Este troço lajeado que cruza a aldeia da Campeã em plena Serra do Marão deveria integrar um grande itinerário que ligava Bracara ao Rio Douro. Partindo de Braga, a via seguia inicialmente por São Martinho de Sande, onde apareceu um miliário, cruzava depois o rio Ave na Ponte Romana de Campelos (a sudoeste de Guimarães) e mais adiante cruzava o rio Vizela na Ponte Romana do Arco.
Daqui prosseguia por Pombeiro de Ribavizela e Margaride até ao Alto da Lixa, nó viário de onde derivava uma outra via rumo Tongóbriga e à travessia do Rio Douro em Várzea do Douro. Por sua vez este itinerário seguia para sudoeste rumo à travessia da Serra do Marão. A travessia do rio Tâmega não seria em Amarante como se tem afirmado, mas um pouco a montante da ponte medieval, junto da povoação de Gatão e do povoado proto-histórico do Ladário. Esta povoação poderia ser designada por «Atucauca» na época romana , atendendo à ara votiva dedicada a Júpiter colocada pelos «vicani Atucausensis» encontrada nas proximidades (na Quinta dos Pascoais, a actual casa-museu da família de Teixeira de Pascoais).
Cruzado o rio Tâmega, a via iniciava a difícil ascensão da Serra do Marão seguindo por Vila Chã do Marão, «Estalagem Velha», São Bento e Covelo do Monte até ao Alto de Espinho (e não pela Calçada do Marancinho como se ter afirmado), descendo depois pelos topónimos «Fonte do Ladrão» e «Corredoura» à aldeia da Campeã. Nesta povoação, no lugar das «Vendas», junto da Capela de São Roque, poderá ter existido uma mutatio de apoio à estrada. Logo depois surgem os primeiros metros lajeados da antiga estrada designada localmente por «Caminho Romano” ou «Calçada do Arco».
Sem qualquer tipo de protecção, este troço continua em perigo de ser destruído; por essa razão, a junta de freguesia da Campeã iniciou o processo de pedido de classificação da «Calçada do Arco« com. Mais informação em “Arquivo de Memórias” no seguinte endereço: https://www.facebook.com/ArquivodeMemorias2001/
A parte conservada da calçada com cerca de 200 m continua para nascente, mas não é claro qual a direcção que tomava a partir daí. A continuação para Vila Real será muito posterior dado que esta cidade ainda não tinha sido fundada. Assim é mais provável que daqui a via rumasse para sul rumo à travessia do Rio Douro junto do Peso da Régua, continuando na margem sul por Valdigem e Moimenta da Beira, presumivelmente rumo a Mérida, formando assim um grande itinerário de carácter transregional. Uma outra via que partia do Vale da Campeã (derivando da anterior no sítio da «Estalagem Nova») e seguia pelas aldeias de Cotorinho, Soutelo, Paradela da Serra, Alto do Viso e Fontes, seguindo depois para a travessia do Rio Douro na «Barca de Moledo» e daqui ascendia a Lamego.
vide itinerário aqui – https://viasromanas.pt/#braga_regua
(agradeço a colaboração de Carlos Balsa neste post)