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O Itinerário XX ‘per loca maritima’ por Santiago de Compostela

O chamado Itinerário XX de Antonino (dita Via XX) faz todo o seu percurso em território espanhol e por isso nunca foi abordado em detalhe no site viasromanas.pt, limitando-se a apresentar algumas das propostas recolhidas na bibliografia existente, em si bastante divergente (Maside, 2001; Vila Goméz, 2005). No entanto, na sequência do publicação da proposta completa de traçado do Itinerário XIX que ligava Braga a Lugo por Ponte de Lima e Tui (ver aqui postO Itinerário XVIII Bracara-Asturica pela Serra do Gerês‘), foi possível rever os dados disponíveis sobre esta variante também de Braga a Lugo, mas cognominada de ‘per loca maritima‘, algo como “por locais marítimos”. Com efeito, ao contrário daquele, a parte inicial do Itinerário XX segue um trajecto marítimo ao longo da costa galega, atendendo ao facto de as distâncias intermédias serem indicadas em estádios (um estádio = cerca de 185 m ou 1/8 da milha) , unidade habitualmente utilizada em itinerários marítimos ou fluviais.

A seguir apresenta-se uma nova proposta de traçado para este itinerário, em total consonância com as distâncias indicadas nos códices medievais do Itinerário de Antonino, assim como propostas inéditas de localização das estações intermédias, com destaque para a elusiva Brigantium, tradicionalmente associada à Coruña sem qualquer suporte factual, e que, segundo o trajecto seguido, estaria na área da actual povoação de Foro (Boimorto). A segunda estação referida é Caranico, presumivelmente localizada junto da Igreja de Santa Maria de Ramellle (Friol).

O Itinerário XX nos códices medievais

Códice Florentinus Laurentianus – Plutei 89, 67 (séc. X) – Biblioteca. Medicea Laurenziana
https://tecabml.contentdm.oclc.org/digital/collection/plutei/id/1086405/rec/3815

(Esq.) Códice Parisinus Regius 4808, f. 44v (séc. XII) – Bibliothèque Nationale de France
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b10546166w/f96.item
(Dir.) Códice Florentinus Laurentianus – Plutei 89, 68 (séc. XV) – Biblioteca. Medicea Laurenziana
https://tecabml.contentdm.oclc.org/digital/collection/plutei/id/909208/rec/3816

A localização de Aquis Celenis ou Quecelenis
A parte do Itinerário em território português entre Braga e a primeira estação referida no Itinerário, Aquis Celenis, tem suscitado muitas dúvidas, com diversos autores a proporem um rota terrestre alternativa à via Braga – Ponte de Lima – Tui, partindo de Braga rumo ao litoral, rumo a Esposense ou a Caminha. No entanto, é mais plausível que este itinerário siga o mesmo traçado do Itinerário XIX até Tui, simplesmente omitindo as duas primeiras estações, Limia e Tudae. Assim, os primeiros 165 estádios (cerca de 30 km) medidos a Aquis Celenis seriam referentes à rota fluvial através do rio Minho entre Tui e a sua foz em Caminha, um percurso que de facto ronda os 30 km ou 20 milhas (Crespán, 2015 e 2016).

Também a grafia desta estação é muito duvidosa dado que o mesmo topónimo surge também na Itinerário XIX , mas localizado muito mais a norte, presumivelmente em Caldas dos Reis (Pontevedra). Assim é mais provável que sejam diferentes estações, uma localizada na foz do Minho (a do Itinerário XX) e outra em Caldas dos Reis (a do Itinerário XIX).

Nesta discussão, importa recuperar o topónimo ‘Quecelenis‘ referido na geografia do Anónimo de Ravena, na mesma sequência de Tui, e que poderá ser a verdadeira designação desta estação na foz do Minho. A ser assim, o povoado de Quecelenis poderia corresponder ao Castro de Santa Tecla, ou ao respectivo porto marítimo na foz do rio Minho. Com efeito, Estrabão refere que “diante da sua embocadura situam-se uma ilha e dois quebra-mares com ancoradouros” (Deserto e Pereira, 2016) que poderá ser identificada com a pequena ilha onde assenta o Forte da Ínsua .

Representação dos Itinerários XIX e XX de Antonino (‘Mapa de Vias’ – Ver. 5.8, Junho 2024)

Itinerário de Aquis Celenis/Quecelenis a Santiago de Compostela
A rota continua para norte fazendo um périplo pelos portos da costa Galega rumo a Santiago de Compostela. Aliás, esta foi a rota utilizada pela barca que transportou o Apóstolo até Compostela, denunciando a manutenção deste percurso durante esse período. Inicialmente percorre 195 estádios (cerca de 35,8 km) até Vico Spacorum, distância que coloca esta paragem no acesso à ria de Vigo.

O topónimo Vico poderá ter relação com o Castro de Vigo, mas este localiza-se no interior da ria. Assim, Vico Spacorum poderá referir um local à entrada da ria, podendo este ser identificado com o sítio romano de Toralla. Aqui subsistem importantes vestígios de uma villa monumental, com um complexo sistema termal, portanto, compatível com uma estação viária. Aliás, o topónimo pode ser desdobrado em ‘spa-corum‘ (no sentido de ‘águas termais de Corum’), o que permite estabelecer uma relação com as termas ali existentes

Percorrendo mais 150 estádios (cerca de 27,5 km) atingia Ad Duos Pontes (literalmente ‘junto das duas pontes’) que poderá localizar-se no castro marítimo de Lanzada (Noalla), cuja ocupação remonta ao Bronze Final. Daqui penetrava na ria de Arousa, a maior das rias da Galiza rumo a Santiago de Compostela. Uma ara votiva encontrada em Lugo é dedicada à divindade Lucobo Arousa(ega) evidencia a relevância deste canal de penetração ao interior na Galiza através da ria de Arousa.

Entrando pela ria adentro, seguia para o porto romano do Adro Vello (Praia do Carreiro, Grove); ara aos lares viales), daqui seguia até à margem do castro marítimo de Vistalegre (Vilagarcia de Arousa; inscrição a Neptuno), percorrendo 180 estádios (cerca de 33 km) até ao porto de Grandimiro (Grandimuro ou Glandimiro), presumivelmente localizado na área da Cabo do Cepo em Quintáns, na base do Castro das Cercas.

A partir daqui o Itinerário XX passa a indicar as distância em milhas, sinal de que o percurso continuava por via terrestre, percorrendo as 22 milhas indicadas rumo à estação de Trigundo, seguindo pela margem direita do rio Ulla por Torres do Oeste (outra ara aos lares viales), Bexo e Tallós até Padrón, reunindo com o Itinerário XIX. Neste último local, dentro da Capela de Santiago, existe uma ara dedicada a Neptuno pelos Corienses (CIL II 2540) que a lenda diz ser a pedra onde foi amarrada a barca do Apóstolo Santiago, sugerindo assim que a barca poderia ter chegado até aqui através dos rios Ulla e Sar. O destino final do Apóstolo seria a estação viária de Trigundo, conforme é designada no Itinerário XX

Santiago de Compostela assenta assim num importante nó viário que estrutura a rede de vias antigas desta parte da Galiza, na confluência dos Itinerários XIX e XX e articulando estes coma as ligações à Coruña e a Lugo. Mais uma vez salta à vista a grande perenidade destas estações viárias antigas, na estruturação do mundo medieval, escolhendo como destino final para o corpo do Apóstolo uma estação romana situada num ponto absolutamente estratégico da rede viária regional, facilitando assim o acesso dos peregrinos vindos de todas as direcções.

Itinerário de Santiago de Compostela (Trigundo) a Lugo (Lucus Augusti)
Se até aqui a rota do itinerário é relativamente consensual (apesar das grandes divergências entre autores na localização das respectivas estações), o mesmo não se pode dizer das restantes etapas até Lugo. Com efeito, a maioria dos investigadores prolonga a rota do Itinerário XX por Arzúa e Vilamaior de Negral rumo a Lugo, via que de facto existe, mas que seria antes o trajecto descrito no Itinerário XIX. Assim, o Itinerário XX deveria seguir por uma variante norte, seguindo por Boimorto e Friol, locais onde apareceram miliários (Monteagudo, 1981; Gesto et al, 1997) .

Este trajecto deriva logo depois de Santiago de Compostela (San Marcos), seguindo junto da Capela da Agra de Santiso (provável mutatio; duas aras dedicadas aos lares viales e outras inscrições; Peréz Losada, 1988) e San Gregório, em direcção a Boimorto (miliário de Maximino, actualmente defronte da Casa do Concello; Monteagudo, 1981; Peréz Losada, 1988), continuando daqui até Foro, povoação que está a 30 milhas de Santiago, e onde se regista os topónimos viários Hospital e Mesón. Ora, esta distância acerta com a estação de Brigantium, sendo que nas proximidades regista-se o lugar de Arentia (Fonte e Capela de San Cidre/San Vitorio), divindade com mais expressão na Lusitânia (Castelo Branco e Estremadura espanhola), sinal de que por aqui passavam viandantes de outras paragens.

A partir de Foro (=Brigantium), a via deveria continuar para norte passando no acampamento romano de Ciadella (Cohors I Celtiberorum ), porém o Itinerário inflecte para nascente rumo a Lugo, seguindo junto do Mosteiro de Sobrado em direcção a Friol. Próximo desta última povoação (actual sede concelhia) assentaria a estação de Caranico, dado que este local se encontra a 18 milhas de Foro e a 17 milhas de Lugo, ou seja, as distâncias intermédias indicadas no Itinerário. Ora, segundo a contagem miliária, a estação estaria na área da Igreja de Santa Maria de Ramelle, cerca de duas milhas antes de atingir Friol. Daqui seguia pelo Monte Lodoso, onde apareceu um miliário indicando 13 milhas a Lugo (Gesto et al, 1997). Daqui segue por Guldriz de Abaixo, Ermida de Santa Marta, Locai e Astariz, atingia Lugo. O ponto de reunião com a variante sul (Itinerário XIX) seria junto do cruzamento da ribeira de Louzaneta em Areeiras (a última milha), seguindo depois a chamada ‘Estrada Vella de Santiago’ até à ponte romana de Lugo .

Com a publicação desta proposta de trajecto para o Itinerário XX fica finalmente completa a descrição de todos os Itinerários de Antonino no actual território português, fechando assim um ciclo de estudos iniciados por mera brincadeira no já longínquo ano de 2004!


Bibliografia

CRESPÁN, César González (2015). Parte de la vía romana nº XX “per loca maritima” iba por el mar.
CRESPÁN, César M. González (2016). Nueva interpretación de la vía romana nº XX “per loca maritima. Glaucopis, Boletín do Instituto de Estudos Viguenses, Vigo, Ano XXI, Nº 21.
DESERTO, Jorge; PEREIRA, Susana (2016). Estrabão, Geografia. Livro III: introdução, tradução do grego e notas. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.
GESTO, J.M.C. et al. (1997). El Miliario de Friol: aportaciones al conocimiento de la Vía XIX. Boletín do Museo Provincial de Lugo, 8, 1-18
MASIDE, Rosa M. F. (2001). Vía per loca maritima: un estudio sobre vías romanas en la mitad noroccidental de Galicia. Gallaecia, 20, 217-248.
MONTEAGUDO, L. (1981). Miliario romano de Boimorto. El Correo Gallego, 19-IV, 14-15.
PÉREZ LOSADA, F. (1988). Vías romanas nos concellos do Pino e Boimorto (A Coruña, Galicia). Vestixios arqueolóxicos e posible trazado. Porto: Trabalhos de Antropologia e Etnologia, XXVIII.
VILA GÓMEZ, J. (2005). Vías romanas de la actual provincia de Lugo. Tese Doutoral. Universidad de Santiago de Compostela.

O Itinerário XIX de Braga a Astorga

Em Março de 2024 foi publicada uma proposta de percurso detalhada desta rota que partia de Braga rumo a Lugo, passando em Ponte de Lima, Tui e Pontevedra, inflectindo depois para nascente rumo a Astorga. O seu trajecto continua a não ser consensual, mas esta proposta inédita tenta adequar as distâncias indicadas no itinerário aos valores obtidos no terreno. Assim, este post visa acima de tudo assinalar e justificar essas diferenças, que resultam da proposta de traçado agora apresentado, enquanto o o seu detalhe está descrito no site viasomanas.pt (ver #braga_tui ).

A necessidade destas correções radica no facto de a soma das distâncias intermédias não permitir chegar a Lugo. Em resultado dessa incongruência, vários investigadores, como por exemplo Rodriguez Colmenero, propõem um percurso mais directo a Lugo a partir de Iria Flaviae, tentando interligar alguns miliários dispersos por esta região mais interior (nomeadamente em Sales, Seteigrexas e Entrambasaguas). No entanto, não parece haver viabilidade neste traçado, para além da evidente continuidade do percurso para norte até Santiago de Compostela, o nó viário mais importante neste território.

A ser assim, a rota proposta segue até Santiago, e depois tomava a via Santiago-Lugo por Arzúa (actual ‘Caminho de Santiago’) , traçado habitualmente atribuído a outra rota também mencionada no Itinerário, a chamada Via XX per loca maritima, mas que será na verdade a rota seguida por este Itinerário.

As primeiras estações são relativamente consensuais entre os investigadores, mas a partir de Tui as divergências acentuam-se. O primeiro problema parece estar na distância indicada a Aquis Celenis que, apesar de consensualmente localizada em Caldas dos Reis, não acerta com a soma das distâncias intermédias (16 + 16 + 24 = 56) do trajecto até Tui que ronda as 50 milhas.

O mesmo acontece nas etapas seguintes pois, como referido atrás, há claramente um défice de milhas no trajecto de Aquis Celenis a Lucus Augusti, criando incertezas sobre a localização das estações intermédias, em particular Assegonia, para a qual ainda não se encontrou uma solução satisfatória. No entanto, com base em critérios geográficos, é possível que esta estivesse localizada um pouco a nordeste de Santiago de Composta, já na via para Lugo, sendo que a contagem miliária aponta para a sua localização junto da travessia do rio Sionlla em Lavacolla.

Item a BRACARA ASTURICAM
LIMIA m.p. XVIIII (Ponte de Lima)
TUDAE m.p. XXIIII (Tui)
BURBIDA
m.p. XVI (Santiaguinho de Antas)
TUROQUA
m.p. XVI (Pontevedra)
AQUIS CELENIS
m.p. XXIIII (Caldas dos Reis) -> XIIII
TRIA
m.p. XII (Iria Flaviae)
ASSEGONIA m.p. XIII (Lavacolla?) -> XVIII
BREVIS m.p. XXII (Boente)
MARCIE
m.p. XX (Vilamaior de Negral)
LUGO AUGUSTI
(Lugo) m.p. XIII
TIMALINO
m.p. XXII (Baralla)
PONTE NEVIAE
m.p. XII (Ponte de Navia)
UTTARIS m.p. XX (Ruitelán) -> XVIII
BERGIDO (Ventosa) m.p. XVI
INTERAMNIO FLUVIO (Bembibre) m.p. XX
ASTURICA (Astorga) m.p. XXX


A primeira correcção tem que ver com as 24 milhas indicadas entre Turoqua e Aquis Celenis, quando as suas presumíveis localizações (Pontevedra e Caldas dos Reis, respectivamente) estão separadas por apenas cerca de 14 milhas. Neste caso poderá ter havido troca entre os numerais «XXIIII» e «XIIII». A ser assim, a estação de Burbida estaria de facto a 16 milhas de Tui,
como indicado no Itinerário, o que coloca esta estação num local hoje designado por Santiaguiño de Antas, onde existia um miliário à margem da via.

O miliário de Santiaguiño das Antas (presumível localização de Burbida) ainda in situ junto à via.

Também a grafia da estação seguinte, TRIA, é duvidosa, devendo ser corrigida para IRIA, ou seja, a estação de Iria Flaviae, localizada a norte de Padrón. As 12 milhas indicadas a Aquis Celenis acertam com a distância daqui a Caldas dos Reis pelo que este valor deverá estar correcto.

A segunda correção proposta é na etapa entre Iria e Assegonia. Tudo indica que a via continua para norte rumo a Santiago de Compostela, importante nó viário onde haveria estação viária. A sua possível associação a Assegonia (também nas variantes Asseconia, Aseconia e Ascionia) é corroborada pela distância indicada no I.A. de 13 milhas, no entanto, os valores indicadas para a restantes etapas até Lugo (cerca de 68 milhas), Brevis e Marcie, são insuficientes para cumprir a distância que separa Compostela de Lugo (cerca de 73 milhas), restando portanto 5 milhas. Ora acrescentando este valor em falta à etapa de Iria Flaviae a Assegonia obtemos o valor de 18 milhas, colocando esta estação junto da travessia do rio Sionlla em Lavacolla. Ora, este local surge também na variante «Sioña», topónimo que permite estabelecer uma relação com o nome da estação romana, em particular na variante Ascionia.

Naturalmente que o erro poderá estar nas outras etapas, mas o registo arqueológico aponta para valores correctos no caso de Brevis e Marcie, com a primeira localizada em Boente (ara a Júpiter), entre Arzúa e Mélide, e segunda junto do cruzamento do rio Gamoira em Vilamaior de Negral, seguindo daqui até Lugo (trajecto que é assinalado por miliários em Retorta, Bacurín e Vilaestévez). A ser assim, a distância de Iria a Assegonia, deverá ser corrigida para 18 milhas. Neste caso poderá ter havido confusão entre os numerais «XIII» e «XVIII», novamente um erro bastante plausível.

Finalmente, a terceira correção proposta refere-se ao troço entre Lugo e Astorga, onde a única estação com localização segura é Bergido, identificada com o Castro Ventosa, em Cacabelos. Neste caso, a soma dos valores indicados no I.A. (70 milhas) é um valor excessivo face às cerca de 66 milhas medidas no terreno. As primeiras estações parecem correctas, com Timalino a 22 milhas de Lugo, colocando esta estação no local de cruzamento do rio Neira em Baralla (com miliários em Arxemil, Castrillón e Franqueán) e Ponte Neviae associada à travessia do rio Navia, em As Nogais.

O problema parece estar na distância de 20 milhas indicada na etapa Ponte NeviaeUttaris. Dado que a distância total medida no troço entre Ponte Neviae e Bergido é de 32 milhas, seria mais lógico que a estação estivesse a meio percurso, ou seja, a 16 milhas de ambas (aqui poderá ter havido novo erro de transcrição, trocando os numerais «XX» e «XVI»). A ser assim, as quatro milhas em excesso poderiam estar na etapa até Uttaris, que estaria, portanto, não a 20, mas a 16 milhas, o que coloca esta estação junto da Capela de Ruitelán, muito próximo de uma passagem incontornável desta rota para Lugo, a Portela de Valcarce.

A parte final do Itinerário a partir de Bergido é comum ao Itinerário XVIII (ou #via_nova), seguindo por Bembibre (Interamnio Fluvio) rumo a Astorga. Fica assim traçada a possível rota deste itinerário deste Braga até Astorga com acerto da contagem miliária do Itinerário. Esta grande rota utiliza várias vias independentes: inicialmente segue a via sul-norte que liga Braga a Santiago, depois inflectia para nascente tomando a via de Santiago a Lugo, e daqui seguia para Astorga pelo grande eixo viário proveniente do porto da Coruña. A cartografia destas rotas em território Galego passa a estar representada no «Mapa de Vias» a partir da versão 5.7. 


Bibliografia:
ABASCAL, J.M. (2020). Miliarios romanos de la provincia de Pontevedra (Hispania citerior). Anuario Brigantino, n. 43, 47-86
RODRÍGUEZ COLMENERO, A. et al. (2004). Miliarios e outras inscricións viarias romanas no noroeste hispánico. Lugo: Consello da Cultura Galega.
VILA GÓMEZ, J. (2005). Vías romanas de la actual provincia de Lugo. Tese Doutoral. Universidad de Santiago de Compostela.