, 2019: 33)

A importância estratégica desta via de penetração dos exércitos romanos da fase inicial da conquista parece atestada pela grande dimensão do recinto militar, cercado quase na totalidade por uma sólida muralha que só teria justificação para uma via da maior importância militar. A sua localização, a meio caminho entre os rios Lima e Minho (cerca de 13 milhas ao Lima e cerca de 14 a São Gregório), permitia-lhe exercer total controlo desta passagem.

Embora fosse pressentido por alguns autores que deveria existir uma derivação da via nova para norte, o seu traçado continuava a levantar muitas dúvidas. A identificação e caracterização deste importante assentamento militar vem assim trazer um forte argumento para a identificação deste eixo viário e a sua articulação com os grandes itinerários da região.

Fig. 3 – Traçado hipotético da via (linha verde) derivando da ‘via nova’ para norte (linha amarela), passando na Castrum da Lomba do Mouro, descendo depois rumo a Castro Laboreiro para tomar o antigo caminho de entrada na Galiza por Porto de Asnos e Ponte Velha de São Gregório (elaborado sobre Google Earth, 2021)

Não parece haver qualquer dúvida sobre a antiguidade deste caminho, dado que o acampamento romano assenta sobre um vasto campo coberto de monumentos funerários megalíticos que testemunham a sua utilização desde tempos bem recuados. Apesar do abandono do recinto após a conquista deste território, a via terá permanecido em utilização até ao período alto-medieval, durante no qual se foi formando a linha divisória entre Portugal e o actual território Galego. O facto de a via percorrer ambos os lados desta divisória poderá ter contribuído para o seu declínio dado que estava agora cortada pela linha fronteiriça.

A parte “portuguesa”, ligando Castro Laboreiro a São Gregório, pelo referido
«Porto de Asnos» continua em utilização como principal porta de entrada na Galiza, tal como é referido em vários documentos medievais, sendo considerada uma passagem estratégica para a defesa do território de Entre Lima e Minho. Na sequência de uma disputa tributária com o vizinho Castelo de Melgaço, este troço da via acaba sendo vedado ao trânsito em 1361, obrigando que todos os viandantes de e para a Galiza seguissem por Melgaço, o que também terá contribuído para o seu esquecimento:

“Para evitar o pagamento dessa portagem, os mercadores que acarretavam os seus bens de Galiza, e vice-versa, optavam pela passagem do Porto dos Asnos, lugar meeiro das freguesias de Lamas de Mouro e Castro Laboreiro. Para evitar essa evasão fiscal, por carta passada em Elvas, aos 28 de Maio de 1361, D. Pedro I interdita esse caminho, obrigando os mercadores a passar por Melgaço.” (Domingues, 2003: 11)

A crescente inutilização deste eixo viário poderá ter contribuído assim para o seu relativo esquecimento no contexto da viação romana, mas identificação do que parece ser “o maior e mais antigo” acampamento militar romano entre os séculos II e I a.C. (Costa-García, Fonte e Gago, 2019: 33), localizado precisamente a meio caminho entre os rios Lima e Minho, constitui um argumento de peso para validar a existência desta via que terá sido como tudo indica uma das principais linhas de penetração das hostes romanas durante o período da conquista do noroeste peninsular.

Bibliografia:

COSTA-GARCÍA, J.M.; FONTE, J.; GAGO, M.; (2019) – “The reassessment of the Roman military presence in Galicia and Northern Portugal through digital tools: archaeological diversity and historical problems”, Mediterranean Archaeology and Archaeometry 19, 3, (2019), p. 17-49 (https://zenodo.org/record/3457524)

COSTA-GARCÍA, J.M.; FONTE, J.; GAGO, M.; (2019) – “A reavaliação da presença militar romana na Galiza e no Norte de Portugal através de ferramentas digitais: diversidade arqueológica e problemas históricos”. Mediterranean Archaeology and Archaeometry 20 (2019)
(https://minerva.usc.es/xmlui/bitstream/handle/10347/19902/maa_resumo_pt.pdf)

DOMINGUES, José (2003) – “O Foral de D. Afonso Henriques a Castro Laboreiro. «Ádito» para o debate”. Porto, 2003, [colocado em linha a 6 de Maio de 2013]
http://www.academia.edu/3470740

romanarmy.eu – Coletivo de investigação sobre a presença militar romana no noroeste da Península Ibérica https://www.youtube.com/channel/UCpPG7vsTY5lpghKHcxXoRFg

Roman bridge in Torre de Dona Chama

An initiative of the “Dona Flâmula”, an association for the protection of the heritage of Torre de Dona Chama, in collaboration with the Freguesia of Torre de Dona Chama and the Municipality of Mirandela, the Roman bridge over the Tuela River has finally now an informative plaque (since June 2020) describing the importance of the almost forgotten National Monument. Here are some photos kindly sent by António Reimão.

This bridge also known as “Ponte da Pedra” is one the best preserved Roman bridges in the Portuguese territory and it still use today by the national road EN 206 (!).

Ficheiro:Ponte Torre Dona Chama Vista jusante margem direita.jpg
View o the arches
The holes to grab and place stones using a forfex.

Colóquio Viário do Marão

Povoamento e vias de comunicação ao longo da tempo

No passado dia 17 de Outubro 2020 realizou-se um colóquio sobre a viação romana na Serra do Marão que decorreu no Auditório da Casa do Povo da Campeã (Vila Real). O evento, organizado pela Junta de Freguesia da Campeã e o Instituto Politécnico de Bragança, contou com a participação de sete investigadores que apresentaram diversas perspectivas sobre a antiga rede viária que percorria esta região. Ver programa do evento aqui.  

O evento está disponível online através da plataforma YouTube no seguinte endereço – https://www.youtube.com/watch?v=aVntayn6wpU&t=9209s

Calçada do Arco
Arco Memorial (Medieval) junto da calçada
Visita à Via romana do Arco

Calçada do Arco em Campeã

Este troço lajeado que cruza a aldeia da Campeã em plena Serra do Marão deveria integrar um grande itinerário que ligava Bracara ao Rio Douro. Partindo de Braga, a via seguia inicialmente por São Martinho de Sande, onde apareceu um miliário, cruzava depois o rio Ave na Ponte Romana de Campelos (a sudoeste de Guimarães) e mais adiante cruzava o rio Vizela na Ponte Romana do Arco.

Daqui prosseguia por Pombeiro de Ribavizela e Margaride até ao Alto da Lixa, nó viário de onde derivava uma outra via rumo Tongóbriga e à travessia do Rio Douro em Várzea do Douro. Por sua vez este itinerário seguia para sudoeste rumo à travessia da Serra do Marão. A travessia do rio Tâmega não seria em Amarante como se tem afirmado, mas um pouco a montante da ponte medieval, junto da povoação de Gatão e do povoado proto-histórico do Ladário. Esta povoação poderia ser designada por «Atucauca» na época romana , atendendo à ara votiva dedicada a Júpiter colocada pelos «vicani Atucausensis» encontrada nas proximidades (na Quinta dos Pascoais, a actual casa-museu da família de Teixeira de Pascoais).

Cruzado o rio Tâmega, a via iniciava a difícil ascensão da Serra do Marão seguindo por Vila Chã do Marão, «Estalagem Velha», São Bento e Covelo do Monte até ao Alto de Espinho (e não pela Calçada do Marancinho como se ter afirmado), descendo depois pelos topónimos «Fonte do Ladrão» e «Corredoura» à aldeia da Campeã. Nesta povoação, no lugar das «Vendas», junto da Capela de São Roque, poderá ter existido uma mutatio de apoio à estrada. Logo depois surgem os primeiros metros lajeados da antiga estrada designada localmente por «Caminho Romano” ou «Calçada do Arco».

Troço lajeado, marmoiral medieval (?), esteiros e cruzeiro à margem da Calçada do Arco em Campeã (Fotos de Carlos Balsa).

Sem qualquer tipo de protecção, este troço continua em perigo de ser destruído; por essa razão, a junta de freguesia da Campeã iniciou o processo de pedido de classificação da «Calçada do Arco« com. Mais informação em “Arquivo de Memórias” no seguinte endereço: https://www.facebook.com/ArquivodeMemorias2001/

A parte conservada da calçada com cerca de 200 m continua para nascente, mas não é claro qual a direcção que tomava a partir daí. A continuação para Vila Real será muito posterior dado que esta cidade ainda não tinha sido fundada. Assim é mais provável que daqui a via rumasse para sul rumo à travessia do Rio Douro junto do Peso da Régua, continuando na margem sul por Valdigem e Moimenta da Beira, presumivelmente rumo a Mérida, formando assim um grande itinerário de carácter transregional. Uma outra via que partia do Vale da Campeã (derivando da anterior no sítio da «Estalagem Nova») e seguia pelas aldeias de Cotorinho, Soutelo, Paradela da Serra, Alto do Viso e Fontes, seguindo depois para a travessia do Rio Douro na «Barca de Moledo» e daqui ascendia a Lamego.
vide itinerário aqui – https://viasromanas.pt/#braga_regua

(agradeço a colaboração de Carlos Balsa neste post)

Notas sobre a via Bracara – Cale

O percurso da via romana que ligava Braga ao Porto está relativamente bem definido quer pelos muitos miliários que foram descobertos ao longo do seu trajecto como pela concordância geral com as 35 milhas indicadas no chamado “Itinerário de Antonino” e confirmadas pelo miliário encontrado em Braga indicando precisamente essa distância a Cale. No entanto, há vários troços que continuam duvidosos o que afecta o apuramento da marcação miliária e consequentemente também da distância total percorrida; a recente descoberta de um miliário no lugar da Barca (Maia) indicando 27 milhas a Braga veio (re)confirmar o percurso pela rota da actual EN14 (Ribeiro, 2016). Por outro lado, o lugar da Barca está a cerca de 8 milhas do Porto, perfazendo as 35 milhas necessárias para atingir Cale; mais difícil é explicar a distância a Braga pois os percursos actualmente propostos excedem esse valor, sugerindo que o trajecto seria mais curto em alguns troços. A análise da marcação miliária permitiu identificar dois tramos onde essa diferença é mais notória: a parte inicial à saída de Braga e o segmento que atravessa o Rio Ave para a Trofa.

No primeiro caso, a generalidade dos autores faz passar a via junto da “Igreja de Lomar” baseando-se numa notícia de Contador de Argote sobre um miliário a Crispo que ali existia (“Memórias…”, I, 236). Ora esta “Igreja de Lomar” seria a Igreja Paroquial de São Pedro (associada ao antigo mosteiro beneditino). Deste forma o percurso que tem sido proposto segue pela Ponte da Pedrinha, Mouta, Igreja de Lomar, Esporões, Trandeiras e Santo Estevão do Penso, cruzando depois a Portela do Castro do Monte Redondo rumo a Famalicão; no entanto, existe um percurso mais curto que partindo do Largo de Maximinos em Braga, seguia pela rua do Cruzeiro rumo a Figueiredo e a São Vicente do Peso, evitando assim o cruzamento do Rio da Veiga. Neste trajecto há uma coincidência da marcação miliária com alguns vestígios relevantes; de facto a primeira milha era vencida no lugar da Gandra na rua do Cruzeiro, junto a um possível marco romano; trata-se de bloco granítico bem talhado (eventual marco gromático) que terá “saído”, segundo vizinhos, das ruínas da casa anexa (ver no street view).

Pouco depois, a via cruza a linha férrea junto das «Alminhas da Estrada» e segue por Quintela onde subsiste um troço de via em razoável estado de conservação.

“Alminhas da Estrada” em Lomar, onde cruza a linha férrea
Possível troço da via romana em Quintela (Lomar)

A segunda milha seria atingida junto da travessia do Rio Este no lugar da Ponte Nova. Neste local existe uma ponte antiga (talvez medieval) e defronte temos a Capela de Lomar, conferindo-lhe uma função eminentemente viária. Tremenda coincidência que leva a pensar se o miliário de Crispo referido por Argote não estaria antes neste local; realmente é possível que o miliário tenha sido deslocado para a Igreja em data posterior ou poderá ter havido uma imprecisão no relato de Argote, visto que ele próprio reproduz uma notícia que lhe chegou por terceiros. Nas «Memórias Paroquiais» do século XVIII escrevia-se sobre Lomar: “Tem huma ponte de cantaria muito antiga que se chama a Ponte Nova“, indiciando uma velha passagem do rio muito mais antiga do que o topónimo sugere, até porque este local delimitava na época a Paróquia de Lomar, confrontando com Ferreiros.

Ponte de Lomar sobre o rio Este no lugar da Ponte Nova
Ponte e Capela de Lomar no lugar da Ponte Nova

Da Ponte Nova a via continua por Costa e Bemposta, atingindo a terceira milha junto das alminhas de São Miguel, continuando depois por Figueiredo (onde se assinalam vestígios na «Casa da Vila» e um tesouro monetário em Pipe) até São Vicente do Peso; seguia depois talvez pelas Alminhas da Senhor do Padrão (outro sugestivo topónimo), seguindo por Hospital (albergaria medieval), rumo à Portela do Monte Redondo, de onde descia a Vila Nova de Famalicão com miliários em Carreiras e São Cosme do Vale.

Ponte Medieval da Lagoncinha

O segundo desacerto está relacionado com a problemática questão do cruzamento do Rio Ave. A tradição historiográfica tem colocada esta travessia na Ponte Lagoncinha (construção medieval sem qualquer indício romano), solução que nunca foi convincente pois o alinhamento da ponte aponta na direcção de Santo Tirso e não da Trofa como seria expectável, obrigando a um percurso para a Trofa pela margem do rio, solução sempre evitada na viação antiga. Aliás, documentos medievais do Mosteiro de Santo Tirso referem a «Ponte Petrina» no rio Ave no limite norte do couto do mosteiro, sugerindo a ponte servia esta área e não a Trofa.

Proposta de traçado da via romana Bracara-Cale junto do Rio Ave

Deste modo, é mais provável que via continue por Montezelo para depois cruzar o rio Ave provavelmente na «Barca da Esprela», junto da foz do rio Pelhe (rio que vem a seguir deste a Portela do Monte Redondo), trajecto que é confirmado pelo miliário encontrado na Igreja Paroquial de Lousado em Montezelo (que estaria assim praticamente in situ), dado que este local se encontra a cerca de 2 milhas de Santa Catarina, onde apareceu outro miliário. Tudo leva a crer que este seria o verdadeiro traçado da via durante o período romano, encurtando o percurso algumas centenas de metros, o que permite acertar a marcação milária . ver itinerário aqui.

Miliários de Cortiço

In the village of Cortiço (Cervos, Montalegre) there is a milestone supporting the porch of a house, belonging to the Roman road from Braga to Chaves. Another fragment was reused in the garden of the house of Mr. Domingos in the municipal road EM1004 connecting the village to the national road EN103. He still remembers the existence of another similar fragment among the ruins of a village house. It is probably still there but today is no longer visible.

Coordinates milestone 1: 41.767853, -7.704702

Coordinates milestone 2: 41.771776, -7.704316

The archaeological collection of the Bética Hotel (Pias)

For many years Mr. Victor Hugo, founder and owner of Hotel Bética in Pias, was the
faithful keeper of the many archaeological materials that kept being found around the village.
We owe him the preservation of this objects that otherwise will lost or sell for the best price.
This interesting collection can be seen on the hotel lobby, namely coins, tegula, loom weights, glandes, rings, a small bronze figurine of a goat, and three inscriptions. Unfortunately, we don’t know the exact provenance of these findings as Mr Hugo couldn’t finalize the inventory of the collection due to his sudden death. Only his incredible collection of more than 200 Roman coins were subjected to a preliminary study in 2017 by Marco Paulo Valente but the work didn’t have any continuation.

Some of the archaeological materials on display at the hotel lobby

The collection includes also three stones apparently with the same inscription found close to the village :
SCLA / DMA.

We are tempted to associate these inscriptions to 5 ‘dolia‘ stamps connected to the high-medieval period found in the region containing the following inscription: «Eclesiae Sanctae Mariae Lacaltensis Agripi» (Canto, 1997; Wolfram, 2011). Thus the inscription could be read with some reserve as S(an)c(ta) La(caltense) D(ea) M(ariae) A(gripi). In this context, the stones could be landmarks delimiting the territory of the Lacaltenses. Curiously, in the Museum of Moura there’s a Roman inscription (a statue pedestal) dedicated to Iulia Agripa by the civitas Aruccitana (CIL II 963). Could they be related?

Bibliography:
Canto, Alicia M. (1997)- “Epigrafía Romana de la Beturia Céltica”. Universidad Autónoma de Madrid.
Valente, Marco P. (2017) – “Circulação monetária na Freguesia de Pias (Concelho de Serpa, Distrito de Beja). Quando Roma era Império”. in «Scientia Antiquitatis», vol. 1, nr. 2.
Wolfram, Mélanie (2011) – “Uma síntese sobre a cristianização do mundo rural no sul da Lusitânia”. FLUL – PhD Thesis.

Coordinates: 38.022248, -7.480839